sexta-feira, 10 de abril de 2020

O anacronismo do processo decisório presidencial - Hussein Kalout

Meu comentário: Hussein Ali Kalout​ trata do aspecto mais relevante da governança, o processo decisório e a tomada de decisão, que nos regimes presidencialistas podem ser excessivamente centralizados no chefe de governo e de Estado, ao passo que nos regimes de gabinete (parlamentarista) costumam ser mais diluídos entre os membros do governo, que respondem diretamente ao parlamento, enquanto no primeiro regime podem ficar confinados ao bunker presidencial. O processo decisório ideal começa na base, ou seja, o técnico encarregado de estudar a questão em todos os seus aspectos, consultando pares, superiores, agências conexas, lendo a literatura pertinente e consultando a memória da instituição, para saber os precedentes e como se encaminharam casos semelhantes ou similares no passado. Depois o assunto vai subindo – passando por várias instâncias, econômica, política, jurídica, interface externa, etc. – até chegar no decisor de alto escalão, mas não o  último, que só intervém nos assuntos de governo ou de Estado. Trata-se, portanto, de uma pirâmide, que parte da base, ampla, e chega ao vértice, quando chega, o pico do triângulo. Processos centralizados e autoritários costumam inverter a pirâmide, e o vértice acaba virando a base, ou seja o técnico especialista acaba fazendo exatamente aquilo que quer o chefe, o comitê central do Partido, o ditador. No caso do Brasil, acredito que existem triângulos em várias esferas, mas no que concerne a presidência, aquilo ali não é um triângulo em qualquer sentido, mas uma arquitetura dadaísta, surrealista, ou seja, o caos completo.
Paulo Roberto de Almeida

O ANACRONISMO DO PROCESSO DECISÓRIO PRESIDENCIAL

O país enfrenta, como de resto o mundo inteiro, a crise da pandemia da Covid-19; e nesse momento de grande comoção faz falta uma cultura de tomada de decisões verdadeiramente plural


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