Isso: quem mais poderia ser senão aquele partido esquizofrênico, que sempre teve uma política econômica esquizofrênica -- justamente por não dispor de outro tipo de "economistas" se não keynesianos de botequim -- e só acertou quando -- roubando uma frase de um economista tucano -- "roubou o software alheio", no caso deles próprios, tucanos.
Os equizofrênicos detestavam Palocci e sua política econômica neoliberal, e ficaram até contentes quando ele caiu fora por sair com meninas, complotar com lobistas pornográficos e mentir para todos, inclusive querendo desmentir um simples caseiro, o heroi sacrificado dessa história toda.
Pois os esquizofrênicos chegaram ao poder, e apresentam essas maravilhas de resultados econômicos que vocês estão constatando pelos indicadores do IBGE e da FGV.
Como digo no título do post, se trata de síndrome de transtorno bipolar, ou seja, uma doença que não se sabe se é curável, ou apenas controlável, e que deixa o sujeito assim meio doidinho, fazendo uma coisa e o seu contrário.
Esse é o partido dos companheiros: sintomático, não é?
Tudo menos sistemático, ou sistêmico, ou somático, o que vocês preferrirem...
Em todo caso, este artigo do Fabio Giambiagi relembra certos fatos indesmentíveis, e nos chama a atenção para vários aspectos da síndrome, ou da esquizofrenia, whatever...
Paulo Roberto de Almeida
ECONOMIA
Contra ou a favor?Fábio Giambiagi
O Globo, 11/03/2013
Na década passada, um conhecido músico fazia propaganda de cerveja para uma das grandes marcas de bebida, embora ele consumisse a cerveja do concorrente. Naqueles anos, o Governo administrava a economia sob a batuta de Palocci e Meirelles, apesar do que o PT sempre dava um jeito de falar mal da política econômica. Por isso, nas minhas palestras eu costumava me referir com o nome daquele cantor à síndrome do partido, uma vez que, da mesma forma que o artista fazia propaganda de uma cerveja, mas não era a que preferia beber, o partido do Governo parecia “ter uma política econômica, mas gostar de outra”.
Agora, repete-se o “script”. Vamos avaliar a situação. O investimento caiu 4 % em 2012 e o Governo começa a dar sinais de querer induzir o investimento privado em áreas essenciais para o potencial de crescimento do país, como portos, aeroportos, rodovias etc. Vamos chamar as coisas pelo seu nome: trata-se de privatizações. Na Presidência da República, na Casa Civil, nos ministérios setoriais, nas instituições financiadoras oficiais etc., há centenas de técnicos tentando destravar as amarras que pendem o país à “bola de ferro” da paralisia decisória, inibindo a realização dos investimentos. Não é fácil.
No país das “coalizões bloqueadoras”, onde o “lobby” de A apoia o “lobby” de B e vice-versa — com letras para todo o alfabeto —, tudo é complicado no Congresso. E o que faz o partido do Governo? Age como quem “bebe uma cerveja, mas gosta da outra” e divulga um texto onde dá mostras de que continua nutrindo a sua antiga ojeriza pela venda de ativos estatais.
De fato, no seu recente documento “O decênio que mudou o Brasil”, está escrito: “Por meio de privatizações sem critérios e decência administrativa, cerca de meio milhão de trabalhadores foram demitidos, com a transferência de quantia equivalente a 15 % do PIB constituídos por ativos do Estado para a iniciativa privada nacional e, sobretudo, estrangeira. Em grande medida, os setores privatizados foram agraciados por elevadas taxas de lucro patrocinadas por tarifas entre as mais altas do mundo e, praticamente, sem a contrapartida de novos investimentos necessários à retomada do crescimento sustentado.”
Como é que é? O grande problema desse tipo de postura — e que tem impacto sobre a situação atual — é que tal visão expressa diversos equívocos. As afirmações transmitem a ideia de que a riqueza foi “transferida”, o que omite o fato de que, se alguém vende, recebe recursos em troca. Transposta para a lógica individual, equivale a dizer que a pessoa que vende um apartamento “transfere” o imóvel, como se estivesse fazendo uma doação. Transfere coisa nenhuma: vende!
O fato é que as privatizações liberaram muitas empresas dos controles estatais, evitando que essas empresas continuassem a sofrer os malefícios do apadrinhamento político (já pensou o leitor o que seria a Vale fatiada entre 7 partidos?) e viabilizando um “boom” de investimentos, como os que ocorreram na mineração e na telefonia. Além disso, noves fora o fato de que Vale, Embraer, Oi, as siderúrgicas, as petroquímicas e outras empresas leiloadas na década de 90 são de capital privado nacional, a pergunta que cabe fazer é: qual é o problema de o Banespa ter sido vendido ao Santander ou de parte da Telebrás ter sido vendida à Vivo?
Hoje, é preciso adotar uma nova onda de privatizações. Nesse contexto, afinal, o PT é a favor ou contra as privatizações? Qual é o verdadeiro PT? O da presidente Dilma, que pretende vender os aeroportos para quem entende do assunto, ou o do texto do partido, que dá a entender que vender para estrangeiros é ruim? O do país que tenta se preparar para o século XXI ou o do manifesto que fala mal das taxas de lucros elevadas? Como fazer leilão de concessões quando o partido do Governo é contra as privatizações e fala contra o capital estrangeiro e contra o lucro elevado?
Recentemente, o sempre verborrágico Ciro Gomes criticou vários partidos por, na opinião dele, não terem propostas para o país. O PT, nesse caso, em matéria de privatização, inova: ele defende duas coisas antagônicas, agindo simultaneamente como Governo e oposição. Não é de estranhar que os empresários fiquem confusos nesse cenário, na hora de tomar suas decisões de investimento.
Fabio Giambiagi é economista
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