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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pre-historia da globalizacao: arqueologia do socialismo

A maioria dos estudantes universitários da atualidade (como é óbvio), nasceu depois que o socialismo fez tilt e morreu. Ele implodiu, mais propriamente, ou se desfez como um castelo de cartas, depois que a realidade passou por ali e deu um leve sopro: ele estava preparado para morrer, só faltava um empurrão.
Esse empurrão foi dado pelas massas, não pelos dirigentes, mesmo se Gorbatchev tenha dado uma ajudinha, tentando reformar um sistema apodrecido desde suas fundações.
Como já tinha dito um século e meio antes Alexis de Tocqueville, o mais perigoso para sistemas esclerosados é quando eles tentam se reformar; aí a coisa degringola e tudo vem abaixo.
O texto abaixo, do jornalista Janer Cristaldo, é de 1988, quando ninguém esperava, ou pelo menos a maioria não esperava, que o socialismo fosse desaparecer com tal rapidez.
Nem mesmo Fukuyama, no seu festejado e depois condenado "The End of Hustory?" (atenção ao ponto de interrogação), esperava que a União Soviética viesse abaixo.

Em face do que ocorreu, lastimável para os partidos comunistas e excelente para todos os povos, seria preciso preservar o que resta. Quero dizer que os regimes socialistas que ainda restam, os que sobraram (na verdade apenas dois, Cuba e Coreia do Norte), precisam ser salvos, preservados, mantidos, se preciso embalsamados, colocados no formol, transformados em museus, enfim qualquer forma de preservação do que eles são e do que eles representam.
Por que digo isto?
Porque simplesmente se eles desaparecem, os jovens de hoje, e os de amanhã, jamais saberão como eram os socialismos reais, os sistemas stalinistas, a escravidão do homem pelo homem, os regimes miseráveis (materialmente e moralmente), que foram criados no mundo a partir de 1917 e depois se espalharam dentre 1945 e 1991 pelos quatro cantos da terra.
Eu proponho, por exemplo, que esses socialismos que sobraram sejam inscritos no anexo do CITES, a convenção que protege as espécies ameaçadas de extinção.
A UNESCO bem que poderia inscreve-los no patrimônio cultural da Humanidade, para que eles possam sobreviver, em boas condições, quero dizer, para que os mais jovens possam conhecer como eram os socialismos reais.
Será um pouco como essas tribos primitivas, visitadas regularmente pelos antropólogos, ou essas aldeias históricas, onde personagens vestidos a caráter fazem o seu revival, ou seja, o reenactment do socialismo nos seus bons tempos.
Enfim, essa longa introdução para deixar vocês com um texto saboroso, sobre o velho e bom socialismo dos tempos clássicos.
Paulo Roberto de Almeida

FAVOR NÃO BRANDIR MARTÍ
Janer Cristaldo
A Notícia (Joinville, SC), 11.12.1988

Florianópolis — Fui convidado, certa vez, a um debate em torno ao socialismo, do qual participavam vários intelectuais marxistas. Por socialismo, no caso, entenda-se socialismo soviético, é melhor deixar claro isto desde o início, particularmente nestes dias em que todo mundo fala de socialismo sem especificar a qual se refere, se ao socialismo do Leste europeu, da Iugoslávia ou da Albânia, ou das social-democracias européias, regimes estes fundamentalmente capitalistas mas de economia muito mais socializada do que a das ditas “democracias populares”, pleonasmo só concebível em intelectuais sem noções mínimas de grego. Enfim, etimologia à parte, meus colegas de mesa abriram o debate louvando a eficácia, o humanismo e o caráter revolucionário das teorias marxistas.

De Marx, pouco ou nada entendo, e vou dizer porque não entendo. No dia em que me dispus a enfrentar O Capital, percebi que necessitaria de bases anteriores de matemática, estatística, economia, história da Europa e particularmente da Inglaterra no período da Revolução Industrial. Em suma, para poder entender o economista Marx (até hoje não sei porque o consideram filósofo) eu necessitava de alguns anos de formação que não me dispunha a desperdiçar para tão-somente entender um livro. Leigo em matéria de teorias, modestamente me restringi a contar o que vi em minhas andanças por países socialistas, favor não confundir com as social-democracias.

Estive em Berlim Oriental, na Romênia e na Bulgária. Estive ainda na Iugoslávia, regime socialista peculiar, o único onde os nacionais podem sair do país sem maiores problemas e onde, em certas repúblicas, há uma economia dinâmica. Pequenos fatos do cotidiano nos oferecem robustos elementos de comparação.

Por exemplo: é meio-dia e você quer almoçar. Sem ir muito longe, até em Florianópolis o turista encontra um restaurante onde, com mais ou menos sorte, há boa oferta de pratos. Pois estive um dia em uma das capitais mais ricas do mundo socialista e localizar um restaurante foi uma epopéia que me exigiu mais de hora. Mesmo com amigas que falavam fluentemente o alemão, não foi tarefa fácil encontrar um, escondido no segundo andar de um monstruoso bloco de concreto, sem placa alguma que o anunciasse.

Enregelado, minha carcaça submetida a sei lá quantos graus abaixo de zero, esperei mais de hora em uma fila de resignados cidadãos. Tomasse o metrô e voltasse a Berlim Ocidental, quatro mil casas de restauração me atenderiam em um segundo, com carinho e calefação. Enfim, cheguei finalmente à porta, quando Sua Eminência, o Garçom, com um gesto ríspido me ordenou entrar. Penetrei em um galpão imenso, onde mesas imensas, situadas a enormes distâncias umas das outras, esperavam humildemente ser atendidas. Um cardápio me oferecia uma vintena de pratos, mas pelo menos na hora de escolher o garçom foi gentil: melhor nem tentar, só tem o prato do dia. Eu estava em um restaurante de luxo, em Berlim Oriental.

Transportei-me então — em meio ao debate — para Mangália, cidade balneária romena, às margens do Mar Negro. Era verão e a moça que me acompanhava, julgando muito caros os maiôs de Paris, decidiu deixar para comprar um honesto maiô socialista. Não sei, não — objetei — tens certeza de encontrar maiô por lá? Respondeu-me com um gesto indignado, quase ofensivo. Resumindo: após revirar Mangália inteira — cidade balneária e dirigida ao turismo europeu, insisto — em pleno verão, ela teve a ventura de encontrar dois maiôs: um era verde e outro azul. Quanto às dimensões, que se lixasse. Mas isto é o de menos.

Estávamos em um hotel de primeira classe e já na primeira noite o garçom perguntou-me que desejávamos para o almoço do dia seguinte e estendeu-nos uma tira suja de papel mimeografado onde devíamos optar entre porco ou frango. Não que fôssemos muçulmanos, mas preferimos frango. Café ou chá? Café. Dia seguinte, deu porco com chá da China. “Desculpe, mas frango e café estão em falta”. Hóspede de um hotel de primeira classe, pago em moeda forte, imaginei então o que seria a vida de um romeno, detentor de magros leu, a moeda local. Nem foi preciso imaginar: supermercados vazios, clientes disputando a tapas um pedaço de carne e isso que o pedaço era disputado por aqueles que tinham poder aquisitivo suficiente para comprá-la.

O verão fazia jus ao nome. Céu de brigadeiro, na praia os turistas eram brindados com alegres canhoneios de barcos de guerra ao largo. Minha companheira, ostentando seu magnífico maiô verde — e magnífico aqui é superlativo de grande mesmo, que outro número não tinha — desceu comigo à praia, justo no momento em que dois garçons começavam a abrir um bar. Uma hora de sol e pensamos em uma cerveja. Fui lá buscar.

Ah, cerveja não tem. Enfim, água mineral? Muito menos. Tentei outras hipóteses. Existe na Romênia uma cachaça feita á base de ameixa, o haidouc, aguardente típico do país. Também não tem.

Estávamos sob domínio soviético, pensei, quem sabe um vodca. Nem pensar. Parti então para a utopia: serve então um uísque, pode ser? Nem em sonhos. Por curiosidade, já que nem no deserto me ocorreria tal idéia, pedi uma Coca, Pepsi, ou um refrigerante qualquer. Negativo. Não há nada para beber, então? Nada. E para comer, o que é que tem? Nada.

Nada não entendia eu. Era aquilo um bar? Era, disse o garçom. Estava aberto? Claro que estava, o senhor não está vendo? Eu estava vendo. Mas não há nada para comer ou beber? Não. E por que não há? Porque o distribuidor não trouxe, ora bolas!

Contava eu estas histórias — e contei muitas outras, por exemplo, a dos turistas internos tirando fotos junto a maquetes de veleiros, porque veleiro, que é bom, nem pra remédio, pois bom velejador em dois dias chega às costas da Turquia, sem falar nos vigias de praia, assessorados por cães e metralhadoras de baioneta calada, assestadas contra o primeiro nacional que ousasse abordar um turista em busca de dólares, sem falar na moça da portaria com cara de sargento, que quando reclamei da falta de papel higiênico me perguntou: “quantos dias o senhor vai ficar aqui?”. Neste hotel, dois dias. Olhou-me então de alto a baixo, avaliou meu metabolismo, rasgou uns dois metros de um rolo e passou-me as tiras — enfim, contava eu essas coisas e muitas outras contaria se mais tempo tivesse, quando o organizador do debate interrompeu-me:

— Não é para isso que te convidamos. Estamos discutindo o socialismo em teoria.

Desculpei-me. De teoria eu nada entendia, só conhecia os dados da realidade. As teorias são brilhantes. Na prática, a teoria é outra.

Estas considerações surgem à propósito do artigo de Gilson Pereira, “O coro dos contentes”, publicado domingo passado, onde o autor contesta algumas observações minhas após uma visita a Santiago do Chile. Diz Gilson jamais ter ido a Santiago — o que já não o autoriza muito a falar de Santiago — e acresce ser um daqueles 80 por cento de brasileiros que provavelmente jamais cruzará a fronteira, por absoluta falta de condições. Cantiga para ninar pardais, como dizem os lusos. O articulista demonstra excelente domínio do vernáculo, e mesmo da lógica — a ponto de sofismar à vontade — e hoje, qualquer pessoa que tenha chegado a este quociente mínimo intelectual é homem que, ou viajou, ou não viajou porque não quis. Diz não ser economista, mas brande a teoria da escola monetarista de Chicago. E assim explica o atual período de prosperidade vivido no Chile. Cito literalmente: “repressão ao movimento de massas, arrocho salarial e grandes investimentos estruturais”.

Confesso que nada sei da escola de Chicago. Mas de Stalin entendo um pouco. Sua política foi exatamente essa e mais, continua sendo. Mesmo sob o signo da glasnost e perestroika gorbachovianas, as massas continuam sendo reprimidas (vide os armênios do Azerbaijão e, certamente dentro em breve, os estonianos) e liberdade sindical, que dizem os petistas ser bom, digno e justo e justo, nem sombra dela nas repúblicas soviéticas. Esta política começou com a repressão e morticínio dos kulaks sob Stalin e tem sua seqüência com Lech Walesa. Os grandes investimentos estruturais na América do Sul, pelo menos, ainda não se traduzem em armamento nuclear e militarização do espaço. Em suma, como lemos no Eclesiastes, nada de novo sob o sol.

Com uma diferença: nos países soviéticos esta política não deu certo e hoje a URSS é uma “confederação” que permanece um século atrás da era moderna, onde instrumentos banais do nosso cotidiano, como o xerox e o telefone, são inacessíveis ao cidadão comum. Estou apenas seguindo a argumentação de meu interlocutor, pois não sendo especialista em questões econômicas — e muito menos chilenas — não tenho a mínima idéia a que se deve a atual prosperidade do Chile. É curioso, no entanto, que alguém que jamais atravessou a Cordilheira, tenha uma resposta certinha para explicar uma realidade que jamais viu. O que mais fascina os jovens no marxismo, a meu ver, é esta possibilidade de entender o mundo através de fórmulas figées. Acontece que o universo é por demais complexo para ser captado a partir de doze lições.

Gilson Pereira tem também uma resposta na ponta da língua para explicar a pluralidade de informações que encontrei em Santiago, seja em livrarias como em quiosques de jornais: “para mim está meridianamente claro que o Chile colhe hoje o que plantou no passado”. O que não passa de uma colossal lapalissade, afinal, todo presente, seja qual for, é conseqüência imediata de um passado.

Acontece que o passado do articulista é imediatíssimo, é o de ontem: “Seriam necessários pelo menos mais duzentos anos de ditadura para apagar do Chile as marcas da experiência socialista do governo Allende”. A assertiva carrega em seu bojo a fé de um crente. Mais cauteloso, não me parece que alguns anos de governo possam criar leitores que consomem jornais russos, poloneses, suecos, franceses, ingleses, italianos, americanos e vou ficando por aqui, já que não me preocupei em listar tudo que vi nas bancas.

Que mais não seja, que fatores teriam levado Eça de Queiroz a escrever, em 1890: “Haverá talvez Chiles ricos e haverá certamente, Nicaráguas grotescos”? Todo presente decorre fatalmente de um passado, mas o passado de Gilson é por demais curto e tendencioso. Passado é um conceito elástico, espichado por cada um conforme suas próprias conveniências. Na Espanha, eu me divertia às custas dos madrilenhos quando tentavam provar-me, por exemplo, que Sêneca era um pensador espanhol.

Allende se professava marxista. Desafio meu interlocutor a citar um regime, um só regime marxista, onde haja pluralidade de expressão e informação, onde livrarias e quiosques estejam repletos das mais diversas formas de pensamento.

É ocioso contar mortos, afirma Gilson. Eu diria que não. Até mesmo por uma questão de ofício, jornalistas, estamos sempre contando mortos. O que me desagrada é a diagramação da contagem. Em julho de 83, eu estava na Itália quando começaram uma série de manifestações em Santiago. DOIS MORTOS NO CHILE — titulava um jornal italiano. CINCO MORTOS NO CHILE — dizia outro na manhã seguinte. Passei à França: DEZ MORTOS NO CHILE. (Estes números eu os cito de memória, talvez não sejam exatamente estes, mas a progressão era esta).

Já na Espanha — e sempre em garrafais nas primeiras páginas dos jornais — Pinochet havia matado uma dúzia ou mais. Que a imprensa denuncie tais fatos é salutar. Foi aí que apanhei um Le Monde, talvez um Le Matin, em Madri. Posso não lembrar muito bem o jornal. Lembro apenas que, na última página, uma notinha telegráfica, sem destaque algum, noticiava: russos matam 250 no Afeganistão. Gilson cita Engels: a violência é a parteira da história. Pode ser que tenha sido, meu caro. Mas já está na hora de fugirmos a esse fatalismo tão grato a velhotes gagás como Antônio Callado, que quando babam na gravata, babam ódio e sangue. Não penso ser ocioso contar mortos. Infelizmente, temos de contá-los.

Ao reivindicar como seu modelo intelectual o cubano José Martí, o articulista faz-me lembrar meus alunos de Letras que, ao ver na televisão Quanto mais Quente Melhor ou O Anjo Azul sonhavam, idílicos: “já pensou? Eu tomando um trago com a Marylin na Florida, convidando a Dietrich para uma esticada noturna em Paris?” Nesta nossa era televisiva, passado, presente e até mesmo o futuro parecem ter sido mesclados em um tempo só. Como as imagens são oferecidas simultaneamente no vídeo, os jovens gostariam talvez de achar o número de telefone da Monroe ou quem sabe contemplar as pernas célebres da Dietrich, que hoje tem pelo menos o pudor de escondê-las em seu refúgio parisiense.

Pior mesmo, só quando essa mixagem de tempos — recurso inerente ao cinema — é transporta para a história ou literatura e é isto que faz Gilson, quando insere Martí na Cuba contemporânea. Que sempre lutou pela independência de Cuba e dos países latino-americanos, isto todos sabemos, e talvez muito poetinha de esquerda que adora falar em Nuestra America ignore ter sido Martí quem cunhou tal expressão. Gilson tem em mãos o epistolário. Boa leitura. Mas conheceria melhor o poeta se tivesse suas obras completas.

Constataria, por exemplo, nos Discursos, a fé de Martí no futuro de Cuba e na capacidade de os cubanos governarem-se livremente, a fé de Martí no continente que ele considerava ser o da esperança humana. Seria também interessante ler El Presídio en Cuba, de 1871, fruto de sua condenação ao regime de trabalhos forçados. O livrinho tem mais de um século, mas sua publicação seria atualíssima na Cuba de Castro, afinal presídios, sejam os de ontem, sejam os de hoje, em pouco ou nada diferem.

Martí contesta efetivamente a hegemonia ianque. Mas contestou-a estabelecido em Nova York, onde foi cônsul, sucessivamente, do Uruguai, Paraguai e Argentina. Constituiria um interessante exercício intelectual imaginá-lo hoje em Cuba, contestando a ditadura de Castro.

Por outro lado, se contestava a hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, era homem fascinado pela cultura de seus irmãos do Norte, a ponto de estudar, em Norte-americanos, as obras de Emerson, Beacher, Cooper, Wendell Philips, Grant, Sheridan, Whitman e fico por aqui.

Yo quiero cuando me muera
sin patria, pero sin amo
tener en mi losa un ramo
de flores y una bandera.

Martí, pensador libertário, morreu em 1895. Que seu cadáver — por favor! — não seja brandido em defesa de tiranetes dos trópicos.

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O texto acima faz parte da antologia editada sob forma de e-book:
Crônicas da Guerra Fria
Crônicas da Guerra Fria (1889-1991)
Janer Cristaldo (1947— )
Edição: eBooksBrasil.com
Fonte digital: Documento do Autor

Copyright
©2000-2006 Janer Cristaldo
cristal@altavista.net

SOBRE O AUTOR
Janer Cristaldo nasceu em 1947, em Santana do Livramento, RS. Cursou o secundário em Dom Pedrito e Santa Maria, onde formou-se em Direito. Em Porto Alegre, em Filosofia. Iniciou-se em jornalismo no extinto Diário de Notícias, Porto Alegre. Escreveu no Correio do Povo e Folha da Manhã. Nos anos 71 e 72, exilou-se voluntariamente em Estocolmo, onde estudou cinema e língua e literatura suecas.
De volta ao Brasil, publicou suas primeiras traduções: Kalocaína, de Karin Boye (do sueco), e Crônicas de Bustos Domecq, de Jorge Luís Borges e Adolfo Bioy Casares (do espanhol). Em 1973, publicou O Paraíso Sexual Democrata, que teve quatro edições no Brasil e uma em espanhol, em Buenos Aires, proibida na Argentina. Em 1975, passa a assinar coluna diária para a Folha da Manhã, Porto Alegre. Em 77, recebe bolsa do governo francês para um doutorado em Letras Francesas e Comparadas. De Paris, mantém correspondência diária para a Folha da Manhã. Em 1981, doutorou-se pela Université de la Sorbonne Nouvelle (Paris III), com a tese La Révolte chez Ernesto Sábato et Albert Camus, traduzida ao brasileiro sob o título de Mensageiros das Fúrias. Participou de diversos colóquios na França e Alemanha, como também de festivais cinematográficos em Berlim, Cannes e Cartago, na condição de jornalista. Ainda em Paris, iniciou a tradução da obra ficcional e ensaística de Ernesto Sábato, a pedido do próprio autor.
No Brasil, foi professor visitante de Literatura Brasileira e Comparada, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, de 1982 a 1986. Neste período, traduziu vários outros romances, introduzindo no universo literário brasileiro autores como Roberto Arlt, Camilo José Cela, José Donoso, Michel Déon e Michel Tournier. Em 86, publica seu primeiro romance, Ponche Verde, que tem como fulcro a peregrinação dos exilados brasileiros por Estocolmo, Berlim, Paris e Lisboa.
Em 87, recebe bolsa do governo espanhol para um curso de Língua e Literatura Espanholas. Residiu seis meses em Madri. De 91 a 93, foi redator de Política Internacional da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo.
Crônicas da Guerra Fria é uma compilação de artigos publicados em sua maior parte entre 1989, ano da queda do Muro de Berlim, e 1991, ano da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Ampliando a carreira diplomatica: mais 400 cargos...

Comissão aprova criação de 1293 cargos no Itamaraty
Elton Bomfim
Agencia Camara, 07/07/2011 17:04

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional aprovou na quarta-feira (6) o Projeto de Lei 7579/10, do Executivo, que cria no quadro de pessoal do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) 400 cargos de diplomata e 893 de oficial de chancelaria, para provimento gradual a partir de 2011.
A proposta também transforma, sem aumento de despesa, 346 cargos de assistente de chancelaria em 172 cargos de oficial de chancelaria. Segundo o texto aprovado, o provimento gradual obedecerá autorização do Ministério do Planejamento, desde que haja previsão orçamentária.
Protagonismo
O relator, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), apresentou parecer pela aprovação. Segundo ele, o projeto está de acordo com a nova condição de protagonista que o Brasil vem consolidando no contexto internacional, nos últimos anos.

Dr. Rosinha observou que o Itamaraty tem se empenhado também em prestar a devida assistência à comunidade de cerca de 4 milhões de brasileiros que vivem fora do País. “Somados às atividades da diplomacia ordinária, as ações de apoio e defesa dos cidadãos brasileiros que residem em países estrangeiros têm demandado a ampliação da estrutura e dos serviços do ministério, em Brasília e na rede de postos diplomáticos e consulares no exterior”, explicou o deputado.
Mais representação
O Brasil tem hoje 223 representações oficiais em todo o mundo, entre missões diplomáticas permanentes, repartições consulares, escritórios de representação e delegações – sendo que 64 delas (mais de 27%) foram criadas a partir de 2003. Essa expansão está baseada na Lei 11.292/06, que permitiu a criação de 23 embaixadas, duas delegações e treze repartições consulares.
Segundo Dr. Rosinha, o provimento escalonado deverá ser feito à razão de cerca de cem cargos por ano, visando preencher as necessidades das novas embaixadas e consulados e também da adequada lotação das unidades sediadas em Brasília. “Sempre de forma a reforçar a presença diplomática brasileira nos mais distintos foros de negociação nas esferas bilateral e multilateral”, disse o deputado.
Tramitação
O projeto ainda terá análise conclusiva das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:

PL-7579/2010
Reportagem - Luiz Claudio Pinheiro
Edição – Newton Araújo

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Aflicoes cambiais? Chamem o Doutor Mantega! Ou nao???

O nosso dólar é mais barato
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 707/2011

Não é de hoje que o ministro Guido Mantega está de bronca com o dólar fraco. Não é de hoje que ele declara ter um arsenal de medidas para impedir uma valorização excessiva do real. Olhando os números, porém, verifica-se que o ministro tem fracassado.

Quando ele assumiu, em 28 de março de 2006, o dólar valia R$2,24. Seguiu daí uma clara tendência de baixa, até ficar abaixo de R$1,60 nos dias que antecederam a grande crise financeira de 2008.

Com o quase colapso da economia global, a paralisia dos mercados de crédito e a queda brutal da atividade mundial, a moeda brasileira sofreu rápida e forte desvalorização. Em dezembro de 2008, bateu no teto desse período, com o valor de R$2,51.

Daí em diante, o dólar rodou algum tempo numa cotação elevada, mas retomou a tendência de queda quando o mundo se acalmou e, sobretudo, quando os emergentes voltaram a crescer forte. Nos últimos dias, a moeda americana chegou a um valor nominal igual ao verificado no momento pré-crise 2008.

Ou seja, as medidas tomadas pelo governo brasileiro — aumento do imposto e limitação de entrada de aplicações financeiras, além da compra de moeda pelo BC — tiveram efeito acessório e limitado. O que mudou a cotação, para cima e para baixo, foi o fator internacional.

Bem resumindo: o fato é que o governo não tomou qualquer medida estrutural — ortodoxa, heterodoxa ou desenvolvimentista — para agir sobre o câmbio. Persiste uma indecisão que vem desde a gestão Lula.

Não que seja fácil resolver. O problema é a excessiva entrada de dólares no país. Mas há muitos bons motivos para receber essa dinheirama.

Como somos um país que consome muito e poupa pouco, precisamos de capital externo para financiar investimentos. E lá se vão as autoridades mostrar aos estrangeiros que há aqui muitas oportunidades de negócio. Eles estão acreditando nisso e atendendo aos convites. É bom.

Além disso, como o risco Brasil está baixo e como sobra dinheiro no mundo, a juros no chão, companhias aqui instaladas tomam dólares emprestados lá fora para financiar operações locais. Bom de novo, financiamento abundante e barato. Com os juros aqui pela hora da morte, essa tomada de empréstimos no exterior barateia os negócios no país e, assim, beneficia os consumidores.

Por outro lado, os preços de alguns dos principais produtos brasileiros de exportação estão em níveis historicamente elevados e parece que permanecerão assim por uns bons anos. Garantia de receita. Bom de novo.

O dólar barato também faz a alegria das classes médias, as antigas e as emergentes, que podem viajar para fora e comprar produtos mais baratos... e votar com o governo.

Mas há um enorme problema: o produto industrial fabricado aqui fica mais caro, perde competitividade aqui e no exterior. Ora, a indústria dá emprego bom e abundante, faz a força de uma economia, de modo que não se pode brincar com isso.

O que fazer? Essa valorização da moeda local não é exclusividade brasileira. Para ficar apenas na América Latina, todas as principais moedas ganharam sobre o dólar. Conforme contas elaboradas pela consultoria Economática, o dólar perdeu quase 40% em relação ao peso colombiano, em termos nominais, de 31 de dezembro de 2002 a 5 de julho último.

Mas a Colômbia foi apenas a vice-campeã. Perde do Brasil. No mesmo período, que coincide com o governo Lula e seis meses de Dilma, o dólar perdeu 55% em relação ao real.

Logo, há dois conjuntos de causas de apreciação da nossa moeda. O primeiro é o mesmo para toda AL: exportação de commodities em preços recordes e muita entrada de dólares de investimentos e empréstimos para negócios locais, em economias em crescimento. A Colômbia é tão parecida com o Brasil que tem até uma forte descoberta recente de petróleo.

Este é um problema global, aliás, citado por Christine Lagarde em seu primeiro pronunciamento como diretora do FMI.

Mas por que a valorização do real é campeã global? Só pode ser por causas nossas. E aqui a resposta já não é pacífica, mesmo porque não envolve apenas a taxa de câmbio. É preciso tratar da dobradinha dólar barato/juro caro.

Os analistas têm divergências doutrinárias, que, aliás, tratamos aqui na coluna de 9 de junho ("Ortodoxos, desenvolvimentistas, nem tanto“). De todo modo, se sabemos o que há de comum entre o Brasil e os demais latino-americanos, devemos perguntar: o que há de diferente?

Se procurarem no excesso de gasto público, carga tributária e dívida, vão encontrar alguma coisa. Para os desenvolvimentistas, o caminho é outro, começando por controle de entrada de capitais e derrubada imediata dos juros. Mas, assim como o governo Lula, Dilma ainda não decidiu.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG é jornalista. E-mail: sardenberg@cbn.com.br; carlos.sardenberg@tvglobo.com.br

Falacias Academicas: o retorno!: desta vez, sobre o marxismo vulgar... (ou marquissismo)

Fazia tempo que não escrevia algum novo artigo da série "falácias acadêmicas" (e elas são muitas, inesgotáveis).
No mês passado, um desses "marquissistas de opereta", que vivem repetindo como papagaios alguns slogans surrados do marxismo oficial, e com isso deteriorando ainda mais o marxismo vulgar que já percorre e contamina nossas faculdades de humanidades sem nenhum pudor dialético, protestou contra o fato de eu ter postado neste blog um "projeto" (o conceito não se aplica) de pesquisa, financiado generosamente pela agência paulista de fomento, para provar algo que eu mesmo posso provar sem projeto e sem cobrar nada: que o governo Lula praticava (e sua sucessora ainda pratica) uma política econômica neoliberal.
Furibundo pelo fato de eu ter simplesmente tecido comentários irônicos sobre o seu "projeto", o tal de "marquissista de fancaria" pretendeu liderar uma caça às bruxas (no caso apenas uma, eu mesmo), contra o que ele considerava ser um ataque reacionário ao seu justo direito de gastar dinheiro público descobrindo o óbvio. Teve um outro colega delirante chegou a afirmar que eu estava levando -- vejam vocês, com um simples e obscuro post -- uma "campanha macartista". Ele provavelmente não deve saber o que isto significa e fala coisas sem saber.
O fato é que os nossos "marquissistas" estão deteriorando o edifício mais que secular do marxismo, com seu "modo repetitivo de produção", que consiste simplesmente em juntar alguns slogans mais conhecidos e ir colando, aqui e ali, em textos absolutamente incompreensíveis, como um recente, sobre "o moinho satânico" do capitalismo", uma assemblagem insossa e sem sentido de chavões e clichês que pretende ser marxista, quando é somente ridículo.
Em todo caso, aqui segue o meu artigo:

Falácias acadêmicas, 15: o modo repetitivo de produção do marxismo vulgar no Brasil
Brasília, 26 junho 2011, 15 p. Discussão das mistificações cometidas contra o marxismo pelos repetidores de slogans superficiais.
Espaço Acadêmico (ano 11, n. 122, julho 2011, p. 111-122)
Relação de Originais n. 2283; Publicados n. 1040.
link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/13823/7221

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pautar ou ser pautado, eis a questao (sem Hamlet, por favor...)

Existem governos que pautam a imprensa, ou seja: produzem fatos, mudanças, políticas, matérias concretas para a imprensa, de um ponto de vista puramente objetivo. Esses governos figuram nas páginas dos jornais porque apresentam algo de substantivo a demonstrar.

Existem outros governos que são pautados pela imprensa, que só adota atitudes reativas porque a imprensa atuou, produziu fatos, versões, descobertas, enfim fez o governo se mexer, mesmo quando este não queria, não pretendia e não tinha a intenção de fazer nada, absolutamente nada.

Sob qual governo você prefere viver?
Num ativo, ou num passivo?

Paulo Roberto de Almeida

Relacoes Brasil-Estados Unidos no goveno FHC - capitulo Paulo Roberto de Almeida em livro coletivo

Depois de algum tempo esperando editora, fui informado, finalmente, da publicação deste trabalho meu em livro coletivo, como abaixo:

As relações Brasil-Estados Unidos durante os governos FHC
In: Sidnei J. Munhoz e Francisco Carlos Teixeira da Silva (orgs.):
Relações Brasil-Estados Unidos: séculos XX e XXI
(Maringá: Editora da UEM, 2011; ISBN: 978-85-7628-372-0; p. 273-307)
Relação de Originais n. 1413; Relação de Publicados n. 1039.

Para o sumário completo ver este link.

Chapa Integra, para a ABRI: propostas

Caro(a) Colega,

Tomamos a liberdade de apresentar a chapa IntegraRI, inscrita para a eleição da ABRI a ser realizada no próximo mês de julho.

Consideramos que esta eleição apresenta uma oportunidade para renovar o diálogo, expandir perspectivas e integrar mais a área de RI. Nossa principal preocupação é a de promover a pluralidade em um espaço institucional integrado e dinâmico. Por certo sairemos deste Encontro, e desta primeira eleição com debate de ideias em torno duas chapas, mais fortalecidos, mais maduros e mais democráticos.

A ABRI é uma associação jovem que só tardiamente conferiu sentido associativo a uma área que cresceu em ritmo vigoroso e sustentável. Área, aliás, que já desempenha um papel crucial não apenas no campo acadêmico das ciências humanas e sociais, mas também na formulação e condução de políticas públicas fundamentais para o País. Seguiu-se ao crescimento da área o processo de internacionalização, especialmente por meio de seminários e conferências, para os quais as gestões anteriores deram contribuição significativa, o que se deve reconhecer e prestigiar.
Mas entendemos que é tempo de renovação, é o momento de incluir, na construção da Associação, a contribuição dos novos programas que já desempenham papel fundamental na nossa área. É tempo de construir uma interlocução mais estreita com os programas de pós-graduação, garantindo um diálogo interdisciplinar, sem que isso, de modo algum, abale a nossa identidade já consolidada.

É tempo de estarmos mais presentes e sermos mais propositivos nos fóruns e instituições que regem a ciência e a tecnologia do país. A área de Relações Internacionais é, sob qualquer perspectiva analisada, sub-representada e, como consequência, não detém recursos e assentos institucionais a refletir o seu crescimento e peso específico.

Já é tempo de enfatizar o aprimoramento dos modelos de gestão. Modelos que permitam um leque mais amplo de serviços aos associados, tal como uma revista científica editada pela Associação, bem como a constituição de estruturas mais ágeis de comunicação e intercâmbio com os associados, estudantes e pesquisadores.

Queremos estabelecer novos caminhos com uma participação ampla e ativa da comunidade a quem a Associação representa. Por estas razões vamos constituir e tornar disponível, em breve, um espaço virtual para recepção de propostas e ideias que ajudem a promover o diálogo e a construir propostas de ação.

Fortalecer o debate, expandir perspectivas e integrar. Eis as motivações da IntegraRI.

Contamos com seu apoio e colaboração.

Quem somos
Chapa IntegraRI:

Janina Onuki (IRI-USP), presidente
Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, mestrado (1996) e doutorado (2002) em Ciência Política pela USP. Foi pesquisadora visitante no Center for Latin American Studies da Georgetown University (EUA, Washington, DC) e na City University of New York (de 1999 a 2000). Atualmente é professora do Instituto de Relações Internacionais da USP e coordenadora acadêmica do laboratório de pesquisa em negociações internacionais do DCP-USP (CAENI). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Análise de Política Externa, atuando principalmente com os seguintes temas: política externa, regimes internacionais, integração regional. É bolsista Produtividade em Pesquisa (PQ-2) do CNPq.

Marcelo de Almeida Medeiros (UFPE), secretário executivo
Possui Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (1989), Mestrado em Ciência Política pelo Institut d'Etudes Politiques de Grenoble (1993), Doutorado em Ciência Politica também pelo Institut d'Etudes Politiques de Grenoble (1997) e Livre-docência em Ciência Política pelo Institut d'Etudes Politiques de Paris (2010). É Professor Associado 1 de Ciência Política do Departamento de Ciência Política - DCP/UFPE, Bolsista de Produtividade em Pesquisa (Nível 2) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Líder do Núcleo de Estudos de Política Comparada e Relações Internacionais - NEPI/UFPE/CNPq e, atualmente, Coordenador do Curso de Graduação em Ciência Política/Relações Internacionais - DCP/UFPE. É, também, Diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Ciência Política - ABCP e membro do Conselho da International Political Science Association - IPSA (2008-2012).

Monica Salomón (UFSC), secretária adjunta
É doutora em Ciência Politica e da Administração pela Universidade Autónoma de Barcelona (1998), onde foi professora titular de Relações Internacionais até 2005. Atualmente pertence ao Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidad Federal de Santa Catarina e coordena o Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Suas principais áreas de interesse são a análise de política externa, a atuação internacional dos governos subnacionais, a política externa européia e a teoria das Relações Intenracionais, areas nas quais tem publicado diversos artigos e capítulos de livro.

Miriam Gomes Saraiva (UERJ), diretora
Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981), mestrado em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1990) e doutorado em Ciência Política pela Universidad Complutense de Madrid (1995). Esteve como Visiting Fellow no Instituto Universitário Europeu (Florença/Itália) entre 2002 e 2003 para um pós-doutorado. É professora/pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, nas Linhas de Estudos de Política Externa e Integração regional. Tem Bolsa de Produtividade do CNPq nível II. Desenvolve seu trabalho na área de Relações Internacionais, com ênfase nos seguintes temas de política externa e integração regional: politica externa brasileira, Mercosul e relações Brasil-Argentina, política externa européia, integração sul-americana.

Héctor Luis Saint-Pierre (UNESP/Franca), diretor
Licenciado em Filosofia pela Universidad Nacional de La Plata, Argentina. Mestrado em “Lógica, Epistemologia e Filosofia da Ciência” pela Universidade Estadual de Campina (UNICAMP) onde também concluiu o doutorado em Filosofia Política em 1996. Fez pós-doutorado FAPESP/Universidade Autónoma de México em 1999. Defendeu sua Livre-docência na Universidade Estadual Paulista, em 2002, com tese sobre "Formas contemporâneas da violência Política". Realizou Concurso de Professor Titular em “Segurança Internacional e Resolução de Conflitos” em 2011. É pesquisador do CNPq (Pq2). Coordena a área de "Paz, Defesa e Segurança Internacional" da Pós-graduação em Relações Internacionais "San Tiago Dantas". Publicou 26 artigos em periódicos especializados, 44 capítulos de livros, 4 livros publicados e muitos artigos de opinião e entrevistas em veículos de comunicação. Participou em mais de 80 eventos científicos no exterior e de 70 no Brasil. Supervisou 1 pós-doutorado e orientou 3 doutorados, 17 dissertações de mestrado, além de muitos trabalhos de conclusão de curso nas áreas de História, Ciência Política e Relações Internacionais. Recebeu 4 prêmios e/ou homenagens. Atua na área de Ciência Política e Relações Internacionais, com ênfase em Integração Internacional, Conflito, Guerra e Paz. Lidera o Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES) da UNESP e é membro do Diretório da Red de Seguridad y Defensa de América Latina (RESDAL) e da Junta Académica ad hoc do Colégio Interamericano de Defesa (CID-OEA).

Ingrid Sarti (UFRJ), diretora
Professora e pesquisadora de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-graduação em Economia Política Internacional. Áreas de pesquisa: economia política internacional; integração regional da América do Sul; teoria política clássica; partidos políticos e movimentos sociais. Doutora (Iuperj) e Mestre em Ciência Política (Stanford University e Universidade de São Paulo), bacharel em Ciências Sociais (Universidade de São Paulo). Atualmente, é também professora visitante na Universidade da Integração da América Latina – Unila, de cuja Comissão de Implantação fez parte (2008-2009). É membro do Colégio Editorial de “Crítica y Emancipación”, Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales. Coordenou o Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFRJ (2000-2007) e integrou a Diretoria da SBPC (2005/2007). É membro do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, do Comitê Diretivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais – Clacso e do Conselho Deliberativo do Forum Universitário Mercosul – FoMerco.

Maria Susana Arrosa Soares (UFRGS), diretora
Doutorado em Estudos Latino-Americanos (UNAM) e Pós-Doutorado na École des Hautes Études em Sciences Sociales (Paris).Docente e ex-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UFRGS. Diretora do Centro Brasileiro de Documentação e Estudos da Bacia do Prata (CEDEP) da Ufrgs e Coordenadora da elaboração do Thesaurus de Relações Internacionais, publicado, em 2008, pela Editora da UFRGS. Desenvolve pesquisas na área de Relações Internacionais em temas relativos à cultura, à diplomacia cultural e à cooperação cultural no âmbito sul-americano.

Rodrigo Duarte Passos (UFPI), tesoureiro
Possui graduação em Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade de São Paulo (1995), Mestrado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (1998) , Doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (2006), atuando principalmente nos seguintes temas: Teoria Política e Relações Internacionais. É professor do Departamento de Ciências Sociais e do Corpo Permanente do Programa de Mestrado em Ciência Política do Centro de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Piauí. É pesquisador do Grupo "Marxismo e Pensamento Político" do Centro de Estudos Marxistas da Universidade Estadual de Campinas, no qual desenvolve pesquisa sobre a relação entre guerra, política e hegemonia no pensamento de Antonio Gramsci. É Pesquisador Visitante e Bolsista do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional - PNPD - do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Nesta instituição, atua no Projeto "O Papel da Defesa na Inserção Internacional do Trabalho", no tema "Divisão Internacional do Trabalho na Área de Segurança".

Cristina Pacheco (UEPB), conselho fiscal
Formada em Direito pela UFSC em 1997, é Mestre em Ciência Política e Doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP. Atualmente trabalha nos cursos de Graduação e Mestrado em Relações Internacionais da UEPB, onde é Professora Adjunta. Pesquisadora do INCT-INEU, desenvolve pesquisas na área de Política Internacional, com ênfase no papel do Judiciário nas estruturas de governança global.

Israel Roberto Barnabé (UFS), conselho fiscal
Doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp com tese na área de Relações Internacionais. Graduação em Ciências Sociais e Mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp. Tem experiência nas áreas de Relações Internacionais, Ciência Política e Sociologia, atuando principalmente nas seguintes linhas: Globalização, Estado e Processos de Integração / Teoria das Relações Internacionais / Sociologia das Relações Internacionais. Atualmente é Professor Adjunto e Vice Coordenador do Núcleo de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe. Líder do Grupo de Pesquisa no CNPq: Política Internacional e Processos de Integração.

Nossas Propostas
A chapa IntegraRI torna pública as suas propostas centrais para a próxima gestão. As propostas estão divididas em três níveis, conforme apresentadas a seguir:

1. Acadêmica
Criação de revista acadêmica da associação, com vistas a promover a maior internacionalização da área.
Organização de seminários intermediários, de caráter temático.
Criação de coordenadorias de áreas temáticas permanentes.

2. Administrativa
Ampliação da profissionalização da gestão da secretaria executiva.
Edição de boletim com escopo informativo e analítico sobre temas centrais para a área.
Criação de um canal de comunicação direto com os pesquisadores, com a estruturação de um site mais dinâmico e informativo para os associados.
Constituição de coordenadorias regionais da ABRI, de forma ampliar a interlocução com os distintos programas e instituições de ensino de relações internacionais.

3. Político e político-científico
Criação de um comitê consultivo composto por estudantes de pós-graduação a fim de fornecer subsídios de políticas e aprimorar intercâmbio da ABRI com estudantes de pós-graduação.
Criação de um comitê de acompanhamento de políticas científicas, responsável pela elaboração de relatórios regulares a serem enviados para os associados.
Designação de diretoria para acompanhamento de políticas científicas e de interlocução com outras entidades e junto a entidades científicas nacionais. Definição funcional de quatro diretorias: (1) Diretoria de Assuntos Institucionais (para relações com a ANPOCS/SBPC/ABCP, etc); (2) Diretoria de Assuntos Internacionais (para relações com a IPSA/ISA/WISC, etc.); (3) Diretoria de Assuntos de Graduação e Pós-Graduação (para relações com os coordenadores de graduação e pós-graduação); (4) Diretoria de Políticas Científicas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Curso PRAlmeida: A Ordem Global e a Inserção Internacional do Brasil, ESPM-SP, 18 a 22/07/2011

Evento – Curso “A ordem global e a Inserção Internacional do Brasil”

Os principais problemas e temas relevantes da agenda diplomática internacional, bem como o posicionamento do Brasil em relação a cada um deles serão enfocados no curso que o diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida dará na ESPM em São Paulo, no período de 18 a 22 de julho de 2011.
Trata-se de um curso de férias, com 15 horas-aula (mais apostila e outros materiais complementares de estudo), cujas informações podem ser acessadas neste link:

http://www.espm.br/ConhecaAESPM/Cursos/Pages/DetalheCurso.aspx?codCurso=1062&Ferias=1&CodUnidade=1&NivelEnsino=6

Maiores informações pelo telefone (11) 5085-4600, ou pelo e-mail: centralinfo@espm.br

As inscrições podem ser feitas neste link:
http://securityserver2.espm.br/eventos/servlet/hweevn?1,1

A programação do curso está em: http://www.espm.br/Upload/Cursos/1062.pdf
e sua estrutura resumida é a seguinte:

A Ordem Global e a inserção internacional do Brasil
1. A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil
2. A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
3. Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas
4. O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo
5. O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), Mestre em Planejamento Econômico pela Universidade de Antuérpia (1977) e diplomata de carreira. Professor de Economia Política Internacional no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília – Uniceub – e autor de diversos livros na área (www.pralmeida.org)

Um Marcel Proust das baratas: vocacoes perdidas na burocracia

O memo do qual transcrevo apenas parte, abaixo, para não constranger as baratas, foi efetivamente preparado, protocolado e enviado por seu autor, um aspone, ou seja um importante assessor de um importante ministro de um importante ministério da importante Esplanada da importante capital brasileira.
Brasília fica, como todo mundo sabe, no cerrado central, um ambiente propício às vocações literárias, com seu céu sempre azul, nuvens resplandecentes (enfim, tem também seis meses de chuva), vegetação rasteira e políticos ainda mais rasteiros. Mas os aspones pertencem a outras categorias: pessoas que, sem ter muito o que fazer, se dedicam a suas lides literárias, como se lê abaixo, neste Memo 6714/2011, enviado em 1. de Julho, em caráter urgente, ao chefe do que se supõe seja um serviço de limpeza, ou de exterminação de seres indesejados (tem muita sigla obscura).
A prosa é saborosa, como vocês podem constatar...
Paulo Roberto de Almeida
" Assunto: Dedetização

Reitero pedido de providências urgentes para dar fim às baratas que infestam este Gabinete, em especial a copa e a máquina de café expresso, fazendo ninho, inclusive no interior das estações de trabalho, nos armários e nos aparelhos de telefone, e passeando de maneira tranquila e impune pelas coisas e pessoas, trabalhadores e visitantes.

2. Faz-se necessário esclarecer que, não obstante serem as baratas insetos de hábitos noturnos, mais ativas à noite, quando saem do abrigo para comer, copular e botar ovos, as que por aqui transitam não têm o menor constrangimento em desenvolver suas atividades também durante o dia, o que tem chamado a atenção até mesmo do próprio Ministro, que vem dividindo com elas, diuturna, democrática e insalubremente, o ambiente de trabalho.


Atenciosamente"

(Assinado)
[Nome]
Assessor Especial do Ministro

=====

Eu particularmente considero o autor uma grande vocação para a literatura, capaz de ingressar na Academia Brasiliense de Letras e, quem sabe até, galgar posições mais elevadas na nossa República das Letras.
Creio que as baratas continuarão conosco até o fim dos tempos, mas depois desse dramático memorandum, elas não conseguirão sobreviver no gabinete do ministro...
Paulo Roberto de Almeida

A UnB em decadencia: carta do Reitor aos professores e alunos...

Seria ele Magnifíco?

CARTA DO REITOR
Aos professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília,

Esta não é uma carta de resposta. O que inspira estas linhas é uma pergunta, a mesma pergunta registrada nas centenas de mensagens de solidariedade que recebi nas últimas horas: por que a revista Veja atacou a Universidade de Brasília na reportagem Madraçal no Planalto?

A matéria do final de semana diz que “um dos símbolos da luta pela democracia durante o regime militar, a UnB tornou-se reduto da intolerância esquerdista”. São cinco páginas de acusações mentirosas, erros grosseiros e ataques covardes à universidade e ao seu órgão colegiado superior, o Conselho Universitário.

Como presidente do Consuni, tenho o dever de resguardá-lo e de chamar para mim toda a responsabilidade pela defesa da instituição onde estou desde 1978. Ao contrário do que diz a reportagem, não sou um tiranete intolerante surgido de um golpe nas urnas.

Fui escolhido pela comunidade acadêmica em processo eleitoral com regras definidas pelos integrantes do Conselho Universitário, instância que, ao contrário do que insinua a publicação, não funciona sob o regime da paridade. Hoje são 89 integrantes, 62 deles professores, 16 estudantes e 10 técnicos-administrativos.

Infelizmente, a equipe de Veja não visitou nenhuma sessão do Consuni para testemunhar a riqueza dos nossos encontros. Só entre 2009 e 2010 foram 50 reuniões e dezenas de votações. Em muitas, a posição da administração não prevaleceu. Em todas, a universidade ganhou com a multiplicidade de opiniões.

A Universidade de Brasília, portanto, não é uma madraçal onde se decoram e se repetem lições de arbitrariedade. Vivemos numa ágora. Não prezamos os atalhos fáceis dos ataques anônimos nem o uso da mídia para interesses vis. Respeitamos a liberdade de imprensa e também a de informar com seriedade.

Prezamos o debate na esfera pública, a racionalidade dos argumentos e fortalecemos os espaços institucionais de críticas, recursos e denúncias. Temos uma Ouvidoria e um Conselho de Ética atuantes, mas infelizmente as fontes de Veja não recorreram aos canais formais de reclamação.

Observadores atentos de nosso trabalho diário sabem que a UnB jamais foi tão aberta. Os órgãos colegiados, acadêmicos e administrativos, trabalham como nunca para estabelecer um marco regulatório da universidade calçado no mérito científico e na troca de ideias entre os pares.

A vida universitária, no entanto, não tem se resumido à rotina administrativa. Quem lê jornais e vê televisão sabe que a reitoria não está encastelada no campus e que periodicamente grupos de estudantes, professores e funcionários sobem a rampa para fazer toda sorte de protestos democráticos.

A Universidade de Brasília conhece na carne do cotidiano os males da falta da democracia. Durante as três décadas de ditadura militar, a UnB enfrentou a truculência de Estado. Usamos nossa melhor arma, a inteligência. Essa, aliás, é uma das poucas verdades escritas na reportagem.

O que a publicação não conta é que, dos seis críticos à atual reitoria, nenhum estava combatendo o medo nas salas de aula e nos corredores do campus durante os anos de exceção. Eu estava e me orgulho dessa militância pela justiça e pela paz.

A revista me trata de forma panfletária, diz que meu único mérito acadêmico evidente é a militância partidária. Nunca atuei em partido político nem sou dado a auto-elogios, mas meu lattes, de fato, difere do de algumas fontes citadas. Sou autor de quatro livros, organizei 24 publicações, escrevi 56 artigos em periódicos e 43 capítulos de livros.

A atual administração da UnB valoriza a produção acadêmica, criamos um Portal de Ciência e uma revista de divulgação científica, onde aliás, duas das fontes citadas por Veja como perseguidas mostram seus trabalhos nas últimas edições. Há ainda muito por fazer nos campi.

Queremos estar entre as cinco melhores universidades do país. Hoje produzimos quase 700 teses e dissertações por ano, nosso percentual de professores doutores ultrapassa os 90% e nossa política de fomento se ampara na publicação contínua de editais, como forma de garantir o acesso meritocrático aos recursos.

A reportagem relaciona seis exemplos de suposta perseguição política da administração sem mostrar uma única prova. O caso mais sério relatado é o da procuradora Roberta Kaufmann, advogada do partido DEM em ação contra a política de cotas da universidade, definida muito antes do meu reitorado.

Ex-aluna do mestrado da Faculdade de Direito, onde ingressou com minha aprovação em sua banca, Roberta veio à UnB participar de um debate sobre as cotas. Aqui, foi injustamente vaiada e agredida. Não há, no entanto, um único integrante da administração superior que tenha participado das agressões. A reitoria, porém, sabe que a vaia é comum no campus. Recentemente, o presidente Lula foi vaiado aqui. Semana passada, também fui.

Veja oferece a opinião de seis dos 2.200 professores da Universidade de Brasília. Não ouve nenhum estudante. Nenhum funcionário. No Portal da UnB, no link sobre tolerância, o leitor conhecerá dezenas de depoimentos de cientistas, professores, autoridades das mais diversas áreas e das mais diferentes correntes de pensamento. Todos solidários com a Universidade em sua mais profunda verdade: o da produção de um conhecimento que emancipa porque humaniza e que educa porque respeita a pluralidade de ideias.

Tomo a liberdade de encerrar esta carta com as três linhas que as cinco páginas de reportagem reservam para a única pessoa que defende a universidade no texto: o reitor. “É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam a visibilidade”. Refiro-me, claro, aos seis professores que foram se queixar à revista e me pergunto se fizeram isso de intolerantes que são ou se intolerante é a Veja, que os acolheu sem ouvir o outro lado?

José Geraldo de Sousa Junior

(circulada em 5/07/2011)

A UnB em decadencia: comentario Reinaldo Azevedo...

AOS ESTUDANTES E PROFESSORES LIVRES DA UnB: REAJAM CONTRA OS MARCOLAS E FERNANDINHOS BEIRA-MAR DA IDEOLOGIA! DIGAM “NÃO” À OPRESSÃO E À VIOLÊNCIA! LUTEM EM DEFESA DE UM PATRIMÔNIO QUE É DO POVO BRASILEIRO, NÃO DE FACÇÕES OU DE UM PARTIDO
Reinaldo Azevedo, 5/07/2011

NA CONTRAMÃO - Salas de aula são utilizadas para festas e consumo de drogas. Professora discorda da liberalidade - e é punida

A Universidade de Brasília, a quase lendária UnB, que já chegou a figurar entre as mais importantes do país, está nas últimas. Trata-se de um verdadeiro monumento ao modo petista de fazer educação. Aos poucos, foi deixando de ser um centro de excelência para se transformar num emblema até folclórico da baixa qualidade do ensino, do atraso ideológico, da vigarice acadêmica, de tudo o que de pior pode produzir o esquerdismo mais rombudo, mais estúpido, mais atrasado. Se fumar maconha, por exemplo, fosse exercício de liberdade de expressão, a UnB já teria fundando o novo Iluminismo, com o Voltaire da bagana, o Diderot do baseado, o Rousseau da marijuana, o Montesquieu do beck. Antes de Celso de Mello tirar o Artigo 287 do Código Penal, alguns estudantes da UnB já tinham tirado a roupa porque é uma gente sem receio de recorrer a argumentos fortes, elaborados, frutos da mais severa disciplina. Mas tirar a roupa para calar a divergência - e é claro que estamos falando de uma MINORIA QUE FAZ A MAIORIA REFÉM - não é, evidentemente, o que os extremistas fazem de pior. Leiam o trecho que segue em azul. Volto depois.

A procuradora de Justiça Roberta Kaufmann conta que viveu a maior humilhação de sua vida em um auditório da UnB, instituição em que concluiu seu mestrado. Convidada para participar de um debate sobre a adoção de cotas raciais pelas universidades públicas, ela - que é contrária ao projeto - não conseguiu falar. Quando lhe foi dada a palavra, um grupo liderado por professores promoveu um alarido ensurdecedor. Ela foi chamada de racista, ouviu ofensas impublicáveis e só pôde deixar a universidade horas depois, acuada, com medo de que algo pior acontecesse. Seu carro foi vandalizado. Nas portas, foi pichada a frase “Loira filha da p…”. Desde então, Roberta nunca mais voltou à UnB sem companhia. Não se trata de um caso isolado. “A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para o diálogo. Ou você compartilha do pensamento dominante ou será perseguido e humilhado”, diz a procuradora.

Reportagem
O que vai acima é trecho de uma reportagem da VEJA desta semana - acho que vocês perceberam que se trata de uma edição especialmente importante, não? - intitulada Madraçal do Planalato, de Gustavo Ribeiro. Ela relata o clima de horror e terror que tomou conta a UnB, especialmente depois que José Geraldo Sousa Junior foi eleito reitor. Ele assumiu o poder à esteira da deposição de Timothy Mulholland, acusado, em 2008, de malversação de recursos da universidade. Até onde sei, conseguiu provar a sua inocência. De todo modo, o que vai ficando caracterizado é que Mulholland caiu por suas eventuais qualidades, não por seus defeitos. Ele resistia a entregar o poder total aos extremistas, embora tenha feito muitas concessões. Mas eles queriam o poder total. E Fernando Haddad, este notável incompetente enfatuado, ministro da Educação, lhes concedeu o que pediam.

A UnB vive um verdadeiro clima de caça - e cassa - às bruxas, com perseguição ideológica escancarada no âmbito discente e docente. Leiam mais um trecho (em azul) da reportagem de VEJA. Volto depois com algo ainda mais estarrecedor.

O jurista Ibsen Noronha, ex-professor voluntário do departamento de direito e um dos maiores especialistas em história do direito brasileiro, deixou a UnB no fim do ano passado. Motivo: sua disciplina desapareceu do currículo. Para ele, no entanto, foi retaliação diante de sua posição extremamente crítica em relação ao polêmico regime de cotas, uma das bandeiras que tem na atual gestão da UnB seus maiores defensores: “É a primeira vez em trinta anos que a disciplina, um diferencial do currículo da universidade, não foi oferecida. Eu fui aluno da UnB e tive essa aula. A justificativa que a faculdade apresentou é risível: disseram que a matéria foi suprimida por ser optativa. Mas não me foi apresentada nenhuma outra opção no lugar dela. É lamentável testemunhar a transformação da universidade em um instrumento de domínio ideológico”, afirma Noronha, que se tornou, em fevereiro, o primeiro brasileiro a lecionar na respeitada Universidade de Coimbra, em Portugal. O embate é tal que mesmo críticas sem conotação ideológica ou política podem servir como estopim para retaliações. A professora Tânia Montoro, da Faculdade de Comunicação, conta que foi punida por ter criticado as extravagantes concessões que a atual reitoria faz aos alunos, como a permissão de festas nos prédios onde as aulas são ministradas - que transformaram as salas em território livre para consumo de drogas. No ano passado, a professora e duas de suas alunas foram escolhidas como palestrantes em um seminário realizado em Bogotá. A UnB autorizouo pagamento da viagem das alunas, mas não da professora. Depois de duas negativas, Tânia reclamou, mas seu pedido só foi deferido quando não havia mais tempo para o embarque. “Eu tenho uma história de trinta anos nesta universidade, e sou uma pesquisadora produtiva. Não merecia passar por essa vergonha”, diz a professora.

Voltei
Tão logo a edição de VEJA em que está a reportagem acima chegou às bancas, Dilma Rousseff decidiu demitir a cúpula do Ministério dos Transportes. Como sabem, outra reportagem da revista denunciava toda a sorte de desmandos na pasta. Na UnB, a “Dilma” atende pelo nome de José Geraldo, o reitor. O que vocês acham que fez o “Magnífico”? Preocupou-se em averiguar se existem mesmo os desmandos? Tentou dar algumas explicações? Esforçou-se para demonstrar que as coisas não são bem como parecem? Nada disso! Ele preferiu mobilizar os seus sequazes, a sua tropa, para entupir a VEJA de mensagens - e também as chamadas redes sociais - com protestos contra a reportagem. Enviou a seus aliados o seguinte e-mail, que reproduzo com a mesma pontuação porca com que foi redigido. Prestem atenção a cada detalhe - porque é nele que o demônio se esmera.

Prezadxs,
Re-envio a matéria de Veja que ataca a UnB e especialmente, a mim, projetando, com base em fontes ressentidas, uma idéia de intolerância esquerdista. Peço que avaliem a matéria, mas que, sobretudo, enviem cartas com seus posicionamentos para a revista e também para a SECOM da UnB - pode ser cópia - aos cuidados de anabiamagno@uol.com.br . Peço que ativem também seus contatos com as redes sociais com o mesmo objetivo. Lembrem-se que se Veja ataca deste modo e com tanta força é porque estamos caminhando numa boa direção.
Um abraço.
José Geraldo

Comento
A matéria não ataca a UnB, é claro! Ela defende a universidade do ataque sistemático das várias faces do crime organizado. SAIBAM QUE HÁ HOJE ÁREAS NA UNIVERSIDADE SÓ FREQÜENTADAS POR CLIENTES DO NARCOTRÁFICO, EM QUE GENTE COMUM NÃO CIRCULA. Como a polícia está proibida de entrar no campus, a bandidagem faz as suas próprias leis. Nos cursos, a droga que se vende é outra: é esquerdopatia. Os traficantes de pó e fumo mandam fora dos departamentos, e os traficantes de ideologia mandam dentro. São aliados objetivos.

Vejam lá como o aiatolá José Geraldo se dirige a seus comandados: “Peço que avaliem a matéria, mas que, sobretudo, enviem cartas com seus posicionamentos para a revista (…)”. A avaliação que se dane; até porque ele próprio já avaliou: prioritário é enviar as cartas para a revista e mobilizar as redes sociais. Escrevo este texto, principalmente, para denunciar esse método. Já volto a este ponto. Quero antes apontar um outro aspecto do e-mail do reitor.

Leiam lá: ” (…) se Veja ataca deste modo e com tanta força é porque estamos caminhando numa boa direção.” A mesma edição que traz a reportagem sobre a UnB, reitero, traz a denúncia contra a sem-vergonhice vigente no Ministério dos Transportes. Não por acaso, o mensaleiro Valdemar da Costa Neto, processado pelo Supremo por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, anunciou que vai processar a revista. José Geraldo não gosta da VEJA, e Valdemar também não! Eu diria ser este um sinal de que “estamos caminhando na boa direção”.

Há 15 dias, VEJA informou que, segundo o petista Expedito Veloso, o agora ministros Aloizio Mercadante participou da armação criminosa que ficou conhecida por “Dossiê dos Aloprados”; há pouco mais de uma semana, reportagem da revista demonstrou que Ideli Salvatti também atuou ativamente no imbróglio. No ano passado, a revista flagrou a então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, numa urdidura muito pouco republicana… Eu não tenho a menor dúvida de que há muito tempo VEJA segue numa direção, e José Geraldo segue na outra; eu não tenho a menor dúvida de que os valores da revista são uns, e os de José Geraldo são o contrário; eu não tenho a menor dúvida de que VEJA e José Geraldo pertencem a civilizações distintas. Eu não tenho a menor dúvida de que VEJA, há muito tempo, escolheu a sua companhia - a democracia, a Constituição e as leis -, e José Geraldo também. Vocês ainda verão quais.

Método
O que me chama especialmente atenção no e-mail deste senhor é o método. Esses extremistas - de qualquer natureza: de esquerda, das drogas, do racialismo… - estão organizados para tentar fazer com que sua loucura minoritária passe como expressão da maioria. Estão organizados para patrulhar as seções de cartas e e-mails das revistas, jornais, portais, sites, blogs. Em outubro de 2007, a Folha me convidoou para escrever um artigo contestando um bobajol esquerdopata que tentava explicar “socialmente” um assalto de que o apresentador Luciano Huck fora vítima. A tese era a seguinte: sempre que se assalta um rico como Luciano, faz-se justiça social. Dei uma porrada nos vagabundos que afirmavam essa sandice. Pois é… O Painel do Leitor da Folha publicou 12 manifestações de “leitores” me atacando. Eu me perguntei: “Seriam militantes de esquerda?” Oito deles - 66% - eram “profissionais” egajados, militantes das seções de cartas e, bem, da “causa”… O texto em que relato essa história está aqui aqui. É por isso que petralha não se cria no meu blog.

José Geraldo está apelando a essa turma. Milhões de pessoas lerão a reportagem sobe a UnB. A grande maioria, estou certo, há de ficar escandalizada - como se escandaliza, não duvido, a maioria dos estudantes e professores da universidade. Mas essa maioria costuma ser silenciosa, e a minoria extremista é barulhenta, aparece.

Quem é o reitor?
José Geraldo Souza Júnior é um velho conhecido deste blog. Entre os destinatários de seu e-mail, a turma que está sendo convidada a entupir a revista com cartas e a fazer pressão nas “redes sociais”, estão os seguintes endereços direito_achado_na_rua@yahoogrupos.com.br, lyra_filho@yahoogrupos.com.br e dialogoslyrianos@googlegroups.com… Ai, ai, ai…

“Direito Achado na Rua”? Sim, meus caros, José Geraldo, o reitor da Universidade de Brasília, é o grande chefe desta, digamos assim, “corrente”. Num longo texto de 31 de maio de 2007, eu expus os fundamentos desse delírio. O texto está aqui? aqui. O que querem esses valentes? Eu explico.

Trata-se de uma formulação inspirada num troço chamado NAIR, pomposamente traduzido por “Nova Escola Jurídica Brasileira”, de que o grande “mestre” foi o esquerdista gramsciano Roberto Lyra Filho (1926-1986). De tal maneira se encantou com a sua obra que ficou conhecido no meio como “o homem da NAIR”, até que virasse simplesmente “o Nair”. O Direito Achado na Rua, conforme é definido por seus adeptos, busca combater o que consideram o “legalismo”. Entenda-se por isso o conjunto das leis que aí estão, que estes bravos avaliam ser vincado pelas desigualdades de classe. Daí que se ocupem, na prática, de combater esse formalismo, digamos, classista em benefício de um “verdadeiro direito”, que seria aquele formulado pelas lutas sociais.

Meu primeiro texto combatendo esses desvairados foi publicado neste blog, olhem como vai longe!, no dia 22 de maio de 2007. Eu contestava então um rapaz chamado José Eduardo Elias Romão, que chefiava o Dejus (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação), do Ministério da Justiça, na gestão Tarso Genro. Em nome do “povo”, Romão queria nada menos do que a instituição de uma forma de censura prévia no país, o que é explicitamente vedado pela Constituição. Romão era e é da turma de José Geraldo. E José Geraldo, como um dos mestres do Direito Achado na Rua, considera que esse conversa de leis é puro “legalismo”. A verdade está com os “movimentos sociais”; é ali que se encontra o verdadeiro direito. O homem está no meu radar que identifica pessoas com pouco apreço pela democracia desde 22 de junho de 2007. Ele estava ainda longe da reitoria. Mas meu faro é bom para certo tipo de gente.

Encerrando este texto, mas não o caso
Temos, pois, no comando da UnB um teórico do desrespeito às leis; alguém que acredita que elas nos afastam da verdadeira justiça; alguém para quem o direito está com os militantes - aqueles mesmos que, no fim das contas, o elegeram reitor. Ele não ocupa o cargo preocupado com a excelência acadêmica. Dedica-se, noite e dia, a manter um esquema de poder. Eu ainda vou lhes explicar como Fernado Haddad, o perverso, está na raiz desse descalabro. Mas não nesse texto, que já foi longe.

Aos estudantes e professores da UnB que não se sentem representados por esses Marcolas e Fernandinhos Beira-Mar da ideologia (esses dois também não reconhecem o arcabouço jurídico brasileiro, embora, no momento, vivam sob seu mando, o que não é o caso dos outros), resta uma exortação: organizem-se contra seus opressores; reajam à violência institucional e moral que tomou conta da universidade; digam não à opressão. Essa casa já lutou contra uma ditadura uma vez. Está na hora de lutar contra a outra.

Patentes e justica no Brasil: atraso de pelo menos oito anos

No Brasil, como diriam os economistas, os custos de transação são muito altos. Não apenas pela corrupção e preguiças macunaímicas, mas a ineficiência do Estado, aliada ao burocratismo reinante fazem com que os brasileiros tenham de esperar oito anos para que uma patente seja concedida, ou prazo similar na média (ou seja, pode ir de 4 a 16 anos) para que um problema seja resolvido na Justiça.
Não creio que possa haver desenvolvimento real enquanto perdurarem essas condições.
Enfim: parece que subdesenvolvimento é isso, quando o Estado não funciona.
Estamos nele, ao que parece...
Paulo Roberto de Almeida

Inovações e patentes
Editorial - O Estado de S.Paulo
04 de julho de 2011

A necessidade de inovação para que a indústria brasileira possa ganhar competitividade internacional tem merecido grande destaque, mas só agora é que serão tomadas as primeiras medidas para a modernização do sistema brasileiro de registro de patentes, a cargo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A partir de agosto, o Inpi vai contratar novos servidores e adquirir equipamentos modernos para dinamizar a concessão de patentes, de modo a encorajar as empresas a garantir os seus direitos sobre os resultados de seus investimentos em pesquisas e desenvolvimento, em vez de mantê-los na posição vulnerável de segredo industrial. Ao mesmo tempo, a maior facilidade para a obtenção de patentes contribuirá para evitar que indivíduos ou empresas se aproveitem da riquíssima biodiversidade brasileira para registrar no exterior produtos originários de plantas naturais do País.

O número de patentes solicitadas vem aumentando. Foi de 24 mil em 2009 para 28 mil no ano passado, um crescimento de 11%, podendo atingir 36 mil este ano, segundo o presidente do Inpi, Jorge Ávila. Mas ainda é muito pouco em relação a países como os EUA, onde a demanda de novas patentes gira atualmente em torno 600 mil por ano. O grande problema no País é que o registro de uma patente leva oito anos, no mínimo, para ser concedido. Como observou o professor Carlos Pacheco, da Universidade de Campinas, o processo de análise de uma patente no Brasil consome quase a metade dos 20 anos de sua validade. Por causa desse atraso, as empresas deixam de ter acesso a alguns benefícios fiscais e não podem agregar o valor da patente ao seu patrimônio.

Isso ocorre não só porque o Inpi está reconhecidamente mal equipado para exercício o de suas funções, mas também por causa de outros entraves burocráticos ao longo do processo. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, promete que, com o dispêndio de R$ 55 milhões por ano em salários de analistas e R$ 20 milhões para compra de sistemas de computação, o prazo pode ser reduzido à metade. Mesmo assim, o processo ainda será demorado, devendo ser feito um esforço para que ele não passe de três anos, como ocorre na Coreia do Sul.

O primeiro desafio será tirar o atraso. Existem hoje no Inpi 154 mil pedidos de patentes que ainda dependem de análise por 223 examinadores, segundo informa o Estado (28/6). Fazendo o cálculo pelo número anual de pedidos, verifica-se que ele é cinco vezes maior que o número de funcionários habilitados. Nos EUA, o número de analistas corresponde a 1,6 da demanda anual. Contratar funcionários mediante concurso público é apenas a primeira etapa, uma vez que eles terão de ser treinados para executar o trabalho com eficiência, o que leva tempo.

Do lado da indústria manufatureira, o empenho em inovar, conjugado com a maior facilidade para registro, é fundamental, uma das formas para contornar conhecidas dificuldades para concorrer no mercado internacional e defender-se de investidas de produtos importados no mercado interno, podendo contribuir para contrabalançar desvantagens como a pesada carga tributária, altos juros e câmbio sobrevalorizado.

Mas existe também outro aspecto: ao tornar mais rápido o registro de patentes, o País terá mais força para combater a biopirataria, incentivando a pesquisa científica, particularmente voltada para a biodiversidade da região amazônica, da Mata Atlântica e do Cerrado. Analistas que investigaram a origem das plantas utilizadas em patentes internacionais constataram que uma quantidade significativa delas é oriunda da biodiversidade brasileira. Contudo, a grande maioria das patentes às quais essas plantas estão associadas é estrangeira. Os seus "proprietários" costumam afirmar que esse material foi retirado do Brasil antes da assinatura da Convenção Internacional da Biodiversidade em 1992. Ainda que não tenha sido, recorre-se também à alegação de que patentes foram registradas no exterior dada a dificuldade de fazê-lo no País.

Bem, pelo menos nao é por outra coisa...

Talvez a princesa não precise reclamar, se houver promessa de fidelidade...
Pelo menos isso...
Paulo Roberto de Almeida

NOIVA EM FUGA
Princesa Charlene tentou fugir três vezes antes do casamento, diz jornal francês
Plantão O Globo, 05/07/2011 às 11h41m

MÔNACO - A imprensa francesa parece mesmo determinada a transformar a princesa Charlene em uma Maggie Carpenter da vida real. Segundo o diário "Le Journal Dimanche", a ex-nadadora sul-africana, agora esposa do príncipe de Mônaco, Alberto II, tentou fugir não apenas uma vez, mas três, assim como a personagem de Julia Roberts no filme americano "Noiva em Fuga".

LEIA MAIS: Mônaco nega que noiva do príncipe Albert tenha tentado fugir dias antes do casamento

Charlene teria tentado fugir para a África do Sul em três ocasiões: em maio, quando viajou a Paris para experimentar seu vestido Armani e planejou ir de lá para sua terra natal, no final do mesmo mês, durante a etapa de Fórmula 1 em Mônaco, e na semana passada, quando foi interpelada por funcionários do governo de Mônaco no aeroporto da cidade francesa Nice. A plebeia foi convencida a não desistir do casamento e teve seu passaporte confiscado.

Ao que parece, os problemas em aceitar o casamento estariam relacionados a supostos casos de infidelidade e paternidade do príncipe Alberto, que, além dos dois filhos reconhecidos no passado, teria mais outros dois. Por esse motivo, o jornal afirmou que os recém-casados teriam chegado a um acordo antes de dizerem "sim" no altar, que incluiria o compromisso do príncipe de submeter-se a exames de DNA pelas reclamações de paternidade.

Leia mais sobre esse assunto neste link.
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Se fosse em outros tempos, estariam gritando "Arrocho salarial"!!!

A manchete do dia:

Presidente do BC: reajuste salarial não deve considerar inflação passada
Para Alexandre Tombini, negociações precisam considerar a trajetória em queda dos preços, 'sem olhar o retrovisor'

Vamos agora aguardar as reações no partido da classe operária...
Paulo Roberto de Almeida

A frase da semana, do mes, de todo um continente - Evo Morales

Devemos fazer uma aliança estratégica com toda a América do Sul para a tecnologia. Porque a América do Sul já é a mãe de todos os recursos estratégicos do mundo.”

Presidente da Bolívia, Evo Morales, defendendo uma aliança estratégica entre os países da América do Sul, em entrevista ao jornal Página/12.

(Eu não sei porque eu fico postando este tipo de coisa neste blog, poluindo o ambiente...)

Um pioneiro da liberalizacao indiana - B.R. Shenoy (1957)

Como sempre acontece com quem tem razão muito cedo, B.R. Shenoy acabou sendo marginalizado e negligenciado na India, que durante quarenta anos, praticamente, caminhou lentamente, mantendo uma pobreza inacreditável no mundo moderno (até hoje, aliás).
Como também sempre acontece nesses casos, os principais obstáculos ao desenvolvimento indiano não eram propriamente de ordem material, mas de natureza mental: foi o atraso intelectual dos líderes indianos (e aqui na América Latina), e sua adesão a concepções econômicas equivocadas que conduziu o país ao atraso secular que conhecemos até pouco tempo atrás.
Ser pioneiro por vezes é difícil, pois as pessoas não estão preparadas para ouvir.
Paulo Roberto de Almeida

India's Great Free-Market Economist
by Chandrasekaran Balakrishnan
Mises Daily, July 5, 2011

Soon after India's political independence, a broad public debate revolved around the type of economic system that should be adopted and followed. Three proposals emerged: the Gandhian model, based on village economy and trusteeship; the Bombay Plan, which posited that the economy could not grow without government intervention and regulation, especially in capital-goods production; and the Nehruvian model, which was premised on a socialistic pattern of society and shunned every possible avenue for the private enterprise.

Ultimately, what prevailed for the next 40 years was the Nehruvian model. During this period, India tried to develop a mixed economy. Nonetheless, in the process of practicing this system, the government controlled the entry and expansion of private enterprises, often without understanding the consequences of these policies.

The "Licence Raj" thrived very quickly: government permission was needed for everything from starting a new enterprise to expanding an existing firm to determining the quantity of goods to be produced and exported. The economy was akin to the proverbial frog in a deep well that jumps three steps up only to slip two steps down! Instead of helping the economy to grow, the government virtually stamped out choices and competition in the name of licenses, import substitutions, restricted exports, prohibition of commodities, quantitative ceilings for bulk exports, reservations for small-scale industries, etc., etc.

This controlled regime of 40 years caused an accumulation of systemic crises, which forced the country to open up the economy and integrate with the global market. All these events were foreseen by one great economist and professor, B.R. Shenoy, who wrote many books and published famous articles in national and international newspapers and scholarly journals. His contemporaries made the country pay a heavy price by rejecting his practical policy solutions. But now his ideas rule a liberalized India.

After a decade of economic reforms, Indian economist S.B. Mehta wrote in 2001,

The 1991 economic crisis led us to beg finance from IMF which levied almost similar conditions which Prof. Shenoy was suggesting since 1957. But the then Finance Minister (during 1991) was criticized by many that we were mortgaging our sovereignty to IMF. This author wrote to him that he should declare that we were following the policy that Shenoy hinted for twenty long years and not following the conditions of IMF. No politician or economist, however, uttered the name of Shenoy or quoted from his voluminous writings in support of the free market system. Thus, it seems, we neglected the sound advice of Shenoy during his life-time, as also from 1991 … when our policies leaned more towards free market.[1]

India's economic-reform era is actually an era of a revolution of choices created by markets. In fact, many now believe that choice and competition are the ultimate antidote to many economic problems in the country. The process of liberalization and globalization has virtually ended government-created artificial scarcities for even basic goods like telephones, motorcycles and scooters, cooking-gas connections, etc.

Foreseeing all this, Shenoy advocated that private enterprises should be allowed to compete both at home and abroad in most of the sectors except defense, roads, and railways. It is sad that nobody remembers him even now, even after two decades of opening up the economy to trade goods and services globally. This is particularly true of the present ruling government, which is said to have initiated the economic reforms and is now likely to proceed further with second-generation reforms. A journalist said, "the person who saw the writing on the wall a good three decades before the rest of his contemporaries is now a forgotten man."

Bellikoth Ragunath Shenoy was born in the village of Bellikoth, near Mangalore, in the southern Indian state of Karnataka, on June 3, 1905. Shenoy had a brilliant academic record. He secured a first-class master's degree in economics from Benares Hindu University (in central India) in 1929. Then he enrolled for an MSc and PhD in economics at the London School of Economics (1929–32), where he studied under Professor Friedrich A. Hayek. Shenoy was highly influenced by Hayek's writings, especially on the price system, knowledge problems, and the irrelevance of centralized planning. Eventually, Shenoy wrote his thesis, "Some Aspects of a Central Bank for India," at LSE.

During his study at LSE, Shenoy published two theoretical scholarly papers in the Quarterly Journal of Economics: "An Equation for the Price Level of New Investment Goods"[2] and "Interdependence of Price Levels."[3] These two papers essentially criticized John Maynard Keynes's fundamental equations as presented in the book Treatise on Money (1930). In fact, when Keynes realized that these equations were defective on many grounds, he stopped the publication of the second edition of his book! Further, these two articles established Shenoy as an up-and-coming economist with competence in monetary and financial matters.

Shenoy then returned to India and taught economics courses in various colleges and universities. At the same time, he was associated with many policy-making institutions and bodies. Shenoy's colleague Mahesh Bhatt once said,

Professor Shenoy was anything but a "committee man." He was an economist who preferred to be right in a minority of one. Every important contribution he made to the subject sparked off long-drawn controversies and memorable debates among the Indian economists.

Shenoy joined Gujarat University (in western India) in 1954 as professor of economics and first director of the School of Social Sciences. Milton Friedman once said,

there is only one prominent professional economist, Professor B.R. Shenoy of Gujarat University, who is openly and publicly and at all effectively opposed to present policies and in favour of greater reliance on a free market. He is a remarkable and courageous man.[4]

He worked also as a visiting professor of his alma mater LSE in 1966, and he become a member of the prestigious international liberal forum founded by Professor F.A. Hayek, the Mont Pelerin Society. In 1968, Shenoy resigned from Gujarat University and founded the Economic Research Centre in Delhi with an undying dedication to work on his unfinished projects.

Shenoy was a prolific writer, and he authored many books and articles in popular journals and newspapers. In his book Post-War Depression and Way-Out (1944), he pointed out the dangers of financing the Bombay Plan of government intervention and regulation through newly created money and bank credit. Other important works by Shenoy include Problems of Indian Economic Development (1958), Indian Planning and Economic Development (1963), Fifteen Years of Indian Planning (1966), Indian Economic Policy (1968), Indian Economic Crisis: A Program for Reform (1968), PL480 Aid and India's Food Problem (1974), Food Crisis in India: Causes and Cure (1974), and Economic Growth and Social Justice (1977), Ceylon Currency and Banking (1941), and The Sterling Assets of the Reserve Bank of India (1953).

In July 2011, India will celebrate the completion of 20 years of the economic reforms initiated in the 1990s. In the early decades of independent India's command-and-control economy, Shenoy vehemently questioned the ideology of India's centralized planning and argued for fundamental changes in economic policy on the premise of deregulation and a market-determined price system. According to Niranjan,

B.R. Shenoy, independent India's first major economic dissenter … died … in February 1978. The thrust of economic policy since then has moved from the worship of central planning to the appreciation of the market. Most economists now agree that our long tryst with Nehruvian socialism was an economic disaster.[5]

Shenoy advocated sound economic policies based on a free-market system decades before the economic crisis of 1991. Alas, his voice was ignored. His contemporaries had blind faith in centralized planning of private enterprises. These policies were responsible for creating crises in India's foreign exchanges in the 1990s.

"India's liberalization process … has immensely helped, not only to lift millions of people out of abject poverty, but also to raise their standard of living higher and higher."
Indeed, Shenoy and Professor Peter Bauer "are the only economists who opposed the 'deficit financing' carried out to fund Nehru's ambitious Second Five Year Plan."[6] Shenoy's warnings were prophetic: only a year later, "India faced a serious balance of payments problem in 1957, just as Shenoy had predicted." The government of India invited Shenoy as a member of the Panel of Economists for advising the Nehru government in 1956. When other panel members proposed deficient finance, Shenoy wrote his famous "Dissent Note" on the Second Five Year Plan (1956-1961). He said, "I am unable to subscribe wholly to the views of my colleagues on … deficit financing as a means of raising real resources for the Plan."[7] Unsustainably high levels of deficit financing continued for many years, eventually creating the catastrophe in 1991, thus forcing the government to take the free-market measures advocated by Shenoy.

Shenoy wrote voluminous articles and books defending free-market economics and integration with the world economy. Indeed, India's current initiatives of economic reform are nothing but what Shenoy had recommended for decades! Milton Friedman said

Prof. B.R. Shenoy was a great man who had the economic understanding to recognise the defects of current planning in India, and what was even rarer, the courage to state his views openly and without equivocation. Rarely does such a man bless our society.[8]

Friedman further went on to say,

If one reads Shenoy's report now, it sounds like a retrospective description of what happened rather than a forecast. But needless to say, though most economists display a deep respect for Shenoy's courage and personal qualities, he remains a prophet without honour in his own country.[9]

According to Professor Peter Bauer,

In his Note of Dissent, Shenoy rejected the general spirit of the Majority Report as endangering personal freedom and democratic political system. He also disagreed with several major proposals, including the scale of money creation, the maintenance and extension of state economic controls, and the scope of nationalization. He argued specifically that money creation on the scale envisaged by the Majority Report and under the Second Five Year Plan would result in inflation or a balance of payments crisis or both — a prediction that was fulfilled barely a year after the inception of the plan. … Shenoy's Note of Dissent represented conspicuous moral courage. … Thus, Shenoy's Note of Dissent went counter to the opinions and wishes of Nehru. … and also of the position of the Indian Planning Commission. It also went counter to the then current orthodoxy in the West. Many prominent representatives of that orthodoxy regularly visited India in the 1950s and 60s. The visitors included Gunnar Myrdal, Joan Robinson, Nicholas Kaldor, Thomas Balogh, Ian Little, Oscar Lange, Paul Streeten, and others. Most of these representatives of the prevailing orthodoxy endorsed the Second Five Year Plan in public pronouncements in India and in prestigious and influential publications in the West, such as the Economic Journal or the Review of the British National Institute for Economic Research.[10]

Shenoy quite convincingly reasoned that

nationalization should be ordinarily limited to public utility concerns and to concerns involving national security. Otherwise state intervention should be concerned with the prevention of monopolies or quasi-monopolies. Effective management of business and Industrial concerns in a competitive market economy is a highly specialized function and demands qualities which a civil servant is not required to and in the ordinary course of training may not acquire. This function best left to private entrepreneurs, in the prevailing socio-economic order, which is dominated by the market economy and the pricing system.

Further he went on to say,

I do not feel convinced of the economic importance … of controls. Decontrols have proved a note worthy success. Controls and physical allocations are not a necessary adjunct to planning. The distribution of productive resources, including the rations in which they are used are subject to variation and depend upon diverse technological, economic, and price considerations. It is quite impossible to take into account these complex and changing considerations and arrange anything like a satisfactory allocation of resources. There are great advantages in allowing freedom to the economy, and to the price system in the use and distribution of the needs of production. I am unable to agree with my colleagues that a case exists for continuing what controls now remain. Steps should be taken to remove controls as early as may be possible. Controls and allocations are essential characteristics of communist planning. They do not very well fit in under planning in free enterprise market economy."[11]

Moreover, what persisted during the socialist pattern of command economy in India before 1991 was best explained in Shenoy's own words:

Freedom-loving people, in the name of preserving and spreading freedom, are unwittingly financing and otherwise sustaining socialist policies which thus far — sensational projects and schemes apart — have yielded little else than social injustice, unemployment, poverty, and conflict. Though the Indian planners and their overseas supporters are full of promises and hope, these policies can hold out prospects of nothing better for the future. … Statist policies in India might have been abandoned long ago, but for the intervention of foreign aid, which kept the coffers of the prodigal replenished as they became depleted, the moral support lent to statist policies by visiting "experts" from overseas, and the colossal gains in money and power which these policies yield to the politician and civil servant."[12]

It is evident that Shenoy's writings have great relevance even today. What today's economists and the government of India are trying to do in the name of second round of economic reforms is exactly what B.R. Shenoy suggested decades ago! The time has come to claim B.R. Shenoy's rightful due.

As Professor Peter Bauer said, "May the succession of Shenoy and of his life never fail East or West."

India's liberalization process, initiated in the 1990s, has immensely helped, not only to lift millions of people out of abject poverty, but also to raise their standard of living higher and higher. For decades, Shenoy's lone voice was ignored for no valid reason, but his ideas are immortal.

B. Chandrasekaran is an economist who works in public policy. He is known for his expertise on the literature of Indian liberalism. He has written for the Wall Street Journal Asia, and Pragati — The Indian National Interest Review. He is based in New Delhi and blogs at Hayek Order. Send him mail. See Chandrasekaran Balakrishnan's article archives.
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Notes:

A collection of Shenoy's essays was published in 1996 as Planned Progress or Planned Chaos? by M.P. Bhatt and S.B. Mehta.[13] Dr. Parth. J Shah — who founded a free-market think tank, the Centre for Civil Society (New Delhi), in 1997 — worked together with R.K. Amin in 2004 to edit two volumes of selected works of Shenoy (Economic Prophecies and Theoretical Vision) for the easy understanding of both students and laypersons.

[1] S.B Mehta, "Economic Ideas of B.R Shenoy" in V.K.R.V. Rao and B.R. Shenoy — Economic Ideas in Contrast, by Kamta Prasad (ed.), Deep & Deep Publications, New Delhi, 2001, pp. 103.

[2] See B.R. Shenoy "An Equation for the Price-Level of New Investment Goods" The Quarterly Journal of Economics, vol. 47, no. 1 (Nov. 1932), pp. 138–149.

[3] B.R. Shenoy "The Interdependence of the Price-Levels" The Quarterly Journal of Economics, vol. 48, no. 2 (Feb. 1934), pp. 362–368.

[4] Milton Friedman "Indian Economic Planning" May 6, 1963, pp. 17; Parth. J. Shah "Friedman on India" The Centre for Civil Society, New Delhi, 2000, pp. 16–17.

[5] Niranjan "Shenoy's Prophecy," Businessworld, June 30, 2003.

[6] Sauvik Chakraverti, "Peter Bauer — A True Friend of the World's Poor," View Point 4, The Centre for Civil Society, New Delhi, pp. 13.

[7] B.R. Shenoy, "The Second Five Year Plan: A Note of Dissent on the Basic Considerations Relating to the Plan Frame" in Planning Commission, Papers Relating to the Formulation of the Second Five Year Plan, 1956.

[8] K.J. Udeshi "Economic Reforms and the Relevance of Professor B.R.Shenoy," the Birth Centenary Memorial Lecture of Prof. B. R. Shenoy, given on June 4, 2007 at the Economics Research Centre in Mumbai.

[9] Milton Friedman, "Indian Economic Planning," May 6, 1963, pp. 17;Parth. J. Shah, "Friedman on India," The Centre for Civil Society, New Delhi, 2000.

[10] Peter Bauer, "B.R. Shenoy: Stature And Impact," The Cato Journal, Vol. 17, No. 3, 1998.

[11] B.R. Shenoy, "The Second Five Year Plan: A Note of Dissent on the Basic Considerations Relating to the Plan Frame," in Planning Commission, Papers Relating to the Formulation of the Second Five Year Plan, 1956.

[12] B.R. Shenoy, "The Failure of Planning," Freeman, Vol. 28, No. 1. January 1978.

[13] M.P. Bhatt and S.B. Mehta (eds.) "Planned Progress or Planned Chaos? Selected Prophetic Writings of Prof. B.R. Shenoy," Madras: East West Books, 1996

Deu Brasil (ou Brazil) no New York Times...

Aqui uma matéria sobre o Brasil, no indefectível (seja lá o que isso queira dizer), NYT:

OP-ED COLUMNIST
Brazil’s Giddy Convergence
By ROGER COHEN
The New York Times, July 4, 2011

RIO DE JANEIRO, BRAZIL — Tom Jobim is famous for having written “Girl from Ipanema,” the sensuous, playful anthem of a sensuous, playful land. He’s almost equally famous for having said, “Brazil is not for amateurs.”

I lived a quarter-century ago in that Brazil where if you didn’t have the “jeitinho,” or insider’s knack for circumventing rules, you were toast. It was a Brazil of hyperinflation and runaway violence that mocked the words on the national flag: “Order and Progress.” I went down to the city morgue one day, researching a story about poor kids who “surfed” the tops of trains for kicks, and an official idly lifted the lid of a garbage can in which a young man’s body was twisted like a corkscrew. I asked what had happened. He said he’d been murdered by fellow inmates at a prison and stuffed in there.

No, Brazil was not for amateurs.

Today, in the Brazil of the “Ms. Continuity” leader, President Dilma Rousseff, I’m not so sure. Certainly a lot of people suddenly fancy themselves as Brazil pros.

They’re piling in. They want a piece of the action in the big South American nation that posted 7.5 percent growth last year. Oil discoveries, a commodities boom, sound economic management, political stability, the World Cup in 2014 and the Olympics in 2016 have combined to produce a Brazil fever that feels a touch heady to me.

In Leblon, the area adjacent to Ipanema where I used to live, apartment prices have quadrupled in a year. Sotheby’s International Realty is expecting a quadrupling of real estate sales this year, according to O Globo newspaper. The big price hikes reflect growing interest among foreigners, especially Europeans and Chinese who see opportunity ahead of the two big sporting events.

Take your pick of the head-turning figures. There were 12 new Brazilian billionaires on this year’s Forbes list of the world’s wealthiest people. Foreign direct investment has grown at a compound rate of 26 percent over the past five years and reached close to $48.5 billion in 2010. Consumer credit is taking off. In a land where loans were long hard to get, the net stock of credit increased 21 percent in the past year. Streets are clogged with cars, restaurants full.

A bubble in the making? It’s possible. But Brazilian banks have generally proved prudent, and macroeconomic policies now have a steady track record over three presidencies, one that has contrived to ease the worst extremes of poverty while satisfying international investors eager to put capital behind Brazil’s rapid emergence.

A new buzzword in economic circles is “convergence,” the process by which the developing economies in which five billion people live (194 million of them in Brazil) are closing the gap on developed economies more than 150 years after the Industrial Revolution first opened the gulf. To arrive in Brazil these days from the United States or Europe is to feel the world turned on its head.

Breathless optimism replaces economic gloom. A new $22 billion high-speed train will link Rio and São Paulo. People believe their kids are going to live better than they do. Brazilians talk to the Indians and to the Chinese about investments; they feel the old powers are becoming marginal to the 21st century. China alone has invested $37.1 billion in Brazil since 2003, mainly in mining and oil.

What you think of convergence depends on where you sit. I’d say it’s a good thing — a lot of people are going to live a lot better before too long — but also very disruptive. Brazilians and Indians and Chinese and Indonesians and South Africans do better in part because, thanks to technology, they can do what were once U.S. or European jobs just as efficiently. Their gain is linked in some measure to American and European pain.

I talked here to an executive of a major international cement company who said it had just divested interests in Portugal in order to make investments of over $1 billion in Brazil. Extrapolate from that trend and you see the developed world’s huge economic challenge. Convergence will also place huge strains on the environment and resources — hence those Chinese investments in oil and iron ore.

For now, emergent powers and the developed nations talk more past each other than to each other. Institutions lag a changed world just as the infrastructure of these emergent powers lags the speed at which millions of people are joining the market. Indeed, lack of adequate infrastructure and lack of education are two of the main brakes on countries like Brazil.

I’m bullish on Brazil, but some of the new “pros” are going to get burned. Brazil remains a country of violent inequality. A few days ago a French tourist, Charles Damien Pierson, fell off the tram in Rio at the Lapa viaduct, slipped between a badly installed fence and the bridge, and tumbled to his death. Before the police got there, his wallet was stolen by kids.

Convergence will continue — and in time separate the real pros from the amateurs in the new global economy.

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