Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Pesquisa em biblioteca universitaria americana (Uau!)
São duas bolsas, a serem concedidas com base nas qualificações do candidato, no mérito do projeto e na adequação da pesquisa ao nosso acervo.
O prazo é 30 de abril.
Detalhes do anúncio, com o formulário de inscrição,
em inglês: http://bit.ly/WRaJbX
em espanhol: http://bit.ly/WRaKMY
em português: http://bit.ly/WRaNbI
Meu proximo livro: Integracao Regional - Paulo Roberto de Almeida
Eis o Índice...
1. O regionalismo: um fenômeno complexo da economia mundial
--> Cronologia da integração no contexto internacional
Glossário
Fontes e referências
e o Prefácio...
Livros: incomodos necessarios, pesos indispensaveis - Francisco Seixas da Costa
Problemas de espaço
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou Três Coisas..., 19/02/2013
Conversa no sábado, com um colega já reformado, numa loja do Chiado.
- Como é que você resolveu o problema dos livros a mais, no seu regresso definitivo a Lisboa?
- Nem me fale! Foi um inferno! Não houve espaço para todos eles. Tive de fazer uma seleção.
- É que eu estou num sufoco. Tenho milhares de livros em caixotes, num armazém. Ainda não sei bem como vou proceder.
Comentário irónico da mulher desse meu colega:
- Vocês nem se dão conta do lugar onde estamos a ter esta conversa. Depois queixem-se...
Estávamos a comprar livros na Bertrand.
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E muitos dos meus ficaram em caixotes, ao sair do Brasil, pois já não havia lugar nas estantes nas quais os acomodei às, pressas, nas vésperas da partida...
Estou tratando de adquirir mais alguns, nesta minha estada nos EUA, onde as ofertas são irresistíveis, em qualidade e preço...
Onde vou parar?
Numa biblioteca...
Paulo Roberto de Almeida
A blogueira e os mercenarios, 2: o ovo da serpente...
Ampliando um pouco, se trata do totalitarismo soviético, que os companheiros cubanos conhecem bem, infelizmente. Eu vi isso, quando visitava os socialismos reais (e surreais), nos anos 1970 e início dos 1980, antes de Gorbachev. Depois acabou, pelos menos na maior parte deles. Sobraram algumas ex-satrapias soviéticas onde o mesmo esquema de intimidação permanece, e certamente dois lugares miséraveis nas antípodas, Cuba e Coreia do Norte, onde o totalitarismo bolchevista viceja plenamente.
O que leva rapazes de classe média no Brasil a se tornarem serviçais de uma causa totalitária?
O que os leva a servir de bucha de canhão de ditaduras miseráveis?
Apenas eles podem responder.
Reproduzo apenas duas frases do post dessa blogueira hostilizada pelos novos bárbaros:
Ellos querían lincharme, yo conversar. Ellos respondían a órdenes, yo soy un alma libre.
É isso, os novos bárbaros ofendem a sua própria inteligência, se é que possuem alguma. Se converteram em autômatos de uma causa deplorável.
Mas, pelo menos, no Brasil, são livres para fazê-lo, assim como adotar uma atitude absolutamente contrária: homenagear o conservadorismo, a religião, o liberalismo, enfim, coisas de direita, tudo o que eles quiserem fazer, podem fazer, por enquanto.
Se e quando os companheiros totalitários assumissem o poder, só poderíamos atuar numa única direção.
Esses rapazes, apesar de idiotas, são livres. Pelo menos isso. Em Cuba não seriam...
Paulo Roberto de Almeida
Miseria da educacao no Brasil: a industria da aprovacao
Uma politica externa covarde, antinacional, submissa, acanhada, enfim, perversa...
Pois saibam todos os diplomatas ainda ativos, mas que tiveram a infelicidade de trabalhar antes da era gloriosa, redentora, soberana, etc., etc., etc., que eles antes não tinham condições de ser altivos, soberanos, nacionalistas, etc., etc., etc., pois serviam a interesses poderosos, interessados em mante-los submissos aos interesses estrangeiros, ao FMI, ao imperialismo, servindo apenas aos objetivos de lucro de grandes grupos não comprometidos com a nossa felicidade.
Não sei se eles se sentem ofendidos pelas palavras do ex-SG, que implica justamente isto, por definição contrária. Se tudo isso que é sintetizado pelo ex-SG como tendo acontecido a partir de 2003, então é porque antes se fazia tudo ao contrário, entenderam?
Eu não me sinto ofendido, pois sei que tudo isso é conversa mole, para comemorar os dez anos do poder glorioso, e não me sinto atingido por esse tipo de discurso maniqueista, deformado, distorcido, enviesado, ou simplesmente mentiroso.
Apenas exerço o meu direito de velar pela honestidade do discurso político em face dos fatos, o que não parece ser uma característica do entrevistado. Quando uma versão histórica ofende os fatos, é preciso que todos aqueles que tem um pouco de dignidade intelectual, venham apontar os erros e as distorções, e defender um patrimônio de trabalho que não pertence apenas a uma tribo de sectários e mentirosos profissionais.
Independentemente de matizes na política externa conduzida no Brasil nas últimas décadas, já tivemos épocas em que esse tipo de deformação não era recebida com o silêncio que hoje parece se abater sobre o debate público. A passividade com esse tipo de distorção pode significar ou inação e conformismo, mas no limite pode representar cumplicidade, talvez até por oportunismo e submissão.
Paulo Roberto de Almeida
A blogueira e os mercenarios
Não, não vou falar sobre a blogueira, pois não tenho competência para tanto, não tenho vontade, e meu blog não se destina a este tipo de comentário.
Apenas observo o seguinte:
Cuba já não desperta as paixões de antigamente.
Vinte mercenários? Isso foi tudo o que os simpatizantes de Cuba conseguiram arregimentar para protestar contra essa blogueira?
A ditadura cubana já teve maiores apoios no Brasil...
Agora imaginemos o seguinte:
Suponhamos que um jornalista de direita, como um desses que escreve para o Partido da Imprensa Golpista, tenha desembarcado em Cuba, a convite de grupos de direitos humanos, que o foram acolher no aeroporto, com saudações efusivas, e gritos de apoio, enfim, um pouco como fizeram os mercenários do Recife, apenas que num sentido contrário, entenderam?
Os mercenários puderam agir livremente, neste país que ainda dispõe de liberdade para tanto, o que não é o caso de Cuba,
Imaginemos, pois, que o governo cubano, para preservar a paz social e a boa ordem em Cuba, resolvesse reprimir a manifestação, e deter o jornalista em questão, acusando-o de fomentar protestos ilegais, o que não é muito distante da realidade que acontece em Cuba.
As autoridades cubanas, sob pretexto de preservar a paz social, detém o jornalista em questão e depois o reenvia de volta ao Brasil no primeiro voo disponível.
O que faria o governo brasileiro?
Elevaria um protesto diplomático contra o governo cubano?
Convocaria o seu embaixador em Brasília para dar explicações quanto ao gesto prepotente, inamistoso e arbitrário?
Ou não faria nada, diferente do que fez no caso da blogueira, quando participou de reunião na embaixada de Cuba para preparar uma "boa" recepção para a referida blogueira?
Perguntas, perguntas, perguntas...
Paulo Roberto de Almeida
Hackers de kepi verde e coturno preto: esperado...
SPECIAL REPORT
New York Times, Monday, February 18, 2013 10:02 PM EST
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Europa: depois da "vaca louca", o cavalo contaminado...
Então pergunto: o BNDES precisaria ser sócio dessa megaempresa brasileira de carnes, que tem filiais e que efetuou compras de outras empresas em várias partes do mundo?
Claro que não, mas ela só´o fez, justamente, para ajudar a coitadinha da empresa a se tornar uma gigante do setor?
Isso é boa utilização dos recursos públicos?
Um Congresso atuante poderia indagar e responder, mas creio que não o fará...
Paulo Roberto de Almeida
A empresa suíça Nestlé anunciou nesta segunda-feira que decidiu recolher das prateleiras dois produtos refrigerados cujos testes deram positivo para a presença de carne de cavalo. As duas massas em questão, o Buitoni Beef Ravioli e o Beef Tortellini, são vendidas na Espanha e na Itália, informou a companhia por meio de comunicado. “Quando informações sobre a fraude na embalagem de alimentos emergiu no Reino Unido, reforçamos os testes em produtos e matérias primas que usamos na Europa. E estamos, agora, suspendendo as entregas de produtos fornecidos pela empresa alemã H.J. Schypke, que é subcontratada de um de nossos fornecedores, a JBS Toledo N.V”, informou a Nestlé.
Constituicao "cidada" de 1988: a conta esta' chegando...
Assim, foram inseridos dezenas e dezenas de direitos sequer sonhados nos países mais ricos, como se o Brasil fosse um oasis maravilhoso de riqueza e produtividade (aliás, um conceito que não aparece na CF, ao lado de setenta e tantos direitos).
Os mais evidentes, saúde e educação, estão sempre garantidos gratuitamente pelo Estado: "A saúde (ou a educação) é um direito do cidadão e um dever do Estado...", e por aí vai.
Na ilusão de que tudo possa ser fornecido pelo Estado, a CF não assegurou que o mercado também pudesse fazê-lo. O que ocorreu, como sabem os economistas, foi um "overuse" desses serviços, e assim a sociedade tem de pagar cada vez mais para que o Estado possa fornece-los. Como o Estado não prima pela eficiência, boa parte dos recursos acabam na própria burocracia, são desviados pelo sobre-faturamento ou simplesmente pela corrupção, ou simplemente não alcança a demanda potencial. Ocorrem então o não provimento de serviços essenciais à população, os atrasos, calotes, ou o pagamento insuficiente desses serviços, e a consequência, para os pobres, é racionamento, filas, delongas, não atendimento, etc.
Na ilusão de que tudo isso pode e deve ser fornecido pelo Estado, o que vai ocorrer é uma extração fiscal cada vez mais rigorosa e crescente da sociedade, e uma perda paralela desses recursos em todos esses desvios apontados.
Provavelmente, a sociedade brasileira estaria melhor servida com um provimento via mercado, deixando-se apenas para os mais pobres os serviços via Estado.
Não parece que estejamos perto de chegar nesse tipo de solução.
Preparem-se, pois, para pagar mais e não usar serviços públicos nesses setores...
Paulo Roberto de Almeida
Santas Casas asfixiadas
A Constituição estabeleceu que a saúde é um direito fundamental do cidadão e, para garanti-lo, sem dispor de estrutura própria suficiente para isso, o Estado brasileiro estabeleceu o que deveria ser uma parceria com as instituições filantrópicas. Estas responderam bem à proposta de parceria e, por isso, sua presença nas operações do SUS é cada vez maior.
Em 2004, por exemplo, os hospitais públicos respondiam por 41,4% das internações pelo SUS, os hospitais privados sem fins lucrativos (Santas Casas e instituições filantrópicas), por 39,9% e os privados lucrativos, por 18,7%. Por causa da remuneração inadequada dos serviços, os hospitais particulares reduziram sua participação para 10,2% do total das internações em 2011, de acordo com dados do Ministério da Saúde utilizados no relatório da subcomissão especial da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, que discutiu o problema. Em contrapartida, aumentou a participação dos hospitais públicos e dos privados não lucrativos, para, respectivamente, 45,0% e 44,8%.
Hoje, as Santas Casas e os hospitais filantrópicos têm a mesma importância dos hospitais públicos no atendimento aos pacientes do SUS. Os dados recentes mostram também o que poderia acontecer no sistema público de saúde caso as Santas Casas deixassem de operar por absoluta incapacidade financeira.
A crise nas finanças das Santas Casas é conhecida há vários anos, e, sem medidas adequadas por parte dos responsáveis pelos programas de saúde pública, só piora. Em 2005, a dívida dessas instituições era estimada em R$ 1,8 bilhão, em 2009 saltou para R$ 5,9 bilhões e, em 2011, alcançou R$ 11,2 bilhões, de acordo com o relatório da subcomissão formada na Câmara dos Deputados. Mantido o ritmo de crescimento anual desse período, de cerca de 35% ao ano em valores nominais, deve ter alcançado R$ 15 bilhões no fim do ano passado (os dados consolidados ainda não foram divulgados).
O simples exame dos custos dos serviços prestados pelas entidades filantrópicas ao SUS em 2011 e da receita com os serviços prestados não deixa dúvidas quanto à causa do crescimento da dívida. Em 2011, essas entidades gastaram R$ 14,7 bilhões com os serviços, mas sua remuneração, pelo SUS, ficou em R$ 9,6 bilhões. Isso quer dizer que o pagamento do SUS cobre apenas 65% dos gastos desses hospitais. Só em 2011 (não há dados para 2012), o déficit foi de R$ 5,1 bilhões. A defasagem é maior para procedimentos considerados de média complexidade.
Reportagem do jornal O Globo (10/2) mostra que, sem recursos financeiros, hospitais têm adiado cirurgias, enfrentam ameaças de greve, carecem de materiais e chegam a suspender suas operações.
Essenciais para o SUS, as Santas Casas são insubstituíveis em muitas comunidades. Do total de 2,1 mil estabelecimentos hospitalares sem fins lucrativos, 56% estão em cidades com até 30 mil habitantes e são o único hospital em quase mil cidades.
Evitar o agravamento de sua crise exige o reajuste imediato da tabela de pagamento do SUS para cerca de 100 procedimentos, mas, até agora, não há previsão do governo para a correção desses valores, reconheceu o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães. O governo abriu uma linha de crédito no BNDES para esses hospitais, mas, já muito endividados, eles temem contrair novas dívidas. Sua saúde financeira aproxima-se do ponto crítico.
Institut des Hautes Etudes de l'Amérique latine, Paris
O longo prazo, na internet - Blogs do Le Monde
Li esse livro e gostei muito, embora não concorde com todas as suas teses, ou sua visão e abordagem, para mim excessivamente ambientalista e ecológica, e menos cultural-institucional, como prefiro.
Em todo caso, vale ler não só o post, como seguir todos os links ali colocados para o aprofundamento da discussão e conhecimento dessas pesquisas levadas a efeito por Samuel Arbesman.
Paulo Roberto de Almeida
Sortir de la tyrannie du présent
Mais les arbres ne cachent-ils pas la forêt ? Le mathématicien Samuel Arbesman (@arbesman) affirme dans Wired qu'il nous faut désormais compléter ces big data par les "long data" : des informations sur les phénomènes lents, se développant sur le très long terme. Pour cela, nous devons collecter et surtout interpréter des données s'étendant sur plusieurs siècles, voire des millénaires.
Un exemple de ce genre de travail, cité par Arbesman, est l'oeuvre Jared Diamond, auteur de Guns, Germs and Steel (traduit en français sous le titre De l’inégalité parmi les sociétés - Wikipédia). Pour Diamond, les seules raisons pour lesquelles certaines civilisations se sont développées pour créer des institutions complexes (ce qui ne signifie pas meilleures) sont à chercher dans les conditions matérielles aux origines de l'Histoire. Ainsi le développement des pays de la zone eurasiatique s'expliquerait, entre autres, par leur situation sur un axe est-ouest (grosso modo l'itinéraire de la "route de la soie") sur lequel les techniques d’élevage et d'agriculture peuvent aisément transiter. En effet cet axe ne connait pas de différences climatiques majeures (les transferts se déroulent à peu près sous la même latitude), ce qui évite une acclimatation trop difficile des plantes et des bêtes. Au contraire, l’Afrique et l’Amérique du sud sont structurées sur un axe nord-sud, qui rend les communications et le transfert de technologies plus difficile. Pour Diamond, prendre en compte ces aspects matériels est la seule manière d'éviter une vision raciste de l’histoire, comme lorsqu’on imagine que certaines cultures ont bloqué l'innovation. Dans cette vision à très long terme, les différences culturelles se voient gommées et on ne perçoit plus qu'une humanité unique en relation avec son environnement.
Si ces "long data" peuvent présenter un grand intérêt pour les historiens, sont-elles vraiment importantes pour qui cherche à envisager le futur ?
De fait, se concentrer sur le présent est susceptible d'introduire certains biais dans notre analyse, notamment la "déviation du standard", (shifting baseline). Autrement dit, combattre notre tendance à considérer que notre état présent est le mètre étalon avec lequel nous pouvons juger l’évolution d'un phénomène. Pour exemple, Arbesman cite la baisse constante de la population de cabillauds de Terre-Neuve. Les effets de la surpêche ont été tellement lents qu'il a été impossible pour les pêcheurs d'en réaliser les conséquences. A leurs yeux, la situation qu'ils vivaient était toujours "normale", même quand elle ne l'était plus...
De plus, précise le mathématicien, les "long data" ne nous servent pas qu'à évaluer les évolutions lentes. Ils servent aussi à contextualiser les transformations rapides. Ils nous permettent de comprendre la mécanique des changements brutaux, d'observer la fréquence de ces derniers au cours de l'histoire, et prédire - peut-être - leur développement.
Mais si les "big data" décollent aujourd'hui, c'est parce que nous disposons des outils nécessaires pour les recueillir, ce qui n'est pas forcément le cas des données historiques. Comment travailler sur les "long data" ? Arbesman cite deux exemples de textes présentant et exploitant ces données, comme l'article de Michael Kremer pour le Quarterly Journal of Economics "La croissance de la population et le changement technologique : d'il y a 1 million d'années à 1990"(.pdf) ou le livre de Tertius Chandler, 4 siècle de croissance urbaine : un recensement historique. En France, on peut bien sûr citer le classique d'Emmanuel Leroy-Ladurie, "L'histoire du climat depuis l'an mil".
Parmi les outils disponibles, citons par exemple Google Ngrams, qui permet de tracer l'historique de l'usage d'un mot depuis l'an 1500, grâce à une analyse des livres numérisés par Google Books. Évidemment, cela ne commence qu'à l’invention de l'imprimerie, et le fonds n'est pas exhaustif. Mais c'est un début qui a lancé un nouveau champ d'études, la culturomique, reposant sur une analyse quantitative des termes étudiés. Le premier article du domaine a été publié en 2011 (.pdf) (voir "Quand Google Books permet de comprendre notre génome culturel").
Vers la psychohistoire - et au-delà !
Finalement tout cela est-il bien neuf ? Les historiens ont déjà remarqué, notamment avec Fernand Braudel, le rôle du temps long, et de la différence entre la temporalité du politique et celle des mentalités.Mais la manipulation des "long data" vise autre chose qu'une simple compréhension des phénomènes historiques. Il s'agit de découvrir dans les évènements des constantes mathématiques qui nous permettent de repérer des patterns, des modèles, des structures indépendantes de ces évènements.
Ce qui, après la culturomique, nous amène à un autre néologisme, la cliodynamique. Voici ce qu'en dit son fondateur, l'écologiste et historien Peter Turchin :
"Qu'est-ce qui a causé la chute de l'Empire romain ? Plus de 200 explications ont été proposées, mais il n'existe pas de consensus sur celles qui sont plausibles et celles qui doivent être rejetées. La situation est aussi risible que si, en physique, la théorie du phlogistique et la thermodynamique existaient simultanément. Cet état de choses nous empêche d'avancer... Nous avons besoin d'une science sociale historique, car les processus qui agissent sur de longues durées peuvent affecter la santé des sociétés. Il faut que l'histoire devienne une science analytique, et même prédictive".
On retrouve dans ce discours le fantasme de la psychohistoire, imaginée par l'auteur de Science Fiction Isaac Asimov dans sa série Fondation consistant à étudier les motivations psychologiques des évènements historiques pour les prédire, et qui hante depuis quelque temps les sciences de la complexité (voir par exemple les travaux de Dirk Helbing et Bar-Yam que nous avions évoqué) et dont la cliodynamique n'est qu'un nouvel avatar.
Le premier essai d'Arbesman consacré explicitement à l'histoire (.pdf) porte sur la naissance et la disparition des empires. Son texte est assez mathématique et difficile à suivre, mais heureusement pour nous, il en a donné un résumé dans un article paru originellement dans le Boston Globe (mais accessible ici). Le titre pose une question tout à fait d'actualité : "Combien de temps l'Amérique va-t-elle durer ?"
Arbesman a analysé les durées de vies de 41 empires qui se sont succédés au cours de l'histoire et a projeté les résultats sur une courbe. Il constate que leur longévité moyenne est de 215 ans. Rappelons que l'actuel empire américain en compte quelque 225 depuis l'adoption de sa constitution en 1787. Doit-on le considérer en fin de vie ? Non, car cette "moyenne" ne permet en aucun cas d'effectuer la moindre déduction. En effet, la courbe dessinée par Arbesman correspond à ce qu'on appelle une "distribution exponentielle" en statistique. La caractéristique de cette distribution est qu'elle est "sans mémoire". Autrement dit, les chances qu'a un empire de s'effondrer dans un avenir proche sont les mêmes, qu'ils aient persisté 80 ans, comme celui d'Attila, ou 1000, comme celui d'Elam. "C'est assez différent de la durée de vie humaine, pour laquelle plus on est vieux, plus on a de chances de mourir. La possibilité pour un empire de disparaître est la même chaque année." Imaginez une population d'individus immortels, mais dont la majorité décèderait à 80 ans des suites d'accidents divers...
"Cela perturbe notre manière de concevoir les choses - comment la force des institutions crée une puissante fondation susceptible de garantir la stabilité ; ou comment, dans le passé, la longue histoire d'une dynastie pouvait lui conférer une légitimité qui la mettait au rang des dieux".
Et ce n'est pas tout. Les empires ne sont pas les seuls à connaître cette distribution. C'est également le cas pour les espèces animales et pour les entreprises.
Quelle est la cause de cette disparition brutale ? Elle semble liée pour Arbesman au phénomène darwinien dit de la "Reine Rouge", en hommage au personnage qui, dans Alice de l'autre côté du miroir, court pour pouvoir rester à la même place. Autrement dit, ces structures s'effondrent, car elles ne savent pas s'adapter assez rapidement aux changements du milieu.
"Peu importe à quel point un empire est adapté à un environnement et aux civilisations voisines, celles-ci essaient aussi de faire plus ou moins la même chose. Au final, la probabilité de survie ne change pas. Pour citer les brochures des fonds de pension, la performance passée n'indique rien des résultats futurs".
Il est évident que de tels travaux ne sauraient être déduits des "big data" centrées sur le présent. Seul un travail comparatif portant sur plusieurs millénaires peut permettre d'arriver à ce genre de conclusions.
Un changement de perception du temps
Au-delà des possibilités prédictives de ces long data, leur usage nous permet de nous débarrasser de la maladie court-termiste propre à nos civilisations. On est tenté de mettre en rapport la thèse d'Arbesman avec l'école contemporaine de la big history, menée notamment par l'Australien David Christian, qui veut synchroniser l'ensemble de l'histoire humaine avec celle de notre planète et de l'univers. Ainsi, dans son livre Maps of Time, Christian raconte notre histoire depuis le big bang. Un autre exemple - fameux - de big history est la chronologie cosmique de Carl Sagan, qui compresse sur une seule année l’histoire de l'univers. Si le big bang s'est produit le premier janvier à minuit, alors les dinosaures ont disparu le 29 décembre l'être humain moderne apparaît à 23 h 58. Quant à Christophe Colomb, il n’a atteint les Amériques qu'une seconde avant le début de l'année suivante...Paradoxalement le goût pour la big history n'est pas forcément incompatible avec une certaine concision, puisque David Christian a entrepris à Ted de raconter l'histoire du monde en... 18 minutes. Cela n'est finalement pas étonnant : lorsque nous envisageons d'aussi grandes périodes, les détails perdent de leur importance tandis que les patterns importants apparaissent, ce qui permet en fait au final une description "accélérée"...
Arbesman conclut son article par une référence à la Long Now Foundation (@longnow) créée par Stewart Brand, l'un des personnages les plus influents de la deuxième moitié du XXe siècle, dont la biographie a été récemment traduite en français par C&F éditions sous le titre Aux sources de l'utopie numérique.
L’expression "long maintenant" (Long now) a été forgée le musicien Brian Eno, qui avait remarqué - notamment chez les New-Yorkais - la tendance à réduire leur "ici" à l'environnement immédiat (voire les quatre murs de leur appartement) et leur "maintenant" aux dernières excitations secouant l'actualité. "Je veux vivre dans un grand ici et un long maintenant" avait alors pensé Eno. Une idée reprise par Brand, qui projette de nous rendre conscients du lent passage du temps en faisant construire une horloge qui tinterait tous les 10 000 ans. Le choix d'une telle perspective temporelle permet de relativiser notre recours à la technologie. L'horloge, conçue par Danny Hillis (inventeur multi-casquettes, et notamment pionnier du web sémantique avec Freebase), sera ainsi uniquement composée de pièces mécaniques. Pourquoi ? Parce que l'équipement électronique s'use plus vite et, à terme, s'avère plus vulnérable aux avaries. Bref, les bons vieux mécanismes d’horlogerie sont plus efficaces.
Certaines habitudes se sont développées chez les adeptes du "long maintenant", comme précéder les dates d'un chiffre. Ainsi, nous serions en 02013, et la Révolution française aurait eu lieu en 01789. Cette simple astuce sémantique permet de s'apercevoir que des dates qui semblent éloignées sont en réalité assez voisines (01789 paraît plus proche de 02013 que 1789 de 2013). Pour Brand, la vision du "long maintenant" nous libère de l'idéologie du court terme, et de croyances comme la Singularité, concept que Brand n'apprécie guère...
La Fondation Long Now propose différents séminaires et articles nous proposant une remise en question de nos habitudes mentales, comme cette intervention de Steven Pinker sur la violence, qui explique que nos sociétés n'ont jamais été aussi peu violentes qu'aujourd'hui, alors même que notre peur de la violence n'a jamais été aussi forte. Sur le blog de la fondation, on découvre de multiples recherches sur le temps long, comme par exemple (en réaction d'ailleurs à l’article de Samuel Arbesman), une analyse sur plusieurs siècles des cycles d'activité solaire, ou une histoire de la déforestation. On y apprend que cette habitude de détruire l'environnement forestier, loin d'être une nouveauté due à l’industrialisation, est présente depuis les débuts de l'histoire et pour cause. L'homme des anciennes civilisations détestait les forêts, endroits dangereux et mystérieux par excellence. Certes, notre capacité à la destruction s'est considérablement accrue aujourd'hui, mais il est intéressant de comprendre que les racines de nos comportements remontent aux origines de l'humanité...
Autre projet intéressant mentionné sur le blog de la fondation, l’expérience du journaliste Paul Salopek qui a décidé de refaire à pied et en sac à dos les 60 000 km parcourus jadis par nos ancêtres, séparant l’Éthiopie de la Patagonie, et qui se fait l’apôtre d'un "journalisme lent".
"L'énorme volume d'informations générées par les journalistes professionnels ou citoyens, des tweets aux blogs ou que sais-je encore, ne peut qu’entraîner un échec. C'est un tsunami d'informations, qu'on ne peut quasiment pas traiter. Nous n'avons pas besoin de plus d'informations, nous avons besoin de plus de sens... Il faut beaucoup ralentir pour comprendre comment les grandes histoires globales contemporaines, comme le changement climatique, les conflits, la pauvreté, ou les migrations de masse se retrouvent interconnectées", explique-t-il.
Comment entrer soi-même de plein pied dans la perception de ce temps long, ce "vaste ici et ce long maintenant" ? Le blog de la Long Now nous présente pour cela le travail d'un artiste allemand, Lorenz Potthast, qui a mis au point un système de "réalité ralentie". Il s'agit d'un simple casque en aluminium contenant des lunettes 3D reliées à une caméra qui enregistre l’environnement qui n'arrive à l'oeil du spectateur qu'une fois considérablement ralenti...
The Decelerator Helmet - A slow motion for Real Life from Lorenz Potthast on Vimeo.
Pas sûr que cela nous suffise... Mais c'est déjà ça.
Rémi Sussan
O futuro da universidade, e a universidade do futuro - Tom Friedman
Paulo Roberto de Almeida
Revolução nas universidades
Avanço do ensino superior online nas melhores escolas tornará o conceito de diploma algo arcaico; e isso é bom
Nada tem mais potencial para tirar as pessoas da pobreza - oferecendo a elas um ensino acessível que vai ajudá-las a conseguir trabalho ou ter melhores condições no seu emprego. Nada tem mais potencial para libertar um bilhão de cérebros para solucionar os grandes problemas do mundo. E nada tem mais potencial para recriar o ensino superior do que as MOOC (Massive Open Online Course), plataformas desenvolvidas por especialistas de Stanford, por colegas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e por empresas como Coursera e Udacity.
Em maio, escrevi um artigo sobre a Coursera - fundada por dois cientistas da computação de Stanford, Daphne Koller e Andrew Ng. Há duas semanas, retornei a Palo Alto para saber do seu progresso. Quando visitei a Coursera, em 2012, cerca de 300 mil pessoas participavam de 38 cursos proferidos por professores de Stanford e de outras universidades de elite. Hoje, são 2,4 milhões de alunos e 214 cursos de 33 universidades, incluindo 8 internacionais.
Anant Agarwal, ex-diretor do laboratório de inteligência artificial do MIT, hoje é presidente da edX, uma plataforma sem fins lucrativos criada em conjunto pelo MIT e pela Universidade Harvard. Anant disse que, desde maio, cerca de 155 mil alunos do mundo todo participam do primeiro curso da edX: um curso introdutório sobre circuitos do MIT. “É um número superior ao total dos alunos do MIT em sua história de 150 anos”, afirmou.
Claro que somente uma pequena porcentagem desses alunos completa o curso, mas estou convencido de que, dentro de cinco anos, essas plataformas alcançarão um público mais amplo. Imagine como isso poderá mudar a ajuda externa dos EUA.
Gastando relativamente pouco, o país poderia arrendar um espaço num vilarejo egípcio, instalar duas dezenas de computadores e dispositivos de acesso à internet de alta velocidade via satélite, contratar um professor local como coordenador e convidar todos os egípcios que desejarem ter aulas online com os melhores professores do mundo e legendas em árabe.
É preciso ouvir as histórias narradas pelos pioneiros dessa iniciativa para compreender seu potencial revolucionário. Uma das favoritas de Daphne Koller é sobre Daniel, um jovem de 17 anos com autismo que se comunica por meio do computador.
Ele fez um curso online de poesia moderna oferecido pela Universidade da Pensilvânia. Segundo Daniel e seus pais, a combinação de um currículo acadêmico rigoroso, que exige que ele se concentre na sua tarefa, e do sistema de aprendizado online, que não força sua capacidade de se relacionar, permite que ele administre melhor o autismo.
Daphne mostrou uma carta de Daniel em que ele escreveu: “Por favor, relate à Coursera e à Universidade da Pensilvânia a minha história. Sou um jovem saindo do autismo. Ainda não consigo sentar-me numa sala de aula, de modo que esse foi meu primeiro curso de verdade. Agora, sei que posso me beneficiar de um trabalho que exige muito de mim e ter o prazer de me sintonizar com o mundo.”
Um membro da equipe do Coursera, que fez um curso sobre sustentabilidade, me disse que foi muito mais interessante do que um estudo similar que ele fez na faculdade. Do curso online participaram estudantes do mundo todo e, assim, “as discussões que surgiram foram muito mais valiosas e interessantes do que os debates com pessoas iguais de uma típica faculdade americana.
Mitch Duneier, professor de sociologia de Princeton, escreveu um ensaio sobre sua experiência ao dar aula num curso da Coursera. “Há alguns meses, quando o campus de Princeton ficou quase em silêncio depois das cerimônias de graduação, 40 mil estudantes de 113 países chegaram aqui via internet para um curso grátis de introdução à sociologia. Minha aula de abertura, sobre o clássico de C. Wright Mills, de 1959, The Sociological Imagination, foi concentrada na leitura minuciosa do texto de um capítulo-chave.
Pedi aos alunos para seguirem a análise em suas cópias, como faço em sala de aula. Quando dou essa aula em Princeton, normalmente, são feitas algumas perguntas perspicazes. Nesse caso, algumas horas depois de postar a versão online, os fóruns pegaram fogo, com centenas de comentários e perguntas. Alguns dias depois, eram milhares. Num espaço de três semanas, recebi mais feedback sobre minhas ideias na área de sociologia do que em toda a minha carreira de professor, o que influenciou consideravelmente cada uma das minhas aulas e seminários seguintes.”
Anant Agarwal, da edX, fala sobre um estudante no Cairo que teve dificuldades e postou uma mensagem dizendo que pretendia abandonar o curso online.
Em resposta, outros alunos no Cairo, da mesma classe, o convidaram para um encontro numa casa de chá, onde se ofereceram para ajudá-lo. Um estudante da Mongólia, de 15 anos, que estava na mesma classe, participando de um curso semipresencial, hoje está se candidatando a uma vaga no MIT e na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
À medida que pensamos no futuro do ensino superior, segundo o presidente do MIT, Rafael Reif, algo que hoje chamamos “diploma” será um conceito relacionado com “tijolos e argamassa” - e as tradicionais experiências no campus, que influenciarão cada vez mais a tecnologia e a internet para melhorar o trabalho em sala de aula e no laboratório.
Ao lado disso, contudo, muitas universidades oferecerão cursos online para estudantes de qualquer parte do mundo, em que eles conseguirão “credenciais” - ou seja, certificados atestando que realizaram o trabalho e passaram em todos os exames. O processo de criação de credenciais fidedignas certificando que o aluno domina adequadamente o assunto - e no qual um empregador pode confiar - ainda está sendo aperfeiçoado por todos os MOOCs. No entanto, uma vez resolvida a questão, esse fenômeno realmente se propagará muito.
Posso ver o dia em que você criará o seu diploma universitário participando dos melhores cursos online com os mais capacitados professores do mundo todo - de computação de Stanford, de empreendedorismo da Wharton, de ética da Brandeis, de literatura da Universidade de Edimburgo - pagando apenas uma taxa pelo certificado de conclusão do curso.
Isso mudará o ensino, o aprendizado e o caminho para o emprego. “Um novo mundo está se revelando”, disse Reif. “E todos terão de se adaptar”.
* É COLUNISTA
A frase que nao deveria ter sido pronunciada...
Esta era a frase-campanha do candidato a deputado federal por São Paulo Tiririca (não importa aqui seu verdadeiro nome, um analfabeto que foi eleito com o maior número de votos de todo o estado, mostrando que a idiotice se divide igualmente por todos os estados da federação, independentemente da renda per capita).
Pois o hoje deputado, que aliás pensa em desistir da carreira parlamentar e voltar à sua profissão de palhaço, descobriu que pode, sim, ficar pior, uma vez que suas excelências sempre se esforçam para degradar ainda mais a já baixa moralidade das duas casas do Congresso.