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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Antiamericanismo primario: uma reacao conhecida, em varias paragens...

Não, não é no Brasil, mas poderia ser. Certas medidas são tipicamente conhecidas em certos ambientes, muito conhecidos, também.
O pessoal é do mesmo tipo...
Paulo Roberto de Almeida

Russian politics

The Kremlin's new Anti-Americanism


IF ONE were to judge by the recent behaviour of Russian lawmakers, the country is under assault. Not by foreign armies—though that threat, too, always looms large in the rhetoric of Russia’s political leaders—but by hostile and unfamiliar values, films, television personalities, even words.
Over the past months, the Russian Duma has been on a campaign to dig up and cast out what it sees as the many traces of foreign involvement or meddling in Russian life. Most egregious is a new law banning Americans from adopting Russian orphans. Another proposed law would require children of state officials to return home after studying abroad or perhaps bar them from leaving at all; yet another would require cinemas to show Russian-made films at least 20% of the time; or be subject to fines up to 400,000 rubles ($13,3000).
Although all these disparate initiatives share the same underlying goal of somehow being seen to purify Russia and to serve as building blocks for a nascent (yet to be defined) ideology, they vary in their immediate purpose. Some, such as the adoption ban, were retaliatory measures, meant to lash out at the United States for its passage of the Magnitsky Act. Cynicism is surely at play, but one should not underestimate how sincerely much of the Russian political class is fed up with what it sees as hypocrisy and condescension from the United States and Europe.
Others, such as a nationwide ban passed last week on promoting “homosexual propaganda” to minors, were meant to aggravate social cleavages and to consolidate support among what advisers in the Kremlin see as the natural conservative base of Vladimir Putin, the president. Before the vote, Dmitry Sablin, a deputy from the pro-Kremlin United Russia, party cited the need to protect country’s “traditional values” and added, "We live in Russia, not Sodom and Gomorrah.”
Still more proposed laws were targeted against specific individuals: a provision to keep Americans from working in politically-oriented NGOs was directed at Lyudmila Alexeyeva, head of Moscow Helsinki Group and a dual Russian-American citizen; another, since rescinded, would have made it illegal for foreigners to appear on state television if they “discredited” the Russian state, a clear missive to Vladimir Pozner, a host on Channel One who criticised the Duma on air for the adoption ban and holds an American passport. But it is telling that in order to discredit or to otherwise make life difficult for Ms Alexeyeva and Mr Pozner, deputies seized on their American citizenship–that, it would seem, is now the Scarlet Letter in Russian politics.
The efforts to purge Russian civic life of foreign elements reached a farcical crescendo last week, when Vladimir Zhirinovsky, the bombastic and clownish leader of Liberal Democratic Party, proposed a law that would bar the use of “Americanisms” and other foreign words. (Violators could face fines or even sacking from their jobs.) Gone would be the Russian cognates for “leader,” “boutique,” and “sale,” among dozens of others. “There is a good Russian word, zakusichnaya, not all just ‘bar,’ ‘restaurant,’ ‘café,’” Mr Zhirinovsky said in announcing the bill.
The notion of the law may seem laughable, but as Masha Lipman of the Carnegie Moscow Centre says, it is not that Mr Zhirinovsky in any way misread the current mood, but simply that he has an “unparalleled talent for hardening policies into a travesty.” Not much is likely to come of Mr Zhirinovsky’s initiative: after all, as many have pointed out, he might have to start by changing the name of his own party.
That raises an intriguing question. If much of this proposed legislation is never meant to actually be enacted, then what is the point? Above all, the various laws serve as trial balloons, able to test public mood and cast about for those anti-Western and anti-foreign measures with the most social traction. One United Russia deputy says, “Russian society is living through a transition to the restoration of conservative values”, a shift that the Kremlin and the Duma are happy to nurture, the deputy says.
At the same time, opportunists can use the moment to demonstrate their loyalty or to advance long-harboured ambitions. The United Russia deputy says this was case with the adoption ban, for example. Those “who have proposed such a ban many times before,” the deputy says, used heightened anti-American sentiment “to simply propose it one more time.”
Lastly, once started, any purge, of real people or of ideas and cultural products, quickly takes on a kind of self-perpetuating momentum. As Nikolai Zlobin of the Center on Global Interests explains, today’s Russian bureaucrats and legislators suffer from an “old illness,” in which “you cannot be wrong in proposing something too extreme”. Better to be on the safe side, then, and be more anti-American and anti-Western than is required, Mr Zlobin says.
Mr Putin appears to have settled on the formation of a new ideology. It is a blend of the church, patriotism, and adulation of the province, which serves to consolidate his rule and defend it against those social and political forces opposed to him. But precisely articulating this new Russian idea and why it is different than the Western one is difficult: after all, Russia is nominally democratic, capitalist, and nearly everything else that defines the West. That leaves one obvious move. “If you don’t have it your own idea, take somebody else’s idea and trash it,” says Mr Zlobin. “And then there’s your idea.”

1933: a data sombria da ascensao de Hitler ao poder...

Pode ser que qualquer comparação com a situação do Brasil atual seja exagerada. Pode ser.
Mas do meu ponto de vista o Brasil já vive uma situação de fascismo corporativo, que é uma forma soft do mesmo fascismo que dominou a Alemanha 80 anos atrás. Nossa situação ainda é relativamente benigna, tanto que eu posso escrever o que quero, mesmo sob a ameaça velada de sanções indiretas dos companheiros. Outros países, em nossa região, infelizmente, já enfrentam uma situação de fascismo explícito, que os mesmos companheiros consideram e confundem com um regime progressista, de esquerda, avançado, anti-imperialista, enfim, essas coisas que eles gostam de proclamar como sendo "progressistas" e populares, quando não socialistas. Eles são, na verdade, fascistas, mesmo sem o saber, e sem ter sequer consciência de que tudo o que proclamam, desejam, promovem, é fascismo puro, ou seja, o controle do Estado sobre os cidadãos.
Eu, que não sou sequer um cidadão anarco-libertário, apenas um espírito livro, sei reconhecer quando o fascismo avança. E ele está avançando, pouco a pouco. Não com o meu silêncio ou a minha conivência. Sempre vou denunciar empreendimentos fascistas, onde quer que estejam, e venham de onde vierem, até de certos serviços estatais que consideramos "normais".
Por isso posto o que vai abaixo, não por concordar com todas as posturas do autor, seus argumentos ou afirmação, mas como uma forma de lembrar os perigos que rondam o Brasil, e nossas vidas, quando companheiros comprometidos com a mesma ideologia totalitária dominam o poder, e ameaçam submergir nossas liberdades, minha liberdade de dizer o que penso e de proclamar livremente minhas opiniões.
Paulo Roberto de Almeida

Há exatos 80 anos, ele chegou ao poder. Em nome da reparação e da igualdade, exterminou milhões de vidas. E a marcha do terror se fez no silêncio cúmplice
 Reinaldo Azevedo
30/01/2013 13:42:53

Há exatos 80 anos, Adolf Hitler se tornava o chanceler da Alemanha. O resto é horror, perpetrado, em boa parte, sob o silêncio cúmplice do povo alemão e das demais nações.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele já havia atentado contra a ordem democrática, mas o regime o anistiou. Deram a Hitler em nome dos valores democráticos o que ele jamais concederia a seus adversários em nome dos valores nazistas.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele fundiu a chancelaria com a Presidência da República. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele anexou a Áustria e a Renânia. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele já havia ordenado, em 1933, a conversão de uma antiga fábrica de pólvora, em Dachau, num campo de concentração. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, a França e a Inglaterra aceitaram que anexasse a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Assinaram com ele um “acordo de paz”. E se fez silêncio. No ano seguinte, ele entrou em Praga e começou a exigir parte da Polônia. Depois vieram Noruega, Dinamarca, Holanda, França… É que haviam feito um excesso de silêncios.

– Silêncio quando, em 1º de abril de 1933, com dois meses de poder, os nazistas organizaram um boicote às lojas de judeus.
– Silêncio quando, no dia 7 de abril deste mesmo ano, os judeus foram proibidos de trabalhar para o governo alemão. Outros decretos se seguiram — foram 400 entre 1933 e 1939.
– Silêncio quando, neste mesmo abril, criam-se cotas nas universidades para alunos não alemães.
– Silêncio quando, em 1934, os atores judeus foram proibidos de atuar no teatro e no cinema.
– Silêncio quando, em 1935, os judeus perdem a cidadania alemã e se estabelecem laços de parentesco para definir essa condição.
– Silêncio quando, neste mesmo ano, tem início a transferência forçada de empresas de judeus para alemães, com preços fixados pelo governo.
– Silêncio quando, entre 1937 e 1938, os médicos judeus foram proibidos de tratar pacientes não judeus, e os advogados, impedidos de trabalhar.
– Silêncio quando os passaportes de judeus passaram a exibir um visível “j” vermelho: para que pudessem sair da Alemanha, mas não voltar.
  – Silêncio quando homens que não tinham um prenome de origem judaica foram obrigados a adotar o nome “Israel”, e as mulheres, “Sara”.

Os milhões de mortos do nazismo, muito especialmente os seis milhões de judeus, morreram foi de… SILÊNCIO. Morreram porque os que defendiam a ordem democrática e os direitos fundamentais do homem mostraram-se incapazes de denunciar com a devida presteza o regime de horror que estava em curso.

Nos nossos dias
É pouco provável que aquelas barbaridades se repitam. Mas não se enganem. Oitenta anos depois, a democracia ainda é alvo de especulações as mais destrambelhadas. Cometei aqui a tese delinquente de certa senhora, estudiosa do Islã e aboletada na Universidade Harvard, segundo quem os islâmicos estão dando à luz uma nova democracia, que ela classifica de “iliberal”. Pois é… Em 1938, um ano antes do início da Segunda Guerra, cogitou-se o nome de Hitler para o Nobel da Paz. As leis raciais contra os judeus já estavam em vigência…

Aquela tal senhora — Jocelyne Cesari — escreve, como quem diz “Bom dia!”, que essa forma particular de democracia não implica necessariamente o fim da discriminação religiosa ou de gênero. Dona Jocelyne acha possível chamar de “democrático” um regime que segregue as pessoas por sua religião e gênero…

Um “intelectual” como Salavoj Zizek dedica-se a especular sobre as virtudes do moderno terrorismo, conquista admiradores mundo afora, inclusive no Brasil, e passa a ser uma referência do pensamento de esquerda. Reitero: ele não está a falar na tal “redenção dos oprimidos”. Ele empresta valor afirmativo a ações terroristas.

Mundo afora, direitos individuais são solapados pelo Estado — em nome da igualdade ou da reparação —, e a criação de leis que discriminam homens segundo a cor de sua pele ou sua origem é vista como um avanço.

Programa
Não custa lembrar aqui algumas “exigências” do programa que os nazistas tinham para a Alemanha, que certamente deixam encantados alguns dos nossos esquerdistas ainda hoje — especialmente aqueles que defendem, como é mesmo?, o controle social da mídia. Eis aqui parte do que eles queriam para a Alemanha:
(…)
11. A supressão dos rendimentos a que não corresponda trabalho ou esforço, o fim da escravidão do juro;

12. Levando-se em conta os imensos sacrifícios em bens e em sangue derramado que toda guerra exige do povo, o enriquecimento pessoal graças à guerra deve ser qualificado de crime contra o povo. Exigimos, portanto, a recuperação total de todos os lucros de guerra;

13. Exigimos a nacionalização de todas as empresas (já) estabelecidas como sociedades (trustes);

14. Exigimos participação nos lucros das grandes empresas;

15. Exigimos que se ampliem generosamente as aposentadorias;

16. Exigimos a constituição e a manutenção de uma classe média sadia, a estatização imediata das grandes lojas, e o seu aluguel a preços baixos a pequenos comerciantes, cadastramento sistemático de todos os pequenos comerciantes para atender às encomendas do Estado, dos Länder e das comunas;

17. Exigimos uma reforma agrária apropriada às nossas necessidades nacionais, a elaboração de uma lei sobre a expropriação da terra sem indenização por motivo de utilidade pública, a supressão da renda fundiária e a proibição de qualquer especulação imobiliária;

18. Exigimos uma luta impiedosa contra aqueles cujas atividades prejudicam o interesse geral. Os infames criminosos contra o povo, agiotas, traficantes etc. devem ser punidos com pena de morte, sem consideração de credo ou raça;

19. Exigimos que se substitua o direito romano, que serve à ordem materialista, por um direito alemão;

20. Com o fito de permitir a todo alemão capaz e trabalhador alcançar uma instrução de alto nível e chegar assim ao desempenho de funções executivas, deve o Estado empreender uma reorganização radical de todo o nosso sistema de educação popular. Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às exigências da vida prática. A assimilação dos conhecimentos de instrução cívica deve ser feita na escola desde o despertar da inteligência.  Exigimos a educação, custeada pelo Estado, dos filhos – com destacados dotes intelectuais – de pais pobres, sem se levar em conta a posição ou a profissão desses pais;

21. O Estado deve tomar a seu cargo o melhoramento da saúde pública mediante a proteção da mãe e da criança, a proibição do trabalho infantil, uma política de educação física que compreenda a instituição legal da ginástica e do esporte obrigatórios, e o máximo auxílio possível às associações especializadas na educação física dos jovens;

22. Exigimos a abolição do exército de mercenários e a formação de um exército popular;

23. Exigimos que se lute pela lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através da imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã, exigimos:
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para  toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima.

(…)

Começando a encerrar
Não, senhores! Qualquer semelhança com um programa de esquerda — e me digam quais esquerdistas não endossariam ainda hoje o que vai acima — não é mera coincidência. O fascismo, também na sua vertente nazista, sempre foi de esquerda nos seus fundamentos mais gerais. Erigiu, sim, uma concepção de poder e de organização de estado diferente daquelas estabelecidas pela Internacional Comunista e repudiava o entendimento que tinha esta do “internacionalismo”. Mas o ódio ao liberalismo econômico, à propriedade privada e às liberdades individuais era o mesmo.

Essa cultura da “engenharia social”, que cassa direitos individuais em nome de um estado reparador, ainda está muito presente no mundo. Como se percebe, ela se estabelece oferecendo o paraíso na terra, um verdadeiro reino de justiça e igualdade. Deu no que deu.

Neste ponto, alguém poderia objetar: “O Reinaldo agora acha que a luta por justiça resulta em fascismo…”. Não! O Reinaldo não acha isso. Pensa, isto sim, que as tentações totalitárias manipulam o discurso da igualdade para criar um ente de razão, estado ou partido, que busque substituir a sociedade.

E não se enganem: oitenta anos é quase nada na história humana. Não faz tanto tempo assim. Em 1933, a humanidade já dispunha de boa parte da literatura que vale a pena, de boa parte do pensamento que vale a pena, de boa parte até mesmo do conhecimento científico que ainda hoje serve de referência.

No entanto, o mundo viveu sob o signo da besta.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

UE-America Latina: melancolico encontro em Santiago

Comentar o que? Rigorosamente, nao há nada, absolutamente nada a comentar. A rigor, haveria, mas o bom senso indica que é melhor ficar calado...
Paulo Roberto de Almeida


Pobreza de ideias
Editorial O Estado de S. Paulo, 30/01/2013
 
Galináceos, bovinos e suínos são por enquanto os beneficiários mais prováveis dos planos e roteiros de cooperação acertados na semana passada com representantes da União Europeia (UE), em reuniões em Brasília e Santiago. Os bichos continuarão sendo sacrificados, porque o transporte de animais vivos em longas viagens perdeu muito de seu encanto depois da aventura na Arca de Noé. Mas serão mortos com boas maneiras, depois de uma vida mais confortável e com menos estresse, se for aplicado o Memorando de Entendimento Administrativo na Área de Bem-estar Animal entre o governo brasileiro e a Comissão Europeia. Quanto ao Arranjo de Cooperação Científica e Tecnológica, provavelmente produzirá resultados tão chochos quanto os anteriores, exceto na retórica oficial. O acordo sobre picanhas, costelinhas e coxinhas será de certo implementado com mais empenho e acompanhado com mais atenção, porque assuntos sanitários afetam o comércio e são um pretexto fácil para protecionismo.
A mesma pobreza de ideias e compromissos marcou as reuniões do pessoal da União Europeia, em Santiago, com representantes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e do Mercosul ou sua parte remanescente. Em seu discurso de sexta-feira, na abertura do encontro Celac-UE, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, empenhou todo o seu talento - e com inegável sucesso - para evitar qualquer ideia original, interessante ou prática.
Ele falou sobre o valor de uma "nova aliança estratégica para balizar o futuro", lembrou a importância econômica do bloco europeu e perorou sobre a "cultura milenar" da Europa e o compromisso da região com a liberdade, a democracia e os direitos humanos. Faltou, talvez, alguma palavrinha sobre os objetivos, limitações e outros aspectos práticos de um acordo comercial.
Dar prioridade a um acerto de livre comércio entre Mercosul e União Europeia seria a decisão mais prudente e com maior possibilidade de êxito neste momento. Um entendimento mais amplo, com toda a Celac, poderia ser discutido mais facilmente em seguida.
Mais limitada, a negociação inicial, entre União Europeia e Mercosul, envolveria dois blocos razoavelmente estruturados, pelo menos em termos formais, e seria possível aproveitar a experiência da negociação iniciada em 1999. Houve vários impasses, a tentativa foi quase enterrada em 2006 e um novo compromisso de retomar o projeto foi formalizado em 2010. Em março do ano passado, representantes dos dois blocos concordaram em cuidar da definição de questões normativas necessárias para um novo exercício de troca de ofertas. A definição dessa prioridade parece inevitável, se os negociadores tiverem pelo menos um pouquinho de juízo.
Mas juízo continua sendo um insumo escasso na América Latina e especialmente no Mercosul. Na quinta-feira, enquanto ocorria a Cúpula Brasil-União Europeia, em Brasília, circulava em Buenos Aires a notícia de uma nova encrenca regional. O governo argentino voltou a dificultar a importação de carne suína brasileira. Foi o terceiro recrudescimento desse conflito em um ano, em mais uma violação dos compromissos de normalização do comércio regional.
Governo e empresários argentinos, cada vez mais protecionistas, têm dificultado qualquer compromisso de liberalização de mercados. Tiveram papel significativo no abandono da Rodada Doha, entravaram qualquer acerto com os europeus e criam obstáculos ao funcionamento do próprio Mercosul. Além disso, Christina Kirchner já mostrou sua disposição: o Mercosul, segundo ela, só poderá negociar com os europeus depois da eleição no Paraguai, em abril.
A própria Kirchner liderou, no ano passado, a suspensão do Paraguai como membro do Mercosul. Agora usa o país como pretexto para bloquear a discussão de um acordo. De repente, a opinião paraguaia é importante para a senhora Kirchner. Em 2012, essa opinião foi silenciada para facilitar o ingresso da Venezuela bolivariana. Por que os europeus, afinal, insistem no acordo com essa gente?

Brasileiro; mais rico que o americano...(no combustivel)

Nao se enganem com as estatísticas de renda nacional: apesar da renda média dos americanos ser 5 ou 6 vezes maior do que a dos brasileiros, nós, brasileiros comuns, somos pelo menos 50% mais ricos que os americanos, a julgar pelo preco da gasolina.
Claro, isso tem a ver com o nível extorsivo dos impostos (a Europa possui carga fiscal semelhante ou mais alta do que a do Brasil, mas também é 4 ou 5 vezes mais rica, no plano da renda per capita), com a cartelizacao do setor (monopólio de fato da Petrobras) e com os lucros excessivos de produtores, distribuidores e varejistas.
Somo, isso é conhecido, um país notoriamente caro, o que diminui nossa competitividade interna e externa. Só se pode esperar, assim, que a indústria continue a perder partes de mercado, e que o Governo continue a impulsionar políticas defensivas (ou seja, protecionistas), para tentar contornar o problema, em lugar de solucioná-lo de verdade com medidas estruturais.
Vamos continuar sendo um país avestruz, ao que parece.
Paulo Roberto de Almeida

Com reajuste, preço da gasolina no Brasil será 51% maior que nos EUA

Litro do combustível vai custar em média US$ 1,45 no Brasil, enquanto nos EUA o preço é US$ 0,96; antes do  reajuste, a gasolina brasileira já custava 44% a mais que a norte-americana

O Estado de S.paulo, 30 de janeiro de 2013
Fernando Nakagawa, correspondente
LONDRES - Com o aumento do preço da gasolina em vigor a partir desta quarta-feira, 30, brasileiros passarão a desembolsar cerca de 5% a mais para encher o tanque. Assim, a gasolina brasileira passa a ser, na média, 51% mais cara do que nos Estados Unidos, mostram dados da Administração de Informação de Energia dos EUA.
Se a comparação for com a Europa, o quadro é contrário: abastecer o carro no Brasil é 37% mais barato que em países como a Itália e a Holanda.
Brasil X EUA
O consumidor brasileiro pagou, na média nacional, R$ 2,7630 por litro do combustível na semana entre 20 e 26 de janeiro, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com o esperado repasse de cerca de 5% na bomba, o preço médio deve passar para R$ 2,9012.
Confirmado o novo valor e com o dólar a R$ 2, isso significa que o brasileiro pagará, na média, US$ 1,45 por litro ou US$ 5,49 por galão de gasolina (o equivalente a 3,78 litros).
Os postos norte-americanos cobraram média de US$ 3,64 por galão na semana encerrada em 21 de janeiro, segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), órgão do Departamento de Energia (DoE) dos EUA.
Isso equivale ao preço de US$ 0,96 por litro nos Estados Unidos. O novo preço brasileiro (US$ 1,45 por litro) será, portanto, 51% maior que o dos EUA. Antes do aumento anunciado ontem, a gasolina brasileira já era 44% mais cara.
Europa
Apesar da desvantagem em relação aos motoristas dos EUA, o Brasil segue com um combustível mais barato que o europeu. A mesma pesquisa da EIA mostra que a Itália e Holanda têm o preço mais elevado dos países pesquisados, onde o galão custava US$ 8,78 - ou R$ 4,64 por litro - na média na semana encerrada em 21 de janeiro.
Em seguida, todos os demais mercados europeus têm preços maiores que os novos do Brasil: o galão custa US$ 8,05 na Bélgica (R$ 4,25/litro), US$ 8,03 na Alemanha (R$ 4,24/litro), US$ 7,94 no Reino Unido (R$ 4,20/litro) e US$ 7,84 na França (R$ 4,14/litro), país que tem o título de gasolina europeia mais barata da pesquisa.

Emprego no Brasil: faltam profissionais qualificados locais

As estatísticas do MTE de ingresso de profissionais estrangeiros  no Brasil confirmam a falencia do terceiro ciclo brasileiro em formar profissionais adequados (geralmente em areas técnicas e científicas) e nos números necessários para atender a demanda local. A situacao vai persistir por algum tempo até que o próprio mercado estabilize oferta e demanda nos níveis apropriados.
Precisamos de Ciencia Sem Fronteiras nas humanidades? Certamente nao, e provavelmente vamos ter de continuar insistindo nas áreas científicas e técnicas.
Paulo Roberto de Almeida

MTE (30/01/2013) – VISTOS DE TRABALHO CONCEDIDOS EM 2012, BALANÇO.

BRASIL CONCEDEU 73 MIL VISTOS DE TRABALHO A ESTRANGEIROS EM 2012. OS PROFISSIONAIS SÃO ALTAMENTE QUALIFICADOS E VIERAM EXERCER PROFISSÕES NAS ÁREAS DE GERÊNCIA E SUPERVISÃO DE EMPRESAS. Em 2012 foram concedidas 73.022 autorizações de vistos a estrangeiros, segundo dados divulgados pela Coordenação Geral de Imigração (CGig) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Das autorizações concedidas no ano, 64.682 foram temporárias e 8.340 permanentes. Nas autorizações temporárias, o visto destinado ao profissional com vínculo empregatício no Brasil teve um crescimento de 26% com relação a 2011. Nos últimos três anos esta categoria teve um crescimento de 137%, passando de 2.460 profissionais autorizados em 2009 para 5.832 em 2012. Esses profissionais são altamente qualificados e vem ao Brasil exercer profissões nas áreas de gerência e supervisão de empresas que demandam conhecimento não disponível. As principais áreas são engenharia, tecnologia, analise de sistemas, petróleo e gás, construção civil e obras de infra-estrutura. Portugal, Espanha e China foram as nacionalidades mais beneficiadas por esses vistos. Houve aumento de 81% no número de vistos emitidos a portugueses com relação a 2011, de 53% a espanhóis e de 24% a chineses. Ainda no total de autorizações temporárias, houve um crescimento de 23% nos profissionais estrangeiros ligados à assistência técnica, com 19.990 profissionais em 2012. Esse crescimento é decorrente do aumento na demanda por máquinas, equipamentos e transferência de tecnologia para empresas no Brasil. Já no trabalho a bordo de embarcações ou plataforma estrangeira houve queda, passando de 17.738 autorizações em 2011 para 15.554 em 2012. No visto permanente, houve aumento de 15% no número de investidores que ocasionou ao Brasil investimentos de R$ 286 milhões de reais, representando aumento de 40%, passando de 3.834 em 2011 para 8.340 em 2012. Também nesta categoria, Portugal foi a nacionalidade que mais demandou a concessão de vistos, com aumento de mais de 100% em relação a 2011. Os profissionais autorizados a trabalhar no Brasil estão mais qualificados. Entre 2011 e 2012 houve aumento de 9,5% no total de mestres e doutores autorizados a trabalhar temporariamente, sendo que, entre 2009 e 2012 esse aumento foi de 560%. Esse é um dos grupos que mais cresce em números relativos no Brasil. Os dados também demonstram o impacto da concessão de residências especiais de caráter humanitário pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg) aos haitianos, com 4.706 autorizações expedidas em 2012. Na avaliação dos técnicos, a situação é transitória e emergencial, tendo impacto importante já que são autorizações especiais e de viés humanitário em relação ao agravamento da situação recente do Haiti após o terremoto de 2010, mas que não devem se refletir no longo prazo.

OMC: Brasil tem postura antiliberalizante - Jamil Chade

É o que se pode concluir da matéria abaixo do correspondente em Genebra. Ou seja, o Brasil quer o seu candidato na OMC, ou qualquer outro que defenda suas posturas antiliberalizantes, o que nao seria o caso dos dois outros latino-americanos, mais propensos a aceitar teses de abertura economica e de liberalizacao comercial.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil veta acordo para apoiar candidatos na OMC
 
Em Santiago, País não se compromete nem com Costa Rica nem com México, caso Roberto Azevedo seja eliminado nas primeiras rodadas
 
JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Brasil não vai se comprometer a apoiar um latino-americano para a direção da Organização Mundial do Comércio (OMC) se o candidato brasileiro, Roberto Azevedo, for eliminado do processo nas primeiras rodadas de votação.
No último fim de semana, o Brasil vetou um acordo na Cúpula de Santiago que estabelecia um compromisso da América Latina em apoiar um dos três candidatos do continente para o cargo de diretor-gerente da OMC. Com o veto, a negociação chegou a um impasse e nenhuma declaração foi aprovada. Na prática, o Itamaraty não queria se comprometer com candidatos que, na visão do governo, não defendem as posições do Brasil no comércio internacional e têm visões contrárias ao projeto de trazer a variação cambial para dentro da OMC.
A entidade deu ontem a largada oficial para o processo de seleção do próximo diretor, sabatinando cada um dos candidatos. Dos nove ministros e embaixadores que estão na corrida, três são latino-americanos. Além de Azevedo, que apresenta seu projeto amanhã, concorrem Anabel Gonzalez, da Costa Rica, e o mexicano Hermínio Blanco.
Em Santiago, o governo do Chile e dos dois países com candidatos na região apoiaram uma declaração estabelecendo que todo o continente se uniria para apoiar um nome único, caso os demais fossem eliminados nas primeiras fases de votação. Anabel deixou claro que seu país vai "explorar" a ideia de apoiar um nome da região, caso ela fosse eliminada e Blanco já indicou que seguiria o mesmo caminho.
O Brasil apresentou uma contraproposta sugerindo que a região se unisse para apoiar um candidato da América Latina ou da África. "Por que não incluir então a Ásia…", ironizou um embaixador centro-americano.
Antes mesmo de anunciar seu candidato, o Brasil deixou claro que apresentaria um nome se considerasse que não havia na corrida nenhum representante que defendesse seus interesses. A presença de Costa Rica e México, países vistos como pró-liberalizantes, não atenderia aos interesses do Brasil.
Divergências. Ficou claro ontem que a candidata da Costa Rica não apoia a ideia do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar mecanismos e barreiras para compensar a valorização cambial, uma proposta que o Brasil insiste em apresentar na OMC.
Se eleita, ela garantiu que estaria disposta a tratar de temas como segurança alimentar, investimentos e outros assuntos. "Não há tema tabu", declarou. Mas admitiu que na questão do câmbio resistiria. "Eu seria cautelosa. Não podemos ter soluções cambiais para problemas que são de origem financeira."
Há uma semana, o mexicano fez declaração parecida.
Fora da região, o candidato de Gana, Alan Kyerematen, deixou claro que espera um diálogo com o Brasil, justamente para tentar acertar um apoio mútuo, caso um deles seja desclassificado nas primeiras rodadas de votação. "Temos muito em comum entre África e Brasil."
Já a candidata da Indonésia, Mari Pangestu, rejeitou a tese de que essa seria a vez da América Latina ou da África em liderar a entidade, respeitando uma rotação entre as regiões. "O diretor deve ser escolhido pelo mérito."
Apesar das condições impostas pelo Brasil na Cúpula de Santiago, tem chamado a atenção na OMC a ausência da presidente Dilma Rousseff no apoio ao candidato brasileiro. No caso dos diversos concorrentes, foram os chefes de Estado que anunciaram as candidaturas e, em casos como na África, presidentes defenderam publicamente seus candidatos. O comunicado de imprensa em dezembro anunciando a candidatura de Azevedo não foi emitido pelo Planalto e, no Fórum Econômico de Davos, parte do Itamaraty deixou claro que não estava lá para trabalhar pelo candidato.

Ciencia Sem Fronteiras: mesmo? - Jornal da Ciencia

Inscrições para programa Ciência sem Fronteiras encerram nesta semana
Jornal da Ciencia, 29/01/2013

Estudantes brasileiros têm até quinta-feira (31) desta semana para se inscrever no Programa Ciência sem Fronteiras. Essa é uma oportunidade de cursar o doutorado pleno em uma universidade no exterior.

Segundo nota da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), os estudantes e pesquisadores participantes do programa realizam suas atividades de estudo nas melhores instituições disponíveis, prioritariamente entre as mais bem conceituadas para cada grande área do conhecimento, de acordo com os rankings internacionais disponíveis. A Capes acrescenta que essas instituições são caracterizadas pela excelência na produção científica e tecnológica e na formação de recursos humanos para o mercado de trabalho. A nota da Capes está disponível em http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/views/-/journal_content/56_INSTANCE_VF2v/214072/2877496.

Dentre os países destino destacam-se Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Espanha e França.

Além do MEC, o programa tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Para saber como se inscrever acesse o portal: www.cienciasemfronteiras.gov.br

(Jornal da Ciência)

Crescimento: ah, esse crescimento pífio... - The Economist

E essa inflação muito alta.
O gráfico montado pela Economist, abaixo reproduzido é interessante, pois mostra aos brasileiros a verdadeira extensão da mediocridade produzida pela economia política surrealista dos novos-velhos companheiros neo-neo-neo-cepalinos, ou velho-desenvolvimentistas, como vocês preferirem.
Eles passaram impunes pelas faculdades de economia, não aprenderam nada, sequer o receituario mais sofisticado do prebischianismo-furtadismo, duas correntes que primavam por certa afeição aos números, a despeito de sua adesão de princípio ao keynesianismo rústico que praticavam (ou seja, não o keynesianismo anticíclico, mas um keynesianismo desenvolvimentista, o que, para tempos normais,  é uma contradição nos termos).
Depois de tanto desprezar o tripé econômico -- metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário -- e de na prática sabotá-lo, como é que os companheiros vão explicar a falta do que esperava fosse acontecer: crescimento com inflação moderada?
O que eles tiveram foi crescimento pífio e inflação elevada, que ameaça escapar do controle.
Creio que devem estar um pouco desesperados no Palácio do Planalto.
Mas, estou certo que vão persistir nos mesmos erros.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil’s economy

Wrong numbers

More inflation, less growth

FOR Brazilians, disappointing economic news just keeps coming. After weak third-quarter GDP figures shocked market economists and government at the end of November, both cut their predictions for growth in 2012 to just 1%. Then the government admitted it would only hit its closely watched target for the primary fiscal surplus—of 3.1% of GDP—by omitting some infrastructure spending from the sums, bringing forward dividends from state-owned firms and raiding the sovereign wealth-fund it set up in 2008. Now inflation figures have brought more gloom. During 2012 prices rose by 5.84%—above market expectations, and, for the third year running, close to the ceiling of the range (2.5-6.5%) targeted by the Central Bank.

In fact, the headline figure underestimates inflationary pressures. If the federal government had not capped petrol prices, and municipalities frozen public-transport fares before October’s local elections, last year’s figure would have been closer to 6.5%. In 2013 both those prices are likely to rise. The end of a sales-tax holiday for cars will boost inflation, too. Most analysts now think that inflation will be around 6% this year. Week by week, they are revising down their forecasts for economic growth in 2013, now at about 3%.
The government’s response to the bad news stoked fears that Brazil may be in for a long spell of high inflation and low growth. Stung by criticism, Dilma Rousseff, the president, pointed out that Brazil is still growing faster than Europe. That is true, but hardly a very illustrious comparison: most other emerging economies, including in Latin America, are doing far better.
The fudging of the fiscal target disappointed, but did not surprise. In 2010 it was only met by a complicated bond swap between the treasury and Petrobras, the state-controlled oil company, which magically added 0.9% of GDP to the surplus. Brazil could probably run a lower primary surplus without risking its hard-won reputation for fiscal sobriety. But changing the target would be a better way to do so than resorting to creative accounting.
More worrying are plans to weaken the Fiscal Responsibility Law of 2000, which completed the job of cleaning up the mess left behind by decades of high inflation. If Congress agrees, as seems likely, the federal government will be able to cut taxes without having to say, as now, how it will make up the revenue shortfall.
This suggests that with a presidential election due in 2014, officials will do whatever it takes to meet their forecast of 4% growth this year. Further stimulus may come partly in the form of yet more giveaway credits from state banks. But policy is already very loose. The Central Bank’s benchmark interest rate is less than 1.5% in real terms. Any further stimulus is more likely to push up inflation than growth, thinks Carlos Langoni, a former Central Bank governor. “The problem is structural: lack of competitiveness,” he says.
The government has tried to tackle that, but with piecemeal measures. It is cutting payroll taxes. But despite slower growth, unemployment in the six biggest cities is just 4.9%. Employers have hung on to excess workers, partly because firing them is expensive. The tight jobs market has meant that the tax cuts have fed through into higher wages, rather than lower costs for businesses, says Ilan Goldfajn of Itaú BBA, an investment bank. Without faster growth, such hoarding of labour cannot last indefinitely.
The most likely source of business optimism is a successful round of infrastructure auctions, planned for later this year. That would show that the government is serious about tackling bottlenecks—and not too wedded to its statist ways to offer investors an attractive rate of return.
Even so, 2013 looks like uphill going. A further complication is that a drought last year is threatening electricity generation at Brazil’s big hydropower plants. Gas- and oil-fired plants, normally switched on only in the dry season, are running at full tilt. The last time reservoirs fell this low, in 2000, electricity rationing ensued.
Rain might yet come to the rescue. But if it doesn’t? The government is pushing ahead with big cuts in electricity tariffs, promised last year even as the reservoirs were receding. Lower energy prices are a big part of its plans to improve industrial competitiveness, and are politically popular. But ploughing on may be costly too. Gas is much pricier than hydropower (partly because the government has discouraged the private sector from looking for it). If it cuts tariffs, the government will have to pay the difference. And by stimulating demand, cheaper electricity will bring the risk of rationing a bit closer. Ms Rousseff is not an overtly religious person. But she may be praying for rain.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Livre comercio: enquanto isso, do outro lado do continente...

Enquanto Brasil e Argentina (mais Venezuela, Bolívia e Equador) fecham as portas ao comércio internacional e à globalização, países mais inteligentes preferem a liberalização comercial...
(enfim, dizer países é apenas uma maneira elegante de não chamar ninguém em particular de pouco inteligente...).
Paulo Roberto de Almeida

Colombia, Chile, Peru, Mexico to eliminate trade barriers

pacto
Colombia, Chile, Peru, and Mexico will eliminate 90% of all trade barriers between their respected countries, said Colombian president Juan Manuel Santos on Monday.
The agreement marks a new era of relations between the constituent countries of the Pacific Alliance, a trade bloc which serves to increase competitiveness in international commerce. Besides improving competitiveness, the Pacific Alliance was created to offset the Mercosur group, which includes Brazil and Argentina. The alliance has a combined GDP of $1.7 trillion dollars, which is equal to 35 percent of Latin America’s GDP.
"Not only did we reaffirm our willingness to accelerate the process of integration between our countries and announce concrete measures to that end, but we also set out some very precise targets in terms of involving other countries," said Colombia president Juan Manuel Santos. Japan and Guatemala will be included in the Alliance as observers.
"The remaining 10% will have a timetable in which to achieve the goal of 100% free trade," Chilean president Sebastian Piñera said.
The Pacific Alliance's marked progress was augmented by the expansion of the integrated stock exchange, created in May of 2011 and known as the Integrated Latin American Market. The exchange is comprised of the Lima, Santiago, and Bogota stock markets.
The announcement came at the conclusion of the CELAC-EU Summit where heads of state from Latin America and Europe convened to discuss geopolitics and economic issues related to the two regions. In May, Santos will take on the body's rotating presidency when the group meets in Cali.
"As we have said, we see the Alliance, for its characteristics, as the most important integration process that has happened in Latin America," said the Colombian head of state.

A destruição das instituições pelo PT - Mailson da Nóbrega

O que o ex-ministro da Fazenda diz sobre a área fiscal se aplica um pouco a todas as demais instituições, especialmente as de caráter Politico.
Paulo Roberto de Almeida

Destruir é Facil
Maílson da Nóbrega
Veja - 28/01/2013

Os governos do PT têm promovido o desmonte sistemático das instituições fiscais duramente construídas nos anos 1980. [O mesmo ocorre] também com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) de 2000. O processo se acentuou recentemente com o falseamento de resultados orçamentários e o uso de contabilidade criativa para fazer crer que foram cumpridas as metas de superávit primário. Caíram muito a transparência e a credibilidade das estatísticas fiscais.

A construção dessas instituições começou na crise da dívida externa da década de 80. O Brasil, como quase todos os países latino-americanos, firmou acordos com o FMI visando a assegurar um fiuxo mínimo de financiamento externo e a restaurar a confiança na sua economia. Esses acordos previam metas fiscais e a prestação de informações, tal como agora ocorre no apoio do Fundo a países europeus. Foi então que se percebeu o atraso institucional das finanças públicas brasileiras, que dificultava a geração de estatísticas e estimativas. O governo nem conhecia a si mesmo nem era controlado pela sociedade.

Entre 1983 e 1984, mais de 100 técnicos da Fazenda, do Planejamento, do Banco Central e do Banco do Brasil realizaram amplo diagnóstico da situação e propuseram medidas modernizadoras. O leitor pode não acreditar, mas quem executava o Orçamento da União era um departamento do BB e quem geria a dívida pública federal era um departamento do BC. O Tesouro não passava de uma entidade virtual. E o BC supria o BB de recursos por meio da famigerada “conta movimento”, de forma ilimitada. Nada disso transitava pelo Congresso. O BC atuava como banco de fomento e possuía equipes de análise de investimentos privados.

Todo esse quadro mudou entre 1986 e 1988. Foram extintas a “conta movimento” e as atividades de fomento do BC. Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, com funções que antes cabiam ao BB e ao BC. A expansão da dívida pública passou a ser autorizada pelo Congresso. Na sequência veio a LRF, cuja qualidade foi reconhecida por organizações internacionais e que teve papel relevante na execução e na credibilidade da gestão macroeconômica.

O PT sempre se insurgiu contra essa evolução institucional. Alguns de seus líderes, hoje preeminentes, fizeram campanha contra as mudanças dos anos 1980. O partido tentou derrubar no Judiciário a LRF. Talvez por causa disso membros do governo acham hoje natural propor uma injustificável mudança na lei, permitindo, assim, a concessão indiscriminada de desonerações tributárias. Ou, na mesma linha, deduzir certos itens da despesa para fazer de conta que as metas foram cumpridas.

A ideia dessa dedução nasceu no FMI, motivada pelas dificuldades políticas para efetuar a diminuição de gastos em programas apoiados pelo Fundo. Os cortes penalizavam excessivamente os investimentos, menos sujeitos a resistências. Isso reduzia o potencial de crescimento econômico e dificultava adicionalmente os ajustes. O FMI decidiu, então, fazer uma experiência. Certos investimentos seriam escolhidos de comum acordo com o país. os quais eram monitorados pelo Banco Mundial. Se fossem realizados, poderiam ser descontados do cálculo do superávit primário.

Tratava-se, pois, de outro contexto. A escolha dos investimentos era criteriosa. Agora não. Agora, a ideia foi desmoralizada. Em vez de um "projeto piloto de investimentos”, de caráter experimental, o governo inclui itens a seu talante. Além disso, o PT recorreu a expedientes que na prática restabelecem a “conta movimento”, nesse instante com o BNDES. Manobras de setembro de 2010 permitiram contabilizar, como receita instantânea, parte da venda de 5 bilhões de barris de petróleo à Petrobras, no valor de 31,9 bilhões de reais, que não se sabe onde estão nem quando e se serão extraídos.

Salvo no caso dos subsídios concedidos via BNDES a empresas escolhidas, cujo valor permanece oculto, as demais manobras têm cobertura legal, reconheça-se. O Executivo vem conseguindo inscrever, na legislação, as deduções, apoiado por um Congresso que renuncia às suas prerrogativas, tornando-se, lamentavelmente, cúmplice dessa destruição das instituições fiscais. Mais uma vez, fica provado o óbvio: destruir é mais fácil do que construir.

A Journey Inside the Whale (just beginning...) - Florida

Apenas começando um périplo profissional-turístico-acadêmico no maior país do planeta (não em tamanho, ou população, mas em densidade de oportunidades, todas abertas ao engenho e arte dos mais talentosos, e também dos mais preguiçosos, enfim, total liberdade...).
Iniciamos, Carmen Lícia e eu, nosso périplo "estado-unidense" (com diriam os companheiros) pela Flórida, esperando que ela fosse, não exatamente quente, neste inverno, mas pelo menos tépida. Qual o quê, pegamos frio até em Key West, na volta do quê fiz esta foto de Carmen Lícia em Isla Morada, perto de Key Largo, onde paramos para comprar lembranças e coisas úteis para a nova casa, em Hartford.

Depois viemos subindo, com o frio pela frente, até chegarmos na gélida Hartford, passando por Washington e Filadélfia.
Comparando EUA e Europa, onde já vivemos muitas vezes e muito tempo, digamos que os americanos sejam mais práticos e mais rápidos e eficientes, em quase tudo, sobrando para os europeus algum charme dessas velhas coisas culturais que também cultivamos.
Retornarei, sob essa mesma rubrica da jornada por dentro da baleia, uma baleia simpática, confortável, barata e atraente...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 28/01/2013

Mercosul?? Ah, o mercosul..., esse pobre coitado... - Rubens Barbosa

Por causa da Argentina, por um lado, e por causa do Brasil, por outro. Um tango meio sem graça, aliás totalmente insosso, cansativo, aborrecido, de matar de tédio, ou então morrer de raiva...
Esses hermanos são do balacobaco, e os irmãos daqui, então, já nem sei o que são.
Paulo Roberto de Almeida
 
MercoPress, Thursday, January 24th 2013 - 01:14 UTC

Brazilian industry claims Mercosur is ‘paralyzed’ and blasts Argentina’s ‘illegal barriers’ on trade

Brazil’s powerful manufacturers’ lobby openly criticized the “illegal barriers” imposed by the government of President Cristina Fernandez on Brazilian produce, and also lashed at President Dilma Rousseff for her administration’s “permissive attitude” towards Buenos Aires, a position that has “paralyzed Mercosur”.
Former ambassador Barbosa criticized Brazilian diplomacy “strategic patience” with Argentina  
 
 
 “Argentina continues to impose illegal barriers to trade with its Mercosur partners”, claimed the head of Sao Paulo Federation of Industries (FIESP) Foreign Trade Council, Rubens Barbosa.  The former Brazilian ambassador in Washington also made the criticism extensive to President Rousseff for her administration’s “permissive attitude towards Buenos Aires” in what he described as a “strategic patience” from Brasilia to avoid diplomatic tensions with a very important trade partner.
 In an article under the heading of “The state of the world 2013” the FIESP top official besides retaking the repeated questionings of the Argentine government position regarding foreign trade, including with its Mercosur partners, again underlines the difficulties and ‘illegal barriers’ faced by Brazilian businesspeople.
 Barbosa insists that Mercosur remains ‘paralyzed’ and has shown no advances towards and understanding on trade liberalization and the opening of the Argentine market for Brazilian produce.
 Next March Cristina Fernandez and Dilma Rousseff are scheduled to hold their next bilateral meetings, this time in the Patagonian city of El Calafate where the Argentine leader has her summer home.
 Argentina and Brazil hold top level meetings twice a year to address bilateral issues such as trade, investments and regional politics.
 Argentine ambassador in Brasilia Luis Maria Kreckler said that a preparatory meeting will be held at the end of February with an ‘open agenda’, which will be followed by the summit, ‘most probably March 4 in El Calafate, Santa Cruz province. The last bilateral top level meeting took place in Brasilia last December.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Davos: presidente-empresario do Panama critica liderancas da America Latina (inclusive Brasil)

Martinelli: ‘O Brasil está olhando para dentro, em vez de para fora’

  • Para o presidente do Panamá, país ‘se vende mal’ no exterior
Deborah Berlinck (Email · Facebook · Twitter)
O Globo,

Ricardo Martinelli: política precisa de mais homens de negócios
Foto: Brendan Hoffman/Bloomberg
Ricardo Martinelli: política precisa de mais homens de negócios Brendan Hoffman/Bloomberg
DAVOS – Ele é magnata de rede de supermercados. Comprou muitos produtos brasileiros e, como muitos empresários envolvidos em negócios com o Brasil, conta que teve experiência traumática nos aeroportos do país. Mas é hoje com a autoridade de líder da economia que mais cresce na América Latina (12%) que o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, um descendente de italiano de 62 anos que fez fortuna no setor da grande distribuição, diz ao GLOBO: o Brasil se vende mal. “Vocês fracassariam vendendo Cola-cola no deserto”, provoca. O grande erro brasileiro que explica o baixo crescimento, segundo ele: o país está se voltando para dentro quando deveria estar olhando para fora. Num debate nesta quarta-feira sobre América Latina, ele disse que não contrataria nenhum dos líderes do continente “nem para comandar uma usina de refrigerantes”.
O Panama é o país que mais cresce na América Latina. Qual o segredo de 12% ao ano?
MARTINELLI – O Panama é um país muito aberto. Aproveitamos ao máximo nossa posição geográfica. É por isso que temos o maior aeroporto na América Latina, com voos para oito cidades no Brasil. Em bases competitivas, é o sexto melhor conectado do mundo. Estamos em 4º lugar no mundo no setor de portos. Isso permite convergência de pessoas e nos permite atrair muitas multinacionais. Os impostos são baixos, legalizamos todos os imigrantes ilegais, reduzimos todas as tarifas de comércio e simplificamos a burocracia.
Quanto tempo demora para abrir uma empresa no Panamá?
Vinte e quatro horas. Pode abrir por internet. Temos ainda um país com pleno emprego, baixa inflação e baixos índices de criminalidade. O governo está investindo pesado em infra-estrutura: aeroportos, metrô, estradas, linhas de ônibus. Além disso, temos o título de grau de investimento (dados pelas agências de avaliação de risco para os países com baixo risco de inadimplência) e baixo déficit do orçamento. Os brasileiros, quando chegam no aeroporto do Panamá, compram tudo! Comparado com o Brasil, tudo é tão mais barato.
Mas a fórmula para um país de 3,5 milhões de pessoas como o seu serve para um país de 190 milhões de pessoas que é a sexta maior economia do mundo como o Brasil?
Claro! Os problemas que os governos têm são os mesmos. Se você tem uma economia aberta, sem impostos, obstáculos, sem muita burocracia e sem xenofobia em relação a investimentos estrangeiro, e ao mesmo tempo um governo pro-ativo, que não está fiscalizando o que as pessoas fazem, sem intervenção. O melhor governo é o que lidera.
É um conselho para a presidente Dilma Rousseff?
Meu conselho é: mais homens de negócio na política. Para tentar mudar a política de dentro, como eu.
Dilma não é empresária. Está no lugar errado?
Não disse isso... não me cause problemas (risos). O que quero dizer é que empresários se queixam muito. São eles que pagam impostos e vêem para encontros como este (Davos) para promover um país. Ao mesmo tempo não querem se envolver com o governo. Meu conselho é que se envolvam, assumindo o comando ou aceitem convite para participar do governo. Precisamos das melhores pessoas para comandar um governo.
E quem vai comandar as empresas, se os melhores empresários pularem para a política?
Eu tenho meus filhos, que são muito qualificados. Mas pode-se sempre pagar um bom executivo-chefe.
O senhor é parte do conselho de administração de várias empresas no Panamá. Não é um choque de interesses?
Eu abri mão de todas estas posições. E coloquei minhas ações num "trust", para não tenha mais nada a ver com elas. Não vendo um centavo para o governo e tento me envolver em negócios que têm a ver com o governo.
Por que o Brasil está crescendo tão pouco?
As empresas brasileiros não estou olhando para fora. Só estão olhando para dentro. Eu comprava muitos produtos do Brasil para a minha rede de supermercados: muita comida, brinquedos, ferragens. E ia muito ao Brasil para feiras de comércio. As empresas brasileiras estão muito mais interessadas em vender para o mercado local do que no estrangeiro. Continuamos comprando produtos brasileiros. Mas um país nunca vai se desenvolver, se você não olhar para fora.
Mesmo tendo um mercado de 200 milhões de pessoas, como o Brasil?
Vocês têm um mercado de 200 milhões de pessoas. Fora são 7 bilhões. Diga-me o que prefere: 200 bilhões ou 7 bilhões ? O Brasil é um poço de energia, mas suas empresas não estão fora. Quantos hotéis brasileiros você conhece no exterior? Onde está o Itaú no exterior? E o Bradesco? O Brasil precisa ir para fora. Tem todas as vantagens para isso. Por exemplo: as ex-colônias da África que falam português, ou América do Sul. Vocês têm um mundo para conquistar. Mas o problema é que brasileiros não querem olhar para fora de suas fronteiras. É por isso que quando veem ao Panamá, compram tudo. No aeroporto do Panamá, se você não falar "portunhol" (mistura de português com espanhol) ou português, você está morto !
Que tipo de produtos os brasileiros compram?
Tudo! Todo tipo. Porque tudo é tão caro no Brasil. Abram! Vocês estão olhando para dentro, em vez de olhar para fora.
O senhor acha que o Brasil vai retormar altas taxas de crescimento?
Se vocês não olharem para fora, não vão crescer o quanto deveriam. Enquanto persistirem em olhar só para o mercado externo, vão crescer menos, menos e menos. Porque há um limite para o número de produtos que você pode vender localmente. Por exemplo: o avião do governo do Panamá (presidencial) é um Embraer. A Copa Airlines (empresa panamenha) tem uns 12. É um ótimo avião, mas não muita gente está comprando. Os brasileiros não se vendem! Vocês são ótimos promotores do carnaval no Rio de Janeiro. Mas não são bons promotores dos produtos brasileiros no exterior. Eu vim a Davos num avião da Embraer. Excelente avião. Eu adoro. E sabe por que? Porque eu conheço e uso. Mas ninguém aqui conhece. Ninguém viu. Ninguém usou. Mas no aeroporto aqui, olha para o lado e não vê Embraer. Por que? Porque vocês não se vendem! Vocês são tão bons. Mas são os piores vendedores. Brasileiros fracassariam vendendo Coca-cola no deserto!
Planejam comprar mais aviões da Embraer?
Claro! Têm bom preço e são ótimos aviões.
Vocês investiram muito em infraestrutura. O Brasil terá dois grandes eventos – Copa do Mundo e Olimpíadas. Há tempo para construir infraestrutura?
Acho que estão fazendo, mas entendo que tem um problema num dos estados com população indígena. Mas o Brasil tem a capacidade, os recursos e uma grande equipe, no futebol e em outras áreas. O que está faltando é uma boa infraestrutura nos aeroportos. Como vocês planejam trazer tanta gente? Passar por Guarulhos, em São Paulo, é uma experiência horrível! Eu conheço o seu país de uma ponta à outra. Brasil precisa se abrir e construir aeroportos. Vocês têm o maior potencial: muitos minerais, um governo sólido, recursos externos. Mas enquanto continuarem olhando para dentro...
O senhor disse que não contrataria nenhum líder latinoamericano de hoje para comandar um país. Por que?
O que quis dizer é que mais empresários precisam entrar no governo. Para trazer mais o sabor de negócios na política.
O sucessor de Dilma Rousseff deveria ser empresário?
Isso depende do eleitorado brasileiro.
A revista britânica The Economist disse o que fere o investimento no Panamá é a corrupção. Como lidar como isso?
Isso foi exagerado. Eu sempre digo a quem acha que tem corrupção: apresentem uma queixa formal. Quando você tem um país crescendo ao ritmo de 12%, com muita contratação de trabalhos públicos, há sempre erros. Mas chamar isso de corrupção ou de elevar demasiadamente os preços, é outra coisa.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/martinelli-brasil-esta-olhando-para-dentro-em-vez-de-para-fora-7382442#ixzz2JEiS8RhY
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domingo, 27 de janeiro de 2013

Confucio: nova traducao dos Analetos por Giorgio Sinedino

Foi meu ex-orientando no Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco. Passou anos, na Embaixada em Beijing, estudando chines. Recomendo, portanto.
Paulo Roberto de Almeida

O Pensador da China
Gilberto Scofield
O Globo, Magazine Literario, sábado, 12/01/2013

Edição comentada da principal obra do filósofo, ‘Os analectos’, é caminho para se compreender as contradições do país hoje.

A emergência econômica da China nas últimas décadas tirou o pensamento do filósofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) das compilações de frases feitas com propósitos de autoajuda e o inseriu na arena de debates intelectuais ocidentais sérios. Afinal, trata-se de um dos mais importantes filósofos do país, um sábio em torno do qual foi criada uma escola de pensamento que diz muito sobre o que é a China hoje. Quer entender porque a China avança tanto nos rankings das maiores economias do planeta quanto nas listas de países onde os abusos trabalhistas são uma constrangedora rotina? Mergulhe em Confúcio.
Até agora, tudo o que se publicou no Brasil a respeito de Confúcio são coletâneas de frases pinçadas de sua principal obra, “Os analectos” (ou mesmo traduções para o português de edições publicadas em outras línguas), o que resulta em um livro bastante sem sentido para qualquer um que busque entender o confucionismo sem pistas sobre a China de 2,5 mil anos atrás. Mas essa falha foi corrigida em alto estilo com a publicação, pela editora Unesp em parceria com o Instituto Confúcio, de “Os analectos” numa edição comentada e traduzida para o português diretamente do chinês pelo diplomata Giorgio Sinedino, que há sete anos dedica-se a estudar tanto a língua quanto a obra.
Contexto feudal
O esforço da Unesp resultou numa vigorosa obra — são 608 páginas — que faz juz ao desafio que é destrinchar o pensamento confucionista, um exercício ao qual se debruçam os chineses até hoje. Lá, “Os analectos” são publicados em edições comentadas, sendo a mais importante e influente delas a do também filósofo Zhu Xi (1130 a 1200 d.C.), justamente a usada por Sinedino como base para a tradução do livro editado pela Unesp. As dificuldades foram grandes, como o chinês arcaico dos textos, extremamente sintético. Como estudioso da cultura chinesa, o diplomata teve que contextualizar o pensamento chinês diante da realidade feudal da época em que o confucionismo começou a tomar forma. A tarefa levou três anos de pesquisa e um ano de tradução propriamente dita.
— A maior dificuldade na tradução de um texto em chinês arcaico está em administrar diferenças sintáticas com o português. Além disso, por ser uma língua muito sintética, o chinês arcaico deixa subentendidas coisas que para um estrangeiro teriam de ser comunicadas. Sendo assim, as traduções em geral têm que complementar o original com uma série de informações omitidas no original e aí está uma fonte de erros e manipulações do texto. Eu traduzi as citações literalmente, mostrando ao leitor aquilo que acrescentei por meio de colchetes. Esses acréscimos nada mais são do que ajustes sintáticos e semânticos, para que o texto não fique incompreensível em português. Nos comentários eu apresento aquilo que possivelmente ficou suprimido no texto principal e debato as diversas interpretações das passagens — diz Sinedino.
Só quem alguma vez teve contato com a língua chinesa pode dimensionar o grau de complexidade da tarefa. O chinês clássico do pensamento confucionista, do século IV a.C., é “radicalmente telegráfico e sintético, com muitas janelas de interpretação e dubiedades”, nas palavras do próprio Sinedino. O chinês dos comentários de Zhu Xi, por sua vez, é do século XI, conhecido como vernacular antigo. Entre este e o chinês moderno correm dez séculos de civilização.
— O papel dos comentários está em restringir as diversas leituras possíveis do original a um tipo particular de interpretação, no caso, a de Zhu Xi, que se tornou o comentário padrão de “Os analectos”. O comentário de Zhu foi o texto base para exames de acesso à carreira burocrática na China do século XIII até o começo do século XX. Hoje em dia é a interpretação padrão das ideias confucianas. Como há muitos manuscritos com pequenas divergências, adotei a edição consolidada e revista da conceituada editora Zhonghua Shuju, de 1982. Esse volume é a edição padrão usada para pesquisas confucianas nas pós-graduações chinesas, sendo também referência mundial — afirma o diplomata.
Editor-executivo da Editora Unesp, Jézio Hernane Bonfim Gutierre explica que a publicação faz parte da parceria entre a universidade paulista e o Instituto Confúcio, que busca traduzir diretamente do chinês para o português livros fundamentais da cultura chinesa.
— Gerações inteiras até hoje são influenciadas pelo pensamento confucionista, de modo que achamos fundamental apresentar esse livro devidamente comentado, como fazem os chineses. Acreditamos que a compreensão da obra extrapola a questão filosófica pura e simples. Para quem quer entender hoje a lógica do pensamento do governo comunista, e seus apelos sobre sociedade harmoniosa, não pode ignorar a lógica confucionista.
O pensamento confucionista nasceu quando a China era uma fração do gigante atual, um apanhado de reinos conhecido como Período da Primavera e Outono (770-476 a.C.). O sistema feudal já contava com uma estrutura de governo que buscava uma lógica administrativa infalível. Acreditava-se que o reino mais bem administrado seria, necessariamente, o mais poderoso.
Assim como na história da filosofia grega, o que existe até hoje do pensamento confucionista são interpretações e comentários de discípulos de Confúcio que foram transmitindo o pensamento do mestre por gerações. O próprio Confúcio fazia questão de dizer que sua sabedoria vinha de uma tradição anterior, revelando uma importante característica dos pensadores chineses, explicada no livro: os filósofos se definem apenas como divulgadores de tradições, não como criadores de pensamento propriamente dito.
Ensinamentos morais
Zhu Xi foi um dos mais importantes estudiosos do confucionismo, que ele sistematizou como corrente de pensamento em quatro livros de interpretações: “O grande aprendizado”, “Os analectos”, “Mêncio” e “A doutrina do meio”, considerados a leitura imprescindível para quem quisesse tornar-se um sábio preparado para governar. O conjunto de ensinamentos morais de “Os analectos” — impregnados de conceitos como a virtude de se praticar o bem, o respeito às hierarquias e à família, a submissão resignada dos populares e das mulheres, a predestinação, entre outros conceitos — é ensinado nos bancos escolares e universitários, transmitidos pelas famílias por meio de ditados populares, adaptado em livros para executivos associados a técnicas de gerência e administração e amplamente manipulado pelo governo de Pequim para tentar doutrinar a população chinesa. Presta-se a vários fins e faz parte do sistema cultural do país. A explicação é do próprio Sinedino:
“Se compararmos as escolas de pensamento gregas com as escolas chinesas, veremos que há uma importância menor do pensamento e da criatividade individuais no lado chinês. O pensamento na China é mais uma circunstância do convívio e da luta pelo reconhecimento da sociedade por uma escola de pensamento. Portanto, quando falamos em Confúcio devemos ter em mente não apenas o trabalho intelectual realizado pelos discípulos, mas também todo o trabalho político de busca de patrocínio político para a escola. Isso é regra para qualquer pensamento na China. Temos que ver o confucionismo não exclusivamente como obra de Confúcio, mas como um complexo de relações entre pensamento, o tipo de trabalho político que foi realizado com base nesse pensamento e o tipo de recepção que tal trabalho recebeu das elites e do governo”.

Criminosos nazistas impunes na America do Sul - Der Spiegel

Governo brasileiro acobertou nazistas para evitar julgamento de crimes da ditadura
Felix Bohr
Der Spiegel
(FSP, 27/01/2013)

Na Segunda Guerra Mundial, dezenas de criminosos nazistas foram se esconder na América do Sul. Um novo estudo revela como uma "coalizão relutante" dos dois lados do Atlântico conseguiu por décadas atrapalhar os esforços para caçar e levar à justiça esses criminosos.

Foi preciso apenas um número trocado -1974 em vez de 1947- para Gustav Wagner ter permissão para permanecer no Brasil. Foi um mero lapso do homem que traduziu o documento do alemão para o português que levou a Suprema Corte do Brasil a negar o pedido da Alemanha Ocidental para extraditar o antigo oficial da SS. E ainda assim, Wagner era acusado de cumplicidade no assassinato de 152 mil judeus no campo de exterminação Sobibor, na Polônia ocupada pelos alemães.

Josef Mengele, o notório médico do campo de concentração de Auschwitz, também se beneficiou de erros e atrasos porque os policiais franceses da Interpol, a força policial internacional com sede em Paris, recusou-se a conduzir buscas internacionais de criminosos de guerra nazistas. Já no caso do coronel da SS Walther Rauff, que ajudou a desenvolver as câmaras de gás portáteis usadas para matar judeus, foi um membro do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha que sabotou o pedido de extradição de seu próprio governo para o Chile por 14 meses.
Como resultado dessas falhas, esses três brutamontes nazistas nunca foram julgados pelas cortes alemãs depois da guerra. Wagner, a "besta" de Sobibor, morreu em São Paulo; Mengele afogou-se no Brasil e Rauff morreu de ataque cardíaco no Chile. Das centenas de oficiais nazistas e assassinos em massa que fugiram para a América do Sul após a rendição da Alemanha nazista, apenas meia dúzia deles jamais foram julgados.

Como tantos criminosos conseguiram sair sem punição, apesar de serem claramente culpados? Esta é uma questão que deixa os acadêmicos abismados até hoje. Seria pela falta de cooperação das autoridades da Alemanha Ocidental? A falta de interesse por parte dos regimes da América do Sul? Havia laços secretos e colaboração entre nazistas dos dois lados do Atlântico?

O historiador Daniel Stahl conduziu uma pesquisa nos arquivos europeus e sul-americanos para escrever seu novo livro, chamado "Nazi Hunt: South America's Dictatorships and the Avenging of Nazi Crimes" (em tradução livre: "Caça aos nazistas: as ditaduras sul-americanas e a compensação pelos crimes de guerra"). O trabalho oferece uma resposta certeira e terrível ao que há muito se suspeita: que havia uma ampla coalizão de pessoas –nos diferentes continentes, na justiça, nos corpos policiais e governos- que não se dispunham a agir ou até prejudicavam a perseguição dos criminosos nazistas por décadas.

Embargado por antigos nazistas

Stahl acredita que os motivos que levaram cada um a participar do que ele chama de "coalizão relutante" variou muito. Os diplomatas da Alemanha Ocidental sabotavam a caça aos nazistas por solidariedade. Já os investigadores franceses temiam que uma cooperação pudesse expor seus próprios passados como colaboradores nazistas. E os ditadores da América do Sul se recusavam a extraditar antigos nazistas por preocupação que os julgamentos de criminosos de guerra pudesse chamar atenção internacional aos crimes que seus próprios governos estavam cometendo na época.

Não era difícil para essa coalizão torpedear a caça aos nazistas. Inúmeros agentes –na polícia, na justiça, no governo- tinham que trabalhar juntos para organizar e realizar os julgamentos por crime. De fato, um pequeno erro ou uma irregularidade processual menor era suficiente para atrapalhar a prisão dos criminosos.

Stahl não deixa dúvidas que o judiciário da Alemanha Ocidental foi especialmente culpado de sérios lapsos. Suas descobertas confirmam que a instituição foi negligente em sua capacidade de processar os assassinos nazistas por décadas.

Walther Rauff, por exemplo, viajou entre a América do Sul e Alemanha depois da guerra como representante de várias empresas e nunca encontrou dificuldades, porque seu nome não aparecia em nenhuma das listas de criminosos procurados. Apenas em 1961, os promotores públicos da cidade de Hanover, no norte da Alemanha, emitiram um mandado para a prisão de Rauff por quase 100 mil acusações de assassinato.

Encontrar o endereço de Rauff no Chile não foi problema, e o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha instruiu o embaixador Hans Strack, em Santiago, a solicitar a extradição do criminoso nazista. Mas Strack, que também tinha trabalhado no Ministério de Relações Exteriores antes de 1945, ignorou as instruções do ministério em Bonn e permitiu que o caso se arrastasse por 14 meses.

Apenas quando os membros da justiça em Hanover notificaram os colegas federais que estavam "extremamente desconcertados" com o fato de a embaixada estar tratando o caso "com tanta hesitação" que o governo disciplinou o embaixador recalcitrante. Strack, conhecido oponente das reparações pelos crimes da Alemanha nazista, finalmente pediu a extradição de Rauff, que levou à sua prisão no final de 1962.

Mas então, era tarde demais para punir Rauff, porque o homicídio prescrevia na maior parte dos países sul-americanos na época. A Suprema Corte do Chile negou o pedido da Alemanha para extraditar o ex-coronel da SS. Apesar dos protestos internacionais, Rauff continuou vivendo como homem livre no Chile por décadas.

Em outros casos, uma falta de cooperação da Interpol prejudicou a busca de nazistas. Stahl recuperou um documento particularmente revelador, as minutas de um encontro do comitê executivo da Interpol de maio de 1962. Pouco tempo antes, o Congresso Judeu Mundial tinha pedido à Interpol que participasse da busca mundial por criminosos nazistas. O então secretário-geral da Interpol, Marcel Sicot, respondeu com revolta. Por que os criminosos de guerra devem ser julgados, teria dito o francês segundo as minutas, "quando o vitorioso sempre impõe suas leis, de qualquer forma? Nenhuma entidade internacional define o termo ‘criminoso de guerra’". De fato, Sicot via a perseguição criminal de crimes nazistas como "a justiça do vitorioso".

Em 1960, houve rumores que Josef Mengele, o médico do campo de concentração conhecido como "Anjo da Morte", estava escondido no Brasil ou no Chile. O Ministro da Justiça Alemão aconselhou o Escritório da Polícia Criminal Federal a conduzir uma caçada –mas sem envolver a Interpol. As autoridades em Bonn aparentemente estavam tentando evitar incomodar os investigadores internacionais com o caso, mas o esconderijo de Mengele nunca foi encontrado.

Stahl atribuiu o fracasso da Interpol em prender nazistas e seus colaboradores ao passado de muitos policiais franceses. "Como homens do regime de Vichy, (eles) colaboraram com os nazistas até 1944", escreve Stahl. "Eles se opunham ao julgamento de crimes nazistas".

Stahl também observa que um dos principais obstáculos para a caçada de criminosos nazistas de fato era que os ditadores sul-americanos queriam cobrir seus próprios crimes. No dia 22 de junho e 1979, o embaixador alemão em Brasília escreveu que a extradição de alguém que tinha cometido crimes de guerra quase 40 anos antes ia "reforçar os pedidos dos que insistem que todos os crimes devem ser julgados, inclusive os cometidos pelos militares e policiais". Um pouco antes, o governo do então chanceler Helmut Schmidt tinha pedido a extradição de Wagner, subcomandante de Sobibor, um pedido que os juízes da Suprema Corte do Brasil negaram.

Na Alemanha, uma nova geração tinha entrado na burocracia do governo –e não tinha medo de usar meios não convencionais para colocar os criminosos nazistas atrás das grades. Em 1982, a Promotoria Pública de Munique iniciou procedimentos para pedir a extradição de Klaus Barbie, ex-diretor da Gestapo em Lyon, França. Temendo que Barbie pudesse ser absolvido na Alemanha por falta de evidências, os funcionários do Ministério da Justiça pediram aos seus colegas das Relações Exteriores que sugerissem aos aliados franceses que "eles também deveriam pedir a deportação de Barbie, especificamente da Bolívia para a França".

Quando Paris concordou, o Ministério de Relações Exteriores instruiu a embaixada alemã em La Paz, capital da Bolívia, que "encorajasse tal procedimento com os meios apropriados".

No início de 1983, Barbie foi deportado para a França. O famoso "Açougueiro de Lyon" morreu em um hospital naquela cidade em 1991.

Traduzido do alemão por Christoph Sultan.

From Davos to... what, exactly?


The world economy
Semi-rational exuberance
The world economy is improving. But not as much as some investors seem to think
A VIRUS is spreading through financial markets—and it isn’t the flu. Investors around the world have been struck by a bout of optimism. As stockmarkets from New York to Tokyo hit multi-year highs, the VIX, a gauge of investors’ fear, fell to its lowest since 2007.

Mario, The Superhero - Business Week

The Stitch-Up Artist
Business Week
January 27, 2013

Experts were skeptical last summer when Mario Draghi gave the speech that saved Europe. Draghi, the president of the European Central Bank, told a London audience that the ECB would do “whatever it takes” to save the euro. At the time, the bespectacled, 64-year-old central banker had nothing to back up his promise. Economists quickly noticed his bravado was out of the fake-it-’til-you-make-it school. “Draghi is damned if he does and damned if he doesn’t,” Carsten Brzeski, senior economist at ING Group (ING) in Brussels, told Bloomberg News. “He maneuvered himself into an extremely difficult situation. Expectations are very high.”
Against long odds, Draghi’s bluff worked. Bond markets rallied on the belief that the ECB would deliver on its promise. The market’s surge fed on itself, adding to Draghi’s credibility. Then he recruited German Chancellor Angela Merkel to his side, splitting her off from Jens Weidmann, the hawkish head of Germany’s central bank, the Deutsche Bundesbank. On Sept. 6, the ECB Governing Council put money where Draghi’s mouth was, committing to buy unlimited quantities of sovereign debt if the issuing nations agreed to strict conditions aimed at getting their finances back in order. (Only Weidmann dissented.) Spain and Italy were the main intended beneficiaries.
Amazingly, the ECB has not had to follow through and buy a single euro’s worth of Spanish or Italian bonds. The open-ended commitment to do so was enough to get private investors to buy. Borrowing costs in the two countries are affordable once again. As the global elite convenes in the Alpine resort of Davos, Switzerland, for the World Economic Forum on Jan. 23-27, the European economy looks a good deal less scary than it did a year ago. For that, Europeans can thank the unassuming moneyman they call Super Mario. Even Germans are impressed. “I was way more critical—I have to admit that—in September than I am today,” Nikolaus von Bomhard, chairman and chief executive officer of reinsurer Munich Re, said in a Jan. 15 interview.

What Draghi grasped last summer in London was the importance of “multiple equilibria,” the idea that an economy can operate persistently on either a full-employment track (good) or a low-employment track (bad). Government, Draghi realized, can flip an economy from a bad equilibrium to a good one. Others are following his lead. In Japan, newly seated Prime Minister Shinzo Abe is trying to work a similar flip by urging the Bank of Japan to break the nation’s deflationary spiral. In the U.S., in contrast, the sickening standoff over the debt ceiling threatens to execute a back-flip to a low-growth equilibrium.
Draghi’s training prepared him to be bold. He earned his doctorate in economics in the 1970s from a school that emphasized activism over faith in markets: Massachusetts Institute of Technology. Ben Bernanke was a fellow student. Later, Draghi got a feel for the instability of financial markets during a stint at Goldman Sachs (GS). Recall that former Treasury Secretary Henry Paulson, who had been CEO of Goldman, pulled a Draghi-like move in the summer of 2008 when he promised support for Fannie Mae (FNMA) and Freddie Mac (FMCC), saying, “If you have a bazooka in your pocket and people know it, you probably won’t have to use it.” (Alas, Paulson did have to use his bazooka—and it wasn’t enough to prevent a financial meltdown.)
The key insight of the “multiple equilibria” theory is that the demand curve can develop an ugly kink during a crisis. A falling price, rather than attracting buyers, can scare them off. No one wants to catch a falling knife. The real economy is quickly affected by the market plunge. When governments’ borrowing costs go up, they compensate by raising taxes or cutting spending. Businesses’ borrowing costs rise, too, so they cut investment. Low prices on bond portfolios leave households feeling poorer, so they try to save instead of spend. The economy gets stuck in neutral, if not reverse.
But just as pessimism can become a self-fulfilling prophecy, so can optimism. By getting investors to believe that better times were ahead, Draghi made bond prices rise and yields fall, which aided the real economy and produced the (somewhat) better times that investors were betting on. Says David Kelly, chief global strategist for J.P. Morgan Funds (JPM): “This is something Europeans could have saved themselves a great deal of pain by recognizing from the start.” Euro optimists got another boost in November when the European Parliament approved plans for the ECB to take on bank oversight duties.
All that said, Europe isn’t out of the woods by any means. Output in the 17-nation euro zone has been flat to sinking since late 2011. Unemployment is 16 percent in Portugal and 27 percent in Spain. (To sense Spaniards’ pain, check out the poignant YouTube (GOOG) video of musicians playing Here Comes the Sun in a Madrid employment office.) Output is likely to keep shrinking through the first half of 2013, according to economists surveyed by Bloomberg News.
Political splits within Europe are complicating recovery. “The pro-reform coalition in Athens is fragile,” economists at Berenberg Bank wrote in a Jan. 11 research note. They warned that Italy’s elections next month might derail reform and said, “France still shirks the serious reforms it needs to arrest its long-term decline.”
But the strongest headwind for Europe is deficit-cutting—even by countries such as Germany that face no market pressure to balance budgets. Here, Draghi isn’t doing himself or Europe any favors. He supports harsh austerity measures, even though the International Monetary Fund has begun to warn that they cause “significantly” more unemployment than forecasters once estimated. There’s only so much the ECB can do on the monetary side to offset tightening on the fiscal side. Another interest-rate cut could force the deposit rate into negative territory, which might hurt lending between banks and money-market funds. Brzeski, the economist who warned last summer that Draghi had maneuvered himself into a difficult position, remains worried. “The ECB will secretly keep its fingers crossed, hoping that better financial market conditions and structural reforms eventually really lead to an economic recovery,” he says now. The good news: “The crisis has delivered a surprising degree of wage flexibility and labour mobility,” Charles Wyplosz, an economist at the Graduate Institute in Geneva, wrote in an article for the VoxEU website on Jan. 4.
Draghi permitted himself a bit of self-congratulation in a news conference in Frankfurt on Jan. 10. “We are now back in a normal situation from a financial viewpoint,” he told reporters. “We spoke a lot about contagion when things go poorly, but I believe there is a positive contagion when things go well.” Take a bow, Super Mario. With Carol Matlack, Jana Randow

James Buchanan, o economista realpolitik - The Economist

Free exchange
The voice of public choice

James Buchanan, who died on January 9th, illuminated political decision-making
Jan 19th 2013 |From the print edition

A LIST of things that Americans judge more favourably than Congress, according to Public Policy Polling, a survey firm, includes colonoscopies, root canals, lice and France. America seems to have stumbled from economic crisis to political paralysis. That would have come as little surprise to James Buchanan, a Nobel prize-winning economist and the architect of “public-choice theory”, who died on January 9th, aged 93.

Mr Buchanan was an outlier in his field. He eschewed the profession’s embrace of complex models and maths in favour of serious reflection on political philosophy (leading some to dismiss him, wrongly, as a lightweight). A Tennessean by birth, he mistrusted north-eastern elites and spent most of his career at universities in Virginia. He challenged his profession’s casual treatment of variables such as economic cost, which he considered to be a deeply subjective matter. He adopted heterodoxies such as a 100% inheritance tax, on egalitarian grounds. Yet his greatest contribution was in the realm of political economy.

His interest in the workings of the state reflected its growing importance. From having only a minimal role in pre-industrial days, Leviathan came to control swathes of economic activity as the 20th century progressed. National-security demands were partly responsible. Government responses to market failures, from unscrupulous business practices to the trauma of the Depression, also played their part. As demands on the state grew, so too did the need to understand its behaviour.

Mr Buchanan was one of a small group of economists wondering whether the state was up to the task. Untrammelled markets may fail—by producing more pollution than society as a whole would prefer, for example. That creates the potential for welfare-improving government intervention, such as a tax on pollution. Yet there is no guarantee a state will get it right. Whether interventions are justified, Buchanan pointed out, depends on whether government officials are motivated by self-interest as well as a sense of public duty. Weighing up the pros and cons of policy choices requires an unsentimental view of government actions, a position he called “politics without romance”. In exploring this he helped create public-choice theory.

Public-choice economics assumes that government figures are merely human. They should be expected to look out for themselves rather than to act as saintly public stewards. It is a cynical (and, some might say, obvious) approach but a useful one. John Maynard Keynes may have been spot-on in concluding that big government deficits could boost a sagging economy. But Mr Buchanan reckoned such arguments led to a slow erosion of the “old-time fiscal religion” that taxes should be raised to meet government obligations. This made spending less politically costly, because politicians no longer felt under pressure to pair new spending with higher taxes. That, he rightly predicted, would lead to an era of persistent, big fiscal deficits and growing debt.

Public-choice analysis quickly provided the lens through which government action is now viewed. Legislators may “logroll”, for instance, striking deals with colleagues to pass measures that benefit small groups but are of dubious value to the general public. Governments are racked by “rent-seeking”, whereby firms aim to capture financial returns through special government privileges or monopoly rights. A construction company may spend its time lobbying for government contracts rather than courting private business, for example. That absorbs not only the resources of the firm eventually granted the privilege but also those of other firms competing for the same entitlement. As opportunities for rent-seeking expand, they siphon off resources from productive activities in the private sector and towards competition for government largesse. Public-choice theory counsels caution and care in expanding the role of the state.

It also hints at ways to resist political machinations. Take pollution. Robert Stavins of Harvard University argues in favour of a cap-and-trade policy to limit carbon emissions over the simple carbon tax many economists prefer. His reasoning is that legislators will inevitably give sops to industry. Under a cap-and-trade system they do so by freely granting, rather than auctioning off, carbon permits to certain interests. But that does not alter the law’s emissions-reducing power. Granting exemptions on carbon taxes, by contrast, would weaken its environmental benefits.

Even America’s brinkmanship over the “fiscal cliff” and the debt ceiling may be understood as an application of public-choice theory. When rational self-interest leads politicians into endless gridlock, hard choices are more likely to be made when policymakers have no alternative but to confront them. The parade of policy expirations and deadlines is part of the effort in Washington, DC, to channel self-interest into policy action.

Strong constitution

Such episodes do little for politicians’ standing, but they reflect the trade-off that exists in democracies between effective decision-making and the need to govern consensually. In Mr Buchanan’s landmark work, “The Calculus of Consent”, co-written with Gordon Tullock, the authors split political decision-making into two stages: an initial rule-setting, or “constitutional”, stage; and a subsequent politics-as-usual stage. A democratic system can maintain legitimacy despite rancorous politics if broad agreement exists on the fairness of the underlying rules. Mr Buchanan distinguished between American and European attitudes in this regard, noting that “in a constitutional democracy, persons owe loyalty to the constitution rather than to the government.” America’s politics are a mess but its institutions are to be treasured.

Sources

"Public choice: politics without romance", by James Buchanan, Policy, Spring 2003

"The constitution of economic policy", by James Buchanan, Nobel Prize lecture, 1986

"The Calculus of Consent", by James Buchanan and Gordon Tullock, 1965

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From the print edition: Finance and economics