O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Por que os juros são tão altos no Brasil?

Ricardo Bergamini explica porque:

Prezados Senhores

Em 06/09/17 o Banco Central divulgou a nova taxa SELIC em 8,25% ao ano e a estupidez coletiva brasileira não consegue explicar o motivo pelo qual as taxas de mercado do crédito livre no mês de agosto de 2017 estavam em média a 36,7% ao ano, ou seja: 4,45 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo. 

A aberração do depósito compulsório no Brasil

Ricardo Bergamini 

Premissas básicas com base na média do ano de 2016: 

1 – Custo de carregamento da dívida interna da União: 13,00% ao ano (Fonte: Ministério da Fazenda)

2 – Percentual do depósito compulsório total (remunerado e sem remuneração): 78,12% (Fonte Banco Central). 

A - Se um banco tivesse a quantia de 100 dinheiros disponíveis para aplicação ele teria duas opções:

A.1 - Comprar títulos do governo federal, nesse caso seria isento do depósito compulsório e receberia no final de um ano 13,00% de 100 dinheiros, ou seja: 13,00 dinheiros.

A.2 - Emprestar ao público (empresas e famílias), nesse caso o banco teria que recolher ao Banco Central 78,12% dos 100 dinheiros disponíveis, ou seja: 78,12 dinheiros, ficando com apenas 21,88 dinheiros para emprestar.

Para obter o mesmo ganho que teria na aplicação de títulos públicos de 13,00 dinheiros no ano, o banco teria que empresta os 21,88 dinheiros restantes a uma taxa correspondente a 4,57 maiores do que a taxa de aplicação nos títulos públicos de 13,00% ao ano, nesse caso seria a uma taxa de 59,41% ao ano.

Resumo do exemplo hipotético:

I - Aplicação em títulos federais - 100 dinheiros a 13,00% ao ano daria um rendimento de 13,00 dinheiros em um ano.

II – Aplicação de 21,88 dinheiros a uma taxa de 59,41% ao ano daria um rendimento de 13,00 dinheiros em um ano.

Conclusão: 

Em vista do acima demonstrado, se a taxa SELIC no Brasil tivesse sido em 2016 iguais a dos Estados Unidos de 1,00% ao ano, apenas pelo efeito do depósito compulsório, o custo médio dos juros de mercado teria sido de 4,57% ao ano. 

Spread Bancário

É composto das seguintes despesas: administrativa, inadimplência, custo com depósito compulsório sem remuneração, tributos, impostos, taxas e lucro. 

O percentual varia em função de cada tipo de operação, bem como de banco para banco. 

Nota: Cabe lembrar que, como na nossa análise não consideramos que alguns depósitos compulsórios são remunerados, é óbvio que há uma pequena divergência entre a taxa apurada no estudo (59,41% ao ano) e a taxa oficial apurada pelo Banco Central para os créditos livres que foi de 52,00% ao ano em 2016. 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

 

  


Nenhum comentário: