VALE MOFO
Dilma manda pôr cerâmica em imóvel do Minha Casa, Minha Vida
SHEILA D'AMORIM - VALDO CRUZ/BRASÍLIA
O
governo Dilma estuda conceder um "vale-cerâmica" às famílias que
receberam imóveis a custo praticamente zero na primeira fase do programa
Minha Casa, Minha Vida, medida que pode atingir mais de 400 mil
unidades.
A determinação veio da própria presidente Dilma Rousseff, após ela
constatar que as residências não dispunham de revestimento cerâmico em
todos os cômodos. Editoria de Arte/Folhapress
As regras em vigor no lançamento do programa não exigiam a instalação
de cerâmica em todo imóvel destinado a família com renda até R$ 1.395,
mas apenas nas áreas molhadas, como banheiro e cozinha. Nessa situação
estão 418.969 imóveis, contratados de 2009 a 2010.
Agora, técnicos
da Caixa e dos ministérios das Cidades e da Fazenda analisam como
cumprir a ordem presidencial, viabilizando a colocação de cerâmica em
todos esses imóveis, inclusive nos já entregues. Ainda não há estimativa de custo e muitos problemas foram levantados.
A
ideia inicial era que as construtoras fizessem o serviço e fossem
remuneradas pelo governo com um acréscimo no valor do contrato original.
Mas se questiona essa solução por causa dos transtornos para as
famílias que já residem nos imóveis e também por dificuldades técnicas.
Foi sugerido, então, que o governo adquirisse o material e o entregasse às famílias.
Aí o problema apontado é que muitas já fizeram o serviço por conta própria e não precisam mais do piso.
A proposta que vem ganhando mais força na área técnica é criar uma
espécie de vale que cubra o custo de instalação das cerâmicas. Ele seria
entregue a todas as famílias que já moram no imóvel.
Para as unidades ainda em construção -estima-se que sejam apenas cerca
de 50 mil-, as próprias construtoras providenciarão a colocação do
revestimento.
CUSTO MENOR
Na primeira fase do Minha Casa, sob Lula, o governo decidiu não exigir
cerâmica em todos os cômodos a fim de baratear a construção dos imóveis
que são bancados a fundo perdido pela União (as famílias beneficiadas
pagam apenas um valor simbólico).
Essa regra foi alterada em 2011, quando, já no governo Dilma, foram
aprovadas as exigências para a construção de mais 2 milhões de imóveis,
na segunda fase do programa.
A decisão da presidente de rever o padrão estabelecido para os imóveis
que foram contratados antes da mudança nas normas foi tomada após
visita, no início deste ano, a um conjunto habitacional do programa.
Ela foi levada a uma unidade preparada para receber a comitiva oficial, com cerâmica em todos os cômodos.
O que os organizadores do evento não contavam era que a presidente
pediria para ver o resto do conjunto habitacional e iria se surpreender
ao comparar a qualidade das diferentes unidades.
INDIGNAÇÃO
Dilma reagiu indignada e exigiu que todos os imóveis tivessem aquele
padrão mais elevado. Aí começou a dor de cabeça dos técnicos do governo e
das construtoras.
O problema é que, dos 936.608 imóveis contratados dentro do Minha Casa
1, 418.969 foram destinados a famílias de renda até R$ 1.395, que, por
não terem condições financeiras, recebem as unidades praticamente de
graça.
Nesse universo, 268.621 foram entregues e as famílias já moram nos imóveis.
Para complicar ainda mais, das 150.348 unidades que não foram entregues
ainda, a grande maioria já está pronta, faltando apenas desenrolar
questões burocráticas, como registro em cartório, ou a instalação de
energia e água para serem distribuídas.
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