Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 16/12/2015
Os navios invisíveis
Sim, não é a primeira vez que coisas estranhas acontecem. Há pouco tempo, seis vigas de aço com 20 toneladas cada uma desapareceram do porto do Rio. Mas as coisas que desaparecem são cada vez maiores. Há dois meses, sumiram das águas brasileiras dois navios-sonda da empreiteira Schahin, no valor de US$ 400 milhões. E como é que dois navios imensos desaparecem sem deixar pistas?
Simples: como não diriam nossos dirigentes, Aqui é Brasil! Os dois navios, ancorados em alto-mar, na Bacia de Campos, Rio, estavam bloqueados por uma ação de cobrança de impostos da Receita Federal. Em outubro, os sistemas de navegação de ambos os navios (que permitiriam rastreá-los) foram desligados e eles zarparam. Para onde? Só os diretamente interessados em sumir com eles é que sabem. A manobra jurídica para que os dois navios desaparecessem foi a seguinte: um grupo de empresas offshore (estabelecidas em paraísos fiscais) alegou ser dono dos navios e obteve a reintegração de posse. Com isso, sumiu todo mundo. A Receita diz ter descoberto que as empresas offshore pertenciam também ao grupo Schahin - que, lembre-se, é investigado na Operação Lava Jato.
Pode vir mais
Só falta agora o pessoal que sumiu com os navios processar a Receita por tê-los obrigado a desligar o sistema de navegação para fugir mais sossegados. Onde já se viu submeter navios tão caros a uma navegação tão insegura?
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