China não quer posição de maior economia do mundo
Jamil Anderlini e David Pilling |
Financial Times, de Pequim e Hong Kong, 2/05/2014
A China tentou durante um ano minar a informação de que deverá superar em 2014 os Estados Unidos como maior economia do mundo com base no poder de compra. A revelação foi feita por pessoas que ajudaram a compilar os dados de relatório divulgado nesta semana pelo Programa Internacional de Comparação, sob os auspícios do Banco Mundial.
O documento afirma que "a Agência Nacional de Estatísticas da China manifestou dúvidas sobre alguns aspectos da metodologia". Pequim recusou-se a publicar o principal número relacionado à China e o relatório diz que Agência Nacional de Estatísticas "não endossa os resultados como estatísticas oficiais". Pessoas envolvidas na compilação dos dados, no entanto, afirmam que o desagrado a China com as constatações vai mais além.
"Um ano atrás havia uma grande discussão. A China queria desistir de tudo. Eles não querem ser vistos como a maior economia. Eles temem as implicações políticas que isso terá com os EUA", diz uma fonte envolvida na preparação do relatório. "Eles imploraram e ameaçaram durante um ano inteiro... a China odeia esse relatório."
O principal motivo da postura reservada da China é que os líderes não querem se expor à pressão internacional que ela passaria a sofrer se fosse considerada a maior economia do mundo, afirmam fontes familiarizadas com os pontos de vista das autoridades chinesas sobre o assunto.
"Eles certamente não querem exagerar o tamanho da economia. Esta é uma questão sensível", diz Vinod Thomas, diretor-geral de avaliação independente do Banco de Desenvolvimento da Ásia, que participou a compilação das estatísticas chinesas para o relatório. "A resistência e a suscetibilidade não estão sendo demonstradas em público, mas nos bastidores elas existem".
A imprensa estatal chinesa não mencionou as últimas estimativas. Pequim frequentemente rejeita as estimativas externas que mostram a China assumindo a posição de líder mundial em questões que vão das emissões de carbono ao uso de energia. Assumir o título de maior economia do mundo, mantido pelos EUA desde 1872, pode ser visto como a coroação de três décadas de crescimento econômico acelerado. Mas os líderes chineses estão cautelosos com a maior responsabilidade que isso acarretaria. "Em base per capita, a China ainda é um país pobre e por isso não quer ser solicitado a ter grande participação no cenário internacional - ao menos por enquanto", diz um assessor de planejadores econômicos chineses.
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