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terça-feira, 11 de maio de 2021

O MREdoB do ex-chanceler acidental, que busca manter influência ideológica no Itamaraty (Último Segundo)

 O chanceler acidental apresentou, a contragosto e contra a vontade do "querido chefe", sua carta de demissão no final da tarde do dia 29 de março. Na manhã do dia 30/03 já tinha sido publicada uma portaria da SG-MRE lotando-o na Subsecretaria de Administração, a mais poderosa, depois da própria SG (para a qual ele tentou emular o nome de seu chefe de Gabinete, mas que acabou assumindo, justamente, coincidentemente, a SGAD.

Naquela ocasião eu já postei aqui que eles estavam tentando criar um MREdoB, ou seja, um poder paralelo ao do novo chanceler.
Parece que ainda continuam no empreendimento...
Paulo Roberto de Almeida

Ex-ministro Ernesto Araújo busca manter influência ideológica no Itamaraty
Comentário realizados nas redes sociais procuram 'minar' trabalho de novo chanceler à frente do ministério das Relações Exteriores
Último Segundo, 9/05/2021

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , publicou nas suas redes sociais uma série de comentários a respeito do trabalho de Carlos França, atual chanceler no comando do Itamaraty. Segundo interlocutores, o posicionamento de Ernesto têm criado constrangimentos no órgão. As informações são do jornal A Folha de S.Paulo.

De acordo com fontes próximas ao governo de Jair Bolsonaro, o posicionamento do ex-ministro revela uma ambição política e impede uma 'guinada' ao pragmatismo que França busca implementar no Ministério.

Em 17 de abril, Ernesto publicou uma série de mensagens se defendendo as acusações de que ele era um empecilho para que o Brasil contratasse uma quantidade maior de vacinas contra a covid-19. Segundo Araújo, o país "não mudou" em relação a este tema desde que saiu do Itamaraty.

"Ou mesmo em alguns casos sofreu adiamentos depois disso. Dificuldades seguem no mundo todo. Minha atuação não foi empecilho para nada", disse Ernesto , após destacar que o Brasil não avançou na tratativa de adquirir novas vacinas desde que ele deixou o cargo. O ex-ministro, inclusive, pede ao presidente Jair Bolsonaro para que seu discurso se radicalize.

Pessoas próximas ao ministério de Relações Exteriores relatam que Carlos França demonstra certo incômodo com a situação, mas que não há condição política ao chanceler de repreender seu antecessor. Isso porque Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal e filho do presidente da República, apoia Ernesto nesta 'queda de braço'.

Entre os diplomatas brasileiros, a avaliação é de que Araújo não deveria se posicionar em relação ao trabalho de França , e o faz porque busca se posicionar para disputar um cargo eletivo no Legislativo brasileiro nas eleições do ano que vem.


segunda-feira, 10 de maio de 2021

Ernesto mina trabalho de novo chanceler e tenta manter influência ideológica no Itamaraty - Ricardo Della Coletta (FSP)

 Nas redes, Ernesto mina trabalho de novo chanceler e tenta manter influência ideológica no Itamaraty


Folha de S. Paulo, 9.mai.2021 às 17h32
Ricardo Della Coletta

Interlocutores apontam ambições políticas como justificativa para comentários de ex-chanceler

Com uma série de publicações nas redes sociais, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e membros da ala ideológica do governo têm criado constrangimentos e minado o trabalho do novo chanceler, Carlos França.

A avaliação foi feita à Folha por interlocutores no governo Jair Bolsonaro, que consideram as recentes publicações de Ernesto um empecilho para a guinada pragmática que França tenta empreender na chancelaria.

No feriado de 1º de maio, Ernesto afirmou que a partir do ano passado, com a pandemia, uma "reação do sistema" começou a "desmantelar" esperanças geradas com a eleição do presidente Bolsonaro em 2018.

"Hoje o povo brasileiro tem a oportunidade de recuperar sua esperança, ao pedir ao presidente Bolsonaro simplesmente que ele volte a ser o presidente eleito em 2018, aquele que prometeu derrotar o sistema, o líder de uma transformação histórica e constitucional, o portador de uma missão", escreveu.

Mas antes disso Ernesto já havia feito manifestações que deixam evidente sua discordância com França, criando no Itamaraty uma situação inusitada: a de um ex-chanceler que, mesmo permanecendo na ativa na carreira, alfineta a atual gestão.

Em uma sequência de publicações em que se defendeu das acusações de que era um empecilho para a obtenção de vacinas, Ernesto disse em 17 de abril que a situação do Brasil no tema “não mudou” desde que deixou o cargo. “Ou mesmo em alguns casos sofreu adiamentos depois disso. Dificuldades seguem no mundo todo. Minha atuação não foi empecilho para nada.”

Ele também destacou que até aquele dia, desde que deixara o cargo, não tinham chegado ao Brasil novas vacinas. E atribuiu sua queda à "armação de uma falsa narrativa" para tirar o ministério das Relações Exteriores de um projeto que, segundo ele, era transformador.

Dez dias depois, em uma sequência de tuítes sobre Mercosul, Ernesto afirmou que um de seus objetivos foi resgatar o “sentimento da liberdade” nas discussões internacionais, mas sugeriu que essa meta foi abandonada.

“O mundo deixou que a ideia e o sentimento da liberdade fossem excluídos do centro das discussões internacionais. O Brasil agora quer ajudar a corrigir isso, em nível global ou regional. E o Mercosul pode fazer parte deste novo mundo com a liberdade em seu centro”, escreveu.

Ernesto é um diplomata da ativa e em tese não poderia emitir opiniões pessoais sobre a condução da política externa brasileira sem autorização.

Mas interlocutores ouvidos pela Folha opinam que França, mesmo que incomodado, não tem condições políticas de repreender seu subordinado.

Isso porque Ernesto ainda conta com apoio de Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Em discursos recentes, por exemplo, Bolsonaro fez questão de elogiar o ex-ministro.

A avaliação entre diplomatas é que Ernesto, alçado à posição de ídolo de movimentos conservadores e do núcleo duro do bolsonarismo, está se preparando para a disputa de um cargo eletivo no Legislativo.

Ainda de acordo com diplomatas, trata-se de uma das poucas opções do ex-ministro, uma vez que ele deixou o comando do Itamaraty sob um intenso desgaste com o Congresso. Nesse quadro, é improvável que ele consiga aval do Senado para assumir alguma embaixada no exterior, ao menos no curto prazo.

Ernesto não é o único que tenta, através das redes sociais, manter a chama do bolsonarismo viva no Itamaraty.

Recentemente, Eduardo Bolsonaro elogiou no Twitter o movimento encampado pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, pelo qual o Congresso do país destituiu cinco juízes que compõem o Tribunal Constitucional, além do procurador-geral.

Bukele “tem maioria dos parlamentares em seu apoio”, escreveu Eduardo. “Agora, o Congresso destituiu todos os ministros da suprema corte por interferirem no Executivo, tudo constitucional. Juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saiam às ruas para se elegerem.”

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/nas-redes-ernesto-mina-trabalho-de-novo-chanceler-e-tenta-manter-influencia-ideologica-no-itamaraty.shtml

O EMBUSTEIRO do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 O EMBUSTEIRO do Itamaraty

Paulo Roberto de Almeida


Manchete da Folha de S. Paulo desta segunda-feira 10/05/2021:

“Ernesto usou o Itamaraty para garantir cloroquina”

(Segue matéria de primeira página, da Patrícia Campos Mello,  sobre como o patético ex-chanceler acidental fez de tudo para secundar os intentos criminosos do “querido chefe”.)

Acabo de colocar um ponto final em meu quarto, e esperava que fosse o último livro da série do bolsolavismo diplomático, cujo titulo é, como apropriadamente sugerido por meu amigo e colega Miguel Gustavo De Paiva Torres, O Itamaraty Sequestrado (subtítulo: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021).

Parece que vou ter de continuar nessa senda infeliz, pois tenho de denunciar uma vez mais o PIOR chanceler de nossa história diplomática como um verdadeiro EMBUSTEIRO!

O que é exatamente um embusteiro?

Vou socorrer-me, para definir o termo, de ninguém menos do que Adam Smith, em sua Teoria dos Sentimentos Morais (1759):

“Dizer para uma pessoa que ela é embusteira constitui a mais mortal das afrontas. (...) O homem que padecesse da desgraça de pensar que ninguém fosse acreditar em uma só palavra do que dissesse, se sentiria um pária na sociedade humana, se espantaria ante a mera ideia de integrar-se a ela ou de apresentar-se a ela, e penso que quase com certeza morreria de desespero.”

Como todos sabem, o infeliz e desastroso ex-chanceler já confessou publicamente que não se sente desconfortável em ser um pária reconhecido, mesmo pretendendo defender a “liberdade” (apenas para si, pois que aprisionou todos os diplomatas e o próprio Itamaraty na imbecilidade do antiglobalismo conspiratório a que se rendeu, por submissão vergonhosa a uma malta de aloprados).

Sinceramente não creio que o patético, desequilibrado e infeliz ex-chanceler vai se sentir desesperado por ser, de fato, um EMBUSTEIRO, mas é o que será considerado quando se apresentar na CPI da Pandemia, pois quem é que vai acreditar em suas palavras, na miserável defesa que fizer de sua DESASTROSA gestão à frente do Itamaraty? Penso até que vai “pazuelizar”, ou seja, tentar escafeder-se de comparecer, pois deve saber que estará mentindo o tempo todo.

Denuncio formalmente o EMBUSTEIRO do pior chanceler EVER por ter tentado DESTRUIR a diplomacia e o Itamaraty, como explico em meu quarto livro de um ciclo que não deveria existir.

Como sempre, assino embaixo do que escrevo.

Paulo R. de Almeida

Brasilia, 10/05/2021

segunda-feira, 26 de abril de 2021

O ex-chanceler acidental pretende continuar mentindo - Fabio Zanini (FSP)

 O patético pior ministro das relações exteriores em 200 anos de história do Itamaraty não poderá mentir impunemente enquanto eu estiver atento.

Paulo Roberto de Almeida 

Após queda, Ernesto Araújo vira mártir da direita e é estimulado a se candidatar

Ex-ministro das Relações Exteriores estreita laços com olavistas e usa redes sociais para se defender

Fábio Zanini
Folha de S. Paulo, 24.abr.2021 às 23h15

SÃO PAULO- Nos pouco mais de dois anos em que esteve à frente do Itamaraty, Ernesto Araújo fez da oposição ao “globalismo” uma de suas marcas. Nas primeiras semanas depois de deixar o cargo, em 29 de março, agregou outro termo à sua lista de alvos: o “multilateralismo mágico”.

“O multilateralismo mágico é onde se diz ‘multilateralismo’ e pronto. Esse jogo não joguei”, escreveu em sua conta no Twitter, que recentemente passou de 800 mil seguidores. Já é mais popular que a de ex-colegas de governo como Onyx Lorenzoni (796 mil), Marcos Pontes (494 mil) e Ricardo Salles (461 mil).

A postagem recebeu diversos elogios de apoiadores, muitos expressando inconformismo com a saída de Ernesto do cargo, o que mostra sua crescente popularidade na base conservadora. Desde que retornou à planície do Itamaraty, após um longo processo de desgaste interno e com a opinião pública, Ernesto deu sinais de que não pretende desperdiçar o capital político que adquiriu junto à direita bolsonarista.

Passou a usar o Twitter para se defender das acusações de que teria negligenciado a compra de vacinas contra a Covid-19, principal fator que levou à sua queda. “Nunca houve uma crise de vacinas. A política externa que conduzi jamais acarretou problemas à vacinação. O que houve foi a armação de uma falsa narrativa, como parte da tentativa de extinguir a chama transformadora e popular do governo e retirar o Ministério das Relações Exteriores desse projeto”, escreveu ele, em 17 de abril.

Ernesto também retomou seu blog pessoal, o “Metapolítica”, em que escrevia posts que o cacifaram, em 2018, para ser escolhido chanceler. Em 10 de abril, publicou uma longa defesa de sua gestão.

Na última segunda-feira (19), ele foi anunciado como um dos participantes de uma superlive em homenagem ao escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo e da chamada “nova direita”.

Participaram integrantes da nata do olavismo, como o dono do canal Terça Livre, Allan dos Santos, o youtuber católico Bernardo Kuster e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. Ernesto, no entanto, acabou cancelando a presença na última hora, devido, diz ele, a um imprevisto.

“O Ernesto é visto como um soldado fiel. Ele fez o que precisou ser feito, trabalhou na agenda do presidente e, na hora que precisou ser sacrificado, saiu quieto”, afirma Silvio Grimaldo, diretor-executivo do jornal conservador Brasil Sem Medo e responsável por conduzir a live dos olavistas.

As circunstâncias da queda do ex-ministro, diz Grimaldo, o tornaram um mártir entre os conservadores.

“Ele é muito querido, visto como um sujeito com as ideias corretas, e uma surpresa. Ninguém conhecia o Ernesto, ele apareceu e fez a política externa que todo mundo esperava. É um conservador puro sangue.”

Outro participante da live, o empresário e influenciador digital Leandro Ruschel diz que “a base conservadora entende que Ernesto é um sujeito que foi fiel aos seus princípios e acabou caindo por conta disso”. “Infelizmente, ele acabou sendo alvo do rolo compressor da esquerda global, que não tolera a possibilidade do Brasil ser uma nação soberana, liderando um movimento conservador”, afirma Ruschel.

Entre bolsonaristas em redes sociais, o nome de Ernesto como um possível nome na eleição do ano que vem passou a ser mencionado, numa articulação que envolveria também candidaturas como as dos ministros Damares Alves (Direitos Humanos), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), além do ex-titular da Educação Abraham Weintraub.

Ex-vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) é um entusiasta da ideia. “Estamos precisando de bons senadores. Adoraria que ele saísse para senador, para pautar o impeachment dos ministros do STF [Supremo Tribunal Federal]. O Brasil ganharia muito com alguém com coragem, como o Ernesto”, afirma.

Para o deputado, o ex-chanceler foi alvo de uma conspiração capitaneada pelo PSDB. “Uma conspiração montada pelo Aécio [Neves, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara] e pelo Senado. Foi uma articulação espúria com o centrão, e as pessoas reconhecem isso”, diz.

Já Ruschel e Grimaldo avaliam que o ex-chanceler pode ser mais útil fora da política partidária. O influenciador digital vê em Ernesto um perfil de educador, o que, diz ele, "talvez ajudasse mais o movimento" caso se dedicasse a tal função. Para Grimaldo, o ex-ministro tem condições de ajudar a construir uma base conservadora sólida no país. “Hoje o movimento conservador é uma força eleitoral, mas não é uma força política. Consegue eleger candidatos, mas não consegue fazer pressão para colocar suas pautas para andar. O Ernesto, pela projeção que teve, pela clareza de ideias, tem a capacidade de pegar várias forças conservadoras no Brasil e articular debaixo de um guarda-chuva só”, afirma.

Procurado pela Folha para falar sobre sua militância conservadora e possível candidatura, o ex-ministro não respondeu ao pedido de entrevista. Ernesto está de férias até 30 de abril, lotado na Secretaria de Gestão Administrativa do Itamaraty, um posto burocrático e visto como transitório, até que o governo encontre um local adequado para ele no exterior.

Uma alternativa é o posto de representante brasileiro junto à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos países ricos, em Paris, cargo que não necessita de confirmação pelo Senado, Casa na qual o ex-ministro coleciona vários desafetos.

Segundo a legislação, Ernesto terá de se licenciar da carreira caso se candidate a cargo eletivo.

Procurada, a assessoria do Itamaraty afirmou que as manifestações políticas de Ernesto seguem o que determina a lei 11.440/06, conhecida como regime jurídico dos servidores do serviço exterior. No artigo 27, a regra afirma que manifestações públicas de servidores do ministério sobre política externa devem ter “anuência da autoridade competente”.

O Ministério das Relações Exteriores, no entanto, afirma também que a regra deve ser seguida “à luz dos preceitos constitucionais de livre manifestação do pensamento”. Ou seja, Ernesto poderá seguir tuitando, blogando e participando de lives livremente, ao menos por enquanto.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/04/apos-queda-ernesto-vira-martir-da-direita-e-e-estimulado-a-se-candidatar.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=comptw

Pensamentos do chanceler acidental - Paulo Roberto de Almeida, Metropoles

 Pensamentos do chanceler acidental

Paulo Roberto de Almeida

Antigamente, no tempo em que os animais falavam, havia o famoso livrinho vermelho dos “Pensamentos do Presidente Mao”, a bíblia dos jovens estudantes que estavam à frente da Revolução Cultural que o tirano chinês promoveu para se defender das acusações de seus adversários no PCC de que havia provocado a morte de 40 milhões de concidadãos com seu plano demencial do Grande Salto Para a Frente (1959-62).

Mao conseguiu matar mais 4 milhões de chineses (inclusive membros do partido) e destruir as universidades chinesas, superando largamente Stalin e Hitler (juntos) na sua sanha genocida.

Esqueçam tudo isso: depois, sob Deng Xiaoping, o PCC se transformou na maior máquina de construção do capitalismo num só país de toda a história econômica mundial, e conseguiu triunfalmente.

Agora, um poder mais alto se alevanta: o “Pensamento do Camarada Ernesto”, o patético chanceler acidental que conseguiu DESTRUIR uma das mais cultas instituições do Estado brasileiro, o Itamaraty, que afundou na lama o prestígio da diplomacia profissional brasileira, que rebaixou a níveis inimagináveis a imagem do Brasil no mundo e que ainda insiste em propagar a mediocridade sumamente ridícula de seu “pensamento” (sic três vezes), fazendo sua escolinha da pataquadas — no que ele transformou a Funag — publicar suas pérolas demenciais em referência de leitura para os diplomatas.

Mas isso ele vinha costurando desde o final de 2020, da mesma forma como já tinha feito uma coleção das bobagens que proclamou ao longo de 2019 no início do ano seguinte.

Nunca, em nenhum tempo na história do Itamaraty e da Funag, se tinha empenhado o tempo e o esforço de funcionários das duas instituições no esforço rigorosamente inútil de coletar tantas bobagens por centimetro quadrado, para tentar imitar a demência do presidente Mao. 

Nunca antes na história deste país, a loucura de um diplomata desequilibrado conseguiu ser difundida sob o abrigo, não de um, mas de dois ISBNs, que são os códigos sob os quais se catalogam os livros, esses discretos objetos de propagação de pensamentos úteis ao progresso da Humanidade.

Ainda falta mais uma contribuição da Funag para a difusão da mais demencial obra de confusão mental que um chanceler destrambelhado conseguiu imprimir ao já constrangido Itamaraty: coletar e publicar mais três meses (janeiro a março de 2021) do “pensamento” do camarada Ernesto, sem esquecer a culminação dessa loucura, que foi o seu mentiroso “balanço de gestão”, que eu estraçalhei numa avaliação que fiz e tornei disponível aos curiosos (neste link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/mentiras-falcatruas-e-falacias-do-ex.html?m=1).

O infeliz, patético e destruidor ex-chanceler acidental não se peja de se expor ao ridículo e de arrastar em sua demência precoce uma instituição tão respeitável quanto o Itamaraty. Mas não passa pelo meu crivo de resenhista implacável.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 26/04/2021


Itamaraty publica livro com o pensamento de Ernesto Araújo

Volume disponível para download gratuito traz discursos, entrevistas e artigos do ex-chanceler ao longo de 2020

Raphael Veleda

Metropoles, 25/04/2021 20:27

Demitido do cargo de ministro das Relações Exteriores há quase um mês, no dia 29 de março, o diplomata Ernesto Araújo está divulgando um livro que o Itamaraty publicou. Na obra “Política externa: soberania, democracia e liberdade”, figuram discursos, textos e entrevistas concedidas pelo então ministro ao longo de 2020.

Segundo a apresentação, trata-se de “fonte primária fundamental para todos os que se interessem por conhecer e estudar a nova política externa brasileira, baseada nos eixos da democracia; da transformação econômica e do desenvolvimento; da soberania; e dos valores da nação brasileira, eixos conjugados pelo conceito de liberdade”.

Entre os registros no livro está uma entrevista ao canal Terça Livre, do influenciador bolsonarista Allan dos Santos, investigado pelo Supremo Tribunal Federal no inquérito dos atos antidemocráticos e no das fake news, ambos sob a relatoria do ministro Alexandre de Morais.

Nessa entrevista, em fevereiro de 2020, Ernesto falou sobre “tecno-totalitarismo”, “democracias pós-nacionais” e “aliança liberal conservadora”, além de atacar o globalismo ao estilo de seu guru intelectual, o escritor Olavo de Carvalho.

Na época, o então chanceler compartilhou um trecho em vídeo de sua fala.

O volume traz ainda um dos textos mais famosos (e polêmicos) do ex-chanceler, intitulado “Chegou o comunavírus“, que ele publicou em seu blog em abril do ano passado, fazendo comparações entre a quarentena contra o coronavírus e os campos de concentração nazistas, gerando protestos da comunidade judaica no Brasil e até nos Estados Unidos.

O livro está disponível para download gratuito e foi editado pela Fundação Alexandre Gusmão (Funag), um braço do Itamaraty voltado à documentação.

Veja a divulgação que Ernesto fez de seu livro neste domingo (25/4):

Pensamento completo do ex-chanceler

A Funag já havia editado um livro com textos e entrevistas de Ernesto em 2019, o “A nova política externa brasileira: seleção de discursos, artigos e entrevistas do Ministro das Relações Exteriores”.

O link para baixar o novo livro do ex-chanceler é este. São, ao todo 62 textos, que ocupam mais de 700 páginas.

https://www.metropoles.com/brasil/itamaraty-publica-livro-com-o-pensamento-de-ernesto-araujo


sábado, 24 de abril de 2021

O aprendiz de feiticeiro do bolsolavismo diplomático (1/05/2020) - Paulo Roberto de Almeida

 Um texto que nunca foi divulgado quando foi escrito, e que se destinava a rechaçar as ofensas do chanceler acidental contra o Ricupero e outros diplomatas que criticaram a diplomacia subserviente que ele administrou de forma deplorável. 

O aprendiz de feiticeiro do bolsolavismo diplomático 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília,  1o. de maio de 2020

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

 [Objetivo: protesto; finalidade: informação pública]


 

Naquele antigo desenho animado de Walt Disney, o aprendiz de feiticeiro Mickey se vangloriava de ter acabado com sete de uma vez só; eram apenas moscas, mas a impressão que ele deu foi de que se tratava de gigantes. 

Metido a experiente feiticeiro, o aprendiz provoca a maior confusão na casa do seu mestre, que volta assustado e se apressa em restabelecer a ordem.

O aprendiz de feiticeiro do bolsolavismo diplomático se vangloria, numa postagem recente, de ser capaz de enfrentar não apenas quatro gigantes, mas quarenta, de uma vez só. 

Ele começou sua bravata por estas palavras:

 

1.             “Ex-chanceleres e ex-ministros despeitados decidiram criar o “grupo Ricupero” para falar mal de nossa política externa, que está ajudando o Brasil a se livrar da corrupção, da promoção de ditaduras, ou da letargia medrosa que caracterizaram as políticas deles ou dos seus governos.”

 

E terminou assim:

 

4.             “O fato de que quatro ex-Ministros se juntem num grupo, sob tão indigna inspiração, para atacar a mim, que sou apenas um, muito me honra. Dessa laia podem vir quatro, podem vir quarenta, e eu os enfrentarei feliz, fiel ao PR @jairbolsonaro e ao povo brasileiro.”

 

Sua pretensão é descabida em mais de um aspecto. 

Não são apenas quatro ex-ministros, nem quarenta, que o acusam, certamente não de conduzir uma política externa que simplesmente não existe, mas praticamente toda a diplomacia profissional — ou seja, centenas de colegas temporariamente silentes, pois que intimidados pela sua postura de tirano de aluguel — e virtualmente todas as pessoas sensatas do Brasil, entre industriais, empresários do agronegócio, acadêmicos, jornalistas e militares, que demonstram sua estupefação em face da destruição quase completa dos altos padrões de sempre foram os da diplomacia brasileira tradicional.

Todos estão fartos de saber que o aprendiz de feiticeiro do inaceitável desmantelamento do Itamaraty não comanda absolutamente nada; o chanceler acidental não é sequer capaz de formular diretrizes para uma diplomacia minimamente racional, sendo teleguiado de forma servil pelos aloprados e ineptos em política externa que o controlam de perto. 

Ficou já mais do que patente que o novo aprendiz de feiticeiro da extrema-direita tupiniquim só é capaz de tuitar desvarios típicos do subsofista expatriado que o colocou no cargo, atuando unicamente para afundar ainda mais o pouco que resta de credibilidade de uma diplomacia outrora respeitada internacionalmente.

Os brasileiros em geral, os diplomatas profissionais em especial, assim como todos aqueles que tinham orgulho da antiga política externa equilibrada, construída e cuidadosamente operada pelas gerações anteriores de mestres do ofício, estão estarrecidos pelo espetáculo medíocre que lhes é oferecido pela diplomacia bolsolavista. 

Todos anseiam por uma superação do pesadelo que representa a não diplomacia atual. Esse dia virá!

Como diz o ditado popular, “não há mal que nunca acabe...”

 

 

Paulo Roberto de Almeida 

No dia do trabalhador diplomático, 1ro de maio de 2020

 

 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O balanço de uma gestão catastrófica: a Era dos Absurdos no Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

Como eu me havia proposto, uma análise das mentiras propagadas pelo ex-chanceler acidental em seu balanço fraudulento da pior gestão da história do Itamaraty, e dos anais da diplomacia mundial.


O balanço de uma gestão catastrófica: a Era dos Absurdos no Itamaraty

 


Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor de Economia Política no Uniceub.

(www.pralmeida.orgdiplomatizzando.blogspot.com;

https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida)

 

 

Nota introdutória: diplomatas costumam preparar textos para seus superiores, para discursos ou artigos, ou notas para entrevistas. Eu fiz isso dezenas de vezes em minha carreira e tenho um lista completa (não divulgada) de textos que fiz para presidentes (nenhum da ditadura), chanceleres ou chefes de secretarias ou departamentos do Itamaraty. Geralmente escolhemos adjetivos e qualificativos positivos, justificando de forma inteligente aquilo que os acadêmicos e jornalistas poderiam criticar como sendo pouco compatível com a realidade ou ações que nem sempre deram os resultados esperados. O tom geral, como todos sabem, é defender a verdade oficial e apresentar uma versão rósea da política externa, como sendo a melhor possível nas circunstâncias dadas. Creio ter feito rascunhos para todos os presidentes e chanceleres desde a redemocratização, menos para o ministro (duas vezes) Celso Lafer, que gostava ele mesmo de preparar seus pronunciamentos (mas me lembro de ter participado em reuniões de gabinete com Luiz Felipe Lampreia (sobre problemas da dívida externa) e com Celso Lafer (sobre questões do Mercosul). Tampouco ofereci subsídios aos patronos da diplomacia lulopetista, pois que eles dispensaram meus serviços à Casa, o que me deu o lazer de ler muito na Biblioteca do Itamaraty e até de preparar alguns livros (entre eles o de 2014, Nunca antes na diplomacia, que não deve ter feito muito sucesso entre eles). 

De volta ao trabalho, depois do impeachment de 2016, colaborei o melhor que pude como diretor do think tank do Itamaraty, o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, tendo deixado um relatório, ao final de 2018, listando as dezenas e dezenas de encontros com acadêmicos e outros profissionais ao longo de dois anos e meio à frente do IPRI. Tão pronto conhecido o resultado das eleições de outubro daquele ano, e escolhido o chanceler, tinha certeza de que seria exonerado do cargo, e instrui meus auxiliares a buscarem “abrigo” em outros setores da Secretaria de Estado ou no exterior. Vários colegas me recomendaram que eu tratasse de conseguir um posto no exterior, mas preferi continuar à frente do IPRI enquanto fosse possível. Logo no primeiro dia da nova administração, em janeiro de 2019, fui instruído a “não fazer nada” (assim mesmo), até que as novas chefias decidissem sobre um programa de trabalho que já estava aprovado pelo Conselho da Funag desde o ano anterior. Estávamos entrando no regime da censura oficial, o que me lembrou os tempos do regime militar, quando eu fui fichado pelo SNI como “diplomata subversivo” e tive de escrever artigos sob outros nomes. Uma revista com a qual eu havia colaborado, e que tinha ficado pronta em dezembro de 2018, 200, dedicada ao bicentenário da independência, foi sequestrada pelos novos censores, antes mesmo da inauguração do novo regime, e depois ordenada sua eliminação, pura e simples (um prejuízo material de mais de R$ 70 mil, ademais da perda cultural e intelectual). Tempos duros viriam.

Fui exonerado, como previsto, e submetido à humilhação de passar à chefia de um secretário na Divisão de Comunicações e Arquivos, onde obviamente não havia exatamente uma missão para mim. Dediquei-me, como sempre faço nesses momentos de travessia do deserto, a leituras na Biblioteca e à preparação de novos livros, contemplando regularmente todos os desastres diplomáticos em curso, sob a gestão aparente do chanceler acidental, mas totalmente submisso aos ineptos que possuíam controle absoluto sobre todas as suas ações e dizeres. Tratou-se, se ouso a expressão, do primeiro capacho de que temos notícia na história bissecular de ministros de Estado das Relações Exteriores, tão desastrosa a sua gestão que sua demissão era regularmente anunciada pela imprensa e ansiada pelos diplomatas.

Agora que terminou, o capacho exemplar vem, supostamente, prestar contas de sua catastrófica gestão à frente do Itamaraty, do qual foi escorraçado por revolta senatorial, repúdio dos homens de negócio e total desprezo por parte dos colegas. A peça fantasiosa, falaciosa e mentirosa segue abaixo, mas tive o cuidado de colocar o texto na coluna da esquerda, por acaso a primeira, reservando a coluna da direita, não por isso, a meus comentários críticos e até indignados, dado o manancial de inverdades, exageros e mistificações do pior chanceler da história. Peço que desculpem minha acrimônia, mas existem duas coisas que me dão alergia e que não consigo suportar: burrice e desonestidade intelectual. Neste caso, se trata mesmo de estupidez consumada e de indignidade “subintelequitual”. Já perdi muito tempo com um sujeito que só trouxe vergonha ao Itamaraty, à diplomacia brasileira e à imagem externa do Brasil. Nesse período em que estive afastado de tarefas executivas na Secretaria de Estado escrevi quatro livros e incontáveis artigos e notas de um ciclo que não deveria ter sequer existido, não fossem minha revolta e minha indignação com o horror a que assistimos nos dois anos e três meses de um desastre completo a frente do Itamaraty. Espero não ter de voltar a esse horror!

 

 

Ernesto Araújo

Paulo Roberto de Almeida

Um Itamaraty pela liberdade e pela grandeza do Brasil: balanço de gestão

[Ernesto Araújo]

Metapolítica 17: contra o globalismo, 10/04/2021

https://www.metapoliticabrasil.com/post/um-itamaraty-pela-liberdade-e-grandeza-do-brasil-balan%C3%A7o-de-gest%C3%A3o

O Itamaraty não teve nenhuma liberdade sob a gestão do chanceler acidental e o Brasil foi reduzido a um status de pária internacional, como reconhecido pelo próprio autor de um blog “contra o globalismo” (sic).

(...)

Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/46617441/3889_Balanco_de_uma_gestao_catastrofica_a_Era_dos_Absurdos_no_Itamaraty_2021_

(...)

Recordo-me sempre do discurso do Presidente Jair Bolsonaro na noite da vitória, em 28 de outubro de 2018, quando enunciou, entre seus objetivos de governo: "Vamos libertar o Itamaraty." Estou certo de haver tudo feito para cumprir esse objetivo, para libertar o Itamaraty das masmorras da cleptocracia e colocá-lo junto ao povo.

Ufa! Finalmente o Itamaraty se livrou de um dos cleptocratas do pensamento racional, do mais alucinado discípulo de um guru destrambelhado, que vinha conspurcando seus valores e princípios duramente construídos ao longo dos últimos dois séculos. Já não era sem tempo. Estamos livres!

Ernesto Araújo

Brasília, 10 de abril de 2021

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11 de abril de 2021

 

 

 

Nota final: O novo chanceler, o embaixador Carlos França, no primeiro policy statement, o que inaugurou sua gestão em 6 de abril de 2021, precisou de meras três páginas e menos de 30 parágrafos substantivos para explicar a que vinha, enunciando três grandes desafios, objetivamente descritos, como as diretivas centrais para o seu trabalho, junto com a diplomacia profissional, no próximo ano e meio. 

O ex-chanceler precisou de mais de dez páginas, e aborrecidos 73 parágrafos, para desenvolver, quatro dias depois, sua defesa, canhestras justificativas nas quais revelou seu nítido desconforto com sua gestão desastrosa. Ele próprio não deve ter se dado conta de que se despede do modo mais ridículo que poderia, tendo de explicar, por vezes com detalhes insignificantes, como tentou, paradoxalmente, fazer o pior que pode para diminuir o Itamaraty, rebaixar o conceito do Brasil no exterior, prejudicar concretamente os interesse nacionais. Pelo menos não tivemos de ler, desta vez, nenhuma citação de algum filósofo obscuro, nem mesmo o astrólogo que o colocou na cadeira, para a infelicidade geral da nação e do Itamaraty em particular.

Eu tive de perder um dia inteiro para desmantelar todas as suas mentiras, falcatruas e distorções, numa tarefa realmente enfadonha, mas que não encerra tudo o que seria preciso dizer sobre a mais HORROROSA gestão de um chanceler brasileiro, desde 1821 (José Bonifácio já estava encarregado dos negócios estrangeiros desde a regência de D. Pedro). Isso no quadro do pior governo que tivemos no Brasil desde 1549, ou seja, desde o desembarque na Bahia do primeiro governador-geral, D. Tomé de Souza. Ambos se merecem na ruindade e na desgovernança. Ficou faltando destacar todas as suas não realizações, todas as suas ações e omissões que envergonharam a diplomacia profissional brasileira, mas que já tive o tremendo desconforto de tratar, de expor e criticar nos meus quatro livros de um ciclo, ao qual espero nunca mais voltar, que não deveria existir, e que não deveria ter continuidade. 

Ainda temos um Cronista Misterioso, com o nom de plume de Ereto da Brocha, que imortalizou estes tristes tempos com seus petardos irônico-acrimoniosos, um a cada semana, de quem não tenho notícias diretamente, mas que imagino talvez venha a encerrar o seu ciclo de lastimáveis críticas que também não precisavam existir.

Meus escritos, as entrevistas de embaixadores aposentados, as crônicas do nosso Batman do Itamaraty oferecem um triste testemunho de uma das fases mais deprimentes da diplomacia nacional. Ainda não superamos a ignorância e a estupidez, mas acredito que não mais recairemos no opróbio universal, pelo menos do lado diplomático. Espero poder encerrar esse desvio que tive de enfrentar nos últimos 28 meses (sim, eu comecei antes da posse do chanceler execrável), e voltar para escritos mais consistentes, aqueles trabalhos que podem ser enquadrados na categoria dos scholarly works, não na infeliz categoria das diatribes indesejadas. Vale!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 11 de abril de 2021


sexta-feira, 2 de abril de 2021

O chanceler acidental saiu, mas as ideias ficam - Duda Teixeira e Paulo Roberto de Almeida

 Permito-me discrepar ligeiramente de Duda Teixeira nesta matéria:

https://www.oantagonista.com/brasil/ernesto-sai-mas-as-ideias-ficam/

As ideias que ficam não são as de Carlos França, que, assim como 99,99% dos diplomatas, nunca conseguiria reproduzir as loucuras debiloides do chanceler acidental: ninguém conseguiria ser tão desequilibrado e submisso quanto o patético e nefasto ex-chanceler.

As “ideias” — com toneladas de sal grosso nessa coisa impossível de existir sob o regime dos alucinados — são as do guru destrambelhado da Virginia, as poucas (se alguma) do capitão genocida, as inexistentes do Bananinha 03, as fundamentalistas do olavista pornográfico e as de outros anacrônicos seguidores desse fenômeno horripilante a que deram o nome (impróprio) de bolsonarismo, um ajuntamento de sandices inéditas na história da nação desde 1549.

Carlos França está geneticamente blindado contra essa festival de loucuras. Mas não pode impedir que a tropa de ignaros e paranoicos continue a guiar a nau dos insensatos. Pior: o “demitido” chanceler acidental se nomeou para a cozinha interna do Itamaraty, a poderosa Secretaria de Administração: pretende continuar mandando no Itamaraty, com a ativa conivência do 03, do Robespirralho e do próprio JB, zombando dos senadores que o demitiram.

Paulo Roberto de Almeida


terça-feira, 30 de março de 2021

Uma carta patética de renúncia do chanceler acidental - Paulo Roberto de Almeida

 Uma carta patética de renúncia do chanceler acidental

 

Paulo Roberto de Almeida

 

 

A inacreditavelmente patética carta do ex-chanceler acidental Ernesto Araújo (reproduzida in fine), sem qualquer dúvida o PIOR ministro das Relações Exteriores de toda a história independente do Brasil – e também do curto período de ministério dos Negócios Estrangeiros português já instalado no Rio de Janeiro desde 1808 –, colocando seu cargo à disposição do chefe de governo contém unicamente falácias e inverdades, sendo todo o seu conteúdo inapelavelmente falso e ridículo, como vou demonstrar nesta nota.

Numa entrevista ao jornal O Estado de São Paulo alguns dias antes, o infeliz e desequilibrado diplomata – cujo epitáfio na tumba deveria ser: “Aqui jaz um pária” – havia dito duas únicas verdades, que o jornal não deixou de sublinhar em seu editorial desta terça-feira, 30 de março de 2021, dedicado à sua saída. Seleciono imediatamente essas únicas frases que expressam alguma verdade, para depois me dedicar a desmontar mais um instrumento da série de falsificações que o submisso funcionário de uma família de ineptos conduziu na provecta instituição também conhecida como a Casa de Rio Branco. Eis as passagens: 

“O presidente Bolsonaro tem confiança no meu trabalho. Meu trabalho não é meu, é a implementação de uma agenda de política externa que o presidente traz desde a campanha. (...) Tenho respaldo (de Bolsonaro) porque desde o começo sempre propus ao presidente maneiras de implementar as ideias dele. (...) O presidente me nomeou por causa do meu compromisso de fazer a política que ele queria, implementar as coisas que ele quer, a visão de mundo”. 

Fecho as citações dessa entrevista que precedeu os últimos desastres conduzidos pelo destrambelhado diplomata colocado como um marionete de ocasião à frente do Itamaraty, e passo a examinar sua carta-renúncia de 29/03/2021.


1) No cargo..., lutei desde o início pela liberdade e dignidade do Brasil e do povo brasileiro, pela nossa soberania e grandeza em todos os aspectos.

 

PRA: Não, rigorosamente não. Conceitos abstratos como “liberdade” e “dignidade” são usados abusivamente por qualquer um desses ditadores de opereta que infernizam a vida de tantos povos, pois que fazem exatamente o contrário, ao retirar-lhes a liberdade e qualquer resto de dignidade. O chanceler, como sofista que é, seguindo nisso seu destrambelhado guru expatriado, o Rasputin de Subúrbio refugiado no exterior, pensa que engana o distinto público ao distorcer o vocabulário. Sem tem uma coisa que ele não defendeu, mas invariavelmente se empenhou em destruir, foi a soberania e a grandeza do Brasil, ao colocar a política externa e a diplomacia a serviço de um dirigente estrangeiro, nisso adotando para si o patético slogan de seu inepto chefe, que chegou a proclamar seriamente: “I love you Trump!”

 

2) Procurei... colocar o Itamaraty a serviço do sonho de um novo Brasil.

 

PRA: Esse “sonho” do desvairado chanceler acidental foi um pesadelo para a quase totalidade dos diplomatas profissionais, que viram o Brasil diminuir a olhos vistos no cenário internacional, até ser reduzido à condição de verdadeiro pária, numa obra conjunta dirigida pelo inepto chefe de governo, sendo que o submisso chanceler acidental era vigiado de longe pelo subsofista da Virgínia e administrado de perto pelo Bananinha 03 e pelo fanático fundamentalista conhecido como Robespirralho. O que ele fez, sim, foi colocar o Itamaraty a serviço de Trump, do ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e do igualmente patético e mentiroso Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, com os quais tratou do brancaleônico projeto de “invasão humanitária” da Venezuela, para tentar derrocar o governo Maduro. O que ele fez, de fato, foi reduzir o Brasil a um grau de subordinação automática ao governo Trump, o que jamais ocorreu em qualquer momento da Guerra Fria ou da política oficial de Estado no auge da luta contra o “comunismo mundial”. EA, na verdade, alienou completamente a soberania do Brasil a um governo estrangeiro.

 

3) Nessa luta, deparei-me... com correntes frontalmente adversas.

 

PRA: O ex-chanceler acidental é modesto: não foram apenas “correntes”. Jamais ocorreu na história da política externa uma tal unanimidade contra uma política externa subserviente e totalmente contrária aos interesses concretos do Brasil: desde o início, os mais diferentes setores da economia brasileira, da academia e da cultura, da mídia e da opinião pública em geral, alertaram contra as posturas absurdas que estavam sendo sugeridos ou implementados, e se opuseram contra as medidas mais estranhas e prejudiciais a esses interesses. Em raras ocasiões da história política do Brasil desde a independência se registrou tamanha oposição às orientações estapafúrdias do governo. 

 

4) Ergueu-se contra mim uma narrativa falsa e hipócrita, a serviço de interesses escusos nacionais e estrangeiros, segundo a qual minha atuação prejudicaria a obtenção de vacinas.

 

PRA: O ex-chanceler acidental se engana e pretende enganar novamente: todos aqueles preocupados com os reais interesses do país não deixaram de alertar o quanto a sua política externa caótica, feita de agressividade contra os que não partilham de suas teorias conspiratórias, levantou oposição em praticamente todos os setores, sobretudo quanto a ausência completa de uma política concreta de combate à pandemia, e em face da total inoperância do chanceler e do Itamaraty na mobilização de apoios a um programa de prevenção e vacinação que simplesmente não existia, e de um rotundo fracasso na obtenção de um volume suficiente de vacinas, fracasso que é igualmente partilhado com os incompetentes do Ministério da Saúde (mas que, em última instância pode ser atribuído ao negacionismo persistente do chefe de governo).

 

5) ... infelizmente, neste momento da vida nacional, a verdade não importa para as correntes que querem de volta o poder – esse poder que, durante as décadas em que o exerceram, só trouxe ao Brasil atraso, corrupção e desgraça.

 

PRA: A únicas correntes que já trouxeram, de fato, atraso (que é a volta a um tipo de anacronismo anti-iluminista), corrupção (ainda que familiar) e desgraça (e não só por causa da pandemia, mas no armamentismo, na flexibilização dos controles ambientais e do tráfico), foram e são os fanáticos do bolsonarismo mais ignorante e grosseiro, ao qual o chanceler se tem esforçado para se alinhar completamente (inclusive gritando “MITO!”, “MITO!”) e com isso se rebaixa intelectualmente, numa triste demonstração de como maças podres conseguem contaminar todas as outras. Não se tem notícias de que forças políticas adversas ao desgoverno do capitão estejam ativamente empenhados em tirá-lo do poder: nenhum das seis dezenas dos pedidos de impeachment foi sequer considerado pelo anterior ou atual presidente da CD.

E agora chegamos ao ponto alto da alucinante e alucinada carta do chanceler: 

 

6) A verdade liberta e a mentira escraviza. Hoje, a mentira é despudoradamente utilizada para um projeto materialista que visa a escravizar o Brasil e os brasileiros, a escravizar o próprio ser humano e roubá-lo de sua dignidade material e, principalmente, espiritual.

 

PRA: O infeliz e fracassado diplomata, guindado por engano e de forma fraudulenta (uma vez que EA mentiu para o presidente e para os seus patrocinadores), acredita que só ele tem o direito de distinguir entre a verdade e a mentira, o que é próprio dos egocêntricos e dos autoritários. Mas ele vai além: ele pretende que só eles podem ter o monopólio da salvação do país e da população, como se o Brasil e os brasileiros estivéssemos ameaçados a cair sob o domínio de alguma ditadura comunista, caso os ineptos do poder atual não possam impor sua versão dos fatos, a sua “verdade”. EA fez isso diversas vezes ao longo de seus infelizes dois anos à frente do Itamaraty, e não só em direção ao público interno, mas também em direção ao mundo. Ele pensa que engana o público em geral, quando suas mensagens se dirigem mais especialmente aos grupos de fiéis apoiadores do presidente atual. Numa palavra: ele é patético.

Finalmente, o chanceler acidental (e agora acidentado) conclui sua carta ao “querido Chefe”, em tom lacrimoso, dizendo que tem amor ao Brasil e ao seus povo, e que pretende continuar lutando em favor desse povo “até o fim dos meus (seus) dias”. Pode até ser, mas dificilmente ele o fará novamente nos quadros do Itamaraty ou do Serviço Exterior brasileiro, instituição que ele diminuiu sistematicamente, ao colocá-la a serviço de um pequeno grupo de aloprados, humilhando, no mesmo movimento, seus colegas profissionais de carreira. O ministério foi praticamente demolido pela desastrosa gestão do pior chanceler de toda a história independente do Brasil: o processo de reconstrução da política externa e de restauração da diplomacia será duro, lento e longo, pois que a demolição foi muito profunda, como argumentei em um livro precedente: Uma certa ideia do Itamaraty.

Se eu fosse macabro, o que não sou, eu apenas diria a EA: descanse em paz, e leve consigo seu título de pária, pois que ele não cabe ao Brasil e aos brasileiros. 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30 de março de 2021

 



sábado, 27 de março de 2021

Uma das cartas dos 300 diplomatas que querem ver EA longe, bem longe - Patricia Campos Mello (FSP)

 Grupo de mais de 300 diplomatas publica carta para pedir saída de Ernesto

Manifesto acusa política externa atual de causar graves prejuízos às relações internacionais e à imagem do Brasil

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SÃO PAULO

Um grupo de mais de 300 diplomatas publicou neste sábado (27) uma carta pública acusando a política externa atual de causar “graves prejuízos para as relações internacionais e à imagem do Brasil” e pedindo a saída de Ernesto Araújo da chefia do Ministério das Relações Exteriores.

“Esperamos, com essas reflexões, oferecer mais elementos para que as necessárias e urgentes mudanças na condução da política externa ganhem maior apoio na sociedade”, diz a carta, obtida pela Folha. “A crise da Covid-19 tem revelado que equívocos na política externa trazem prejuízos concretos à população.”

Ernesto atravessa sua maior crise desde que assumiu o Itamaraty. Ele está ameaçado de demissão devido a pressões da cúpula do Congresso, de militares, do agronegócio e de grandes empresários

Entre os autores do manifesto, que circula entre congressistas, há ao menos dez embaixadores, cargo do topo da carreira do Itamaraty. Eles, porém, não podem se identificar, porque se assim fizessem estariam violando a Lei do Serviço Exterior.

O chanceler Ernesto Araújo após encontro no Palácio do Alvorada, em Brasília
O chanceler Ernesto Araújo após encontro no Palácio do Alvorada, em Brasília - Ueslei Marcelino - 24.mar.21/Reuters

O artigo 27 da regra determina que é necessário “solicitar, previamente, anuência da autoridade competente, na forma regulamentar, para manifestar-se publicamente sobre matéria relacionada com a formulação e execução da política exterior do Brasil”.

Um dos signatários da carta disse à Folha que, embora insuficiente, a saída do chanceler é fundamental para a reversão da perda de credibilidade do Brasil no cenário internacional e um sinal importante para desbloquear possibilidades de cooperação futuras fundamentais nesse momento de pandemia.

De acordo com uma outra diplomata que apoiou a publicação do manifesto, o objetivo é prestar contas à sociedade brasileira, mostrando que boa parte dos servidores não está de acordo com a orientação dada atualmente ao ministério. Segundo ela, o Itamaraty "não é o Ernesto" e pode fazer muito mais pelo país.

A diplomata ainda afirma que o sentimento geral na pasta é de "vergonha e frustração" e questiona quais interlocutores estrangeiros gostariam de dialogar com alguém que se refere ao coronavírus como "comunavírus" e que critica frequentemente o que ele mesmo define como globalismo.

Um dos idealizadores da carta afirma que, devido à disciplina dos diplomatas e a um senso forte de hierarquia dentro Itamaraty, até agora não havia ocorrido um movimento organizado de resistência, apesar do crescente descontentamento com Ernesto "desde os primeiros absurdos da sua gestão".

Segundo esse diplomata, no entanto, a situação nas últimas semanas “ultrapassou todos os limites”. Ele cita, como exemplo, o fato de Ernesto ter tentado deixar o Brasil fora do Covax, mecanismo da OMS para distribuição de vacinas a países em desenvolvimento, por achar que se trata de uma iniciativa globalista.

Assim, diz ele, o acúmulo de situações que "beiram a irresponsabilidade criminosa" levou a essa manifestações pública, algo que classificou como atípico e excepcional. Ainda de acordo com esse funcionário do Itamaraty, existe um sentimento muito forte de revolta e de impotência, algo que ele diz ouvir todos os dias, de embaixadores no exterior a colegas em Brasília.

Por fim, o diplomata relata escutar semanalmente piadas de colegas estrangeiros, porque "ninguém leva o Ernesto a sério". Agora, porém, com a explosão no número de mortes diárias por Covid, ele diz que muitos entenderam não se tratar apenas de "um lunático excêntrico", mas de "uma figura nefasta, um criminoso".

A carta aponta que, nos últimos dois anos, "avolumaram-se exemplos de condutas incompatíveis com os princípios constitucionais e até mesmo com os códigos mais elementares da prática diplomática”. “Além de problemas mais imediatos, como a falta de vacinas, de insumos ou a proibição da entrada de brasileiros em outros países, acumulam-se danos de longo prazo na credibilidade internacional do país.”

Segundo um outro signatário, em nenhum outro momento da história brasileira, nem durante a ditadura militar, o Itamaraty esteve tão isolado, "sequestrado por uma seita, distante da sociedade". "É importante que a sociedade saiba que isso não é culpa dos diplomatas e que nosso silêncio não é cumplicidade.”

Leia, abaixo, a íntegra da carta.

Brasília, 27 de março de 2021,

Nos últimos dias, o Brasil superou a trágica marca de 300 mil mortes por COVID-19, tendo o papel do Itamaraty na resposta à pandemia ganhado grande relevância no debate nacional. Neste momento, às vésperas da celebração do dia do diplomata, não há o que se comemorar. Pelo contrário, nunca foi tão importante reafirmar os preceitos constitucionais que balizam as relações exteriores da República Federativa do Brasil, definidos no artigo 4º da Constituição Federal de 1988, assim como as melhores tradições do Itamaraty.

Historicamente, a política externa brasileira caracterizou-se por pragmatismo e profissionalismo. O corpo diplomático, formado por concurso público desde 1945, sempre investiu no diálogo respeitoso e construtivo, com interlocutores internos e internacionais, com a imprensa e o Parlamento. A Constituição de 1988 consagrou princípios fundamentais pelos quais nossa diplomacia deve guiar-se, entre eles a independência nacional; prevalência dos direitos humanos; o repúdio ao terrorismo e ao racismo; e a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

Nos últimos dois anos, avolumaram-se exemplos de condutas incompatíveis com os princípios constitucionais e até mesmo os códigos mais elementares da prática diplomática. O Itamaraty enfrenta aguda crise orçamentária e uma série numerosa de incidentes diplomáticos, com graves prejuízos para as relações internacionais e a imagem do Brasil. A crise da Covid-19 tem revelado que equívocos na condução da política externa trazem prejuízos concretos à população. Além de problemas mais imediatos, como a falta de vacinas, de insumos ou a proibição da entrada de brasileiros em outros países, acumulam-se danos de longo prazo na credibilidade internacional do país.

Nesse contexto e diante da gravidade do momento, sentimos ser nosso dever complementar os alertas emitidos pela academia, pelo empresariado, pelos movimentos sociais, por prefeitos, por governadores e pelo Congresso Nacional, a respeito dos graves erros na condução da política externa atual. Nunca foi tão importante apelar à mudança e à retomada das melhores tradições do Itamaraty e dos preceitos constitucionais 
conquistas da nossa sociedade e instrumentos indispensáveis para a promoção da prosperidade, justiça e independência em nosso país.

Esta carta foi elaborada por diplomatas da ativa que não podem assiná-la como desejariam em razão de dispositivos da Lei do Serviço Exterior, que a propósito deveriam ser reexaminados tendo em conta sua flagrante inconstitucionalidade. Esperamos, com essas reflexões, oferecer mais elementos para que as necessárias e urgentes mudanças na condução da política externa ganhem maior apoio na sociedade, contribuindo, assim, para os esforços de superação das crises sanitária, econômica, social e política enfrentadas pelo Brasil.