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terça-feira, 12 de abril de 2022

Populistas de direita estão prosperando - Fareed Zakaria (Washington Post/Estado de SP)

 POPULISTAS DE DIREITA ESTÃO PROSPERANDO!

Fareed Zakaria 
Washington Post/Estado de S.Paulo, 09/04/2022 

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, inúmeros comentaristas acreditaram que ao menos uma coisa boa decorreria dessa nuvem de catástrofe. O ataque de Vladimir Putin contra a ordem liberal, esperavam eles, exporia e deslegitimaria forças iliberais populistas que têm surgido há anos.

Um deles especulou que a guerra na Ucrânia poria fim à era do populismo. Outro, o acadêmico Francis Fukuyama, considerou o episódio uma oportunidade para as pessoas finalmente rejeitarem o nacionalismo de direita. Contudo, passadas seis semanas do início deste conflito, tais noções parecem ilusões otimistas.

ELEIÇÕES. Na Europa, duas eleições cruciais – na Hungria e na França – revelam a verdade. Até poucos dias atrás, era possível sugerir, como o fez um artigo da Atlantic, que a guerra na Ucrânia estava “agitando a política europeia” ao expor registros iliberais e próPutin da líder francesa de extrema direita Marine Le Pen e do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

Esses especialistas foram citados afirmando que Orbán “estava tentando desesperadamente reformular os acontecimentos da guerra” e prevendo que os franceses veriam o presidente, Emmanuel Macron, neste momento, “provavelmente como a única pessoa capaz de liderá-los através desta crise”.

Na realidade, Orbán acaba de ser reeleito – e para o quarto mandato consecutivo – por uma margem conveniente, com sua coalizão obtendo cerca de 53% dos votos e os opositores, aproximadamente 34%. No mesmo dia, eleitores da Sérvia reelegeram um presidente populista, convictamente próPutin, que venceu de lavada.

LE PEN. Na França, onde o primeiro turno da eleição presidencial ocorre amanhã, pesquisas sugerem que a liderança de Macron tem evaporado e Le Pen cresceu significativamente. Conforme afirmou a manchete do New York Times: “Mesmo antes de a França votar, a direita francesa é a grande vencedora”. Na Europa, pelo menos, o populismo de direita continua a prosperar.

Isso não significa que as ações da Rússia na Ucrânia sejam populares, mas elas não dominam a visão de mundo das pessoas. As reputações de políticos pró-putin não sofreram com a guerra da maneira que muitos esperavam.

Frustrado com o líder húngaro se aconchegando com Putin, Volodmir Zelenski apostou num ataque direto a Orbán, afirmando que ele é “virtualmente o único na Europa a apoiar Putin abertamente”. Isso não funcionou.

Nos EUA, é possível observar forças similares em ação, apesar de não serem tão fortes. Nas primeiras semanas da guerra, o Partido Republicano parecia ter revertido sua histórica belicosidade em política externa. Muitos republicanos da velha-guarda são veementemente anti-putin e próUcrânia.

Mas essa posição não descreve as opiniões do homem que continua sendo o líder mais popular do partido: Donald Trump, que tem elogiado Putin desde o início da invasão. O âncora mais graduado da Fox News, Tucker Carlson, que mais de dois anos atrás declarou que estava do lado da Rússia em sua batalha contra a Ucrânia, passou recentemente a repetir propaganda russa a respeito da existência de supostos laboratórios de armas biológicas na Ucrânia.

VANTAGENS. Vale notar alguns matizes. Orbán manipulou a democracia da Hungria de maneiras que lhe proveram vantagens estruturais. Em 2010, ele se movimentou para conceder cidadania a 2,4 milhões de húngaros étnicos que viviam no exterior e se retratou como o único defensor de seus direitos, o que lhe garantiu amplo apoio desses novos eleitores. Ele esmagou quase todos os meios de comunicação independentes.

O governo húngaro promove a imagem de Orbán, distribuindo pôsteres financiados com dinheiro público. Esse tipo de prática levou a Freedom House a classificar a Hungria como o único país da Europa que é “parcialmente livre”.

POPULISMO. Mesmo assim, o populismo de direita é genuinamente popular na Hungria e em outros países. Ainda que Le Pen tenha tirado vantagem da inflação em alta, culpando o governo de Macron por todo e qualquer aumento de preços, o magnetismo fundamental dela emana de seu estridente nacionalismo cultural. Orbán, Le Pen e outras personalidades da direita vociferam constantemente contra imigrantes, multiculturalismo e “lacração”, a nova palavra que aflora na França.

Ao mesmo tempo, esses líderes deixam de lado a economia de livre mercado da velha direita. Le Pen criticou muitas das reformas neoliberais de Macron e abraçou antigas políticas estatizantes da esquerda, como jornada de trabalho de 35 horas e aposentadoria antecipada. Ela especulou publicamente que poderia trazer membros da esquerda que concordem com suas ideias a respeito de protecionismo e política industrial. Orbán tem praticado há muito tempo um tipo de populismo estatizante que distribui generosos subsídios estatais para grupos que seu partido favorece.

Na França, Marine Le Pen, de extrema direita, subiu nas pesquisas às vésperas das eleições

ULTRAJES. Nos EUA, Carlson gasta pouco tempo com a guerra na Ucrânia, preferindo em vez disso colocar o foco de seu programa num cardápio diário de ultrajes contra políticas lacradoras e a cultura do cancelamento. Republicanos proeminentes, como o governador da Flórida, Ron Desantis, fazem o mesmo. Se você ouvisse a direita americana, você acreditaria que os temas mais prementes do mundo atual são diretorias de escolas que doutrinam crianças com ideias de fluidez de gênero.

É verdade que essas ideias atraem apenas parte do eleitorado – especialmente os eleitores mais velhos, mais rurais e menos educados. Mas já deveria estar claro que esses eleitores são numerosos o suficiente e apaixonados o suficiente para vencer eleições – nos dois lados do Atlântico.

Um comentário:

mensagensnanett disse...

A MONUMENTAL HIPOCRISIA DO EUROPEU-DO-SISTEMA PODERÁ SER UM MONUMENTAL 'TIRO-PELA-CULATRA'!
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Sim:
- O HIPÓCRITA OCIDENTAL QUE FALE MAS É, ISSO SIM, É EM DEVOLVER RIQUEZAS/TERRITÓRIOS ROUBADOS A POVOS AUTÓCTONES!
(o europeu-do-sistema ambiciona fazer aos russos aquilo que foi feito a povos autóctones da América do Norte, Sul, etc)
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Separatismo em relação aos boys e girls do sistema!!!
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PATRIOTAS UCRÂNIANOS NÃO SEJAM PARVOS:
1- no presente, tal como no passado, existem na Europa 'Testas-de-Ferro' que... proporcionam guerras a uma clientela interessada em fazer negociatas no caos.
2- afastem-se (separatismo Identitário) dos boys de Zelensk: são boys das negociatas da máfia do armamento... que os ENTALARAM entre o Ocidente hipócrita e Putin.
3- em oposição aos boys e girls do sistema, façam negociações de paz com a Russia!
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Sim:
- O OCIDENTE QUE PROVOCA/AMEAÇA PUTIN, E MANDA ARMAS PARA A UCRÂNIA, É MUITO MUITO PIOR QUE PUTIN.
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Os boys (do sistema) de Zelensky estão ao serviço de interesses inconfessáveis...
multinacionais a fazer compras no caos da Ucrânia... para melhor rentabilizar os seus investimentos, elas vão exigir substituição populacional...
e... os boys e girls do sistema vão acusar os patriotas ucrânianos de «racistas/xenófobos».
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Europeu-do-sistema:
- possui um largo historial de saque de riquezas a povos autóctones... ESTEVE MAFIOSAMENTE EM SILÊNCIO perante ameaças de 'gurus' da NATO:
-> secretário geral da NATO: «a Russia vai ter cada vez mais NATO nas suas fronteiras».
-> outros 'gurus': «a globalização vai entrar pela Russia a dentro» (multinacionais a comprar...).
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A NATO pretende cercar a Russia (um território imenso no planeta, com apenas 140 milhões de habitantes) com países da NATO.
[todos unidos num saque a um território imenso]
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Isto tem sido uma festa para o hipócrita Ocidental: depois de provocar/ameaçar Putin... o hipócrita Ocidental proclama:
- «Depois da guerra da Ucrânia, a Rússia ou será um súbdito da China ou um futuro membro da União Europeia»
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[sim: o Ocidente hipócrita não tem interesse nenhum na segurança dos povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais]
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Sim, pois é:
- Em várias regiões do planeta: sempre que está instalado um «governo não-amigo», o hipócrita Ocidental fomenta guerras/revoluções... para que... a exploração de riquezas caia nas mãos de multinacionais Ocidentais.
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O hipócrita Ocidental bloqueia a investigação à forma como chegam armas a 'grupos rebeldes', que não possuem fábricas de armamento, e cujas guerras/revoluções são usadas para destituir «governos não-amigos».
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Para quem está interessado em paz, urge:
1- CONDENAR AS NEGOCIATAS DA MÁFIA DO ARMAMENTO.
2- NÃO BLOQUEAR A TAXA TOBIN...
para que:
- sejam povos autóctones a explorar as suas riquezas naturais, e não, multinacionais Ocidentais.
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OS EUROPEU-DO-SISTEMA DEVEM UMA MENSAGEM DE PAZ:
- não só aos povo da Russia, como também a todos os povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais:
---> O MAIS ELEMENTAR DOS TRATADOS DE PAZ:
- um tratado de paz que recuse o MAIS VELHO DISCURSO DE ÓDIO DA HISTÓRIA -> o ódio tiques-dos-impérios: o ódio a povos autóctones do Ideal de Liberdade Identitário.
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[cidadão de Roma da NATO = cidadão de Roma de há 2000 anos atrás]
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A RUSSIA PODERÁ SER A LÍDER DO MUNDO LIVRE:
- povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais!
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URGE A MOBILIZAÇÃO PARA O SEPARATISMO IDENTITÁRIO:
- Os Identitários reivindicam LIBERDADE/DISTÂNCIA/SEPARATISMO do europeu-do-sistema; por motivos óbvios:
-> NA ORIGEM DA NACIONALIDADE ESTEVE O IDEAL DE LIBERDADE IDENTITÁRIO: "ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo"; não foi:
- o ódio tiques-dos-impérios da cidadania de Roma.
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SEPARATISMO 50-50:
- os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
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-» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com