domingo, 11 de maio de 2014

Argentina e Venezuela: dois desastres latino-americanos - Estadao

Os desastres econômicos da Argentina e da Venezuela
Países apresentam os mais graves exemplos de distorções econômicas da América Latina
O Estado de S. Paulo10 de maio de 2014

Como um pesadelo para seus cidadãos, Argentina e Venezuela empurram o crescimento da América Latina para baixo e registram os mais graves exemplos de distorções econômicas da região. Os indicadores negativos hoje prevalecem em ambos os países que, em momentos diferentes do passado, experimentaram a riqueza concentrada e o sonho de ingressar no mundo desenvolvido. A Argentina crescerá apenas 0,5% neste ano. A Venezuela, dona da maior reserva de petróleo do mundo, provará o recuo de 0,5% em sua atividade.
Em ambos os países, a inflação crescente corrói a renda das famílias, sobretudo das mais pobres. Na Argentina, deve fechar o ano em torno de 30%, conforme estimativas extraoficiais. O cálculo do governo, menos robusto, não é tido como confiável. Na Venezuela, a inflação chegará a 75%, de acordo com previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No coração de Buenos Aires, a Avenida Alvear e a favela do Retiro tornaram-se símbolos da decadência econômica acelerada e da expansão da pobreza nas últimas quatro décadas. Em Caracas, as filas nas portas de supermercados e as prateleiras vazias das farmácias alimentam os protestos nas ruas por mudanças no governo, de estilo autoritário.

A insatisfação popular é expressa também na queda do apoio e da avaliação dos presidentes Cristina Kirchner, em seu último ano de governo, e Nicolás Maduro, no primeiro ano de mandato. Entre analistas econômicos, prevalece a condenação dos modelos adotados desde 2003, na Argentina, e desde 1999, na Venezuela.
No fim do ano passado, com reservas internacionais em apenas US$ 13 bilhões, a Argentina adotou medidas de correção de rumo enquanto se engajou no diálogo com o FMI sobre a construção de um novo indicador de preços ao consumidor - passo inicial para uma possível retomada da sua relação com o Fundo.
O governo venezuelano resiste em reconhecer o fracasso das políticas econômicas ao longo dos últimos 15 anos. A estatal PDVSA deu mostras de debilidade ao recorrer a empréstimo de US$ 40 bilhões do Banco Central em 2013, mas continua a municiar boa parte da máquina social chavista. Sua fragilidade está na raiz das quatro taxas de câmbio vigentes no país e na própria crise de desabastecimento que afeta ricos e pobres.

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