sábado, 25 de junho de 2022

A chantagem nazista para tomar conta da Alemanha, segundo o diario de um conservador antinazista, 1936-1944 - Friedrich Reck

Como os nazistas se utilizaram de chantagem para galgar o comando da Alemanha...

 

Diary of a Man in Despair

Witness the rise of Nazi Germany in this “astonishing, compelling, and unnerving” account (The New Yorker) written by a man who opposed Hitler’s regime and was eventually imprisoned in Dachau for his writings. “Stunning to read, for it is not often that invective achieves the level of art” (The New York Times).

Publisher Description

Hailed as one of the most important works on the Hitler period, this is an “astonishing, compelling, and unnerving” portrait of life in Nazi Germany between 1936 and 1944—from a man who nearly shot Hitler himself (The New Yorker)
 
Friedrich Reck might seem an unlikely rebel against Nazism. Not just a conservative but a rock-ribbed reactionary, he played the part of a landed gentleman, deplored democracy, and rejected the modern world outright. To Reck, the Nazis were ruthless revolutionaries in Gothic drag, and helpless as he was to counter the spell they had cast on the German people, he felt compelled to record the corruptions of their rule.
 
The result is less a diary than a sequence of stark and astonishing snapshots of life in Germany between 1936 and 1944. We see the Nazis at the peak of power, and the murderous panic with which they respond to approaching defeat; their travesty of traditional folkways in the name of the Volk; and the author’s own missed opportunity to shoot Hitler. This riveting book is not only, as Hannah Arendt proclaimed it, “one of the most important documents of the Hitler period,” but a moving testament of a decent man struggling to do the right thing in a depraved world.

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Os diários de Friedrich Reck são surpreendentes, de verdade. Ele começa em 1936, na morte de Oswald Spengler, o autor do "Declínio do Ocidente", o que lhe permite retroceder aos anos 1920, quando o livro fazia sucesso e Spengler encontrou um bom emprego entre os magnatas da indústria alemã que estavam interessados em que uma direita conservadora tomasse conta da Alemanha, para evitar a ascensão da social-democracia, ou pior, dos comunistas.

Ele diz que Spengler tinha ódio dos nazistas, por representarem o que havia de mais grosseiro na Alemanha. Reck se refere, na mesma época da morte de Spengler, ao decreto do ministro dos transportes nazista que coibia viagens dos alemães ao exterior, a não ser autorizados pelo governo.

Trechos do diário:

Julho de 1936 

"Nós temos, a partir de agora, plena perspectiva de perder o que nos resta de liberdade de movimento, e assim de nos tornarmos completos prisioneiros dessa horda de macacos viciosos que se apossaram do poder três anos atrás.

Eu tive recentemente uma conversa muito esclarecedora com um homem acerca dos Nazistas e sobre como eles chegaram ao poder. Ele disse que esta assim chamada Revolução Alemã estava realmente baseada numa simples chantagem. Esta é a sua história.

O velho Hindemburg sempre foi um pobre homem. Ele decidiu, perto do fim, mudar essa situação, e o seu filho, Oskar, tomou conta de seus negócios. Oskar especulou na bolsa, e quando a quebra veio repentinamente, devia 13 milhões de marcos. Para trazê-los de volta, Oskar se deixou envolver nas manipulações do Socorro Oriental – não creio que seu pai soubesse – o que os Nazistas descobriram em 1932. (A queda do gabinete de Brünning está provavelmente conectado a isso.). Os Hitleristas obtiveram fotocópias e documentos incriminatórias, e a partir deles tinham o chicote na mão.

Hindemburg sempre manteve Hitler à distância antes disso. Ele talvez tenha dito que 'Não vou fazer desse cabo da Bohemia chefe dos Correios e muito menos Chanceler', como registrado. Mas, no verão de 1932, ele não tinha mais vontade própria. De outra forma, como poderia ele, como Chefe de Estado, não dizer absolutamente nada quando Hitler fez a afronta de enviar um telegrama de congratulações ao assassinos Nazistas em Pontempa?

No final de 1932, perguntas no Reichstag [Parlamento da República de Weimar] sobre o Socorro Oriental começaram a tocar na propriedade de Hindemburg em Neudeck. O grupo Hindemburg começou a ficar muito preocupado. Aí então aconteceu a greve em Berlim, de forma a fazer o pessoal do gabinete de von Papen mais conciliador em relação à 'solução' Nazista. Hitler pressentiu que ele poderia naquele momento pressionar para ser designado Chanceler.

Essa história combina perfeitamente com uma informação que eu tinha de outras fontes. Gregor Strasser, que foi morto no Putsch de Röhm, aventou alguma coisa do mesmo tipo para mim em novembro de 1932. Isso também explica as conferências secretas na villa de Von Papen entre o grupo de Hindemburgo e os Nazistas. A Senhora von Schröter atuou como mediadora nessas conversações, e von Papen, que temia pela segurança da fortuna de sua mulher desde a greve dos Transportes, desempenhou um estranho papel nelas.

E isso explica, finalmente, o relatório, que teima em aparecer mesmo a despeito de diversas negativas, de que von Schleicher, que estava do outro lado da intriga, fez com que Oskar von Hindemburg fosse aprisionado na estação ferroviária da Friedrichstrasse, e mantido pela noite, no seguimento da ruptura com o presidente. O General von Bredow, que também foi morto com Schleicher no Putsch de Röhm um ano e meio depois, foi reportadamente o agente da prisão.

Assim, parece que devemos nossa insuportável miséria na qual entramos devido à chantagem e a falência financeira de Paul von Hindemburg.

Não estou em medida de ser juiz de um homem agora morto. Eu considero que sua falta de decisão, quando a monarquia estava ameaçada, em 9 de novembro de 1918, foi uma traição à Coroa. A história sobre seu encontro com Hitler, no seu leito de morte, trouxe-me muito o que pensar a respeito.

Hindemburg recusou aceitar a visita de Hitler no seu leito de morte. Mas Hitler não podia ser descartado dessa maneira: seu prestigio estava em jogo. Ele forçou sua ida, e obteve a sua benção. Hindemburg nunca se desculpou a si mesmo pela sua traição do Kaiser dezesseis anos antes. Ele evidentemente confundiu Hitler com o Kaiser, apertou sua mão, e pediu-lhe que o perdoasse.

Se apenas uma pequena parte dessa história é verdadeira, quando aparecer, vai estremecer o país. Não estou preocupado com a imagem do velho homem: o velho Hindemburg era simplesmente incapaz de avaliar a situação. Eu não acredito que ele estava em condições de fazer algo errado, com todas as suas faculdades. E pode ser que a sua lentidão a reagir, durante a Primeira Guerra Mundial, frequentemente salvou uma batalha que Ludendorff, manobrando de forma selvagemente pragmática, estava perdendo. (...)

Repito, que não quero julgar um homem morto. Hindemburg não tinha a estatura para a posição que lhe foi dada. Ele também era muito velho, e provavelmente muito doente para atuar no cargo. Mas a estupidez de um povo inteiro ao aceitar essa combinação de corrupção com a inadequação da liderança é uma outra coisa também. O sistema de gabinete é igualmente responsável: enquanto este país concordar que essa instituição política, teremos de lidar com confusão, convulsões e turbulências políticas que a acompanham. Não, os alemães agora necessitam de um líder. E nessa questão eu certamente não quero dizer que merecemos esses tipos ciganos embotados que nós ganhamos para nos conduzir numa hora de necessidade."

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Friedrich Reck conta como poderia ter matado Hitler, num restaurante em Munich, 1932: 


Diary of a Man in Despair (New York Review Books Classics) Kindle Edition 

About the Author

Friedrich Reck (1884–1945) was born Friedrich Percyval Reck in Masuria, East Prussia, the son of a prosperous conservative politician and landowner. Having initially complied with his father’s wishes to pursue a military career, he left the army to begin medical studies. By the beginning of the First World War, for which he was ruled unfit to serve, he had begun work as a full-time theater critic and travel writer. In the following decades he became a well-known figure in Munich society, the author of both literary historical novels and popular entertainments including Bomben auf Monte Carlo (Bombs on Monte Carlo), a best-selling comic novella and the basis of a hit musical film starring Peter Lorre. In October 1944 he was arrested for the first time; in December of the same year the Gestapo returned to detain him again; in January 1945 he arrived at the Dachau concentration camp, where he was to die shortly after.

Paul Rubens (1927–2003), a self-educated native New Yorker, mastered the German language as a member of the U.S. occupation forces after World War II .

Richard J. Evans is Regius Professor of History and president of Wolfson College, Cambridge. He is the author of The Third Reich at War.  --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

Product details

  • ASIN ‏ : ‎ B007WL0K50
  • Publisher ‏ : ‎ NYRB Classics; Reprint edition (February 12, 2013)
  • Publication date ‏ : ‎ February 12, 2013

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