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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Eleicoes brasileiras de 2018: declaracao de principios - Paulo Roberto de Almeida

No ano que vem teremos eleições gerais. Tudo bem.
Mas a campanha já começou, e os pré-candidatos já se movimentam, como podem.
Eu sempre segui as eleições, desde pequeno se ouso dizer, mas apenas depois de adulto o fiz de forma sistemática, seguindo mais detalhadamente as questões afetas a meus estudos e pesquisas: relações internacionais, política externa e diplomacia do Brasil.
Em 2010, estando fora do Brasil, segui as eleições à distância, por meio de um blog.
Preventivamente, fiz uma espécie de declarações de princípios e de valores, que acredito ainda válida para os nossos dias. Discordaria, no entanto, de minha aceitação da reeleição , aceita naquele momento, mas que se revelou (como eu temia) uma fonte de abusos. Sou também a favor do voto opcional, ou seja, livre, não obrigatório.
No resto, mantenho igual, no momento em que estou abrindo um novo blog para acompanhar as eleições de 2018, em especial a campanha presidencial.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de outubro de 2017

Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 9 de maio de 2010

Como faço sempre em períodos pré-eleitorais, começo a reunir materiais sobre os candidatos, os programas (estes bem mais tardios), sobre os próprios processos eleitorais, enfim, o conjunto de elementos informativos e analíticos que me permita acompanhar o desenrolar das campanhas e as próprias eleições com pleno conhecimento de causa sobre quem são, o que representam cada um dos candidatos, quais suas idéias e intenções, quais as conseqüências para o Brasil da eleição de um ou outro, em especial quais são os impactos para a política externa do Brasil, de forma a me dar domínio completo sobre as eleições, tudo isso bem antes da votação propriamente dita.
Geralmente eu abria uma pastinha e começava a coletar os materiais pertinentes, classificando-os por tipo e data, para permitir recuperação e alguma redação de artigo ou ensaio analítico quando a necessidade se manifestar. Agora (e desde 2006) abri um blog especialmente dedicado ao tema: Eleições Presidenciais 2010 (http://eleicoespresidenciais2010.blogspot.com/). Ele está disponível para consultas, mas não para comentários, já que não pretendo entabular conversações sobre o assunto com quer que seja, uma vez que eleições sempre são controversas e se prestam a manifestações de paixões exacerbadas (como futebol e outras coisas).
Não tenho porque expressar minhas preferências eleitorais, já que isto não vem ao caso, mas também não tenho porque esconder minhas posições de princípio, que são públicas e notórias, cidadão brasileiro que sou moderadamente participante nos assuntos da nação. É com esse espírito que venho agora, antes que a campanha comece, expressar essas posições, como forma de deixar claro o que penso sobre o processo eleitoral em si, e o que penso ser melhor para o Brasil.
Vamos lá.
Não temos controle, os cidadãos comuns, sobre a escolha dos candidatos, pelo menos não diretamente. Eles são escolhidos pelas máquinas partidárias, com base numa aferição de suas chances de ganhar a competição eleitoral. Aí talvez entremos nós, os eleitores comuns, se por acaso somos escolhidos para responder a algum questionário de instituto de pesquisa. Eu nunca fui escolhido por um e não tenho idéia de como são formuladas as questões abertas e fechadas. Tampouco pertenço a qualquer partido e não tenho a intenção de me filiar a qualquer um, em qualquer tempo e lugar. Não se trata de uma posição absoluta, mas é um princípio compatível com meus outros valores, entre eles o de absoluta independência de julgamento, o livre arbítrio na escolha de minhas próprias posições: nunca aceitaria ter de acatar posições desenhadas por outros de cujo processo de elaboração eu mesmo não tenha participado. Nisso sou um anarquista radical: simplesmente não conseguiria deixar de pensar com minha própria cabeça para aceitar um menu pret-à-porter, ou seja, pré-configurado.
Por isso mesmo, eis aqui meu primeiro princípio eleitoral: eu nunca aceitaria um candidato que tenha sido imposto por outros, sem que ele mesmo tenha lutado por sua indicação, com empenho pessoal – intelectual e organizacional – na seleção, na disputa de posições, na exposição de suas qualidades, na manifestação aberta de seu pensamento. Candidato de bolso do colete, jamais seria algo aceitável do meu ponto de vista. Só quem pensa com sua própria cabeça, e encontra-se preparado para debater e defender suas próprias posições. Fica o aviso...
Com relação a posições, vou logo dizendo o que sou a favor e objetivamente contrário. Sou a favor da democracia mais aberta possível, com total liberdade dos meios de comunicação e a menor participação desejável de publicidade governamental. Sou contrário a governos gastando dinheiro público com propaganda em seu próprio favor. Sou contrário ao envolvimento do poder com as eleições, de qualquer forma e em qualquer grau. Governo é governo, e eleições são eleições: aceito o princípio de uma re-candidatura (a contragosto), mas creio que o candidato deve se separar do governante, ou vice-versa. Sempre existem abusos de poder. Acho que os juízes (sou contra juízes eleitorais, apenas juízes “normais” que julguem com base em leis claras) devem ser muito severos com as confusões eventuais, mas no plano da imprensa, sou pela total liberdade de opinião. Meu segundo princípio é, então, a maior liberdade para todos, sem controles estatais. Tenho horror daqueles que dizem que é preciso “democratizar os meios de comunicação” e que a sociedade precisa se armar para “controlar a grande mídia”. A sociedade já controla a grande mídia, deixando de assistir ou comprar aquilo de que não gosta.
Também sou a favor de quem não coloca o Estado, ou o próprio governo, acima da sociedade, como fazem tantos políticos, eventualmente equivocados de boa-vontade, ao considerarem que só o Estado pode fazer “bondades” para a população de baixa renda, no pressuposto de que o capitalismo – que nem o PCdoB pensa em abolir no Brasil – é um sistema inerentemente injusto e desigual. Sou a favor da iniciativa privada e da privatização de alguns monstros estatais que foram criados ou vem sendo alimentados a golpes de subsídios públicos – ou seja, o meu, o seu, o nosso dinheiro – de maneira tão intensa quanto irracional nos últimos tempos. Por exemplo: que sentido tem transferir bilhões de dólares a uma empresa como a Petrobras, que conseguiria facilmente se abastecer no mercado de créditos privados? Só pode ser por uma concepção equivocada do que sejam prioridades em gastos públicos. Pois bem: tenho horror de gente que se equivoca com o meu dinheiro. Este é, portanto, o meu terceiro princípio: o Estado não deve fazer aquilo que pode ser feito pela própria sociedade, pela iniciativa privada, que arrisca o dinheiro do empresário, não o meu.
Transparência e honestidade pessoal no trato da coisa pública me parecem, mas isso é o mínimo, essenciais para qualquer pessoa que pretenda cargos elevados na hierarquia política. É muito fácil perceber a sinceridade ou a hipocrisia nas falas de um político: basta olhar nos olhos. Quem não consegue olhar para os telespectadores, sem desviar os olhos para algum teleprompter, que possa lhe guiar as idéias (quando as tem) parece ter um grave problema de credibilidade e de articulação de frases simples, sinceras, diretas, falando diretamente ao eleitor. Pode ser um quarto princípio, mas prefiro colocar como requerimento básico...
Existem vários outros elementos que poderiam integrar esta lista, como posicionamentos sobre diferentes assuntos da vida econômica, política e social. Mas creio que não devo moldar os candidatos de acordo com minhas preferências pessoais. Prefiro esperar as primeiras declarações para depois então me manifestar a respeito.
Paulo Roberto de Almeida (Shanghai, 9 de maio de 2010)

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