SÃO PAULO - A exportação de produtos manufaturados caiu 8,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2012. O levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) - com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior - também mostra uma queda de 5,2% no acumulado em 12 meses.
A venda dos produtos dessa classe está sendo prejudicada pelas barreiras comerciais e baixo crescimento da Argentina, pelo recuo de quase 45% na exportação de combustível e pela já conhecida falta de competitividade da indústria brasileira. A fatia histórica da Argentina na importação de produtos manufaturados brasileiros é de cerca de 20%. No primeiro trimestre, as exportações ao país caíram 10,4%.
O saldo da balança comercial até março está negativo em US$ 5,2 bilhões. No ano, as exportações totais caíram 7,7%, enquanto as importações subiram 6,3%.
"Estamos um pouco mais pessimistas do que nós estávamos no fim de 2012, quando notamos um crescimento para os nossos mercados. Mas, agora, houve uma mudança bastante forte com a queda nos manufaturados", afirma Rodrigo Branco, economista da Funcex.
Parte do resultado ruim da balança também pode ser atribuído ao recuo de 8,4% na venda de produtos básicos, prejudicada pelo atraso do embarque da soja e do milho. O resultado dos produtos básicos deve melhorar conforme a supersafra começar a ser escoada. "Se a soja já tivesse entrado na balança comercial, o déficit atual seria muito pequeno ou não existiria", diz Branco.
A queda na exportação dos produtos manufaturados deve fazer do Brasil um país ainda mais "agrodependente". No acumulado de 12 meses encerrados em março, a exportação de básicos correspondeu a 46,7% de toda a pauta de exportação, enquanto os manufaturados representaram 37,3%. Os semimanufaturados ficaram com 13,8%.
"A nossa balança comercial está cada vez mais dependente do agronegócio. Os produtos agrícolas têm tido uma demanda maior por causa do alto consumo dos países asiáticos", afirma Fabio Martins Faria, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
A última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê a safra de grãos deste ano 12% maior que a do ano passado. Serão 181,3 milhões de toneladas.
Saldo comercial. Essa supersafra, porém, não vai ser suficiente para elevar o superávit comercial do Brasil neste ano. Em 2012, o saldo foi de US$ 19,43 bilhões, o mais baixo em dez anos.
Para este ano, a previsão da Funcex é de um superávit de US$ 13 bilhões. A AEB projeta um saldo positivo de US$ 14,6 bilhões. Este número foi projetado no fim de 2012, mas deve ser revisto no meio do ano.
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