No ano que vem teremos eleições gerais. Tudo bem.
Mas a campanha já começou, e os pré-candidatos já se movimentam, como podem.
Eu sempre segui as eleições, desde pequeno se ouso dizer, mas apenas depois de adulto o fiz de forma sistemática, seguindo mais detalhadamente as questões afetas a meus estudos e pesquisas: relações internacionais, política externa e diplomacia do Brasil.
Em 2010, estando fora do Brasil, segui as eleições à distância, por meio de um blog.
Preventivamente, fiz uma espécie de declarações de princípios e de valores, que acredito ainda válida para os nossos dias. Discordaria, no entanto, de minha aceitação da reeleição , aceita naquele momento, mas que se revelou (como eu temia) uma fonte de abusos. Sou também a favor do voto opcional, ou seja, livre, não obrigatório.
No resto, mantenho igual, no momento em que estou abrindo um novo blog para acompanhar as eleições de 2018, em especial a campanha presidencial.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de outubro de 2017
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 9 de maio de 2010
Como
faço sempre em períodos pré-eleitorais, começo a reunir materiais sobre os
candidatos, os programas (estes bem mais tardios), sobre os próprios processos
eleitorais, enfim, o conjunto de elementos informativos e analíticos que me
permita acompanhar o desenrolar das campanhas e as próprias eleições com pleno
conhecimento de causa sobre quem são, o que representam cada um dos candidatos,
quais suas idéias e intenções, quais as conseqüências para o Brasil da eleição
de um ou outro, em especial quais são os impactos para a política externa do
Brasil, de forma a me dar domínio completo sobre as eleições, tudo isso bem
antes da votação propriamente dita.
Geralmente
eu abria uma pastinha e começava a coletar os materiais pertinentes,
classificando-os por tipo e data, para permitir recuperação e alguma redação de
artigo ou ensaio analítico quando a necessidade se manifestar. Agora (e desde
2006) abri um blog especialmente dedicado ao tema: Eleições Presidenciais 2010
(http://eleicoespresidenciais2010.blogspot.com/). Ele está disponível para consultas, mas não
para comentários, já que não pretendo entabular conversações sobre o assunto
com quer que seja, uma vez que eleições sempre são controversas e se prestam a
manifestações de paixões exacerbadas (como futebol e outras coisas).
Não
tenho porque expressar minhas preferências eleitorais, já que isto não vem ao
caso, mas também não tenho porque esconder minhas posições de princípio, que
são públicas e notórias, cidadão brasileiro que sou moderadamente participante
nos assuntos da nação. É com esse espírito que venho agora, antes que a
campanha comece, expressar essas posições, como forma de deixar claro o que
penso sobre o processo eleitoral em si, e o que penso ser melhor para o Brasil.
Vamos
lá.
Não
temos controle, os cidadãos comuns, sobre a escolha dos candidatos, pelo menos
não diretamente. Eles são escolhidos pelas máquinas partidárias, com base numa
aferição de suas chances de ganhar a competição eleitoral. Aí talvez entremos
nós, os eleitores comuns, se por acaso somos escolhidos para responder a algum
questionário de instituto de pesquisa. Eu nunca fui escolhido por um e não
tenho idéia de como são formuladas as questões abertas e fechadas. Tampouco
pertenço a qualquer partido e não tenho a intenção de me filiar a qualquer um,
em qualquer tempo e lugar. Não se trata de uma posição absoluta, mas é um
princípio compatível com meus outros valores, entre eles o de absoluta
independência de julgamento, o livre arbítrio na escolha de minhas próprias
posições: nunca aceitaria ter de acatar posições desenhadas por outros de cujo
processo de elaboração eu mesmo não tenha participado. Nisso sou um anarquista
radical: simplesmente não conseguiria deixar de pensar com minha própria cabeça
para aceitar um menu pret-à-porter, ou
seja, pré-configurado.
Por isso
mesmo, eis aqui meu primeiro princípio eleitoral: eu nunca aceitaria um
candidato que tenha sido imposto por outros, sem que ele mesmo tenha lutado por
sua indicação, com empenho pessoal – intelectual e organizacional – na seleção,
na disputa de posições, na exposição de suas qualidades, na manifestação aberta
de seu pensamento. Candidato de bolso do colete, jamais seria algo aceitável do
meu ponto de vista. Só quem pensa com sua própria cabeça, e encontra-se
preparado para debater e defender suas próprias posições. Fica o aviso...
Com
relação a posições, vou logo dizendo o que sou a favor e objetivamente contrário.
Sou a favor da democracia mais aberta possível, com total liberdade dos meios
de comunicação e a menor participação desejável de publicidade governamental.
Sou contrário a governos gastando dinheiro público com propaganda em seu
próprio favor. Sou contrário ao envolvimento do poder com as eleições, de
qualquer forma e em qualquer grau. Governo é governo, e eleições são eleições:
aceito o princípio de uma re-candidatura (a contragosto), mas creio que o
candidato deve se separar do governante, ou vice-versa. Sempre existem abusos
de poder. Acho que os juízes (sou contra juízes eleitorais, apenas juízes
“normais” que julguem com base em leis claras) devem ser muito severos com as
confusões eventuais, mas no plano da imprensa, sou pela total liberdade de
opinião. Meu segundo princípio é, então, a maior liberdade para todos, sem
controles estatais. Tenho horror daqueles que dizem que é preciso “democratizar
os meios de comunicação” e que a sociedade precisa se armar para “controlar a
grande mídia”. A sociedade já controla a grande mídia, deixando de assistir ou
comprar aquilo de que não gosta.
Também
sou a favor de quem não coloca o Estado, ou o próprio governo, acima da
sociedade, como fazem tantos políticos, eventualmente equivocados de
boa-vontade, ao considerarem que só o Estado pode fazer “bondades” para a
população de baixa renda, no pressuposto de que o capitalismo – que nem o PCdoB
pensa em abolir no Brasil – é um sistema inerentemente injusto e desigual. Sou
a favor da iniciativa privada e da privatização de alguns monstros estatais que
foram criados ou vem sendo alimentados a golpes de subsídios públicos – ou
seja, o meu, o seu, o nosso dinheiro – de maneira tão intensa quanto irracional
nos últimos tempos. Por exemplo: que sentido tem transferir bilhões de dólares
a uma empresa como a Petrobras, que conseguiria facilmente se abastecer no
mercado de créditos privados? Só pode ser por uma concepção equivocada do que
sejam prioridades em gastos públicos. Pois bem: tenho horror de gente que se
equivoca com o meu dinheiro. Este é, portanto, o meu terceiro princípio: o
Estado não deve fazer aquilo que pode ser feito pela própria sociedade, pela
iniciativa privada, que arrisca o dinheiro do empresário, não o meu.
Transparência
e honestidade pessoal no trato da coisa pública me parecem, mas isso é o
mínimo, essenciais para qualquer pessoa que pretenda cargos elevados na
hierarquia política. É muito fácil perceber a sinceridade ou a hipocrisia nas
falas de um político: basta olhar nos olhos. Quem não consegue olhar para os
telespectadores, sem desviar os olhos para algum teleprompter, que possa lhe
guiar as idéias (quando as tem) parece ter um grave problema de credibilidade e
de articulação de frases simples, sinceras, diretas, falando diretamente ao
eleitor. Pode ser um quarto princípio, mas prefiro colocar como requerimento
básico...
Existem
vários outros elementos que poderiam integrar esta lista, como posicionamentos
sobre diferentes assuntos da vida econômica, política e social. Mas creio que
não devo moldar os candidatos de acordo com minhas preferências pessoais.
Prefiro esperar as primeiras declarações para depois então me manifestar a
respeito.
Paulo
Roberto de Almeida (Shanghai, 9 de maio de 2010)
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