domingo, 26 de janeiro de 2014

A USP, agora uma velha senhora, com algumas ideias emboloradas...

Provavelmente não pela parte propriamente científica, sempre vibrante, mas no que concerne as humanidades, acho que a Fefelech anda precisando de algum xarope que elimine todas aquelas coisas inuteis, praticamente podres, que andam dificultando a sua respiração.
Tendo sido aluno da dita cuja, posso confirmar que os ares por lá são dificilmente respiráveis, tanto da parte de alguns professores aloprados, quanto de alunos que já são dinossauros sem o saber.
Paulo Roberto de Almeida 

Os 80 anos da USP

25 de janeiro de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
Ao completar 80 anos, hoje, a Universidade de São Paulo (USP) precisa voltar às origens para compreender melhor seu papel no futuro. Não se trata de saudosismo e, sim, de reafirmar os princípios que nortearam a fundação dessa instituição que tão bem simboliza o potencial intelectual e científico brasileiro.
Para manter-se na vanguarda da produção nacional de conhecimento e ampliar sua internacionalização, a USP precisa resistir, a todo custo, ao apelo populista que visa a afrouxar suas exigências técnicas para facilitar o ingresso de estudantes. A inclusão social é decerto uma das missões da universidade, mas está longe de ser a única, tampouco a principal. Não é pelo número de alunos que se mede o sucesso de uma universidade e sua capacidade de influenciar os rumos do País e, sim, pelo seu grau de compromisso com os mais altos padrões científicos. Era essa excelência que os fundadores da USP tinham em mente em 25 de janeiro de 1934.
Até aqui, diga-se, a expansão da USP tem se dado em razão da ampliação de seus departamentos e da multiplicação de sua atuação. Mesmo assim, já há alguns anos se registra um desconfortável aumento da quantidade de alunos em relação ao número de professores. Há 20 anos, essa proporção era de 10 estudantes por professor; em 2012, chegou a quase 15. Ou seja: enquanto abria as portas para receber mais e mais alunos, a USP foi lenta em recompor seu quadro docente e de funcionários para atender a essa demanda, com prejuízo para o desempenho acadêmico.
O resultado é que os professores fazem longas jornadas - muitas vezes às voltas não com as exigências de sala de aula e, sim, com tarefas burocráticas que deveriam ser desempenhadas por funcionários - e mal conseguem realizar pesquisas ou atender seus alunos. A evasão da graduação, em torno de 25%, ilustra o problema.
Enquanto a graduação sofre com diversos entraves, no entanto, há empenho em produzir pesquisas de ponta, importantes o bastante para serem reconhecidas no exterior, em razão do estímulo das agências de fomento. Consolida-se assim um desequilíbrio entre os objetivos dos fundadores da USP - enquanto a produção de conhecimento novo se sofistica, prejudicam-se a formação de profissionais qualificados e a relação com a iniciativa privada.
Essa situação leva ao problema da identidade da USP. Há 80 anos, a universidade participou diretamente das mudanças econômicas de São Paulo, com reflexos nacionais, e sua estrutura cresceu proporcionalmente à sua importância. No entanto, permaneceu por muito tempo - e ainda hoje é assim - com uma administração excessivamente centralizada na Reitoria, algo que não condiz com o espraiamento das diversas atividades da universidade.
O debate sobre a descentralização na USP é antigo. Como se sabe, a universidade teve como eixo fundador a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, responsável por formar o corpo docente cuja tarefa era dar o salto cultural desejado por seus idealizadores, Julio de Mesquita Filho e Armando de Sales Oliveira. Sem experiência acadêmica para tal empreitada, os fundadores trouxeram professores estrangeiros, todos expoentes em suas áreas de atuação, que fizeram da Faculdade de Ciências e Letras o centro histórico do desenvolvimento da USP. No entanto, com o passar do tempo, as necessidades se diversificaram, com o surgimento de novos campos de pesquisa, tornando urgente a concessão de autonomia às instituições neles envolvidas.
Essa autonomia foi conquistada, ao longo de décadas, não sem ranger de dentes, mas o resultado é uma universidade mais dinâmica, com capacidade para enfrentar os desafios atuais do País. Falta ainda - conforme se espera do novo reitor, Marco Antonio Zago, que toma posse hoje - que a administração desse complexo acadêmico seja conduzida de modo a aliviar a brutal carga burocrática de seus processos decisórios.
Tudo isso deve ser feito, acrescente-se, sem transigir com modismos ou apelos demagógicos, tendo em vista que o objetivo da universidade é selecionar os alunos, professores e pesquisadores mais capazes e estimulá-los a cumprir a missão inscrita em sua história.

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