domingo, 5 de abril de 2020

Cientistas sociais e o coronavirus - Boletim da ANPOCS (1 e 2)

Recebo, da ANPOCS, este relatórios semanais com papers, artigos, ensaios, textos diversos de cientistas sociais sobre o Covid-19, que não são exatamente cientistas de pesquisas biológicas, ou seja epidemiologistas, virologistas, pesquisadores e médicos envolvidos com a detecção e o combate desse tipo de enfermidade que se tornou pandêmica. São cientistas SOCIAIS, com toda a carga de ideologia (no bom sentido da palavra) que possa haver em seus textos. Como eu sou a favor da circulação da informação, transcrevo neste meu blog, concebido para pessoas inteligentes, ou pelo menos sedentas de saber. No meio dos artigos aparece pelo menos um que fala da "globolização perversa", o que eu considero, mesmo sem ter lido o artigo, uma bobagem monumental: a globalização é, ponto. Como as correntes marítimas e aéreas, ela existe, independentemente do que eu possa pensar sobre ela. Claro, governos nacionais podem sempre colocar barreiras contra a globalização, como tarifas, proibições não-tarifárias (normas e regulações), reservas nacionais e outras bobagens do gênero, que sempre são piores do que a abertura aos fluxos e intercâmbios globais. Mas, assim é o mundo.
Paulo Roberto de Almeida

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BOLETIM | CIENTISTAS SOCIAIS E O CORONAVÍRUS

SEMANA 2  |  de 30/03 a 04/04/2020


Boletim n. 13 | As populações do campo e o coronavírus
Por Nashieli Rangel Loera, publicado em 04/04/2020

No estado de São Paulo existem 140 assentamentos rurais estaduais, onde moram mais de 7000 famílias espalhadas ao longo de 40 municípios (ITESP, 2019)¹. A região conhecida como o Pontal de Paranapanema ao Oeste do estado é a que concentra o maior número de assentamentos, 98 no total, e tem sido, nos últimos 15 anos, o locus etnográfico das minhas pesquisas sobre o mundo rural e as populações do campo. Leia mais



Boletim n. 12 | O enfrentamento e a sobrevivência ao Coronavírus também precisa ser uma questão feminista!
Por Mariane da Silva Pisani, publicado em 03/04/2020

Como antropóloga que sou me dou o direito de iniciar este texto a partir de uma observação etnográfica. No dia 23 de Março de 2020, foi publicado no jornal O Globo[i] a matéria intitulada: “NASA usa experiência de astronautas para dar dicas de confinamento durante a pandemia de COVID-19”. Esta trouxe aos leitores e às leitoras cinco habilidades desenvolvidas por astronautas da Agência Espacial dos Estados Unidos da América (NASA) para viver isolamentos em períodos prolongados de tempo. A saber: comunicação, liderança, cuidados pessoais, cuidados do coletivo e vivência em grupo. Leia mais



Boletim n. 11 | Pandemia COVID-19 e as mulheres
Por Marlise Matos, publicado em 02/04/2020

Todos sabemos apontar e compreender, mesmo com as muitas mudanças ocorridas, os já estabelecidos papéis de gênero, onde às mulheres caberia o lugar de “cuidadoras”, de “donas de casa”, de principais responsáveis pelos domicílios e pelas famílias. Leia mais



Boletim n. 10 | Violências contra mulheres em tempos de COVID-19
Por Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa, publicado em 01/04/2020

Em tempos de confinamento por causa do COVID-19, órgãos internacionais, organizações não governamentais, movimentos feministas, estudiosas, ativistas dos direitos humanos e algumas instituições de governos estaduais têm chamado a atenção para a possibilidade de agravamento das violências contra mulheres. A relatora especial da Organização das Nações Unidas sobre violência contra mulheres, Dubravka Simonovic, destacou que esse problema pode aumentar durante a quarentena, porque o lar pode ser um lugar de medo e abuso para mulheres e crianças, e indicou, ainda, a necessidade de os entes federativos promoverem ações constantes de defesa às mulheres e de combate às violências domésticas. Leia mais



Boletim n. 9 | A Globalização Perversa da COVID-19 : o exemplo de Rondônia
Por Maria Madalena de Aguiar Cavalcante, publicado em 31/03/2020

Os registros dos números de casos confirmados e de mortes da COVID-19 na China, e posteriormente na Itália, chamou a atenção do mundo em relação à pandemia. O novo coronavírus chega ao Brasil, no estado de São Paulo, em meados de fevereiro, do corrente ano. Diante do cenário catastrófico que se configura no país e no mundo, este é um primeiro esboço do registro espaço-temporal dos suspeitos e casos confirmados no estado de Rondônia, evidenciando a importância da obtenção de informações sobre a evolução da COVID-19 de modo diário e por municípios, como auxílio às ações preventivas, corretivas ou restritivas tomadas pelos órgãos públicos. Leia mais



Boletim n. 8 | Não existe salvação individual na pandemia de Covid-19
Por Sandra Caponi, publicado em 30/03/2020

Os primeiros casos de coronavírus chegaram à América Latina com certo retardo em relação a China e aos países europeus. No Brasil o primeiro caso ocorreu no dia 26 de fevereiro e na Argentina, poucos dias mais tarde, no dia 3 de março de 2020. Esse retardo nos permite observar a evolução da doença nos diferentes países afetados pela pandemia e avaliar a eficácia ou ineficácia das medidas adotadas em cada caso. A primeira informação disponível é que a estratégia da quarentena e do isolamento social foi adotada na maior parte dos países afetados. Em alguns casos, como em Itália ou Espanha, essas medidas de isolamento foram adotadas tardiamente e hoje podemos observar as consequências terríveis desse atraso pelo aumento, antes inimaginável, de mortos pela pandemia. Em outros casos, como na China ou Coreia do sul, foram adotadas rapidamente medidas de isolamento que se mostraram altamente eficazes, fazendo com que os casos da doença diminuíssem até quase chegar a zero. Inglaterra e Estados Unidos se resistiram inicialmente a adotar as medidas de isolamento por motivos estritamente econômicos, mas logo tiveram que impor medidas de quarentena severas, no caso de Inglaterra por 12 semanas. Observando as medidas adotadas nos países de Europa e Ásia, assim como o drama hoje evidente de países como Espanha ou da Itália, que atingiu o número de 9.000 mortos por Covid-19, diversos países da América Latina decidiram iniciar um processo de isolamento social e logo de quarentena para limitar e bloquear as cadeias de transmissão do vírus. Leia mais


 

SEMANA 1  |  de 22/03 a 28/03/2020

 

Boletim n. 7 | A linguagem republicana diante da crise: uma análise de A Revolta da Vacina, de Nicolau Sevcenko
Por Por Vinícius Müller - publicado em 28/03/2020

Ao longo da História foram tantos os episódios nos quais sociedades enfrentaram riscos biológicos, que escolher um como exemplo sempre revelará um traço de arbitrariedade. Pois, não só sugere certa preocupação específica de quem está escolhendo, como também revela as bagagens que cada um que se aventura em entender a História carrega. Ou seja, o que define se escolho indicar a Peste Negra europeia ou o impacto das doenças ‘europeias’ em populações nativas da América como parâmetro de uma analogia histórica? Qual é mais pertinente para refletirmos sobre a crise que enfrentamos nestes dias de 2020? Tais escolhas são ampla e certamente sustentadas pelas leituras prévias e experiências profissionais de quem a exerce. Leia mais



Boletim n. 6 | A produção do social em tempos de pandemia
Por grupo de pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade - TEMAS - publicado em 27/03/2020

Se não é novidade que no noticiário as editorias de ciência, economia e política se embaralhem - ao discutirmos a exploração de campos de petróleo ou a liberação de sementes transgênicas, por exemplo - durante uma pandemia a forma como nossa vida em sociedade depende e está entrelaçada a elementos não humanos fica ainda mais clara. No entanto, como a teoria social tem entendido o papel de um agente tão poderoso, como o Covid-19, na produção e alteração das nossas formas societárias modernas? E qual a sua contribuição para pensarmos e agirmos no mundo contemporâneo?. Leia mais



Boletim n. 5 | Medo Global
Por Gustavo Lins Ribeiro - publicado em 26/03/2020

A pandemia do corona vírus certamente inaugura uma nova classe de medo global. Não que não existissem anteriormente, as angústias, os pânicos e temores globais. Mas, como a globalização é um processo histórico que se torna cada vez mais agudo, é de se esperar que o último medo global seja mais intenso e complexo do que os outros. O que estou chamando de medo global? Aqui vai uma definição de trabalho: trata-se de todo temor totalizante sentido por todos os habitantes de um coletivo, na expectativa de uma enorme quantidade de mortes que potencialmente ou de fato atingirá a todos e acabará o mundo conforme foi conhecido até um determinado momento. Deixo a definição assim, de maneira ampla, para poder incluir alguns medos coletivos – obviamente sem nenhuma pretensão de esgotar os exemplos - que, apesar de não serem planetários certamente incluíram a sensação de fim de mundo, em uma espécie de arqueologia dessa terrível sensação, um verdadeiro fato social total, como diria Marcel Mauss, que condensa respostas fisiológicas, biológicas, psicológicas, culturais, políticas, econômicas, sociais e científicas. Leia mais



Boletim n. 4 | Contenção de crises no Brasil e seus reflexos no mundo do trabalho sob as lentes da sociologia
Por Maurício Rombaldi - publicado em 25/03/2020

No Brasil, o começo de 2020 já se apresentava desolador, em razão das crises política e econômica enfrentadas pelo país. Ao final do primeiro trimestre do ano, o COVID-19 surgiu para agravar este cenário, com a instalação de uma crise sanitária. Impôs, com isso, um momento de inflexão impostergável sobre as políticas adotadas pelo governo federal. Na noite de domingo, 22 de março, foi lançada a Medida Provisória 927, que previu, dentre outras questões, a possibilidade de suspensão de contratos de trabalho por até 4 meses. Mesmo que, menos de 24h depois, sob forte pressão de diferentes setores da sociedade, o governo tenha retrocedido ao lançar dúvidas sobre a implementação parcial ou completa da MP, o simples fato de a ideia ter sido lançada já sinaliza a manutenção do ímpeto de flexibilização ou supressão de direitos trabalhistas, acompanhada da injeção de recursos e incentivos a empresários como estratégia principal de amenização dos efeitos das crises que se amontoam. Leia mais



Boletim n. 3 | As Ciências Sociais e a Saúde Coletiva frente a atual epidemia de ignorância, irresponsabilidade e má-fé
Por Sérgio Carrara - publicado em 24/03/2020

Uma das áreas mais antigas e tradicionais das ciências sociais é a que se volta à reflexão dos processos de saúde e doença e das relações entre o biológico e o social. É tão significativa essa preocupação no campo da Antropologia Social que, em vários países, especialmente nos Estados Unidos, institucionalizou-se uma subdisciplina inteiramente dedicada a ela: a Antropologia Médica. No Brasil, esse subcampo do saber antropológico tem sido geralmente designado como Antropologia do Corpo e da Saúde. Para seu desenvolvimento, a Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais, a ANPOCS, promove anualmente grupos de trabalho, fóruns e mesas redondas; e, nos últimos anos, foram realizados três encontros nacionais específicos, intitulados Reuniões de Antropologia da Saúde (RAS). Leia mais



Boletim n. 2 | Covid-19: escalas da pandemia e escalas da antropologia
Por Jean Segata - publicado em 23/03/2020

Surto, epidemia e pandemia são termos do universo técnico da epidemiologia para a classificação temporal, geográfica e quantitativa de uma doença infecciosa. Eles são fundamentais para processos de vigilância e controle, definindo níveis de atenção e protocolos de ação. No caso da Covid-19, por exemplo, quando um número elevado de pessoas da cidade de Wuhan, na China, passou a apresentar uma infecção respiratória grave e desconhecida em um curto espaço de tempo, ligou-se o alarme para o início de um surto. Rapidamente, identificou-se a presença de uma nova variedade do vírus do tipo Corona e, em pouco tempo, casos semelhantes também apareceram em outras cidades e regiões do país e de fora dele. Era o início da epidemia. Ainda assim, como os números da doença continuaram aumentando em mais países e continentes, cobrindo quase todo o globo, a OMS decretou o que é considerado o pior dos cenários, a pandemia. Leia mais



Boletim n. 1 | Cientistas sociais e o coronavírus
Por Rodrigo Toniol - publicado em 22/03/2020

Nos últimos meses a universidade sofreu ataques sistemáticos. A comunidade científica sentiu na pele a descontinuidade de seus projetos de pesquisa, vivenciou o corte de bolsas na pós-graduação e a perda de apoio para realização de eventos acadêmicos. Além disso, também nos vimos interpelados por acusações exdrúxulas como a de que os campi universitários possuem extensivas plantações de maconha. Agora, diante de uma crise global sem precedentes os pesquisadores são lembrados. Consultam os epidemiologistas, os estatísticos, os físicos, enfim, acionam a extensa rede de especialistas para entender o que está acontecendo, o que há por vir e como devemos agir. Nessas horas parece ser mais fácil de lembrar como o financiamento de pesquisa não é o mesmo que gasto puro e simples. Leia mais


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Os boletins Cientistas Sociais e o coronavírus são uma série de textos que serão publicados ao longo das próximas semanas. Trata-se de uma ação conjunta que reúne a Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e a Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul (ACSRM). Nos canais oficiais dessas associações estamos circulando textos curtos, que apresentam trabalhos que refletiram sobre epidemias. Esse é um esforço para continuar dando visibilidade ao que produzimos e também de afirmar a relevância dessas ciências para o enfrentamento da crise que estamos atravessando.

A publicação deste boletim também conta com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC/SC), da Associação Nacional de Pós-Graduação em Geografia (ANPEG), da Associação Nacional de Pós-Graduação em História (ANPUH), da Associação Nacional de Pós graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll).

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