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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Bolsa Familia: de volta ao curral eleitoral dos companheiros - Reinaldo Azevedo

Tenho minhas observações a fazer ao BF, mas no momento permito-me apenas transcrever mais um post do conhecido jornalista, que retrata uma realidade, por mais que sejam contrariados os beneficiários do programa e os apoiadores desonestos da academia.
Vejam os videos na postagem original.
Paulo Roberto de Almeida


Reinaldo Azevedo, 28/05/2013

Quero que vocês vejam este vídeo, bem curtinho. Esta senhora que fala aí é uma assistida do Bolsa Família lá de Fortaleza. São só 30 segundos. Mas eles resumem o Brasil que aí está e também apontam para um futuro — não muito promissor. Assistam. Volto em seguida.

Voltei
Escrevi ontem à noite um post sobre a irresponsabilidade dupla da Caixa Econômica Federal — que alterou o sistema de pagamento do Bolsa Família sem avisar ninguém e depois negou que o tivesse feito, sendo desmentida por reportagem da Folha — e das autoridades do governo federal, que saíram a acusar ou as oposições, caso de Maria do Rosário (a ministra dos Direitos Humanos, de inumana compreensão), ou um complô conspiracionista, sugerindo que, no fundo, seriam mesmo as oposições: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e aspirante a disputar o governo de São Paulo pelo PT, e Dilma Rousseff. A governanta classificou a boataria sobre o Bolsa Família de “desumana e criminosa”. Tudo não passou de uma trapalhada da Caixa Econômica Federal, pela qual se desculpou Jorge Hereda, presidente da instituição. Só desculpas?
Pois é… O que antes era “desumano e criminoso” não merecerá da soberana, pelo visto, nem mesmo um puxão de orelha. Cardozo continua em busca de um bode expiatório. Quem sabe apareça alguém para confessar, não é?, e se descubra, então, que ele é vizinho da tia da cabeleireira que vem a ser prima da cunhada da faxineira do secretário-geral do PSDB de Arapiraca… É ridículo! Mais do que o boato do fim do Bolsa Família, o que se espalhou como rastilho de pólvora foi a informação de que havia uma graninha a mais na CEF, um bônus. As pessoas que lá iam constatavam: havia mesmo! Aí, meus caros, foi o que se viu… Como pergunta Silvio Santos — numa indagação que, suponho, toca universalmente o coração e o intelecto: “Quem quer dinheirooo?”. No post em questão, destaquei também o ar robusto, primaveril mesmo em alguns casos, dos assistidos do Bolsa Família. O valor médio do benefício pago a cada família está aí na casa dos R$ 150. Muita gente recebe menos, mas há quem receba mais: nunca menos de R$ 32, nunca mais de R$ 306 — é o que informa o governo. Muito bem. Agora volto à assistida do vídeo que está lá no alto. A entrevista foi concedida ao Jornal Nacional de sábado. Reproduzo a sua fala, uma das maiores contribuições jamais prestadas à compreensão sociológica destes dias.
“Eu fui na lotérica, como vou de costume, fazer um depósito na poupança do meu esposo. Fui depositar o dinheiro. Como eu já estava lá, eu tinha de ir fazer isso, eu aproveitei, levei o cartão e tirei o meu Bolsa Família. Quando eu tirei, saiu (sic) os dois meses”.
Entendi. Ela foi depositar, como faz habitualmente, um dinheiro na poupança do marido, certo? Já que estava lá, levou o cartão do Bolsa Família e pimba! Saíram os dois meses de uma vez só. Ai, ai, ai… Longe de mim querer cassar o benefício da distintíssima senhora Diane dos Santos — e espero que ninguém pegue no pé dela. Mas me parece que alguém que tem dinheiro para fazer poupança não precisa do… Bolsa Família, certo? Reitero: acusarei aqui perseguição caso queiram lhe cortar o benefício — porque, é fato, como ela, há uma legião, há milhões hoje em dia. O problema não é ela, mas o programa. Eu até confesso uma certa simpatia por Diane, uma brasileira brejeira, com o cabelo arrumado, brincos, pele boa… Ela desmoraliza os delírios dos bem-pensantes sobre o atavismo da fome no Brasil, que faz o coitadismo que embala as ideias de reparação social da esquerda universitária. Ela não! É, reitero, distinta! Ela nem fala “marido” — deve achar meio grosseiro. Prefere, como Daniela Mercury, mas mudando o gênero, a palavra “esposo”.
“Então Reinaldo Azevedo sustenta que não existem mais a fome, a miséria…” Aquela fome africana, que Lula dizia existir em 2002, que ele curaria com dois pratos de comida, não existe mais no Brasil há décadas, embora haja, é evidente, nichos de famélicos em algumas áreas do sertão e até nas periferias extremamente pobres das grandes cidades. Isso persiste. Da mesma sorte, há, sim, pessoas com renda abaixo de R$ 70 em áreas restritas do Brasil profundo. Mas os pobres — eu sei do que falo — somos duros de morrer, fiquem certos, sobretudo de fome. Sempre se arranja um bico pra fazer, um serviço extra, alguma coisa que garanta o sustento dos filhos. No mais das vezes, essa renda per capita entre R$ 70 e R$ 140 é uma fantasia estatística. Ou será que a distinta dona Diane está “depositando na poupança do marido” o dinheiro do Bolsa Família? Ela nem havia sacado ainda o de abril — e já era dia 17! Certamente, o depósito que fora fazer era uma sobra, não?, depois de satisfeitas as necessidades básicas. Sobra de que renda? Não era do Bolsa Família!
Sim, é possível que haja alguns milhões de brasileiros que precisam efetivamente de um Bolsa Família, mas serão mesmo 40 milhões, 45 milhões talvez, divididos em mais de 13 milhões de família? Não é só dona Diane dos Santos que prova que não. Vocês certamente se lembram desta senhora, que, diz, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300…

De fato, ela não tem a menor dúvida de que comprar uma calça para a sua filha é, sim, um problema do governo brasileiro, não dela própria, do marido ou de sua família. “Ah, o Bolsa Família vai custar em 2013 apenas R$ 24,9 bilhões. Perto do que o governo gasta com o Bolsa BNDES ou com o Bolsa Juros… Reinaldo não quer dar grana para os pobres.” Nem para os ricos!!! Eu não acho que governos tenham de dar dinheiro para ninguém. No caso dos pobres, tem é de criar programas sociais que os estimulem a buscar uma saída. E a injeção de recursos na conta do vivente só deve ser feita mesmo em último caso. E já está mais do que claro que o Bolsa Família, para muita gente, virou uma doação… O Nobel da Paz Muhammad Yunus está no Brasil (ver post na home). Ele criou o programa de microcrédito em Bangladesh que deu origem a um banco. Ele critica no Bolsa Família justamente seu caráter assistencialista.
O “andar de cima”, como quer Elio Gaspari, com essa categoria sociológica haurida da construção civil, consome bem mais do que os R$ 25 bilhões do Bolsa Família em subsídios, trapaças, aditamento de contratos etc.? Certamente! Não deixa de ser uma forma de “bolsismo”, não é?, e das mais perversas. Os dois extremos — os ricos cuidadosamente selecionados para as prebendas e os pobres que recebem todo mês um dinheirinho — se tornaram pilares de um modo de fazer política. Uns são gratos ao governo de turno com doações eleitorais e outras que não aparecem nos registros do TSE; os outros expressam a sua gratidão com votos.
O Bolsa Família se tornou, assim, uma formidável máquina eleitoreira, e os que mais se entusiasmam com o governo nem são, suponho, os que realmente precisam, mas os que, não precisando, temem uma mudança de guarda e a perda de uma benefício de que, no fundo, sabem ser descabido. Assim, é melhor deixar tudo como está. 
Oposição
Compreendo que a oposição venha a público disputar a paternidade dos programas sociais porque, com efeito, o Bolsa Família nada mais é do que a reunião dos programas que existiam no governo FHC numa única rubrica. Já demonstrei faz alguns anos que isso é verdade. Faço-o de novo transcrevendo, em vermelho, trecho da Medida Provisória nº 132, que “criou” o Bolsa Família, no dia 20 de outubro de 2003. Essa MP foi depois convertida na Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004. O conteúdo era o mesmo. Prestem atenção:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.
Retomo
Assim, é claro que os programas foram originalmente criados pelo governo FHC. A questão é saber se dá para disputar essa paternidade hoje. Parece-me que não! E a máquina de propaganda montada com o Bolsa Família tem, sim, um efeito eleitoral evidente, como ficou claro em 2006 e 2010. Menos do que fazer tal disputa, as oposições teriam de ter a coragem de perguntar quem paga a conta. É claro que os petistas partiriam pra cima, acusando-a de querer acabar com o programa. Ocorre que o eleitorado cativo, meus caros, cativo já está. Não será desse mato que vão sair tucanos. Não saem mesmo! Os que se apõem ao petismo, reitero, têm de aprender a falar com quem paga a conta — muito especialmente os trabalhadores.
Que país existe na outra ponta dessa forma de assistencialismo? Não tem outra ponta nenhuma! A outra ponta é esta que está aí. Está bom assim? É o que o modelo permite. As virtudes  já se esgotaram.  Com Bolsa BNDES e Bolsa Família, a gente vai ficando assim. Teremos um dia uma oposição capaz de politizar o que tem de ser politizado, fugindo do demônio do consenso, que é, numa democracia, o que é a censura na ditadura? Não sei. Se e enquanto não o fizer, pode ir brincar de outra coisa. Chegou a hora de conversar com quem, não tendo o Bolsa Família, não tem também uma sobra para depositar na poupança do “esposo”.

Roberto Civita, um outro retrato empresarial e humano - Cynthia Malta (Valor)


ROBERTO CIVITA (1936-2013)

Morre Roberto Civita, aos 76 anos

Por Cynthia Malta em 28/05/2013 na edição 748
Reproduzido do Valor Econômico, 27/5/2013; título original “Morre Roberto Civita, controlador do Grupo Abril, aos 76 anos”, intertítulos do OI
Roberto Civita, dono da maior editora de revistas da América Latina, morreu ontem em São Paulo, aos 76 anos. O controlador do Grupo Abril estava hospitalizado nos últimos três meses no Sírio Libanês, por complicações decorrentes de cirurgia para a colocação de stent abdominal. Seu filho Giancarlo Civita, vice-presidente do conselho de administração do grupo, ocupava interinamente as funções de Roberto, que presidia o conselho.
Criador e editor-chefe de Veja desde o seu lançamento em 1968, Roberto Civita assumiu a presidência da Abril em 1990. Nasceu em Milão, em 1936. É formado em Jornalismo e em Economia pela Wharton School, da Universidade da Pensilvânia e tem pós-graduação em Sociologia pela Universidade de Colúmbia. Sua família controla, por meio de uma holding, a Abrilpar, a Abril S.A. e a Abril Educação S.A, além de uma série de outros empreendimentos. A Abril Educação, no início de 2010, passou a atuar separadamente da Abril S.A. por meio de uma reorganização societária, sendo uma empresa de capital aberto
Roberto Civita deixou a Itália com 2 anos e meio. O pai, Victor Civita, fundador do grupo Abril, nasceu em Nova York e a mãe, Sylvana, em Roma. “Ela era mais forte do que ele. Sotaque italiano muito forte e, quando perguntavam 'a senhora é italiana?', respondia: 'No. Romana'“, contou Roberto ao Valor, em uma entrevista concedida em março do ano passado.
Ele morou em Nova York até os 12 anos, mas passou a adolescência no Brasil, onde se formou na Graded School, na zona sul de São Paulo. O adolescente bom de matemática ganhou uma bolsa para estudar física no Texas. Sua turma era de 400 alunos. Nos primeiros exames, ficou em segundo lugar: “Um cara fantástico, em primeiro lugar; um cara bom, eu; e o resto, que não ia ser físico nunca!”
Projeto problemático
Ele mesmo não ficou muito tempo na física. Olhando para trás, achava que poderia ter sido cientista, mas não seria “muito bom nem feliz”. O jovem Roberto perguntou-se o que sabia fazer bem. “Sei escrever bem. Fui diretor do jornal da Graded, trabalhei no jornal da universidade. Gostava de teatro, lia vorazmente. Pensei: 'Pare de lutar contra, vá a favor'.”
Seu pai, nessa época, já havia fundado a Editora Abril. Publicava revistas da Disney, como O Pato Donald, e fotonovelas.
Roberto Civita foi fazer, então, economia na Wharton Business School e jornalismo – os dois cursos, simultaneamente. Terminadas as duas faculdades, no fim dos anos 1950, foi selecionado, ao lado de cinco jovens em meio a dois mil candidatos, para estagiar na revista Time, então no auge de seu prestígio. Concluído o estágio, passou a ganhar “salário de gente”, três vezes maior do que o de trainee, e foi convidado a ser o número dois daTime na região do Pacífico. Mas o pai tinha outros projetos para ele. Mandou passagem para um encontro em São Paulo.
Victor perguntou o que Roberto queria fazer na vida. “Ah, mudar o mundo, claro, né?”. O pai ponderou: “Você já se deu conta de que aqui teria mais alavancagem? No Hemisfério Norte está cheio de jovens inteligentes, bem preparados. Aqui tem pouca gente inteligente, bem preparada.”
Roberto disse que queria fazer uma revista de informação semanal, como a Time, uma revista de negócios como aFortune e uma revista como a Playboy. O pai prometeu que prepararia a empresa. Roberto acabou concordando. “Foi o encontro mais importante que tive com meu pai... Eu me lembro dele todos os dias.”
Para Civita, conhecido nos corredores da Abril como Doutor Roberto ou pela sigla RC, o pai, que usava a sigla VC, era um homem carinhoso e exigente. “A expectativa dele era alta. Dele e a da minha mãe. E põe alta nisso.”
O pai o proibiu de dirigir, nos anos 80, quando Roberto já tinha mais de 40. Distraído, conversando ou lendo, ele se perdia na cidade ou batia no carro da frente.
Sob seu comando, a Abril lançou as revistas Quatro RodasClaudiaExame e Realidade. Depois desta, a Veja, que demorou a dar lucro. “Nos primeiros quatro anos, a revista perdia todo o dinheiro que a Abril ganhava. Tudo o que fazíamos de um lado sumia no ralo do outro”, lembrou Roberto. Hoje vende 1,1 milhão de exemplares e responde por cerca de 50% da publicidade vendida pela Editora Abril.
O fracasso inicial de Veja não foi o único projeto problemático da Abril. Civita reconhecia que foi um erro ter investido simultaneamente em TV por cabo (TVA), por satélite (DirecTV) e no sistema MMDS (micro-ondas): “Ninguém conseguiu na história do mundo fazer as três coisas... Alguém tinha que ter chegado e falado: você enlouqueceu? Não pode fazer isso!”
Investimento em educação
Quando não estava trabalhando, gostava de ver filmes em seu sítio, em São Lourenço da Serra, a cerca de 50 km de São Paulo. Mas nada de violência ou correria. “Odeio filme idiota. Se tem alguém com revólver apontando, com carro explodindo ou cara correndo, essa coisa adolescente, eu 'tô' fora. E a vida é muito curta. Prefiro ver filmes bons de 20, 30, 50 anos atrás... a ver filmes ruins de agora”. Seu preferido era Cidadão Kane, clássico de Orson Welles que, nas palavras de Civita, retrata muito bem “a vida, as dúvidas, os obstáculos e desafios de uma das grandes figuras da história da imprensa” – o magnata das comunicações William Randolph Hearst.
Na Abril, o xodó era a Veja, uma revista que provoca reações fortes, positivas e negativas. “Se você não está gerando reações fortes, está fazendo algo errado. Não acredito em imprensa que quer agradar a todo mundo.”
O leitor ideal, dizia, é aquele que toma partido e se indentifica com a publicação. “Eu gosto, é comigo, eu concordo. Esta [revista] aqui fala o que eu penso. Eu não quero um monte de leitores que dizem.... é, por um lado, mas se por um lado, e o outro lado... Não quero [...]. Que comprem outra coisa. Não preciso agradar a todo mundo.”
Acreditava na livre-iniciativa. Era contra “a estatização, a socialização, que não funciona”.
A mais recente reorganização do grupo, em setembro de 2011, colocou Fábio Barbosa, ex-presidente do banco Santander no Brasil, no comando da Abril S.A., em substituição a Giancarlo Civita. No ano passado, a companhia, com negócios nas áreas de mídia, gráfica, logística e distribuição, teve receita líquida de R$ 2,98 bilhões.
Na Abril Educação, onde a família Civita controla operação que engloba editoras de livros didáticos, apostilas e escolas de idiomas e cursos técnicos, a previsão é que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2013. No ano passado foi de R$ 883 milhões.
Civita deixa a mulher Maria Antônia, três filhos – Giancarlo, Victor e Roberta – e seis netos.
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Cynthia Malta, do Valor Econômico

Roberto Civita: um retrato empresarial e humano - Alberto Dines

Um relato objetivo sobre o homem enquanto empresário, e sua trajetória pouco conhecida.
Paulo Roberto de Almeida

ROBERTO CIVITA (1936-2013)

Editor, empresário, professor

Por Alberto Dines 
Observatório da Imprensa, em 28/05/2013 na edição 748
A praxe sugere uma advertência que este observador cumpre a contragosto: ao assumir uma amizade de cinquenta anos fica parecendo que este texto estaria condicionado pelas emoções da perda pessoal. A pulsão de contar uma história (ou a compulsão do testemunho) geralmente obedece a motivações subjetivas, o que não as desqualifica nem as subordina a outros interesses. O relato acrítico, pretensamente objetivo, este sim é sempre deficiente. Ruim.
Os releases biográficos publicados na mídia foram pródigos em lembrar as façanhas de Roberto Civita ao criarRealidadeVeja e Exame num mercado de revistas até então dominado por O Cruzeiro e Manchete visivelmente dependentes do glamour da antiga capital federal.
Quando RoC (como assinava os bilhetes) procurou dar uma entonação verdadeiramente nacional à prospera editora de quadrinhos e revistas de serviços (fundada pelo pai, Victor Civita, na Marginal Tietê), deslocou para sempre o eixo jornalístico do país.
Os formidáveis aportes dos “anos de ouro” do jornalismo carioca (1949-1956) foram ultrapassados por um profissionalismo made in São Paulo jamais manifestado ou suplantado.
Em busca do modelo
Aqui entra o “professor” Roberto Civita com a sua obsessão por treinamento e qualificação. Parte do sucesso inicial de Veja deve-se ao curso pelo qual passou o seu quadro de jornalistas antes mesmo de impresso o projeto-piloto. O “estilo Veja de redação” (que tanta celeuma provocou nos primeiros anos) não aconteceu por acaso, foi seu subproduto.
O Curso Abril de Jornalismo, criado na década de 1980, mantém até hoje turmas anuais e, de certa forma, foi a matriz do seu projeto mais ambicioso em matéria de formação profissional: o Pós-Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial, em parceria com a ESPM, hoje na terceira edição anual.
Durante dois anos, Roberto Civita percorreu as principais escolas de jornalismo dos Estados Unidos, conversou com reitores, analisou grades curriculares, ajudou a selecionar o corpo docente e inclusive assumiu uma disciplina. Isso fazia parte de um postulado que não cansava de repetir: “Alguém precisa fazer o papel de chato, melhor que seja eu”.
Ironia, Veja foi o primeiro veículo de grande porte a atacar a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo (1982), mas a Editora Abril foi também a primeira organização jornalística a ter como publisher um graduado em Jornalismo (pela Universidade da Pensilvânia).
Impossível verificar se em 2009 Roberto Civita concordou com o ministro Gilmar Mendes, relator da questão do diploma no STF, de que jornalismo, não sendo profissão, dispensa uma formação específica. A verdade é que todo o seu currículo como editor, publisher e empresário representa uma aposta consistente na direção contrária.
Esta vocação ancestral para ensinar aliada à insaciável curiosidade intelectual e amparadas por um fabuloso tino comercial foram as responsáveis por um trunfo que os primeiros obituários não tiveram tempo de valorizar: a Abril Educação (herdeira da Fundação Victor Civita, criada nos anos 1980) é empresarialmente tão importante quanto a Editora Abril – um poderoso conglomerado de editoras de livros didáticos, cursos de idiomas, escolas técnicas e universidades particulares.
Enquanto o jornalismo impresso debate-se em busca de um modelo de negócios capaz de neutralizar alguns efeitos da formidável onda digital, a Abril aponta na direção da indústria do conhecimento, um binômio estável, composto por vetores convergentes e associados: Imprensa e Educação.
Empresas divididas
De todas as nossas indústrias a da Comunicação é a que se assume como a mais legítima representante do modo capitalista de produção. Contudo, nem todas as empresas e grupos jornalísticos nacionais seguem seus paradigmas. Como se a ruidosa filiação à iniciativa privada e ao capitalismo fosse suficiente para garantir o sucesso empresarial.
Não é. O fato de serem organizações familiares não chega a ser entrave. Mas a transparência permanece uma questão chave, mesmo quando não são empresas de capital aberto ou quando suas ações não estão cotadas em bolsa.
Os irmãos Roberto e Richard Civita sempre trabalharam juntos, depois se separaram agressivamente, dividiram a empresa (Editora Abril e Abril Cultural). Apesar do forte sacolejo, o processo seguiu os cânones modernos da administração graças à intervenção de consultores e árbitros respeitados pelas partes. Reconciliaram-se como irmãos, a sociedade acabou.
As débâcles do Jornal do BrasilGazeta Mercantil, Grupo Bloch, as precariedades do espólio dos Diários Associados e o susto por que passa o Grupo Estado exibem uma caricatura do sistema capitalista justamente numa indústria que deveria ser o seu abre-alas, carro-chefe.
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Em aberto
Ao lembrar que a biografia de Roberto Civita começa a movimentar-se quando a família é obrigada a fugir da Itália fascista e antissemita, somos remetidos a um conjunto de situações e ingredientes geralmente desconsiderados ou atenuados em nosso biografismo e historiografia.
Por duas vezes os Civita foram obrigados a abandonar as editoras em que trabalhavam tocados pelo terror político. A segunda vez foi nos anos 1970, quando o ramo argentino, da noite para o dia, deixou a sua empresa e o país assustado pelas ameaças simultâneas das milícias de extrema esquerda e extrema direita.
O tópico lembra uma agenda de conversas infelizmente inconclusa. Roberto Civita, o racional, não a deixaria assim.
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O mesmo número do Observatório da Imprensa traz todas estas matérias, sobre Civita e sobre o outro morto ilustre do jornalismo brasileiro, Ruy Mesquita:


ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Alberto Dines
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Paulo Nogueira
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Carlos Costa
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Veja.com
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Cynthia Malta
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Luís Nassif
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
OESP
ROBERTO CIVITA (1936-2013)
Globo.com
RUY MESQUITA (1925-2013)
Fernando Morais
RUY MESQUITA (1925-2013)
Mino Carta
RUY MESQUITA (1925-2013)
Matías M. Molina
RUY MESQUITA (1925-2013)
Leão Serva
RUY MESQUITA (1925-2013)
Paulo Nogueira
RUY MESQUITA (1925-2013)
Roberto Salone
RUY MESQUITA (1925-2013)
Flávio Tavares
RUY MESQUITA (1925-2013)
Sandro Vaia
RUY MESQUITA (1925-2013)
Felipe Machado
RUY MESQUITA (1925-2013)
Oscar Pilagallo
RUY MESQUITA (1925-2013)
José Serra

Perdendo o bonde? Na verdade andando para tras... - Celso Ming

O problema dos companheiros não é exatamente o fato de serem saudosistas de tempos pregressos, pois sempre podemos ter saudades dos 50 anos em 5 do JK, ou dos tempos de crescimento a taxas fantásticas durante alguns anos do regime militar. O problema deles não está em ser "progressista" e preferir distribuição social em lugar de acumulação capitalista.
O problema está em que eles são regressistas, na verdade reacionários, uma vez que jamais aprenderam outra coisa senão o keynesianismo de botequim aprendido de ouvido com alguns medíocres da Faculdade, o cepalianismo primário que pegaram apenas pela vulgata produzida nas mesmas faculdades, o protecionismo tosco, rústico, elementar que aprenderam nas mesmas fontes, e esse culto do Estado e de suas supostas virtudes desenvolvimentistas que os fazem adotar as soluções erradas num tempo completamente errado.
Não é que eles estejam fazendo o Brasil perder o bonde da História, ou do desenvolvimento. É que eles estão conduzindo o Brasil na direção errada, completamente errada.
Resultado disso tudo: o Brasil vai se atrasar não apenas relativamente, mas absolutamente, e ficar simplesmente mais difícil de governar, uma vez que eles criaram expectativas distributivistas no povinho que lhes serve de curral eleitoral que vai ser praticamente impossível desmantelar depois, uma vez que isso alimenta uma psicologia coletiva do assistencialismo que é simplesmente uma desgraça social.
O Brasil, e todos os brasileiros vão pagar um alto preço por isso.
Paulo Roberto de Almeida

É o bonde passando

28 de maio de 2013 | 2h 05
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
 
O Brasil está mesmo perdendo o bonde do desenvolvimento? Esta foi, em síntese, a advertência feita por editorial do dia 19 do Financial Times, um dos mais importantes diários de Economia e Negócios do mundo. Foi, também, o tema central do rico debate que foi ao ar neste fim de semana no Globo News Painel, conduzido pelo antenado âncora William Waack.
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, do Instituto de Economia da Unicamp, observou que o governo brasileiro perdeu a capacidade de coordenar a agenda de crescimento e de investimentos do setor privado.
Para o professor Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas, o problema está no fato de que, uma vez esgotado o modelo nacional desenvolvimentista, em que o Estado tomava a iniciativa de induzir o desenvolvimento, a sociedade decidiu se voltar à formação do Estado do bem-estar social. A prioridade deixou de ser o crescimento e passou a ser a distribuição de renda.
Este é um debate que começou no governo Médici, quando o então poderoso ministro da Fazenda Delfim Netto declarou, para espanto geral, que não se pode comer o bolo antes de produzi-lo. De maneira a justificar a não recondução de Delfim ao comando da economia, o então presidente Geisel disse nos anos 70 que o bolo tem de ser distribuído ao mesmo tempo que é produzido.
Hoje, a administração Dilma está exposta à corrosão. Não consegue entregar um razoável crescimento econômico, enfrenta inflação acima do tolerável e começa a assistir à deterioração das contas externas - como analisou o professor Eduardo Giannetti da Fonseca, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Consequência da política adotada, de distribuir um bolo maior do que aquele que vai sendo produzido, na medida em que exige crescente importação de poupança, que vai para o consumo. Enquanto isso, o investimento continua parado, à altura dos 18% do PIB, nível de longe insuficiente para garantir um crescimento sustentável, de 3% ou 4% ao ano.
Samuel Pessoa tem razão quando afirma que, ao adotar um modelo distributivista, os governos Lula e Dilma desmontaram o pouco do sistema que buscava institucionalizar mecanismos (sobretudo pelas agências reguladoras) que transferissem para o setor privado a capacidade de investir e de desenvolver o País.
Nos anos 80, a economia mundial iniciou a formação de uma rede global de produção e suprimentos, na qual as indústrias de todo o mundo procuraram se inserir. Mas o Brasil não se empenhou em se incorporar no processo. Continua sendo uma economia fechada, com uma indústria pouco competitiva.
Enquanto isso, a presidente da República se mete em tudo e se dedica a despachar intervenções pontuais destinadas a corrigir distorções que, no entanto, provocam novas, como é o caso das desonerações setoriais iniciadas em 2012.
Uma das maiores esperanças do País, as riquezas do pré-sal, que só podem ser arrancadas do subsolo a altos custos, estão agora ameaçadas pela revolução do gás nos Estados Unidos. É o fato novo, que promete energia e insumos a baixos preços, fator que ameaça alijar boa parte da indústria brasileira do mapa econômico mundial, se uma drástica mudança de rumos não for decidida já.
Quando havia bondes, quem perdia um esperava pelo seguinte. Como não há mais, tudo fica mais complicado.

Keynesianismo light, e os problemas da Europa - Kenneth Rogoff


Europe’s Lost Keynesians

Kenneth Rogoff 

PROJECT SYNDICATE, 23 May 2013

CAMBRIDGE – There is no magic Keynesian bullet for the eurozone’s woes. But the spectacularly muddle-headed argument nowadays that too much austerity is killing Europe is not surprising. Commentators are consumed by politics, flailing away at any available target, while the “anti-austerity” masses apparently believe that there are easy cyclical solutions to tough structural problems.

The eurozone’s difficulties, I have long argued, stem from European financial and monetary integration having gotten too far ahead of actual political, fiscal, and banking union. This is not a problem with which Keynes was familiar, much less one that he sought to address.

Above all, any realistic strategy for dealing with the eurozone crisis must involve massive write-downs (forgiveness) of peripheral countries’ debt. These countries’ massive combined bank and government debt – the distinction everywhere in Europe has become blurred – makes rapid sustained growth a dream.

This is hardly the first time I have stressed the need for wholesale debt write-downs. Two years ago, in a commentary called “The Euro’s Pig-Headed Masters,” I wrote that “Europe is in constitutional crisis. No one seems to have the power to impose a sensible resolution of its peripheral countries’ debt crisis. Instead of restructuring the manifestly unsustainable debt burdens of Portugal, Ireland, and Greece (the PIGs), politicians and policymakers are pushing for ever-larger bailout packages with ever-less realistic austerity conditions.”

My sometime co-author Carmen Reinhart makes the same point, perhaps even more clearly. In a May 2010 Washington Post editorial (co-authored with Vincent Reinhart), she described “Five Myths About the European Debt Crisis” – among them, “Myth #3: Fiscal austerity will solve Europe’s debt woes.” We have repeated the mantra dozens of times in various settings, as any fair observer would confirm.

In a debt restructuring, the northern eurozone countries (including France) will see hundreds of billions of euros go up in smoke. Northern taxpayers will be forced to inject massive amounts of capital into banks, even if the authorities impose significant losses on banks’ large and wholesale creditors, as well they should. These hundreds of billions of euros are already lost, and the game of pretending otherwise cannot continue indefinitely.

A gentler way to achieve some modest reduction in public and private debt burdens would be to commit to a period of sustained but moderate inflation, as I recommended in December 2008 in a commentary entitled “Inflation is Now the Lesser Evil.” Sustained moderate inflation would help to bring down the real value of real estate more quickly, and potentially make it easier for German wages to rise faster than those in peripheral countries. It would have been a great idea four and a half years ago. It remains a good idea today.

What else needs to happen? The other steps involve economic restructuring at the national level and political integration of the eurozone. In another commentary, “A Centerless Euro Cannot Hold,” I concluded that “without further profound political and economic integration – which may not end up including all current eurozone members – the euro may not make it even to the end of this decade.”

Here, all eyes may be on Germany, but today it is really France that will play the central role in deciding the euro’s fate. Germany cannot carry the euro on its shoulders alone indefinitely. France needs to become a second anchor of growth and stability.

Temporary Keynesian demand measures may help to sustain short-run internal growth, but they will not solve France’s long-run competitiveness problems. At the same time, France and Germany must both come to terms with an approach that leads to far greater political union within a couple of decades. Otherwise, the coming banking union and fiscal transfers will lack the necessary political legitimacy.

As my colleague Jeffrey Frankel has remarked, for more than 20 years, Germany’s elites have insisted that the eurozone will not be a transfer unión. But, in the end, ordinary Germans have been proved right, and the elites have been proved wrong. Indeed, if the eurozone is to survive, the northern countries will have to continue to help the periphery with new loans until access to private markets is restored.

So, given that Germany will be picking up many more bills (regardless of whether the eurozone survives), how can it best use the strength of its balance sheet to alleviate Europe’s growth problems? Certainly, Germany must continue to acquiesce in an ever-larger role for the European Central Bank, despite the obvious implicit fiscal risks. There is no safe path forward.

There are a number of schemes floating around for leveraging Germany’s lower borrowing costs to help its partner countries, beyond simply expanding the ECB’s balance sheet. For meaningful burden-sharing to work, however, eurozone leaders must stop dreaming that the single currency can survive another 20 or 30 years without much greater political union.

Debt write-downs and guarantees will inevitably bloat Germany’s government debt, as the authorities are forced to bail out German banks (and probably some neighboring countries’ banks). But the sooner the underlying reality is made transparent and becomes widely recognized, the lower the long-run cost will be.

To my mind, using Germany’s balance sheet to help its neighbors directly is far more likely to work than is the presumed “trickle-down” effect of a German-led fiscal expansion. This, unfortunately, is what has been lost in the debate about Europe of late: However loud and aggressive the anti-austerity movement becomes, there still will be no simple Keynesian cure for the single currency’s debt and growth woes.


Kenneth Rogoff, Professor of Economics and Public Policy at Harvard University and recipient of the 2011 Deutsche Bank Prize in Financial Economics, was the chief economist of the International Monetary Fund from 2001 to 2003. His most recent book, co-authored with Carmen M. Reinhart, is This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly.

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Precisa xingar alguem? Nao se apoquente, consulte o Capitao Haddock...

Esta eu devo ao meu bom amigo embaixador Francisco Seixas da Costa, apreciadores que somos das mesmas coisas de uma mesma geração...
Paulo Roberto de Almeida


Francisco Seixas da Costa

Nos tempos que correm, a vontade de chamar nomes a algumas pessoas é um sentimento quase intravável. A língua portuguesa é muito rica nesse tipo de qualificativos mas, por vezes, eles soam demasiado pesado e vulgar.

O capitão Haddock (no meu tempo do "Cavaleiro Andante", chamava-se capitão Rosa), figura maior da constelação Tim-Tim, é um conhecido criador de qualificativos depreciativos, somados a expressões que marcaram o imaginário de muitos (fui pela primeira vez a Brest motivado pela sua famosa exclamação "tonnerres de Brest!").

Uma opção possível a chamar a alguém "paralelepípedo batizado" ou "pedaço de asno", como alguém dizia, será usar nomes saídos do léxico colérico de Haddock. Isso torna-se agora mais fácil com este "gerador de insultos do capitão Haddock" (abra o link e carregue na imagem que aparece), que alguém me mandou. As vantagens são óbvias: só percebe quem fala francês e dá um ar muito mais culto...

E não é bem óbvio quem, por cá, merece ser chamado de "ostrogoth" ou "bachi-bouzouk"?

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Alguns: 
Mérinos!... Iconoclaste!... Chrysanthème!... Hurluberlu!...
Canaque!... Moule à gaufres!... Phylloxéra!... Rhizopode!... Satrape!... Logarithme!... Mérinos!...
Zoulou!... Ectoplasme!... Vermicelle!... Froussard!... Canaille!... Lépidoptère!...
Emplâtre!... Jocrisse!... Anthropophage!... Gros plein de soupe!...


Crétin des Alpes!... Froussard!... Marin d'eau douce!... Heu... Autocrate!... Scélérat!...



Lei das consequencias involuntarias - Paulo Guedes

Alguns poucos exemplos da maldita lei que produz resultados adversos de onde só se esperavam bondades.
Ela é a principal inimiga de políticos ou demagogos, o que dá quase no mesmo.
Ela precisa ser abolida, será abolida, pelo menos na República Surrealista dos Bolivarianos...
Paulo Roberto de Almeida 

ECONOMIA
Paulo Guedes
O Globo, 27/05/2013

A economia e a política oferecem muitos exemplos de expedientes oportunistas cujos efeitos não intencionais acabam se revelando trágicos para seus próprios autores. Tornaram-se clássicos de boas intenções anunciadas com péssimos resultados os casos de tabelamento de preços de alimentos.
As tentativas de garantir comida barata para as classes mais baixas pelo controle de preços sempre desembocam no desaparecimento de produtos alimentícios das prateleiras dos supermercados, como ocorre hoje na Venezuela dos despreparados socialistas bolivarianos.

Outro exemplo de desastrosos efeitos não intencionais para registro dos futuros manuais de ciência política é a emenda de reeleição presidencial patrocinada pelos tucanos.
Preterindo reformas impopulares de modernização para investir seu capital político na emenda de reeleição, os tucanos criaram uma armadilha que se revelou letal para o próprio partido.
Reeleita Dilma Rousseff, Lula pode ainda sair do banco de reservas e entrar em campo para mais dois mandatos. A emenda de reeleição teria perpetuado seus arqui-inimigos petistas no poder.
Mais um exemplo é o drama atual da economia europeia. Inconformados com o poderio dos americanos, os franceses atacaram primeiro a paridade do dólar contra o ouro. A força fiduciária da moeda americana à época reduziu o ataque especulativo à irrelevância. Em nova manobra política, apoiados pela formidável massa crítica de uma Alemanha reunificada, renovaram seu desafio ao dólar com o lançamento do euro.
Os efeitos não intencionais dessa artimanha têm se revelado excruciantes: da disciplina imposta por uma moeda supranacional ao desnudamento de um conflito entre pais com aposentadorias generosas e filhos desempregados.
Preocupam-me também os riscos de uma escalada inflacionária no Brasil, após o mergulho das classes baixas nos mercados de crédito. Particularmente pelo rápido aumento do endividamento para a compra de bens duráveis e moradias.
A aceleração da alta de preços pode trazer em poucos anos os temíveis efeitos não intencionais da própria expansão excessiva do crédito. Com as prestações em alta e os empregos em risco pela reaceleração inflacionária, o relaxamento do governo com as metas de inflação cria uma enorme ameaça para o futuro.

Paulo Guedes é economista. 

Catolicos (ou bebados) do mundo, ajudem a Igreja venezuelana: ela nao tem vinho!

Parece que o socialismo do século 21 conseguiu transformar a Venezuela num país muçulmano...
Em todo caso, se parece muito com o "período especial" em Cuba, depois que acabou a mesada soviética.
Ou seja, o socialismo dura enquanto dura o dinheiro dos outros, neste caso do próprio petróleo venezuelano.
Como o Estado gasta muito, com muita coisa, não sobra para tudo...
Será que os padres da Igreja venezuelana não conseguem produzir o milagre da transubstanciação apenas com suco de uva? Ou está faltando suco de uva também?
Que tal água benta? ("made in" igrejas, claro, para evitar os mesmos problemas...)
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela desabastecimiento

Venezuela: la escasez alcanza a la Iglesia, que se queda sin vino

Infolatam/Efe
Caracas, 27 de mayo de 2013

Las claves
  • El religioso señaló que el problema comenzó cuando la local Bodegas Pomar, subsidiaria de Empresas Polar, notificó recientemente al Episcopado que ya no podría seguir proveyéndole el vino necesario para la liturgia ante las dificultades para conseguir algunos insumos para su producción.
  • Venezuela vive ahora una nueva etapa de escasez de productos básicos que alcanzó su pico máximo con las recientes dificultades para conseguir bienes como papel higiénico.
La Iglesia Católica venezolana dijo que sus reservas de vino para celebrar la misa se están agotando debido a que su único proveedor local afronta problemas para su elaboración, en momentos en que el país afronta un nuevo episodio de escasez “aguda” de varios productos básicos.
“Las reservas se están acabando”, afirmó este lunes a Efe el arzobispo de Coro (occidente) y presidente de la comisión de medios de comunicación social de la Conferencia Episcopal Venezolana, monseñor Roberto Lucker.
El religioso señaló que el problema comenzó cuando la local Bodegas Pomar, subsidiaria de Empresas Polar, notificó recientemente al Episcopado que ya no podría seguir proveyéndole el vino necesario para la liturgia ante las dificultades para conseguir algunos insumos para su producción.
Lucker afirmó que Pomar es el único fabricante de vino en Venezuela y que “sustituirlo no es fácil”, especialmente por el tema de los costos.
“Tendríamos que importarlo, pero no tenemos los dólares para eso”, explicó el arzobispo, que no descartó que la Iglesia acuda al Gobierno del presidente venezolano, Nicolás Maduro, para pedir dólares para importar directamente el vino.
Lucker alertó que las reservas de vino que ahora tiene la Iglesia alcanzan para “dos meses”, y recalcó que en la eucaristía se utiliza un caldo solo “de uva, sin aditivos”, por lo que es un producto de especiales características y no se consigue en cualquier abasto.
Venezuela vive ahora una nueva etapa de escasez de productos básicos que alcanzó su pico máximo con las recientes dificultades para conseguir bienes como papel higiénico.
Maduro ha reconocido que la economía atraviesa un “desabastecimiento agudo”, ante lo que anunció nuevas importaciones masivas y prometió agilizar la lenta asignación de divisas bajo el control de cambios que rige en el país desde hace una década.