Familiares de duas das vítimas, Jesus Enrique Acosta Matute, de 22 anos, e Alfonzo Sánchez Velásquez, de 42, confirmaram ao jornal El Universal, durante os respectivos velórios, que os tiros partiram das milícias motorizadas que atuam em defesa do governo. Asseguram ainda que nem um nem outro participavam de protestos.
Esses assassinos compõem os chamados “coletivos”, que são as milícias chavistas. Circulam em bandos, em motocicletas, e, sob orientação de Nicolás Maduro, enfrentam os que vão às ruas a bala e com coquetéis molotov. Estima-se que pelo menos 1.300 pessoas já tenham sido presas. Até agora, a polícia não deteve um único desses delinquentes.
Os líderes da oposição fazem ainda outra denúncia: grupos organizados estão depredando prédios públicos, numa ação orquestrada, para jogar a responsabilidade nos ombros dos manifestantes. Em sua loucura, parece que Maduro está disposto a investir numa guerra civil porque, nesse caso, pode tentar esmagar seus adversários a bala, mas aí em larga escala.
Os próprios oposicionistas estão recorrendo às redes sociais para denunciar a ação dos agentes provocadores, que desvirtuam os protestos pacíficos e fornecem o pretexto para a ação violenta da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana.
Esse é o governo que conta com o apoio incondicional da presidente Dilma Rousseff e que recebe, em carta, a inteira solidariedade de Luiz Inácio Lula da Silva.
A propósito: já passou da hora de a oposição no Brasil — e mesmo os parlamentares que, pertencendo à base do governo, não compactuem com a ditadura — se manifestar a respeito do que se passa no país vizinho. E têm dois bons motivos para fazê-lo.
O primeiro diz respeito a valores: é preciso repudiar a ditadura e a truculência do governo Maduro, que prende oposicionistas e estimula a ação de fascistoides armados. O segundo diz respeito diretamente à Comissão de Relações Exteriores do Senado, uma Casa que, diga-se, foi fiadora do ingresso na Venezuela no Mercosul: quantos mortos são necessários para que os nossos parlamentares percebam que as questões do continente também lhes dizem respeito?
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