Pode ser que tenha sido isso, durante um breve tempo, no ridículo século 20 tão devastador em sua primeira metade.
Agora já não é mais assim, pelo menos não na maioria dos países. Claro, sempre tem caudilhos de opereta, e fanfarrões de circo, prontos a se enquadrar no figurino, mas na maior parte das vezes o fascismo é insidioso, tão sutil que poucos o percebem.
Na área econômica, por exemplo, o Brasil é um país perfeitamente fascista, e mesmo os empresários não tomam consciência desse fato, e até o aplaudem, como se pode ver pela matéria abaixo.
Capitalismo de livre mercado é quando o governo se ocupa da infraestrutura e coloca as regras gerais, válidas para todo mundo, e apenas assegura que o ambiente de negócios é estável, transparente e propenso a gerar riqueza, emprego e renda pela mão dos agentes econômicos normais, que são os empresários e trabalhadores.
Fascismo é quando o governo, sem deter o comando direto da economia, pretende ditar aos empresários o que eles podem ou não podem fazer.
Quando se substitui o risco empresarial, a busca pela inovação no plano microeconômico, e quando se pretende que um bando de burocratas dite os rumos pelos quais deve caminhar a atividade empresarial privada, já se está no fascismo econômico.
Os empresários não estão percebendo que estão alienando a sua soberania decisória a um ente estatal, e visam apenas alguns favores que os livrem da concorriencia e os habilite a serem mais produtivos: ou seja, querem que alguém decida em seu lugar.
Isso é fascismo econômico. Isso é stalinismo industrial, ou seja, a mesma coisa que fazia Stalin na Rússia e os militares no Brasil dos anos 1970: achar que o Estado sabe melhor que os próprios empresários o que é melhor para a indústria.
Como os decisores vivem no mundinho de Stalin (e dos militares planejadores bismarckianos), eles acham que vão poder reproduzir a história bem sucedida da Embrapa. Estão pelo menos 40 anos atrasados. O Brasil dos anos 1970, quando a Embrapa foi criada, era um país quase socialista no seu planejamento industrial, mas era tremendamente atrasado na agricultura, o que a Embrapa (e outras forças sociais) se encarregou de reduzir. Hoje a agricultura do Brasil é pujante não mais graças à Embrapa, e sobretudo devido à sua própria modernização empresarial, às forças de mercado, à concorrência internacional, ao tino dos capitalistas agrários, que não precisam de um burocrata no MAPA para lhes dizer o que plantar, quando plantar, como vender.
O governo quer ser babá de empresário industrial, situação que eles parecem aceitar com naturalidade. Eles acham que vão estar melhor com burocratas lhes dizendo o que inovar, quando inovar, para quem vender, em lugar de simplesmente acharem por si sós a solução dos seus problemas. Claro, desde que o governo tire a mão pesada de cima deles.
O que eles estão fazendo é pedindo mais mão pesada...
Isso vai terminar de enterrar a indústria no Brasil.
Quando é que os empresários vão aprender?
Paulo Roberto de Almeida
Governo
cria nova estatal para gerar soluções à indústria nacional
Terra
Mobile Brasil, 15 de março de 2013
O governo federal anunciou nesta quinta-feira a
criação de uma nova estatal que deverá fomentar processos de cooperação entre
empresas nacionais e instituições tecnológicas. Chamada Empresa Brasileira para
Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o governo promete uma estrutura
enxuta e gestão compartilhada entre os setores público e privado, mas ainda não
revela o número de funcionários que serão contratados. Na prática, a empresa
deverá criar soluções para indústria nacional.
Para 2013 e 2014, a estatal tem investimentos
previstos de aproximadamente R$ 1 bilhão provenientes do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico e de parceiros envolvidos. "Eu
tenho certeza de que a Embrapii terá um papel fundamental (na inovação). Vai
ser um local de articulação das nossas relações e isso fará muita diferença
para todos nós", disse a presidente Dilma Rousseff em reunião com o grupo
de empresários e representantes do meio acadêmico.
"Temos que pegar nossa estrutura de conhecimento
científico e técnico para atender o chão da fábrica", disse o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante. No projeto da Embrapii, o Mercadante era ministro
da Ciência e Tecnologia e estava envolvido na gestação do projeto. Já o
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel
fez uma analogia sobre a funcionalidade da empresa: "estamos mudando de
modalidade, de corrida com obstáculos para salto com vara", disse nesta
quinta-feira no evento.
A criação da Embrapii faz parte do Plano Inova
Empresa, que tem investimentos iniciais de R$ 32,9 bilhões com o objetivo de
tornar empresas brasileiras mais competitivas no mercado global.
Na semana que vem o governo vai fazer uma reunião para
instituir a Embrapii, que vai contar com representantes da comunidade
empresarial, científica e do próprio governo. Pelo governo, os ministérios
envolvidos são os ministérios: Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Educação,
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fazenda e a Secretaria Especial
da Micro e Pequena Empresa - o projeto da secretaria foi aprovado pelo
Congresso e aguarda sanção presidencial.
O Senado finalizou na semana passada a votação do
projeto de lei que cria a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, que
terá status de ministério. O projeto é de autoria do Poder Executivo e não
sofreu alterações no parlamento.
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