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quinta-feira, 7 de abril de 2022

Ainda sobre a terrível carnificina na Ucrânia - Paulo Roberto de Almeida e Garry Kasparov, via Carlos Pozzobon

 Paulo Roberto de Almeida:

“Em 1938, os líderes — supostos estadistas “pacificadores” — da Grã-Bretanha e da França se recusaram a interromper a ascensão expansionista de um outro ditador megalomaníaco e psicopata, em nome da “paz” na Europa. Como disse Churchill, perderam a honra e não tiveram a paz, e sim a maior guerra da humanidade, na qual pereceram, por baixo, 50 milhões de vítimas, entre civis e militares. 

Atualmente, temos um novo candidato a ditador expansionista, o tirano de Moscou, que, unido à Igreja Ortodoxa Russa (e isto é algo extraordinário, pois o patriarca de Moscou apoiou e santificou a conquista), pretende reconstruir o grande império do czarismo e dos tempos do despotismo soviético. 

Felizmente, líderes ocidentais não estão dispostos a permitir desta vez, mas seus esforços não têm sido suficientes, até aqui, para parar o insano ditador na escala do morticínio.

E infelizmente, uma outra grande ditadura, uma grande democracia autoritária, e duas outras democracias de baixíssima qualidade, todos países membros dessa fantasmagoria diplomática que se chama BRICS, apoiam ou se declaram “isentos” em relação a essa tremenda tragédia que afeta o povo ucraniano.

Vai ser preciso um novo Nuremberg para o tirano Putin; duvido que virá. Mas pelo menos a condenação moral do TPI é absolutamente necessária. 

O Brasil deveria estar unido às democracias de verdade na condenação e na oposição resoluta contra as atrocidades do tirano de Moscou. Infelizmente não está, e isto me enche de vergonha pela diplomacia paraplégica, míope e parcial, indigna das tradições do Itamaraty, a que se assiste atualmente sob o desgoverno de um inepto.

Paulo Roberto de Almeida”


Carlos Pozzobon, reproduzindo Garry Kasparov:

“Garry Kasparov no livro de 2015 Winter is Coming:

Quando o presidente fantoche de Putin na Ucrânia, Viktor Yanukovych, fugiu do país após os protestos “Euromaidan” exigindo maior integração europeia, Putin aproveitou a chance. Citando a necessidade de proteger os russos na Ucrânia, ele primeiro ocupou e anexou a Crimeia e depois começou a incitar a violência por meio de “rebeldes” apoiados pelos russos no leste da Ucrânia. Logo depois, apesar das alegações cada vez mais absurdas do Kremlin em contrário, tropas russas e armas pesadas transformaram o conflito em uma invasão real.

Uma guerra por qualquer motivo é terrível, mas a perigosa virada de Putin para o imperialismo de base étnica não pode ser ignorada. Aqueles que dizem que o conflito na Ucrânia está longe e que provavelmente não levará à instabilidade global perdem o aviso claro que Putin nos deu. Não há razão para acreditar que sua visão anunciada de uma “Grande Rússia” terminará com o leste da Ucrânia e muitas razões para acreditar que não. Os ditadores só param quando são parados, e apaziguar Putin com a Ucrânia só vai alimentar seu apetite por mais conquistas.

A Ucrânia é apenas uma batalha que o mundo livre gostaria de ignorar em uma guerra maior que se recusa a reconhecer que existe. Mas fingir que você não tem inimigos não torna isso verdade. O Muro de Berlim e a União Soviética se foram, mas os inimigos da liberdade que os construíram não. A história não termina; ela funciona em ciclos. O fracasso em defender a Ucrânia hoje é o fracasso dos Aliados em defender a Tchecoslováquia em 1938. O mundo deve agir agora para que a Polônia em 2015 não seja chamada a desempenhar o papel da Polônia em 1939.”

PRA: infelizmente a Ucrânia de 2022 tomou o lugar da Polônia de 1939. 


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