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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Censura na ditadura e na democracia: Paul Samuelson a Ernesto Lozardo - Elio Gaspari
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quarta-feira, 2 de julho de 2014
Regime militar: desencontros Brasil-China - Elio Gaspari
O caso dos nove chineses
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Politica externa discreta e diplomacia barulhenta - Elio Gaspari
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Em materia de ofensas, Lula deve ser campeao - Elio Gaspari
O ódio ao PT e o ódio do PT
O Globo, 18/06/2014
Lula tem toda razão. Existe uma campanha de ódio contra o PT. Esqueceu-se de dizer que existe também uma campanha de ódio do PT. Uma expôs-se no insulto à doutora Dilma na abertura da Copa.
Argumente-se que o grito foi típico da descortesia dos estádios. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, influente aliado do candidato Aécio Neves, endossou-o durante um evento do tucanato: “O povo mandou ela para o lugar que tinha que mandar.”
Essa é a campanha de ódio contra o PT. Ela pode ser identificada na generalização das acusações contra seus quadros e, sobretudo, na desqualificação de seus eleitores. Nesse ódio, pessoas chocadas pela proteção que Lula e o partido deram a corruptos misturam-se a demófobos que não gostam de ver “gente diferenciada” nos aeroportos ou matriculada nas universidades públicas graças ao sistema de cotas.
O ódio do PT é outro, velho. Lula diz que nunca se valeu de palavrões para desqualificar presidentes da República. Falso. Numa conversa com jornalistas, chamou o então presidente Itamar Franco de “filho da puta” e nunca pediu desculpas.
O ódio petista expôs-se em situações como a hostilização ao ministro Joaquim Barbosa num bar de Brasília e na proliferação de acusações contra o candidato Aécio Neves na internet. Se a rede for usada como posto de observação, os dois ódios equivalem-se, e pouco há a fazer.
Lula antevê uma campanha eleitoral “violenta”, pois a elite “está conseguindo despertar o ódio de classes”. Manipulação astuciosa, recicla o ódio do PT, transformando-o no ódio ao PT.
Leia a íntegra em O ódio ao PT e o ódio do PT
Elio Gaspari é jornalista.
domingo, 11 de maio de 2014
Eleicoes 2014: Aecio, ou Tancredo Neves 2.0 - Elio Gaspari
Aécio, ou Tancredo Neves 2.0
Elio Gaspari
Até agora, Aécio jogou parado. Tudo o que ele precisa é chegar ao segundo turno, sem inimigos de morte e com o máximo possível de acordos. Aécio precisa de votos que há quatro, oito ou 12 anos foram para o PT. Em circunstâncias diferentes, Tancredo precisava chegar a uma eleição direta com o apoio de eleitores da bancada do governo.
Indo para uma eleição direta, Aécio ainda não anunciou um programa substantivo. O avô fez melhor, elegeu-se indiretamente sem anunciar programa algum. Essa mágica foi inteiramente eficaz para o avô, mas é duvidoso que o seja nas condições de hoje. Afinal, só 42% dos entrevistados dizem conhecê-lo, e são exatamente os outros 58% que precisam de motivos concretos para votar nele.
Aécio vem sendo beneficiado pela erosão de Dilma, provocada, entre outros fatores, pelo Lula-volta-Lula-não-volta. Tancredo foi beneficiado pela ambiguidade do presidente João Figueiredo, que alimentou a ideia da própria reeleição e não foi a lugar algum.
Tancredo encarnava o fim de um regime de 20 anos. Aécio quer encarnar o fim de um domínio democrático que pretende durar 16. Com uma diferença: tanto na ditadura, que durou 21 anos, como na República Velha, com seus 36, havia uma real rotação dentro do grupo governante. Com o PT no Planalto jamais houve essa rotatividade.
Rodando o programa Tancredo 2.0, Aécio respondeu a um ataque de Marina Silva (“o PSDB sabe que já tem cheiro de derrota”) com um calmante (“não vou cair na armadilha do PT, que é dividir a oposição”). Até agora, deu certo, pois tudo o que pode dar errado com os adversários, errado dá. Contudo, Lula continua no banco de reservas, com 58% dos entrevistados achando que ele deve ser o candidato do PT.
Elio Gaspari é jornalista.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
No partido dos totalitarios, nada se faz por acaso...
André Vargas e o PT 2.0
Quem não se lembra do deputado André Vargas (PT-PR)? Quando o ex-governador gaúcho Olívio Dutra sugeriu que o deputado José Genoino renunciasse ao mandato, o companheiro foi-lhe à jugular:
“Quando ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. (...) Ele está sendo pouco compreensivo. Ele já passou por muitos problemas, né?”
Falso. Olívio Dutra nunca assinou empréstimos fraudulentos, nunca foi acusado de envolvimento no caso do bicho e jamais foi condenado pela Justiça. Ao contrário, é uma das poucas lembranças da moralidade petista.
Quem não se lembra desse episódio talvez se recorde da cena em que o comissário Vargas, vice-presidente da Câmara, saudou seus companheiros com o punho cerrado, estando ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal. Parecia um Pantera Negra dos anos 60.
Vargas é um representante do PT 2.0. A repórter Andréia Sadi apanhou-o voando para as férias nas asas do doleiro Alberto Youssef, figurinha fácil de inquéritos policiais e poderoso intermediário na Petrobras.
Desde que os jatinhos tornaram-se símbolo de poder e conforto, hierarcas de todos os partidos recorrem a amigos para não voar com a patuleia.
Vargas, contudo, inovou na justificativa. Disse que cometeu uma “imprudência”. Teria sido imprudência se tivesse entrado por engano no avião fretado pelo doleiro, depois de ter sido chamado para embarcar num voo comercial. Não foi imprudência, mas onipotência.
Novo argumento: pediu o jatinho a Youssef porque os voos comerciais estão muito caros. Certo. A escumalha que vai para a rodoviária por esse mesmo motivo merece o desconforto porque não tem doleiro amigo.
O melhor momento do companheiro deu-se quando revelou que conhece Youssef há mais de 20 anos, mas não sabia com quem estava se relacionando. Seria então a única pessoa que não sabe a atividade de um amigo com quem se relaciona há mais de 20 anos.
Youssef fornece jatinhos para amigos poderosos desde 2001. Anos depois, frequentou o noticiário do escândalo do Banestado, passou pela cadeia, refrescou-se colaborando com o Ministério Público, mas não se livrou de uma condenação.
Numa troca de mensagens com Youssef (cuja atividade comercial Vargas desconhecia), o companheiro tratou de um interesse da empresa Labogen junto ao comissário Carlos Gadelha, do Ministério da Saúde. Por coincidência, essa pequena empresa teria sido usada pelo doleiro para remeter US$ 37 milhões ao exterior.
O amigo de André Vargas não é um doleiro petista, mas um operador suprapartidário. Já cedeu jatinhos para gente do PFL e tem relações no PP, pelo menos com o ex-deputado José Janene, um dos ases do mensalão.
A presença de Youssef em negócios da Petrobras, cobrando pedágios a fornecedores, é um sinal de que mudou de patamar. Ele tratava com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a quem presenteou com uma Range Rover. Há um enorme cheiro de outro velho escândalo no ar. Quando por nada, pelas coincidências.
Em 2005 descobriu-se que outro fornecedor da Petrobras presenteara Silvio Pereira, secretário-geral do PT, com uma Land Rover. André Vargas nunca diria uma palavra contra Silvinho, pois sabe quão compreensivo ele foi.
Elio Gaspari é jornalista.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Eleicoes 2014: a volta de quem nunca antes tinha ido... - Elio Gaspari
Vem, Lula
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Golpe de 1964 e ditadura militar: 50 anos - comeca o maniqueismo (Cafe Historia)
Creio que vou escrever algo a respeito, para tentar restabelecer a balança...
Paulo Roberto de Almeida
Do site Café História, 7/01/2014
MURAL DO HISTORIADOR
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
O capitalismo estatal dos companheiros submergiu: adivinha quem paga o prejuizo?
Ou seja, os companheiros afundam o Brasil com seus projetos chineses, e nós pagamos a conta...
Paulo Roberto de Almeida
A chamada política das ‘campeãs nacionais’, criada há seis anos pelo governo Lula e executada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), encontra na Oi seu mais novo exemplo de fracasso. A fusão da operadora brasileira de telefonia com a Portugal Telecom, encarada pelo mercado como ‘venda’, deve se concretizar nos próximos meses e criar um gigante com receita da ordem de 40 bilhões de reais. Os investidores estão otimistas com a fusão, afinal, a entrada do capital português poderá ajudar a empresa a investir em infraestrutura e conquistar maior participação de mercado em telefonia móvel e em banda larga. “Para a Oi, é benéfico porque a empresa sai de uma situação de dívida altíssima para uma empresa com uma estrutura de capital bem melhor, além de fazer parte, agora, de um grupo internacional”, diz Pedro Galdi, da SLW Corretora. Contudo, a venda enterra, mais uma vez, o discurso do chamado “capitalismo de estado”, em que empresas são ‘turbinadas’ com dinheiro público para se tornarem multinacionais.
Essa política previa que o estado investisse em alguns segmentos do setor privado por meio do BNDES (comprando participação ou emprestando dinheiro com taxas de juros subsidiadas pelo Tesouro), com o objetivo de criar empresas brasileiras fortes para competir no mercado global. O banco injetou cerca de 20 bilhões de reais em companhias como JBS, Marfrig, Lácteos Brasil (LBR), Oi e Fibria. O resultado, seis anos depois, não é nada animador: LBR pediu recuperação judicial, Marfrig teve de vender a Seara para a JBS para reduzir seu endividamento, enquanto a empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista, apesar de em melhor saúde financeira que a concorrente, também sofre para reduzir as dívidas adquiridas ao longo de seu processo de expansão.
A Oi é um caso de fracasso à parte não só porque envolveu a participação maciça do BNDES. Sua própria constituição foi um exemplo de intervencionismo — e a venda para os portugueses evidencia o plano equivocado. Em 2008, o governo mobilizou todos os seus esforços sob o comando do próprio Lula, da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do ministro das Comunicações, Hélio Costa, para mudar a legislação e permitir que a Oi comprasse a Brasil Telecom.
O negócio, visto como prejudicial para os acionistas minoritários porque diluía sua participação e porque eles tampouco concordavam com o preço (5,8 bilhões de reais), foi viabilizado depois de um lobby ostensivo que contou até mesmo com um decreto do presidente mudando as regras do setor. Segundo a legislação da época, um mesmo controlador não podia ser dono de duas concessionárias de telefonia fixa. O problema foi resolvido por meio de um decreto sem que o Congresso sequer participasse da decisão.
O argumento do governo era de que o país não podia deixar todas as suas empresas de telecomunicações nas “mãos de estrangeiros”. E, como a Brasil Telecom vinha sendo assediada por investidores de fora, como o bilionário egípcio Naguib Sawiris, dono da Orascom, houve uma movimentação sem precedentes para que ela fosse adquirida pela Oi. “O discurso era claramente de que o Brasil tinha de preservar a soberania e não deixar um ativo tão importante nas mãos de um estrangeiro”, afirma um executivo que participou da negociação da Brasil Telecom, em condição de anonimato. O BNDES entrou na negociação financiando 2,6 bilhões de reais, enquanto 4,3 bilhões de reais foram aportados pelo Banco do Brasil. Os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef, que já detinham participação na Brasil Telecom, passaram a ser donos de 34% das ações da nova empresa.
A história começou a mudar quando, em 2010, numa negociação entre três partes, a Portugal Telecom vendeu sua participação na Vivo para a Telefonica e entrou na Oi. “Quando isso aconteceu, todos esperavam que os portugueses assumissem o controle cedo ou tarde. Era apenas uma questão de tempo”, afirma outra fonte próxima da empresa, que preferiu não ter seu nome citado. Assim, o anúncio da fusão apenas costura o desfecho de uma estratégia que começou errada e, no lugar de criar uma grande multinacional, deu origem a uma tele ineficiente financiada pelo capital do BNDES. “A Oi receberá um novo aporte de 7 bilhões que ajudará a companhia a aumentar investimento e reduzir dívida. Contudo, o aporte não resolve todos os problemas da empresa. Ela precisará montar um plano para reduzi-la”, afirma Arthur Barrionuevo Filho, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O negócio entre Oi e Portugal Telecom ainda não foi assinado, mas foi chancelado pelo governo e pelo BNDES. Em um ‘mundo perfeito’, essa chancela poderia ser compreendida como um reconhecimento, por parte do PT, de que a estratégia de interferir de forma tão contundente no setor privado não poderia render boa coisa. Mas a realidade é bem outra. O governo continua valendo-se do discurso da soberania, mas com outro objetivo — até mais danoso. Ao tentar forçar empresas estrangeiras de tecnologia, por meio do marco civil, a montar seus datacenters no Brasil, numa ingênua tentativa de ‘espantar’ a espionagem internacional, ele mostra ainda não ter aprendido com certos erros do passado.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
A diplomacia estudantil, segundo Elio Gaspari
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Sobre o perdao das dividas de paises africanos - Elio Gaspari
Na foto: Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo-Brazzaville.
Com a prodigalidade de uma imperatriz, a doutora Dilma anunciou em Adis Abeba que perdoou as dívidas de doze países africanos com o Brasil. Coisa de US$ 900 milhões. O Congo-Brazzaville ficará livre de um espeto de US$ 352 milhões.
Quem lê a palavra “perdão” associada a um país africano pode pensar num gesto altruísta, em proveito de crianças como Denis, que nasceu na pobre província de Oyo, num país assolado por conflitos durante os quais quatro presidentes foram depostos e um assassinado, cuja taxa de matrículas de crianças declinou de 79% em 1991 para 44% em 2005. No Congo Brazzaville 70% da população vivem com menos de US$ 1 por dia.
Lenda. Denis Sassou Nguesso nasceu na pobre província de Oyo, mas se deu bem na vida. Foi militar, socialista e estatizante. Esteve no poder de 1979 a 1992, voltou em 1997 e lá permanece, como um autocrata bilionário privatista. Tem 16 imóveis em Paris, filhos riquíssimos e seu país está entre os mais corruptos do mundo.
Em tese, o perdão da doutora destina-se a alavancar interesses empresariais brasileiros. Todas as dívidas caloteadas envolveram créditos de bancos oficiais concedidos exatamente com esse argumento. As relações promíscuas do Planalto com a banca pública, exportadores e empreiteiras têm uma história de fracassos.
O namoro com Saddam Hussein custou as pernas à Mendes Junior e o campo de Majnoon à Petrobras. Em 2010 o soba da Guiné Equatorial, visitado por Lula durante seu mandarinato, negociava a compra de um tríplex de dois mil metros quadrados na Avenida Vieira Souto. Coisa de US$ 10 milhões.
Do tamanho de Alagoas, essa Guiné tem a maior renda per capita da África e um dos piores índices de desenvolvimento do mundo.
O repórter José Casado chamou a atenção para uma coincidência: em 2007, quando a doutora Dilma era chefe da Casa Civil, o governo anunciou o perdão de uma dívida de US$ 932 milhões.
Se o anúncio de Adis Abeba foi verdadeiro, em seis anos a Viúva morreu em US$ 1,8 bilhão. Se foi marquetagem, bobo é quem acredita nele.
O Brasil tornou-se um grande fornecedor de bens e serviços para países africanos e a Petrobras tem bons negócios na região.
As empreiteiras nacionais têm obras em Angola e na Líbia. Lá, tiveram uma dor de cabeça quando uma revolta derrubou e matou Muamar Kadafi, um “amigo, irmão e líder”, segundo Lula. Acolitado por empresários, seu filho expôs em São Paulo uma dezena de quadros medonhos.
Em Luanda os negócios vão bem, obrigado, e a filha do presidente José Eduardo Santos é hoje a mulher mais rica da África, com um cofrinho de US$ 2 bilhões. Ela tem 39 anos e ele está no poder há 33.
Se o Brasil não fizer negócios com os sobas, os chineses farão, assim como os americanos e europeus os fizeram.
A caixinha de Kadafi para universidades inglesas e americanas, assim como para a campanha do presidente francês Nicolas Sarkozy, está aí para provar isso. Contudo, aos poucos a comunidade internacional (noves fora a China) procura estabelecer um padrão de moralidade nos negócios com regimes ditatoriais corruptos.
A doutora diz que “o engajamento com a África tem um sentido estratégico”. Antes tivesse. O que há é oportunismo, do mesmo tipo que ligava o Brasil ao colonialismo português ou aos delírios de Saddam Hussein e do “irmão” líbio.
Elio Gaspari é jornalista.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Ah, essa boa vida do capitalismo promiscuo...
Geralmente, eles já carregaram ministros em seus jatinhos, lhes deram presentes irrecusáveis e quem sabe até são recebidos em outros lugares que não os gabinetes oficiais?
Algum dia, alguém fica sabendo...
Paulo Roberto de Almeida
Uma trapalhada em Cingapura
Élio Gaspari, 17/03/2013
Está sobre a mesa do chanceler Antonio Patriota uma daquelas encrencas que caem nas costas dos diplomatas e acabam em fritura quando eles ouvem os poderosos do momento. O senador Ricardo Ferraço denunciou que o embaixador do Brasil em Cingapura, Luís Fernando Serra, procurou a direção da empresa Jurong para que ela transferisse seu estaleiro do município capixaba de Aracruz para o Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro. Esse empreendimento pertence ao empresário Eike Batista, que há pouco se associou ao banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. A gestão de Cingapura foi confirmada pelos diretores da Jurong no Brasil.
Como se fosse uma brincadeira de cubos, um estaleiro que está com 15% de suas obras feitas, com investimentos previstos para R$ 500 milhões e encomendas assinadas, seria transferido total ou parcialmente para outro lugar. No fundo, trata-se de repassar as encomendas e de absorver um concorrente. Dificilmente uma ideia dessas sairia da cabeça do embaixador. Segundo o senador Ferraço, num contato que teve com Nery De Rossi, secretário do Desenvolvimento do governo capixaba, o diplomata informou que a gestão foi solicitada pelos ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento. Os dois negaram que tenham patrocinado a proposta.
Se os ministros pediram a gestão, deveriam tê-lo feito formalmente. Nesse caso, estaria documentada. O que levaria um diplomata lotado em Cingapura a sugerir a transferência de um empreendimento para a carteira de interesses de Batista e Esteves? Não é da tradição do Itamaraty esse tipo de ligeireza. Pelo contrário, em 1980 o embaixador do Brasil no Chile, Raul de Vincenzi, provocou uma situação de barata-voa no Planalto quando um general muy amigo de Augusto Pinochet disse-lhe que a transação de uma hidrelétrica já tinha sido acertada em escalões superiores brasileiros. Quando De Vincenzi narrou o encontro num telegrama oficial e pediu instruções, os hierarcas disseram que nada tinham a ver com a história.
Ricardo Ferraço preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado e pediu formalmente a Patriota que explique a história. A ver.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Trapalhadas diplomaticas dos aprendizes de feiticeiros - Elio Gaspari
Paulo Roberto de Almeida
domingo, 15 de maio de 2011
PCdoB: Partido Criminoso do Brasil? asi es, si les parece...
De fato, os totalitarismos comunistas ao redor do mundo, com destaque para a finada União Soviética e a ainda existente República Popular da China foram (ainda são, historicamente) responsáveis por dezenas de milhões de mortos (atenção, eu disse DEZENAS DE MILHÕES), entre Gulag, mortes matadas, fomes endêmicas ou epidêmicas, criminosamente induzidas, guerras e devastações diversas.
O PCdoB separou-se, em 1961, do velho Partidão, porque queria seguir a linha chinesa, mais radical, anti-imperialista e revolucionária do que os velhos aparatchiks do Partido Comunista de afiliação soviética, mais acomodados no reformismo reacionário. O PCdoB tentou uma guerrilha maoista no Araguaia, foi massacrado pelos militares e se reciclou no oportunismo político.
Agora virou barrica de aluguel, ou partido oportunista, que empresta sua sigla a quem quiser, desde que traga votos (e de preferência cargos e dinheiro) para o partido.
Se acostumaram ao capitalismo e se contentam em roubar o Estado, ou seja, os cidadãos, todos nós.
Sua mensagem socialista é patética, e enganam alguns estudantes durante certo tempo.
Os honestos e conscientes pulam fora, quando descobrem a fraude e a mentira.
Os oportunistas ficam, em troca de uma boquinha.
Partido Criminoso do Brasil? Pode ser: abrigando bicheiros e criminosos da escória do Rio merece o título...
Paulo Roberto de Almeida
SAMBA POLÍTICO
O cantor Neguinho da Beija-Flor, puxador de samba da escola, deverá se filiar ao PC do B. No passo seguinte, é provável que seja candidato a prefeito de Nova Iguaçu.
Se isso acontecer e ele for eleito, a família Sessin/Abraão dominará cerca de 1 milhão de habitantes da Baixada Fluminense. Ela já tem a prefeitura de Nilópolis, com Simão Sessin, mais uma cadeira na Câmara e outra na Assembleia. Tudo isso e mais a presidência de honra da Beija-Flor, com o patriarca Anisio Abraão. A escola acumula 12 títulos de campeã do Carnaval, e ele, duas passagens pela cadeia.
Elio Gaspari
Coluna na Folha de S.Paulo, 15/05/2011
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Carro eletrico do (ou no) Brasil: ascensao e queda (antes de ser lancado) de uma ideia...
Ele também se acha arrogantemente acima do bem e do mal, e se permite julgar governos inteiros apenas por uma medida mal implementada, por um deslize involuntário.
Enfim, feitas minhas observações iniciais, e sem querer dizer que concordo com ele, permito-me transcrever seu artigo sobre o malfadado lançamento (abatido previamente) do futuro, hipotético, eventual, possível, duvidoso carro elétrico brasileiro.
Não sei os motivos do aborto (palavra feia), mas fica a exposição do problema (que certamente terá desdobramentos a partir de agora).
Jornalistas investigativos deveriam cumprir o seu papel, em lugar de ficar comentando o que não sabem...
Paulo Roberto de Almeida
O carro elétrico entre a tanga e a tunga
Elio Gaspari
Folha de S. Paulo, 9/06/2010
Nosso Guia aderiu a um ceticismo em que se misturam ignorância, superstição e medo.
Um vexame. Na semana passada um grupo de empresários estava reunido na antessala do ministro Guido Mantega para assistir ao anúncio das medidas do governo para estimular produção, consumo e pesquisa de carros elétricos no Brasil. Uma divergência com o comissariado do Desenvolvimento cancelou a cerimônia.
Logo depois, Nosso Guia deu sua aula: É carro elétrico pra cá, carro elétrico pra lá, mas não se sabe ainda se alguém vai produzir em grande escala. O carro elétrico não é um zepelim. Ele será produzido em grande escala. O que não se sabe é a partir de quando, mas o Nissan Leaf já está aceitando reservas nos iPhones 4, ao preço de US$ 32.800 sem rebates tributários, ou US$ 25.300 líquidos.
O bilionário Warren Buffett ensina que, diante de uma nova tecnologia, o bom negócio não é investir na novidade, mas fugir da velharia. No início do século 20, surgiram 2.000 fábricas de automóveis nos Estados Unidos e sobraram duas. O negócio não era entrar nesse mercado, mas sair do comércio de cavalos. O ceticismo e a inércia de Lula levam água para a defesa da produção de carruagens.
A reunião do carro elétrico foi cancelada por conta da bagunça de Brasília e porque o assunto está envolto numa mistura de superstição (não vai pegar), medo (daqui a alguns anos corre-se o risco de uma invasão de veículos importados, sobretudo chineses) e ignorância (o carro elétrico mata o mercado dos flex, o que é falso, os modelos híbridos podem reduzir em até 30% o consumo de etanol, mas abrem o caminho para a substituição do consumo de diesel nos ônibus).
Duas coisas parecem certas: dentro de 15 anos o volume de veículos movidos a eletricidade será significativo, mas, até lá, eles custarão caro.
Quem será o Henry Ford desse mercado, ninguém sabe, mas, sempre que o representante de uma montadora levantar dúvidas sobre a conveniência da entrada de novos concorrentes no mercado nacional, será bom lembrar que em 1903 a Associação de Fabricantes de Automóveis dos Estados Unidos tentou proibi-lo de fabricar seus veículos. Em 1952 a matriz da Ford achava que fabricar e montar carros no Brasil era mera utopia. Hoje a indústria automotiva carrega 5,5% do PIB.
Nas discussões dos carros elétricos e dos seus modelos híbridos corre-se o risco de ficar entre a tanga e a tunga. A turma da tanga busca a preservação do status quo, até mesmo em nome da defesa de uma peculiaridade da produção nacional. No século 19, a originalidade nacional era a escravidão. No 20, mais precisamente nos anos 70/80, a ditadura inventou uma política de reserva de mercado para computadores.
A tanga produz ferros-velhos. A turma da tunga admite qualquer mudança, desde que a Viúva subsidie a produção do novo, protegendo o mercado do velho. Quando o governo subsidia os consumidores derrubando impostos, produz progresso. Quando subsidia empresas, engordando gatos, produz cartórios.
Lula, o metalúrgico, é um produto da clarividência de Juscelino Kubitschek. Lula, o Nosso Guia, arrisca tornar-se defensor de uma estrutura anacrônica. Se o Brasil não tivesse sofrido a praga da reserva de mercado dos computadores, poderia ter desenvolvido sua indústria 20 anos antes.