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sábado, 22 de junho de 2013

OK, pessoal, enrolem as bandeiras, comecem a aprender espanhol...

Intro: Atenção Adesistas Anônimos e Mercenários a Soldo
Façam-me o favor: pesquisem direito no meu post abaixo, pois devem ter escapado dois ou três erros de digitação, de concordância, de estilo. Depois mandem-me dizer, com ofensas ou sem elas; eu agradeço pelas correções; as ofensas ficam pelo caráter de vocês...
Paulo Roberto de Almeida

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Bem, de tudo o que eu ouvi, li, só tem uma coisa que pode acontecer amanhã, ou na semana que vem, ou no mês que vem, ou no ano que vem (depende de quando os seis mil médicos vão ganhar permissão para começar a trabalhar, em espanhol, por estas bandas).
Este trecho é a única coisa concreta que pude perceber no discurso transcrito abaixo:

O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Vejamos então:
1) Esse tal Plano Nacional de Mobilidade Urbana, se depender dos burocratas do governo federal, dos seus correspondentes nas 27 capitais estaduais e nas outras dezenas de grandes metrópoles urbanas (OK, deixemos a coisa em torno de 15 grandes cidade), vai demorar mais ou menos dois anos para ficar pronto, e não se sabe bem como será implantado. O governo federal vai dar dinheiro para prefeitos e governadores construirem linhas de metro, estações, implantarem vias expressas para ônibus, bondes, trens suburbanos, metrô para aeroportos, etc? Se for isso, pode ser que em dez anos a coisa melhore...
2) Royalties do petróleo: supondo que o Congresso acate o que não acatou até agora, que todos os governadores concordem, em quantos anos esses royalties (que diga-se de passagem não existem ainda) vão produzir frutos na educação?: em cinco, em dez, em quinze anos? E o que quer dizer "cem por cento dos recursos do petróleo"? São os que ficam com o governo federal, juntando os dos governos estaduais, todos os recursos? Como, onde, quando? Pode ser pura especulação.
3) OK, Cuba parece ser o único país do mundo que pode exportar algumas centenas, quem sabe até alguns poucos milhares de médicos baratos para enfiar lá no fundo da Amazonia e nas grandes cidades. Quantos exatamente? Eles poderão exercer medicina no Brasil sem passar por exame da Ordem dos Médicos? Vão falar Portunhol? Me contem, por favor, como é que eu contrato um médico cubano...

Bem, acho que isso resolve as principais reivindicações das manifestações, ou não?
Claro, tem a corrupção, o custo de vida, o dinheiro já comprometido com os estádios, essas coisas menores...
Depois a gente resolve isso, tá?
Paulo Roberto de Almeida

Aqui está, na ÍNTEGRA, o discurso da presidente Dilma Rousseff na TV:

Minhas amigas e meus amigos,
Todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita atenção as manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.

Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que a violência nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a perder.

Como presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem, indispensáveis para a democracia.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também está lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder cidadão e os poderes da República.

Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira.
O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode manchar um movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo.
Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.

Brasileiras e brasileiros... As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças que beneficiem o conjunto da população brasileira.

A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros.
Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não se manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática.

Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.
Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela quer mais. E para dar mais, as instituições e os governos devem mudar.

Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos.

O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente.

Brasileiras e brasileiros... Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático. Temos de fazer um esforço para que o cidadão tenha mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus representantes.
Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de combate à corrupção. A Lei de Acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas. Ela é um poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.

Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação.

Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente com a Educação.

Não posso deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a ver com a nossa alma e o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.

Minhas amigas e meus amigos... Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça.
Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este nosso grande país.

Boa noite!
(Boas)...

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=gAuq7FTFSr8
Achei este vídeo que me parece um tanto tendencioso...
Não sei de onde essa pessoa tirou alguns dados que obteve e os seus argumentos me pareceram dignos de desconfiança...