22) O Discurso (Semana 22)
Ladies and the gentleman, let's put the aside the howevers and go straight to the endsly, I am here to kill the snake and show the stick, because with me, is bread - bread, cheese - cheese! Esse foi o discurso que Odorico Paraguaçu, personagem principal da inigualável sátira política O Bem-Amado, do igualmente inigualável Dias Gomes, proferiu nas escadas das Nações Unidas, em 1973.
O mestre alagoano, Paulo Gracindo, que interpretava Odorico, brindou-nos com esse macarrônico discurso, como piada e crítica aos políticos lamentáveis que abundavam no cenário brasileiro. Quase cinquenta anos depois, ao ver a pataquada que nosso Excelentíssimo fez na última Assembléia Geral das Nações Unidas, penso que preferia ter Odorico de volta a proferir seu discurso, pois seria mais honroso.
Além de Odorico, lembrou-me o discurso, por alguma razão, de outra obra brasileira de 1973, a canção “Mentira”, de Marcos Valle. Quando o Excelentíssimo diz que “o Brasil está comprometido com os princípios basilares da Carta das Nações Unidas: paz e segurança internacional, cooperação entre as nações, respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais de todos”, ouço apenas o refrão: Mas é mentira, tchup tchu, É mentira, -Ira, tchup tchu, É mentira…
“Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo", Mas é mentira, tchup tchu, É mentira, -Ira, tchup tchu, É mentira… “Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, Mas é mentira, tchup tchu, É mentira, -Ira, tchup tchu, É mentira…
“Mantenho minha política de tolerância zero com o crime ambiental”, mas é mentira, tchup tchu, É mentira, -Ira, tchup tchu, É mentira… “O Brasil saúda também o Plano de Paz e Prosperidade lançado pelo Presidente Donald Trump…” Opa! Aqui não é mentira, é apenas um lambe-botas fazendo sua deferência.
Por menos mentira, tchup, tchu.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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