sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O minimo que voce precisa saber sobre o Mensalao - Olavo de Carvalho

OLAVO DE CARVALHO 
Comentário completo de Olavo de Carvalho em 10 de outubro de 2012, transcrito por Felipe Moura Brasil.
Posted:  19 SETEMBRO 2013

"Antes de tudo mais, tem uma coisa que eu quero dizer pra vocês: eu não estou compartilhando desse entusiasmo nacional pela punição dos mensaleiros. Eu não acho que isso foi uma grande vitória da democracia, eu não acho que isso foi um marco histórico, eu acho que isto é mais uma ilusão de uma classe média IDIOTA, que acha que pode combater esse esquema petista simplesmente aplicando a lei, ou seja: sem nenhuma tomada de posição ideológica, sem nenhuma análise estratégica, nem nada. Que acha que pode mover um combate contra uma força política tremenda usando apenas acusações criminais de corrupção contra os indivíduos. E por que é que eu acho isso?

Em primeiro lugar: nada do que foi feito no Mensalão, absolutamente nada, foi feito apenas para proveito individual do sr. Fulano ou do sr. Beltrano. Tudo isso está perfeitamente integrado dentro da estratégia do partido e eles entraram nisso com muito 'boa' consciência porque afinal de contas estão jogando para o partido e não para 'nós' [eles] mesmos. Isso é tradicional nesses movimentos esquerdistas.
Vocês devem ter assistido àquele filme sobre o Jimmy Hoffa [nos EUA, 'Hoffa'; no Brasil, 'Hoffa - Um homem, uma lenda'], com o Jack Nicholson, em que o sujeito roubou, roubou, roubou, mas ele estava sempre com a consciência tranquila, porque 'Não, eu não roubei pra mim, roubei para os sindicatos... Claro que eu levei lá a minha comissão, mas o objetivo fundamental era fortalecer o movimento revolucionário'. Então, sem investigar direitinho qual é a função estratégica do mensalão dentro do projeto petista total, você não vai entender é coisa nenhuma.

E, ademais, o que vai acontecer com esses mensaleiros condenados? No máximo vão pegar uma prisão domiciliar por um tempinho, vão continuar com as suas atividades normais e nada de pior vai lhes acontecer. Quanto ao sr. Lula, parece que não vai ser tocado. Nem o Lula, quanto mais o partido, meu Deus do Céu! Quer dizer: o que está acontecendo no Brasil, há anos, é uma guerra assimétrica, onde um lado pode roubar, trapacear, mentir, difamar, fazer o que quiser, e o outro não pode sequer tomar uma posição ideológica: 'Nós vamos aqui apenas nos ater ao aspecto jurídico criminal...' Ou seja: é claro que isso é guerra assimétrica. Um lado tem que lutar com uma mão amarrada.

E, ademais, celebrar a condenação de corruptos - vocês já viram quantas vezes vocês já fizeram isso?

Quando o Maluf foi condenado, foi uma festa nacional: 'Acabou a corrupção no Brasil! Agora é um novo Brasil!'... Tudo no Brasil é um marco histórico. O sujeito dá um peido: é um acontecimento histórico! [Risos] Depois, na queda do Collor, que roubou infinitamente menos que essa gente, foi uma festa maior ainda: 'É a festa democracia! É o novo Brasil!' etc. Vocês vão cair nessa de novo, gente? Puta merda...

Quer dizer que o problema do Brasil não é a corrupção. O problema é que a corrupção foi tanta que o padrão de julgamento moral já baixou. Então é aquele negócio que fala o Reinaldo Azevedo: 'Não, eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui trabalhando, portanto sou um santo.' Já estão pensando até em lançar o Joaquim Barbosa presidente da República.

Vocês não lembram da campanha do Betinho? O Betinho foi um estrategista de esquerda, marxista, que descobriu que a caridade pode dar lucros políticos. Tradicionalmente a esquerda era contra as obras de caridade, porque dizia que isso amortecia a consciência social do proletariado, aplacava a revolta dos pobres e tal. E um dia chegou um cara, que tinha um QI 12,6 - contrastando com a média de 12,4 -, que era o Betinho, e disse: 'Não... Oh, raios, nós estamos perdendo oportunidade! Porque ficam essas senhoras do movimento de arregimentação feminina, federação das indústrias, esse pessoal todo fazendo caridade e se promovendo com a caridade, e nós ficamos parecendo os malvados da história. Então vamos nós monopolizar a caridade.' E foi isso que fez. E isto foi a origem do Bolsa Família, gente! Já esqueceram tudo?

E ele dizia claramente em entrevista: 'Não, isso aí não adianta nada. Só o que vai resolver é a socialização dos meios de produção.' Quer dizer: o cara era comunista, ortodoxo mesmo. E sabia que a caridade não ia resolver nada na perspectiva dele e que, portanto, aquilo era só para melhorar a imagem das esquerdas e criar eleitorado. Ele praticamente confessava isso.

Não obstante, o Betinho constou durante anos como o protótipo da bondade. Chegaram a propor a beatificação do Betinho! A revista Veja soltou a capa 'Um santo brasileiro'. Quer dizer que, para ser santo, é só você inventar um truque para melhorar a imagem do seu partido - pronto: você já virou santo. Agora, o Joaquim Barbosa mostrou alguma competência - mínima, hein - como juiz, quer dizer, cumpriu a sua obrigação, fez o que qualquer juiz deveria ter feito no lugar dele, pronto: ele já 'virou' presidente da República, porra.

Vocês já ouviram falar do Princípio de Peter? Laurence J. Peter, que escreveu o livro 'Todo Mundo é Incompetente, Inclusive Você'. Leiam esse livro. Ele diz o seguinte: numa empresa ou num órgão estatal, o sujeito faz o serviço dele direitinho e daí ele é promovido. Faz de novo o serviço direitinho, é promovido. Aí, promovido pela terceira vez, ele começa a fazer burrada, daí para e não sobe mais. Isso quer dizer que todos os caras que estão no primeiro escalão de qualquer coisa são todos incompetentes por definição.

[Nota do Felipe: O Princípio de Peter foi assim enunciado por Lawrence J. Peter: "Num sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência."]

Então essa mania de que 'O cara deu certo aqui. Promove!', isso nem sempre funciona. Não teve gente, uns idiotas que vieram [e propuseram]: 'Olavo de Carvalho para presidente!'? Eu digo: eu seria um primor de incompetência! Puta que pariu! Não é porque eu sou capaz de fazer isto aqui que eu estou fazendo que eu sou capaz de fazer uma outra coisa. Joaquim Barbosa, a mesma coisa: não é porque ele é um bom juiz que vai ser um bom presidente da República. O presidente da República precisa de algo mais do que conhecer e respeitar as leis. O homem não administrou nem um clube de futebol, já querem botá-lo na presidência da República.

Então isso aí mostra o barateamento das virtudes morais. E isso já é a corrupção da alma, a corrupção profunda da psique brasileira. Quer dizer: a sociedade está tão corrompida que o simples fato de o sujeito fazer o mínimo já é, para eles, o máximo. Então quer dizer: as grandes virtudes humanas, as virtudes superiores, [os brasileiros] não são mais capazes de imaginar!

Então o que são os heróis de um país que mede as coisas nessa escala? Quer dizer: se aparecer um santo de verdade, vocês não são capazes de reconhecer. Um herói de verdade, não são capazes de reconhecer. Um sábio de verdade, não são capazes de reconhecer. O pessoal mede [por esses padrões muito baixos]... O que é um gênio no Brasil? Gênio [no Brasil] é Chico Buarque de Hollanda, porra! Se você mostra uma coisa que é superior, como por exemplo eu mostrei o Mário Ferreira dos Santos, as pessoas não sabem o que é que é, então não falam. Mas o Chico Buarque, eles são capazes de perceber alguma coisa. Então o sujeito fez uns sambinhas, pronto: é gênio! E [as pessoas no Brasil] não entendem que esta descida do padrão de julgamento moral é o que facilita toda a operação dessa gente, tipo mensalão. Então não se incomodem, meus filhos: vocês prendem esses, vai vir coisa pior.

Sobretudo aguardem... O pessoal que é da esquerda mesmo e que está fazendo discursos inflamados contra os mensaleiros, eles fazem discursos inflamados por quê? 'Essa geração da esquerda acabou, eles se ferraram, agora é nossa vez.' Exatamente como o PT fez nas décadas de 1980 e 1990, porque o PT fez carreira na base da acusação de corrupção. Foi o PT que acabou com a carreira do Maluf, que acabou com a carreira do Antônio Carlos Magalhães, que acabou com a carreira do Collor de Mello, que acabou com a carreira de todos os seus inimigos posando como 'o partido ético'! Chamava-se na época, o pessoal dizia: 'o partido ético', meu Deus do Céu!

Por quê? Porque isso também foi algum espertalhão lá dentro que falou: 'Não, peraí, nós vamos refrear um pouco o discurso ideológico e vamos agora usar o discurso do inimigo.' Porque a direita antigamente fazia carreira na luta contra a corrupção. Se vocês estudarem, vocês vão ver que lutar contra a corrupção era a bandeira da antiga UDN, que o Jânio Quadros(!) subiu nesta base de acusar os outros de corruptos, e o adversário principal dele era corrupto mesmo, era o Adhemar de Barros, então ele subiu nesta base, para depois chegar lá em cima e fazer o que fez. Do mesmo modo, o Fernando Collor de Mello: vocês não se lembram que ele era o caçador de marajás?

Então quem quer no Brasil que faça carreira na base do combate à corrupção é picareta. E vai enganar vocês de novo, porra.

Quer dizer: não que seja ruim que os caras sejam condenados, e não que os juízes não tenham feito o serviço deles direito. Fizeram, mas fizeram o mínimo. Agora, levantar o verdadeiro problema e dizer 'Peraí. Isto não é um crime praticado por tais ou quais indivíduos. Isto é um crime praticado por uma entidade chamada Partido dos Trabalhadores, que, dentro da sua estratégia geral, usou deste recurso do mensalão, como utiliza a aliança com as Farc, que é hoje, segundo documentos oficiais do governo americano, a maior distribuidora de drogas do universo!' Isto ninguém quer investigar. Perto disso, o que é que é o mensalão? O mensalão não é nada, minha gente. E ainda vem mais. Quando sair esse negócio do Carlinhos Cachoeira, esse é que vai ser legal. Porque isso aí vai sobrar pra Dona Dilma também. Então você vai ver que ainda vai [piorar]...

Olha: as latrinas no Brasil são que nem aquelas bonecas russas, matryoshka: você abre uma latrina, tem outra latrina dentro, outra latrina dentro, outra latrina... [Risos.] Só que é o contrário da matryoshka, porque na matryoshka as bonecas vão ficando pequenininhas, no Brasil acontece esse negócio: você abre uma latrina, aparece outra maior dentro! E outra, e outra, e outra, e outra! É a merda sem fim. Por quê? Não é pegando casos isolados de corrupção que vocês vão acabar com isso, gente.

Vocês têm que entender: há um problema estrutural permanente, que é o seguinte: vocês já notaram que, quanto mais cresce a hegemonia cultural esquerdista, mais cresce a corrupção, mais cresce a violência, mais cresce a imoralidade geral? Isso está acontecendo faz 30 anos e vocês não chegaram ainda à conclusão, porra!? Estudem um pouco, e vocês vão ver o seguinte: que é uma tradição dos partidos revolucionários de esquerda utilizar-se do direito burguês como instrumento para chegar ao poder, para em seguida não só destruir esse direito burguês, mas destruir todo e qualquer direito. Porque a ideia mesma de direito é incompatível com o marxismo. O direito, no entender do marxismo, é a vontade da elite revolucionária, que encarna o espírito da história. Então é a abolição de todo e qualquer direito e sua substituição pelo 'poder onipresente e invisível' do partido, como dizia Antonio Gramsci. É isso que eles estão fazendo, minha gente. Mas vocês não conseguem ver relação nenhuma?

Então aqui tem uma professora que escandalizou um aluno de dez anos com um dicionário sobre posições sexuais. Então todo mundo diz: 'Oh! Que coisa!' Mas você não vê nenhuma relação entre isso e o mensalão não? Você não percebe que é a mesma coisa? Que é corromper a sociedade como um todo, em todos os seus níveis? E que este tem sido o projeto da esquerda há 30 anos? Que trinta! Quarenta! Leiam Herbert Marcuse. Leia o material da Escola de Frankfurt e vocês vão entender tudo aquilo que está acontecendo.

Agora, o fato é o seguinte: é que vocês estão sofrendo os efeitos de uma macroestratégia de alcance continental e querem tratar disso como se fosse um problema assim: 'Ah, ele cometeu um crimezinho aqui, o outro cometeu um crimezinho ali' e, quando pega uns criminozinhos e condena, todo mundo canta vitória e diz 'É a vitória da democracia!' e bate no peito... Vocês não bateram no peito quando caiu o Collor, porra!? Hein? Vocês não lembram os caras-pintadas na rua, 'tudo' cantando o hino nacional? Vocês vão cair nisso de novo!?

Olha aqui: luta ideológica é luta ideológica. Esse pessoal da esquerda, o objetivo deles é chegar a implantar o socialismo no continente. E uma vez que implantou o socialismo, ele não cai mais, meu filho. Porque mesmo que ele caia, continua no poder a mesma elite, como aconteceu na Rússia e na China. Então isso aí é o poder eterno, é o que esses caras querem, porra. E eles estão fazendo tudo para isto.

Cada vez que eles usam o discurso moralista burguês, o pessoal burguês todo se comove. Diz: 'Oh! Ele é de esquerda, mas é honesto! Ele é de esquerda, mas não rouba!' Meu Deus do Céu! Esquerdista honesto é quadrado redondo, porra. O processo revolucionário esquerdista, ele é desonesto na base. A noção mesma de honestidade é objeto de chacota entre os marxistas. É que vocês não estudam.

Se vocês querem saber se um sujeito é comunista, vocês querem saber assim: "Ah, mas pra ele ser comunista, ele tem que ser sincero.' Ah, então ele é sincero ou aproveitador? Eu falo: essa distinção só existe na sua cabeça, ô burguês. Para o marxista, isto não faz diferença. A própria noção de sinceridade... Imagina se a sinceridade da crença de um militante tem a mais mínima importância dentro de uma organização revolucionária comunista? Os seus sentimentos subjetivos não importam, meu filho! Importam as suas conexões reais, os seus compromissos materiais efetivos já assumidos, importam o quanto de poder 'nós' temos sobre você. Se você, por dentro da sua cabeça, está complemente contra, não importa, porra. 

Então quer dizer: é uma noção religiosa de sinceridade, da fé - eu sempre pego a categoria cristã da fé - que [vocês] aplicam no comunismo. No cristianismo, é importante ter a fé sincera. Mas, se quer saber, esse conceito de fé não existe nem nas outras religiões! No Islam, não importa se o cara é hipócrita. Você não precisa ter fé nenhuma. É só fazer a declaração pública. Isso é oficial, porra. Eu conheço a teologia islâmica, porra. Escrevi um livro, ganhei um prêmio do governo da Arábia Saudita, eu entendo alguma coisa desse negócio, porra. Então a sinceridade não tem importância no Islam. Porque o Islam não é um objeto de fé como o cristinianismo, fé individual. Não. O islam é uma comunidade. Então, qual é o equivalente da fé no budismo e no hinduísmo? Acontece que essa noção de fé, ela, além de ser religiosa, só se aplica a UMA religião, que é o cristianismo. E você, trouxa, pega tudo que existe, não só as outras religiões como até ideologias políticas, e quer aplicar esse conceito lá. Então você pergunta: 'Mas esse cara é comunista mesmo ou ele é aproveitador?' Eu digo: quanto mais comunista, mais aproveitador. E quanto mais sincero, mais mentiroso. Essa categoria não se aplica nesses casos. Mas não adianta explicar.

Eu não sei quem foi que disse: 'Nós não acreditamos na mentira, porque fomos enganados. Nós acreditamos porque queremos.'

Então não vem para cima de mim com esta nova festa cívica. Eu já estou com 65 anos de idade, eu já vi tanta festa cívica, eu já vi tantos momentos históricos que no dia seguinte ninguém lembra mais... Por exemplo, se você falar: campanha do Betinho, quem é que se lembra hoje? Quem de 20, 25 anos sabe o que é campanha do Betinho? Nem sabe. Passou! Foi mais um peido histórico.

Peido uma hora faz barulho, mas passa com o vento. [Risos] Então isso daí foi mais um peido histórico. Pode se transformar em alguma coisa se aprofundarem as investigações e procurarem o aspecto estrutural. Mais ainda. Tem outra coisa: como esses deputados todos foram comprados para votar determinadas leis e medidas oficiais, essas medidas oficiais não valem. Tem que ser tudo revogado. Isto quer dizer que, no mínimo, no mínimo, do crime de responsabilidade o presidente [Lula] não pode escapar. E a atual [Dilma], também não! A respeito da atual, esperem as investigações sobre o PAC, sobre o Carlinhos Cachoeira, que vocês vão ver que vai sobrar para ela também. Mas vai sobrar só nominalmente. Outra coisa: o Zé Dirceu pode dizer 'Não, eu sou réu primário, então não vou para a cadeia'. Réu primário, porque todos os crimes anteriores dele foram anistiados. Quer dizer: o sujeito faz o crime, todo mundo da esquerda faz o crime, e a direita apaga. Faz o crime, e a direita apaga. Estão fazendo a mesma coisa na Colômbia."

* * *

Nota de rodapé: Isto foi apenas um programa de rádio, ok? Para uma análise completa do assunto em textos escritos, veja o capítulo 'Petismo', especialmente a seção 'Tradição & estratégia', do best seller de Olavo de Carvalho, organizado por Felipe Moura Brasil, 'O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota':https://www.facebook.com/ominimoquevoceprecisasaberparanaoserumidiota.

A fuga do pre-sal - Bernardo Santoro

Fuga do pré-sal

Se eu fosse acionista de uma empresa de petróleo, eu também sairia correndo de uma parceria com um governo instável e glutão como o brasileiro

por Bernardo Santoro*
Se eu fosse acionista de uma empresa de petróleo, eu sairia correndo de uma parceria com um governo instável e glutão como o brasileiro.
O grande problema na exploração do petróleo está na questão da apropriação do bem produzido. Pela Constituição, os bens no subsolo pertencem ao governo, não ao cidadão dono do solo e que efetivamente extraiu a riqueza do subsolo.
Isso leva a uma imensa precariedade no direito de propriedade do setor, o que levou o governo a criar esse novo marco regulatório baseado em um regime de partilha.
Nesse regime, a empresa extrai o petróleo e fica com quantidade suficiente para cobrir os custos de produção, além de parte do excedente. O governo fica com a outra parte do excedente, cobra royalties sobre todo o petróleo e ainda um bônus para que a empresa passe a operar o campo.
Se os royalties e o bônus forem maiores que o valor da parte do excedente que fica com a empresa, a mesma tem prejuízo, sem contar o custo de oportunidade do investimento, já que o valor empregado poderia ser utilizado em outro investimento mais lucrativo e menos dependente do humor ou da veracidade dos dados do governo.
Só que royalties, e principalmente os bônus, são cobrados sempre, não importando o quanto a empresa consiga retirar. Isso não acontece só na área do petróleo. Quem é empresário no Brasil sabe a tristeza que é a cobrança de impostos. Se você tem lucro, o governo quer uma parte. Se você tem prejuízo, o governo não só não banca parte do prejuízo, como ainda faz questão de morder algum impostinho.
O governo brasileiro é sócio do cidadão na riqueza e credor do cidadão na pobreza. Na área petrolífera não é diferente.
E se não fosse o suficiente, os dados governamentais sobre a quantidade de petróleo nos poços não são confiáveis. Está aí o parceiro do Lula, Eike Batista, que não me deixa mentir, e está quebrando, entre outras coisas, por causa dos poços secos que o governo vendeu pra ele.
Se o governo engana os parceiros nacionais que subsidiam sua campanha, não vai enganar investidores estrangeiros? O investidor trouxa que atire o primeiro maço de dinheiro.
Talvez seja por isso que o Obama, que não é bobo (é mau-caráter, mas bobo não é), esteja bisbilhotando pelas bandas de cá.
Não sou um especialista no assunto para desenhar aqui um novo marco regulatório para o setor, mas é sempre de bom tom um sistema jurídico que tenha como base o respeito à propriedade privada e o livre-comércio. Funciona em todos os setores econômicos no mundo todo. No setor petrolífero brasileiro vai funcionar também. Pelo menos bem o suficiente para não vermos empresas fugindo do petróleo brasileiro, o que, dada a importância e o alto valor do produto, é uma prova inequívoca da incompetência e do obscurantismo do nosso governo.
* Diretor do Instituto Liberal

Governo continua desarrumando as contas publicas

Setor elétrico
Tesouro já banca corte na conta de luz

Governo tem usado dinheiro obtido com venda de títulos públicos para bancar o desconto de energia prometido por Dilma

Torres de alta tensão
A Medida Provisória 615 tem sido usada para a manobra 
(Agliberto Lima/AE)
O contribuinte já começou em agosto a pagar as indenizações devidas pelo governo federal às empresas do setor elétrico que aderiram ao pacote de renovação das concessões. O desconto na conta de energia foi uma das principais bandeiras que a presidente e sua equipe econômica defenderam no ano passado e início deste ano. 
Em mais um capítulo dessa história, o governo agora usou dinheiro obtido com a venda de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional para cobrir um buraco no fundo setorial responsável pelas indenizações. Esse fundo, a Reserva Global de Reversão (RGR), recebeu 272 milhões de reais em agosto, oriundos de outro fundo setorial, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Desde junho, o Tesouro Nacional tem depositado na CDE recursos obtidos com a emissão de papéis.
Com o mecanismo criado pela Medida Provisória 615, o Tesouro vende títulos públicos ao mercado em nome da CDE. Ao todo, entre junho e agosto, essa operação rendeu 3,95 bilhões de reais aos cofres do fundo. Somente em setembro, o Tesouro emitiu 2 bilhões de reais em nome da CDE. 
Segundo técnicos do governo, a triangulação deve continuar até o fim do ano, e os repasses da CDE à RGR devem variar em torno de 500 milhões de reais por mês, a partir deste mês.
O rombo na RGR foi criado pelo próprio governo. No primeiro semestre, o governo realizou a operação inversa da verificada: entre maio e junho foi a RGR que transferiu recursos - 4,9 bilhões de reais ao todo - para cobrir um buraco na CDE.
A CDE é usada para pagar os programas sociais, como o "Luz Para Todos", e o custo das usinas termoelétricas. A CDE ficou praticamente sem recursos e foi socorrida pela RGR em maio e junho, e, desde então, pelo Tesouro Nacional. 
(com Estadão Conteúdo)

A Nao-Visita de Estado ao Imperio: tanto faz como tanto fez - EditorialEstadao

Realmente não faz nenhuma diferença, seja no plano das relações bilaterais, regionais, hemisféricas ou internacionais. Nenhuma diferença entre fazer e não fazer: tudo continuará como antes, e pelo menos se evitam sorrisos amarelos e palavras constrangedoras.
Toda a diferença está no plano interno, e mais propriamente eleitoral, a bem da verdade eleitoreiro. Uma antecipação dos argumentos soberanistas já virá na ONU, com expressões grandiloquentes e demanda por um acordo global anti-espionagem. Pronto: mais um item na agenda do dinossauro de NY, que promete ocupar burocratas e diplomatas pelos próximos dez anos. Bocejo...
Por outro lado, confirma-se que a política externa é mesmo inteiramente dominada por considerações, objetivos e até demagogia totalmente partidária. Senão, não teria sentido um encontro destes para resolver uma questão de política externa, como destaca o editorial deste jornal reacionário do Partido da Imprensa Golpista:
Não fosse assim, por que razão Dilma submeteria sua decisão ao aval de seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao chefe de seu partido, Rui Falcão, e ao marqueteiro de sua campanha, João Santana? Pois foi exatamente o que aconteceu, numa reunião na noite de sexta-feira passada na Granja do Torto.
Paulo Roberto de Almeida

Soberania de palanque

Editorial O Estado de S.Paulo, 19 de setembro de 2013


Não deverá ter grande efeito prático, nas relações entre Brasil e Estados Unidos, o cancelamento da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, que estava prevista para o mês que vem. Como se tratava de uma viagem que atenderia muito mais ao protocolo diplomático do que promoveria avanços concretos na área econômica, a decisão de Dilma deve ser vista apenas pelo aspecto simbólico. E, nesse sentido, conclui-se que, de fato, o clima para a visita não era mesmo dos melhores. Ainda assim, espanta que a presidente tenha tratado do assunto não com seus diplomatas, como deveria ser, considerando-se que era uma questão de Estado, e sim com seu conselho eleitoral, de olho exclusivamente nos efeitos que o caso certamente produzirá no eleitorado dito nacionalista.
Dilma resolveu cancelar a viagem aos Estados Unidos em razão das informações segundo as quais o serviço de inteligência americano pode ter monitorado as comunicações da presidente com seus auxiliares. Não há evidências de que algum telefonema ou mensagem de Dilma tenha sido efetivamente grampeado, mas a simples hipótese foi suficiente para gerar a justa indignação da presidente e dos brasileiros em geral.
É fato que quase todos os países que têm interesses políticos e econômicos ao redor do mundo usam a espionagem para defendê-los, razão pela qual não se deve tratar o caso da espionagem americana como excepcional, como se inclinam a fazer os que veem os Estados Unidos como a fonte de todo o mal.
No entanto, quando a bisbilhotice se torna pública, é natural que se demandem do bisbilhoteiro pedidos de desculpas formais e explicações abrangentes - everything, como cobrou a presidente. Afinal, espionar chefes de Estado de nações amigas não é coisa que se faça.
Como a Casa Branca não parece ter se abalado muito com a reação brasileira, oferecendo apenas esclarecimentos insatisfatórios, Dilma entendeu que, neste momento de desconfiança, não havia razão para que ela se deixasse aparecer na foto ao lado do presidente Barack Obama num jantar de gala em Washington, como se tudo estivesse bem. Além disso, corria-se o risco de que novas informações comprometedoras fossem divulgadas durante a visita, causando ainda mais constrangimento.
Parece, portanto, que Dilma ponderou os aspectos diplomáticos da situação para tomar a sua decisão. Mas só parece. Na verdade, a presidente, candidata à reeleição, está em campanha permanente e aproveitou o ensejo das denúncias de espionagem para tentar faturar mais alguns pontos nas pesquisas de intenção de voto.
Não fosse assim, por que razão Dilma submeteria sua decisão ao aval de seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao chefe de seu partido, Rui Falcão, e ao marqueteiro de sua campanha, João Santana? Pois foi exatamente o que aconteceu, numa reunião na noite de sexta-feira passada na Granja do Torto.
Concordou-se, no encontro, que o cancelamento da viagem daria a Dilma a imagem de uma presidente que defende a soberania do Brasil ante as ameaças americanas. Assim, a nota em que a presidente anunciou a desistência afirma que "as práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional".
A nota, ademais, trata como fato concreto algo que é apenas uma suspeita, isto é, que os espiões americanos realmente tenham tido acesso ao conteúdo de mensagens de cidadãos, autoridades e empresas do Brasil, algo que as informações divulgadas até agora não autorizam concluir. Esse exagero basta para demonstrar o empenho do governo em explorar o caso para efeitos midiáticos.
Ao fim e ao cabo, Dilma poderia ter optado por manter a agenda da visita aos Estados Unidos e, uma vez lá, ter manifestado publicamente seu descontentamento com a situação. Seria uma atitude de estadista, com efeitos muito mais significativos do que a mera bravata eleitoreira.

Desindustrializacao, mitos e fatos - Marcelo de Paiva Abreu

Marcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, quarta-feira, 18.9.2013

Alguns poderiam pensar que a significativa desvalorização cambial ocorrida nos últimos meses poderia ter contribuído para moderar as reivindicações do setor industrial. Ledo engano. É o que mostra recente trabalho da FIESP intitulado “ Por que Reindustrializar o Brasil”.

O argumento é assim. Para o Brasil aumentar a renda per capita seria necessário aumentar a  participação da indústria de transformação no PIB e a taxa de investimento. Os dois indicadores vêm decaindo desde as décadas de 1980 e 1970, respectivamente. A desindustrialização teria começado na década de 1980 e a participação da indústria de transformação no PIB caiu aos níveis de 1955. A desindustrialização teria sido prematura e nociva à continuidade do desenvolvimento econômico. Haveria evidência de que maior participação da indústria de transformação no PIB e elevada taxa de investimento contribuiriam para aumentar a taxa de crescimento da economia. O documento conclui: por que o Brasil ficaria de fora do movimento reindustrialização que pode ser detectado até mesmo nos EUA e na Europa?

O estudo não levou em conta R. Bonelli, S. Pessoa e S. Mattos, “Desindustrialização no Brasil: Fatos e Interpretações” em E. Bacha e M. de Bolle (orgs.), O futuro da indústria no Brasil, Rio de Janeiro, 2013, que propõe ajustes fundamentais nas séries relativas à participação da indústria de transformação no PIB. Em primeiro lugar, os altos percentuais alcançados até 1982, baseados em valores correntes, são dramaticamente reduzidos quando se leva em conta as alterações metodológicas pertinentes: o valor máximo de mais de 35% em 1985 é reduzido para 24%. Em segundo lugar, os autores, sublinhando que boa parte da queda da participação da indústria no PIB deve-se à queda dos preços de produtos industriais em relação aos demais preços da economia, apresentam a série computada a preços de 2009. Deste segundo ajuste decorrem duas afirmações que contrariam o estudo da FIESP. O pico da participação da indústria no PIB, de mais de 24%, ocorreu nos primeiros anos da década de 1970, ou seja, a “desindustrialização” ocorreu bem antes do que supõe a FIESP e conviveu com crescimento alto. A  desindustrialização recente é bem menos espetacular do que sugerido a preços correntes.

Há outros problemas com o estudo fiespino. Não se entende a razão técnica para combinar argumentos sobre baixo investimento com argumentos sobre a baixa participação da indústria de transformação no PIB como causas de desempenho econômico fraco. O argumento de que o Brasil não cresce porque não investe é trivial. Já atribuir a estagnação brasileira por quase um quarto de século, a partir de 1980, à redução da participação da indústria de transformação no PIB é claramente equivocada. A pretensa comprovação empírica da tese que associa peso da indústria de transformação a ritmo de crescimento é equivocada. Alega-se que para uma “amostra” de 25 países, 9 foram capazes de dobrar a renda per capita em períodos entre 13 e 33 anos e todos tinham participação mínima de 20% da indústria de transformação no PIB. A relação causal sugerida entre crescimento e peso da indústria não passa de conjectura que está longe de passar como desinteressada. O documento cita os EUA e a União Europeia como economias nas quais tem sido adotadas políticas de “reindustrialização” sem especificar, entretanto, quais deveriam ser adotadas no Brasil.

O caminho para possível reindustrialização depende de política industrial baseada em programas maciços de capacitação tecnológica que resultem em efetivo aumento da competitividade industrial. Não deve envolver prolongamento infindável dos sacrifícios da sociedade em benefício da indústria. Para que se possa conceber tal política é preciso que haja compreensão adequada do processo de desindustrialização no Brasil.

*Doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio

Across the whale in a month (5): visita da Sexta: Templo Mormon

Ainda preciso relatar a jornada desta quinta, feita apenas de estrada (nove horas e mais de 600 milhas) e uma visita à capital do estado do Wyoming (que atravessamos por completo): Cheyenne.
Por enquanto coloco a curiosidade de amanhã e da capital do Estado em que estamos agora: Salt Lake City, a capital de Utah, e dos mormons:

Salt Lake Temple


Salt Lake Mormon Temple
Physical Address
50 West North Temple Street
Salt Lake City, Utah  84150-0701
United States

Mailing Address
50 W North Temple St
Salt Lake City, UT  84150-0701

Telephone:  801-240-2640
Fax:  801-240-1550
Distribution Services:  801-328-8191


Announcement:  28 July 1847 

Site Dedication:  14 February 1853 by Heber C. Kimball
Groundbreaking:  14 February 1853 by Brigham Young
Public Open House:  5 April 1893 
Dedication:  6–24 April 1893 by Wilford Woodruff



Site:  10 acres.

Exterior Finish:  Quartz monzonite (similar to granite) quarried from Little Cottonwood Canyon 20 miles southeast of Salt Lake City.
Ordinance Rooms:  Four ordinance rooms (four-stage progressive) and fourteen sealing.
Total Floor Area:  253,000 square feet.


Temple Locale
Positioned on Salt Lake City's center block, known asTemple Square, the spires of the Salt Lake Temple rise amid downtown high-rises and super malls. Sharing the block are the North Visitors' Center and South Visitors' Center; the Tabernacle, home of the famous Mormon Tabernacle Choir; and the Gothic-style Assembly Hall. East of the temple is the masterfully landscaped Main Street Plaza, complete with reflecting pool. Beyond the plaza is the Church's world headquarters, known as theChurch Office Building, and the Joseph Smith Memorial Building—a multipurpose Church building, which has become a popular wedding event center. The Church'sConference Center, an architectural masterpiece, lies directly north of the temple. Every holiday season, Temple Square is transformed into a highly popular display of hundreds of thousands of Christmas lights.

Temple Facts
The Salt Lake Temple was the fourth temple built in Utah (though its construction was started first) and the first in the Salt Lake Valley.
The Salt Lake Temple was the only temple dedicated by President Wilford Woodruff.
With its distinctive spires and statue of the angel Moroni, the Salt Lake Temple is an international symbol of the Church.
The Salt Lake Temple is the largest temple (most square footage) of the Church.
Original plans for the Salt Lake Temple called for two angel Moroni statues—one on the east central spire and one on the west.
The Salt Lake Temple took 40 years to build with its highly ornate interior being completed in just a year.
During the construction of the Salt Lake Temple, the St. George Utah TempleLogan Utah Temple, and Manti Utah Temple were all started and completed.
The walls of the Salt Lake Temple are nine feet thick at the base and six feet thick at the top.
The Salt Lake Temple is the first temple to feature a standing angel Moroni statue, which was created by Paris-trained sculptor Cyrus E. Dallin.
The Salt Lake Temple features beautiful hand-painted murals on the walls of its progressive-style ordinance rooms: Creation Room, Garden Room, World Room, Terrestrial Room (no murals), and Celestial Room (no murals).
The Salt Lake Temple is one of only seven temples where patrons progress through four ordinance rooms before passing into the Celestial Room. (The other six temples are the Manti Utah Temple, the Laie Hawaii Temple, the Cardston Alberta Temple, the Idaho Falls Idaho Temple, the Los Angeles California Temple, and theNauvoo Illinois Temple.)
The Salt Lake Temple is one of two temples that still employs live acting for presentation of the endowment. (The other is the Manti Utah Temple.)
The Salt Lake Temple was completed the afternoon before the dedication. That evening, invited non-Mormon government officials, businessmen and their wives were given a complete tour of the temple. It was the first time that a temple had been opened to the public prior to its dedication.
The Salt Lake Temple was dedicated on April 6, 1893—three years before Utah became a state in 1896.
The Salt Lake Temple was closed on July 29, 1962 for extensive renovation that included demolition of the old annex; cleaning of the exterior stone; replacement or upgrade of all mechanical systems, plumbing, wiring, carpeting, and light fixtures; reupholstering of furniture; and redecoration of the entire building. The temple reopened on May 21, 1963.
The dedication of a temporary annex was held on March 7, 1963. This building would later become the North Visitors' Center.
The new annex opened on March 19, 1966. It was built to house seven new sealing rooms, a children's waiting room, mechanical systems, two new locker rooms, new initiatory areas, and a new chapel seating 450 patrons. The annex was formally dedicated on October 23, 1967.
On August 13, 1993, the contents of the Salt Lake Temple record stone—a hollow stone in the foundation—were removed 136 years after they were originally placed there by Brigham Young and other leaders. Items placed in the stone included books, pamphlets, periodicals, and a set of Deseret gold coins. Because the stone had cracked, the paper items were severely damaged by moisture. Salvaged materials are now housed in the Church History Library.

Temple Symbolism
Rich symbolism adorns the exterior of the Salt Lake Temple, depicting mankind's journey from mortality into the eternal realms. Perhaps Elder J. Golden Kimball expressed it best when he stated: "When I think about that building, every stone in it is a sermon to me."1 Following is a summary of some of the major symbolism of the Salt Lake Temple:
Angel Moroni.  The angel Moroni depicts both a messenger of the restoration of the gospel and a herald of the Second Coming: "for the Son of Man shall come, and he shall send his angels before him with the great sound of a trumpet, and they shall gather together the remainder of his elect from the four winds" (JS-M 1:37).
Towers.  The three towers on the east side represent the First Presidency of the Church and the Melchizedek Priesthood; the twelve pinnacles rising from the towers represent the Twelve Apostles. The three towers on the west side represent the Presiding Bishopric and the Aaronic Priesthood; the twelve pinnacles rising from the towers represent the High Council.
Battlements.  The castle-like battlements that surround the temple symbolize a separation from the world as well as a protection of the holy ordinances practiced within its walls.
Earthstones.  The earthstones, located at the base of each buttress, represent the earth—the "footstool of God." Although the earth is currently a telestial kingdom, it will transition to a terrestrial kingdom at the coming of the Millennium; and at the end of one thousand years, it is destined to become a celestial kingdom.
Moonstones.  Located directly above the earthstones, the moon is depicted in its various phases around the temple. The changing moon can represent the stages of human progression from birth to resurrection or represent the patron's journey from darkness to light.
Sunstones.  Located directly above the moonstones, the sunstones depict the sun—a symbol of the glory of the celestial kingdom.
Cloudstones.  High above the sunstones on the east center tower are two clouds with descending rays of light (originally planned to be one white and one black with descending trumpets.) The parallel of this symbolism is found in the Old Testament. Once temples were dedicated in ancient Israel, they were filled with the "cloud of the Lord." At Mount Sinai, the children of Israel saw this cloud as both dark and bright accompanied by the blasting of a trumpet.
Starstones.  Six-pointed stars represent the actual stars in the heaven. Upside-down five-pointed stars represent morning stars, compared to the "sons of God" in the scriptures. The large upright five-pointed stars may represent the governing power of the priesthood while the small upright five-pointed stars may represent the saving power of the priesthood for those who attach themselves to it.
Big Dipper.  High on the west center tower is a depiction of the Big Dipper, a constellation used by travelers for thousands of years to find the North Star. It is an appropriate symbol for the temple where patrons come to get their bearings on the journey home.
Handclasp.  Each of the center towers features a pair of clasped right hands identified as the "right hands of fellowship" cited in Galatians 2:9. In Jeremiah 31:32, the Lord uses the handclasp to denote covenant making—an act at the very heart of temple worship.
All-Seeing Eye.  Located atop each of the center towers of the temple is the all-seeing eye of God, which represents God's ability to see all things.2



1. J. Golden Kimball, "Elder Jonathan Golden Kimball," Conference Report April 1915: 78–79.
2. Matthew B. Brown and Paul Thomas Smith, "The Salt Lake Temple,"Symbols in Stone: Symbolism on the Early Temples of the Restoration(American Fork, Utah: Covenant Communications, Inc., 1997) 117–156.

Brasil-Bolivia: Senado vai pedir todos os telegramas de e para La Paz (Claudio Humberto)

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), decidiu requerer a troca de mensagens entre o Itamaraty e a embaixada em La Paz, nos 455 dias de asilo do senador Roger Molina. Para Ferraço, o exame da “série telegráfica” esclarecerá o real interesse do Itamaraty em resolver o problema e as razões do diplomata Eduardo Sabóia, que ajudou Molina a fugir para o Brasil.
Mensagens do Itamaraty, recomendando empurrar o caso com a barriga, forçaram Eduardo Sabóia a agir por razões humanitárias.
Emails atribuídos ao subsecretário-geral de América do Sul, Antonio Simões, instruíam a embaixada a “enrolar” o caso do senador Molina.
Seguem as retaliações do Itamaraty contra diplomatas em La Paz. Ontem, foi removido para Brasília o conselheiro Manoel Montenegro.

Do Diário do poder, Claudio Humberto, 19 de setembro de 2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

STF: surpresas juridicas


O Decaneto da republiqueta

Zeza Amaral
CORREIO POPULAR, 18/09/2013

Jamais imaginei que a Virtude pudesse homologar o Vício. E é triste e sombrio constatar que tal aconteceu no longo voto argumentativo do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, que, após idas e vindas dissertativas, desnecessárias aliás, votou a favor dos embargos infringentes e, portanto, livrou da cadeia alguns corruptos petistas, dentre eles José Dirceu, condenado principalmente por chefiar uma quadrilha que roubava dinheiro público.

Diz um velho ditado popular que ninguém sabe o que pode sair da barriga de uma mulher grávida, da bunda de um neném e da cabeça de um juiz. Isso era no tempo do zagaia. Hoje, aparelhos de ressonância identificam o sexo do feto; e juiz que fala fora dos autos, sob holofotes, já deixa claro o seu voto — como foi o caso do ministro Celso de Mello — e de todos os seus colegas de Corte, contrários ou não. Tanto que dias antes do início da análise dos votos infringentes, leigos e não leigos em Direito já sabiam que o placar seria desempatado pelo decano do Supremo, sempre o último a votar. Mas sempre o primeiro a saber, como a seguir saberá o raro leitor.

Vivi os últimos dias sonhando com o voto contrário às pretensões dos bandidos do mensalão, mesmo porque, não confiando na memória, guardei no meu arquivo a sentença do ministro Celso de Mello que, naquele primeiro de outubro próximo passado, assim a rematou: “Esses vergonhosos atos de corrupção parlamentar, profundamente lesivos à dignidade do ofício legislativo e à respeitabilidade do Congresso Nacional, alimentados por transações obscuras idealizadas e implementadas em altas esferas governamentais, com o objetivo de fortalecer a base de apoio político e de sustentação legislativa no Parlamento brasileiro, devem ser condenados e punidos com o peso e o rigor das leis desta República, porque significam tentativa imoral e ilícita de manipular, criminosamente, à margem do sistema constitucional, o processo democrático, comprometendo-lhe a integridade, conspurcando-lhe a pureza e suprimindo-lhe os índices essenciais de legitimidade, que representam atributos necessários para justificar a prática honesta e o exercício regular do poder aos olhos dos cidadãos desta Nação. Esse quadro de anomalia, Senhor Presidente, revela as gravíssimas consequências que derivam dessa aliança profana, desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores, públicos e privados, e de parlamentares corruptos, em comportamentos criminosos, devidamente comprovados, que só fazem desqualificar e desautorizar, perante as leis criminais do País, a atuação desses marginais do Poder.”

Pois bem. Meses depois, o mesmo decano afirmaria em entrevista que “embargos infringentes” eram direitos que os réus do mensalão poderiam pedir. E eles pediram e conseguiram. Resta saber o que fazer com o que escreveu e leu Celso de Mello há quase um ano, diante de seus pares e a nação, quando apresentou as penas que deveriam cumprir os bandidos mensaleiros. E fique certo o raro leitor que bem sei que é melhor uma sociedade que tem um juiz que erra do que uma sem juízes.
Bandidos, todos eles, merecem passar um tempo na cadeia para refletir sobre o que fizeram não só à sociedade, mas, principalmente, a si próprios e a seus familiares e amigos, que todo e qualquer crime constrange a todos, e mais ainda a própria vítima.

De resto, tudo me parece dominado pelo lulo-petismo, o Executivo e o Legislativo. Só faltava o Judiciário — e agora não falta mais nada. Tudo dominado. E para quem acha que ainda falta a Imprensa, bem, ela já está infiltrada de jornalistas-petistas desde 1980, data da fundação do PT, e esteja certo o raro leitor que um plebiscito constituinte — para mudar as regras eleitorais — será proposto em um futuro nem tão distante, assim como aconteceu na Venezuela, Equador e Bolívia, países onde o direito do indivíduo foi massacrado pelo direito do coletivo, assim como aconteceu na União Soviética, e ainda permanece na China, Coreia do Norte e Cuba — sem contar as ditaduras milenares que pululam no Oriente Médio. Por favor, nada de conspirações idiotas.

O julgamento do mensalão já dura oito anos e os condenados ainda seguem livres e soltos. E ficarão livres e soltos até que as penas de formação de quadrilha prescrevam. Serão sempre chamados de ladrões e condenados. Mas jamais de penitenciários.

E o que sai da barriga dos nenéns não é muito diferente do que rola pelos ralos políticos de um país que não consegue se livrar das latrinas chicaneiras de uma republiqueta de jabuticabas jurídicas. E assim se desfaz o mistério de mais um adágio popular. Infelizmente.

Bom dia.

Across the whale in a month (4): nas imensas planicies do Middle West

Terca-feira, 17, foi um dia de visitas e passeios em Kansas City, Missouri, com uma esticada a Kansas City, no Kansas (mas uma cidade bem menor e sem o charme de sua irmã maior  do outro lado do rio Missouri).
Estivemos, a despeito da chuva, no Memorial e Museu da Primeira Guerra Mundial, numa colina verdejante, onde desponta a imensa torre, qual uma espada apontada ao céu (valendo 45 degraus para subir ao topo, o que obviamente não foi o caso).
O museu é excepcional pela qualidade das coleções completas, com tanques, aviões, canhões, minas, trincheiras, todos os tipos de armas individuais e uniformes, só faltou um encouraçado ancorado na colina... Documentação e informação de apoio abundante e impecável, com audiovisuais de todas as batalhas importantes em todas as frentes de combate, durante quatro anos seguidos. Impressionante.
Foi um dos melhores museus dedicados à Primeira Guerra que já visitei numa vida dedicada a livros e museus, talvez superior inclusive ao Historial que fica na cidade de Péronne, no norte da França, onde foram travados os mais violentos combates de infantaria, com centenas de milhares de mortes.
Só senti falta, seja na informação do museu, seja na pequena livraria de compras, do livro de Stefan Zweig, O Mundo de Ontem, que tenho nas versões em francês (comprado em Paris) e em inglês, novamente comprado nos EUA, com uma excelente tradução.
Mais passeios pela cidade e depois voltamos ao hotel, pois eu tinha de dar uma entrevista para o programa Sala de Debates do canal Futura (verei quando postarem o link).
Depois do programa (ao vivo), as 21hs do Brasil, como tínhamos 2 horas de "atraso", ainda saímos para passear pela cidade, cruzando o rio duas vezes, inclusive atravessando de um estado a outro.

Quarta-feira, 18, foi um dia de viagem, mas ainda aproveitei para visitar o Money Museum, no elegante edifício do Federal Reserve Bank de Kansas City, o décimo da série de regionais, cobrindo os estados vizinhos. Um belo museu, mas inteiramente americano, sem muitas referências ao papel internacional do dólar, ou sobre as crises financeiras internacionais (em grande medida provocadas pelos desequilíbrios da economia americana e pela abundância de dólares sem lastro jogados na economia mundial). Não havia nada, por exemplo, de Bretton Woods, ou do fim de Bretton Woods, com a retirada unilateral decretada por Nixon, em 1971, ou ainda do não sistema financeiro internacional que se instalou depois disso.
Saímos de Kansas City em torno das 10h30, em direção ao Norte, pela Interstate 29, num rtajeto de quase 3 horas (190 milhas), até chegar a Omaha, no Nebraska (mas passando antes pelo "finalzinho" do estado de Iowa, embora não nos aventuramos a um desvio bem maior até a capital Des Moines, mais ao centro).
Carmen Lícia fez várias fotos em Omaha, que virou uma cidade vibrante, a partir da simples paragem de caravanas e poney express do passado.
Saindo de Omaha, fomos à capital do Nebraska, como sempre uma cidade pequena, sem grande expressão econômica. O que distingue Lincoln é o seu imenso capitólio, com outro símbolo fálico "atop", de pelo menos 50 metros. Interessante, mas é que só o que a cidade tem para oferecer.
Retomamos a estrada, desta vez a Interstate 80, que vai nos conduzir até a Califórnia atravessando quatro estados...
Paradas para descanso, restauração e um pouco de sol natural, e depois novamente estrada, dezenas, centenas de milhas.
Só decidimos parar em torno de 20h45 da noite, por causa da ameaça de tempestade na estrada, com alarmes pelo rádio de possíveis inundações.
Resolvemos parar numa pequena cidade chamada Ogallala, que parece ser uma capital dos cowboys e pioneiros do velho oeste.
A tempestade se abate sobre nós, pouco depois de entrarmos no quarto do hotel. Já nem dá vontade de sair para jantar nos vários restaurantes que existem em volta. Lanche no quarto, verificação da meteorologia para a quinta-feira e descanso.
Foram mais 330 milhas, que fizemos em quase 5 horas, com paradas.
No total, a jornada correspondeu a mais de 830 kms, em cerca de 8 horas de estrada.
Como média, parece bem, já que é o dobro da média diária que eu tinha calculado fazer (mas também porque paramos dois dias em Kansas City).
Amanha, queremos fazer algo equivalente, talvez até um pouco mais, indo até Salt Lake City, no Utah, para também ficar dois dias num bom hotel da cidade. A estrada até aqui é relativamente aborrecida: planícies infinitas, com milho dos dois lados da estrada. Evitamos de fazer as montanhas, pois o Colorado está debaixo d'água, com várias estradas destruídas, justamente nas encostas de montanha.
Não tenho fotos de hoje, mas Carmen Lícia fez várias, que postarei ocasionalmente.
A viagem continua, não desistimos nunca...
Paulo Roberto de Almeida

Dos sem terra, aos sem teto, aos sem emprego, sem vara, whatever...

Da coluna de um jornalista consciente, Paulo Bressane:

CURIOSO, fui ver as redes da tal bolsa pesca. Verifiquei que, mesmo com os pagamentos irregulares descobertos pela Controladoria Geral da União, o número dos beneficiários do peixinho sem esforço continua a subir. Em 2002, eram 91,7 mil. Em 2013, devem chegar a 700 mil.
Neste ano, serão distribuídos quase R$ 2 bilhões à turma dos sem vara. Segundo o fundador da Associação Contas
Abertas, Gil Castello Branco, o programa é hoje uma das maiores fraudes do Governo Federal. Existem, inclusive, dois projetos de lei que pretendem levar a “bolsa pesca” aos prejudicados pelo mau tempo, e também aos que transportam, comercializam, reparam embarcações e costuram redes. É o milagre da multiplicação dos votos pela enganação do socialismo assistencialista.

Tudo está dito sobre a filosofia predominante no país...

STF descamba onde estao todas as outras instituicoes nacionais - Editorial Estadao

Não foi por falta de aviso. No contexto do descalabro institucional em que está mergulhado o Brasil desde o início da república dos companheiros, o STF ainda se preservava, parcialmente, do descrédito que todo brasileiro bem informado, e sem alinhamentos ideológicos com os companheiros, devotava à maior parte dos órgãos públicos, em vista do festival de corrupção, de incompetência manifesta, de fraudes e mentiras com que fomos confrontados desde 2003.
Parece que não mais. Aliás, os companheiros estão preenchendo os vácuos com gente da família deles, serviçais do poder e meninos de recados dos companheiros que estão cumprindo seu papel de conspurcar a última instituição que ainda não tinha sido comprada, chantageada, submetida, como já fizeram com praticamente todas as outras.
Alguns anos atrás escrevi um trabalho sobre a decadência. Pudicamente, evitei mencionar Brasil, tratando o assunto "sociologicamente", ou assepticamente. Não é mais o caso: o Brasil se encontra realmente em decadência.
Se um ministro do Supremo, o decano aliás, não é capaz de distinguir entre um processo de prostituição institucional e o exercício normal da prestação judicial, então já entramos em decadência, por acaso avançada e profunda.
Creio que não teremos volta antes de certo tempo, bastante tempo na minha opinião.
Não creio, por outro lado, que os companheiros tenham ganho a aposta da História: eles são tão mentirosos, fraudadores e totatlitários, que a sociedade vai aprender a reconhecer entre o que é certo e o que é errado, em algum momento do futuro de médio e longo prazo.
Eles estão afundando o país, com inflação, baixo crescimento, deformação geral do funcionamento do Estado. Em algum momento a situação se inverterá...
Paulo Roberto de Almeida

Editorial O Estado de S.Paulo, quarta-feira, 18/09/2013

No julgamento da admissibilidade ou não dos embargos infringentes, há muito mais em jogo do que as tecnicalidades jurídicas de interpretação do Regimento do Supremo. O que está em questão são duas concepções da sociedade e do Estado, uma de fortalecimento das instituições republicanas, outra a do seu enfraquecimento.

Hoje, o STF pode consolidar o alento de esperança no fim da impunidade dos poderosos, criado em abril com a condenação dos réus da Ação Penal 470, ou criar uma séria ameaça de retrocesso institucional e transformar o mensalão na “piada de salão” em que apostou debochadamente um de seus mais notórios réus, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ao desincumbir-se da gravíssima responsabilidade de desempatar a votação sobre a admissibilidade ou não dos embargos infringentes interpostos por parte dos condenados, o decano da Suprema Corte, ministro Celso de Mello, que ao longo de toda a fase de debate do mérito do processo se revelou um de seus mais severos julgadores, estará fazendo uma opção fundamental para o futuro das instituições nacionais.
Se rejeitar os embargos, o Supremo dará o fim devido ao maior e mais grave escândalo político dos últimos tempos. Em caso de aceitação dos embargos infringentes, o Supremo será objeto de profundo descrédito. Saliente-se que o STF é uma das poucas instituições que têm atravessado incólume a desmoralização institucional vigente, e isto se deve, em boa medida, ao crédito adquirido quando do julgamento do mensalão. Dele surgiu um Tribunal que rompeu com a leniência histórica dos julgamentos dos poderosos de plantão. A impunidade era a regra, obtida por meio dos mais variados artifícios jurídicos, configurando uma “legalidade” que afrontava o espírito mesmo das instituições republicanas. Desmentindo e desautorizando o que fez até aqui, o Supremo colocará o Judiciário na vala comum das desprestigiadas instituições nacionais.
Já a não aceitação dos embargos infringentes consolidará a percepção de que o Supremo não é uma instituição como as outras, fortalecendo-se, desta forma, a democracia. Uma tradição de impunidade terá sido efetivamente rompida, ou seja, os poderosos não estarão mais acima da lei e além de seu alcance. E a lei será vista como universal e impessoal, não contemplando nenhuma exceção – nem o criminoso que rouba para se locupletar nem o criminoso que rouba para um partido do “bem”, para uma “causa nobre”. É essa a expectativa que anima os brasileiros de bem. Acreditam eles que, tecnicalidades à parte, o Supremo – diferentemente do Executivo e do Legislativo – imbuiu-se dos valores morais que definem a identidade desta Nação.
A impunidade brasileira deita raízes em uma concepção jurídica segundo a qual quanto mais demorada for uma decisão, quanto mais forem os recursos interpostos, melhores serão as condições de que ela seja “boa”, “justa”. Atribui-se ao tempo a virtude da boa decisão, como se o prolongamento indefinido de recursos equivalesse à Justiça.
Enquanto outra face da mesma moeda, a decisão justa seria equiparada a das penas brandas, como se o abrandamento da pena valesse pela Justiça. A confusão é total. Atribuir ao tempo a decisão justa posterga indefinidamente a justiça, produzindo, inclusive, a prescrição do crime. É como se o juiz não quisesse condenar, tivesse medo disso. Cometeria uma injustiça. Ora, a injustiça consiste precisamente em não condenar, em aceitar um número indeterminado de recursos, em não agilizar o processo judicial.

Lembremos que a democracia vive de instituições fortes, que regrem os conflitos e que sejam assim reconhecidas tais, pelos cidadãos. Estes só se reconhecem em instituições pelas quais sentem apego. Aderem ao que pensam ser a expressão política deles mesmos. Contudo, se a percepção dos cidadãos é a de que o Supremo se tornou novamente uma instituição como as demais, a adesão diminui, o apego não se realiza e a democracia padece. O grave risco de uma eventual aceitação dos embargos infringentes pelo Supremo – insistimos – é o de um enfraquecimento institucional da democracia. Esperemos que, hoje, o Supremo não confirme as previsões de Delúbio Soares.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...