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terça-feira, 11 de junho de 2013

Politica economica brasileira: deja vu all over again? - Editorial Estadao

Governo perdido

11 de junho de 2013 | 2h 04
Editorial O Estado de S.Paulo
 
A melhor imagem de um governo perdido é a fotografia da presidente Dilma Rousseff publicada nesse domingo no caderno de Economia e Negócios do Estado. Cabisbaixa, com a face apoiada na mão direita, olhar vago e expressão de desalento, sua figura é a ilustração perfeita para a principal cobertura econômica da edição - uma entrevista com um ministro da Fazenda acuado pelos fiascos e uma coleção de notícias e comentários sobre os tropeços federais. "O governo perdeu o rumo", sintetiza o título de um artigo do economista José Roberto Mendonça de Barros. A equipe econômica, informa outro texto, desistiu de anunciar metas ou previsões de crescimento, exportação, arrecadação, inflação e até de prazos para concessões de serviços de infraestrutura.
Apesar dos fracassos, tudo vai bem, recitam os funcionários mais importantes, mas o ministro Guido Mantega, entrevistado, recusou-se a formular uma nova previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, alegando o temor de ser "linchado em praça pública", se o número final apurado for diferente do projetado. Com um pouco mais de ousadia, a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, havia reiterado no começo do mês a expectativa de exportações em "patamar elevado, semelhante aos de 2011 e 2012".
Mas o valor exportado em 2012 foi inferior ao de 2011 e o deste ano, até maio, ficou abaixo do de um ano antes. Na melhor hipótese, portanto, repete-se o número de dois anos atrás?
Também no domingo, o Globo destacou a herança fiscal prevista para o próximo governo: subsídios ao BNDES e incentivos fiscais devem retirar R$ 50 bilhões do próximo governo em seu primeiro ano. A desordem nas contas públicas, lembra a reportagem, foi uma das razões alegadas pela agência Standard & Poor's para impor um viés de baixa à perspectiva econômica do Brasil - tema inicial da entrevista do ministro Mantega ao Estado. No mesmo dia, reportagem da Folha de S.Paulo vinculou à perda de popularidade e aos riscos eleitorais a mudança de política ensaiada pelo governo com a elevação dos juros básicos e a decisão de retorno ao câmbio flutuante.
A coincidência dos temas está longe de ser uma casualidade e tampouco resulta de uma conspiração da imprensa burguesa contra a reeleição da presidente. A cúpula do governo, segundo informaram fontes federais há mais de uma semana, percebeu o custo político da inflação elevada e resistente e decidiu aceitar o aperto mais forte da política monetária.
Essa mesma cúpula notou, com certeza, os sinais de mudança no mercado financeiro internacional e decidiu facilitar o ingresso de capital - um ato preventivo, em face do risco de um déficit crescente nas transações do Brasil com o exterior.
O governo, portanto, tem noção dos fracassos, fareja perigos e até encontra justificativas para ensaiar mudanças políticas sem admitir os erros, mas, apesar disso, continua incapaz de encontrar um novo rumo. Sua política fiscal permanece desastrosa. A gastança prejudica a eficácia da política monetária e dificulta o combate à inflação. A alta de preços, na versão oficial, perde impulso e em breve o problema terminará. Mas os fatos contrariam essa versão, porque desajuste real é muito mais grave que um choque de preços de efeito passageiro.
Incapaz de trocar o populismo, o fisiologismo e o voluntarismo por uma política econômica digna desse nome, o governo insiste na improvisação já denunciada até por alguns de seus técnicos. As desonerações devem chegar a R$ 72,1 bilhões neste ano e a R$ 91,5 bilhões em 2014, disse ontem o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland. Na semana passada, medida provisória sobre transferências ao BNDES já havia prenunciado mais buracos no Tesouro. De improvisação em improvisação, o governo continua desmontando os fundamentos da economia e compondo uma herança maldita para o próximo governo. Chega a parecer estranho a presidente insistir nessa política e ainda pretender a reeleição. Ou será apenas mais um desatino?

4 comentários:

Anônimo disse...

http://www.iccwbo.org/Global-influence/G20/Reports-and-Products/Open-Markets-Index/


Vale!

Unknown disse...

Parabéns pela iniciativa, adorei seu blog, fazem duas semanas que estou acompanhando os posts, aqui encontrei uma análise lúcida dos fatos, e de certa forma uma visão mais próxima desses que estão no poder já que você faz parte do corpo diplomático.
Agora vamos ao texto. O Brasil mais uma vez vai desperdiçando uma chance de ser um país sério, a esquerda nunca entendeu de economia, quer dizer entendia de economia comunista que é a mesma coisa que nada, são amadores, cada vez que vejo Guido Mantega parece que estou voltando ao passado vendo a ex-ministra Zélia de Melo fazendo lambança, é triste ver meu país regredindo, as soluções todos conhecem mas ninguém tem coragem de implementar, principalmente o combate a corrupção que é endêmica. Agora que vento virou o governo continua se mostrando incapaz de tomar atitudes duras, continua fazendo os "puxadinhos" diminui o IOF aqui, vende dólares ali, faz aquele discurso "me engana que eu gosto" e no fim das contas acaba rezando pra que tudo dê certo, mas a incompetência tem limites, a conta pelo jeito está chegando, tenho medo que nas próximas eleições o "nosso querido grande líder" volte a se candidatar devido a piora na economia e sua pupila estiver em baixa, afinal quem quer largar o osso.
Abraços Paulo Eduardo.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Paulo Eduardo,
Os companheiros no poder representa regressão certa, pois são não apenas rusticos e rudimentares em economia, mas por vezes completamente ignorantes.
O Brasil está recuando, sem dúvida, e infelizmente esse retrocesso vai continuar pois eles montaram um curral eleitoral que lhes garante um bocado de votos dos menos bem informados, ou mesmo completamente ignorantes em matéria de economia e de políticas públicas. Infelizmente se a economia é um retrocesso relativao, a educação é uma regressão absoluta e total, e a situação do ensino no Brasil é muito pior do que você, eu, todos nós imaginamos.
Estamos pagando um preço alto pela não educação da população em outras eras.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

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Vale!