O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O governo e a (des)economia brasileira - Carlos Alberto Sardenberg

A economista-presidente

Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República.
E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. É relativamente fácil: coloca-se a culpa no ministro da Fazenda, demite-se o titular e se convoca outro quadro, alinhado com uma diferente doutrina.
Guido Mantega, por exemplo, desde a primeira reunião ministerial do governo Dilma, em janeiro de 2011, vem prometendo crescimento do PIB superior a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. Dizia que a nova política garantiria esses extraordinários resultados. Bom, estamos fechando o terceiro ano do governo — e o melhor que ele poderá entregar será crescimento na média de 2%, com inflação de 6%.
Hora de mudar, não é mesmo?
Aí está o problema da presidente Dilma. Economista, ela tem ideias firmes, tem lado (o do nacional-desenvolvimentismo) e aplica sua doutrina.
Observem as declarações da presidente, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em março de 2011:
“Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano.... A meta (de inflação) é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo, mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.”
Quando colocada diante da tese, ortodoxa, digamos, segundo a qual não seria possível, ao mesmo tempo, crescer 5% e trazer a inflação para a meta, a presidente retrucou:
“Tem um artigo interessante escrito pelo Delfim, a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação... Vamos mostrar que não, isso não está dado e... e que depende da gente.”
De fato, a adivinhação não estava certa. A inflação de 2011 não foi levada para a meta de 4,5%. Deu 6,5%, no limite máximo da banda. E o crescimento não foi de 3%, mas de 2,7%...
Não era mesmo possível forçar a queda dos juros, para estimular o crescimento, e derrubar a inflação. Mas o governo conseguiu fazer pior: derrubou o crescimento e elevou a inflação.
Tem mais: nos foros internacionais, a presidente deu lições de recuperação econômica, criticando todos os governos que optavam pelo ajuste das contas públicas. Em especial, deu uma bronca em Angela Merkel, que impunha a ortodoxia em toda a Europa. Justificava assim sua política de forte expansão do gasto público para turbinar o crédito e o crescimento.
Também não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio.
Dizem os economistas que é preciso insistir em qualquer política econômica, dar tempo para que faça efeito. É o que Dilma fez. Mas, agora, com o país entrando no quarto ano de crescimento baixo e inflação alta, com deterioração das contas públicas e externas, a mudança se impõe.
A presidente até está tentando fazer isso. Por exemplo, os juros voltaram a subir, devem passar dos atuais 10%. E ela tem prometido aperto nas contas públicas.
Mas há dois problemas aí. Um, que o pessoal não acredita que a mudança é para valer. Faz sentido: uma política mais ortodoxa vai contra a vontade, as ideias e a determinação da presidente, que explicitou tudo de maneira muito clara. Segundo, como essa mudança de rumo é mesmo de má vontade, acaba sendo feita pela metade e mal executada.
Um corte de gastos aqui, um aumento ali. O Banco Central sobe os juros, mas o governo manda o BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil emprestarem mais dinheiro a juros baratos.
Eis o problema da economista-presidente. Se a política fosse apenas do ministro Mantega, era só demiti-lo e colocar no seu lugar alguém tipo Palocci (o Palocci ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula) ou tipo Henrique Meirelles.
Mas se a presidente Dilma fizer isso, a dúvida vai aparecer imediatamente: será que ela mudou mesmo de opinião e admite isso? Rasgou os livros?
E falta de confiança, todos sabemos, é o veneno que mata qualquer política econômica.
Previsões?
A presidente deu uma informação errada quando, na semana passada, disse que o PIB de 2012 seria corrigido de crescimento de 0,9% para 1,5%. Na terça, o IBGE de fato corrigiu, mas para 1%, quase nada.
Comenta o jornalista João Borges, da Globonews: “O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado.”
Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

Neoliberalismo: a ofensa preferida dos idiotas - João Miguel Tavares

Reproduzo integralmente um post do blog do meu amigo Orlando Tambosi.
Nao é preciso agregar nada, salvo qye já escrevi muito sobre essa idiotice acadêmica, sobretudo na minha série sobre as Falácias Acadêmicas (ver no meu site).
Paulo Roberto de Almeida 
Que diabo é esse tal de "neoliberalismo"?
Em Portugal como aqui, o termo é um jargão para condenar quem não pensa de acordo com a viseira socialista. Já publiquei aqui vários posts sobre o tema e agora acrescento o artigo do jornalista português João Miguel Tavares, do jornal O Público:

Como os caros leitores certamente já terão reparado, eu, por facilidade de linguagem, levo o tempo todo a dizer que sou de direita. No entanto, em bom rigor, não sou eu que sou de direita: Portugal é que é um barco tão adornado à esquerda que alguém ao centro passa facilmente por super-hiper-mega-über-liberal.

Em Inglaterra, eu seria provavelmente um trabalhista. Nos Estados Unidos, seria certamente um democrata. E se calhar convém relembrar aos mais distraídos que liberalismo e conservadorismo são duas grandes correntes que historicamente sempre se opuseram.

Nos saudosos tempos em que a filosofia política não exigia a flexibilidade de um ginasta olímpico, ser liberal era ser de esquerda e ser conservador era ser de direita. Paul Krugman, o economista americano que a esquerda portuguesa tanto aprecia, até escreveu um livro intitulado A Consciência de um Liberal (está publicado em português pela Presença). E aquilo a que hoje em dia se chama neoliberalismo, enfiando lá para dentro as figuras tutelares de Margaret Thatcher e de Ronald Reagan, acaba por ser uma política imposta por neoconservadores, proporcionando assim uma salgalhada terminológica da qual nem sempre é fácil sair com a coluna intacta.

Aliás, originalmente (ou seja, em finais dos anos 30 do século passado), o termo neoliberal, embora defendendo a livre iniciativa e um mercado competitivo, pressupunha a existência de um Estado forte e regulador. E o próprio Manifesto Neoliberal do jornalista americano Charles Peters, publicado em 1981 na revista Washington Monthly, era um texto moderado oriundo… da esquerda americana. Sim, da esquerda americana, aquela que se opunha às políticas do mesmo Ronald Reagan que hoje em dia é considerado um dos gurus neoliberais.

Por que é que esta mini-história do neoliberalismo interessa? Interessa para que se perceba que o termo “neoliberal”, tal como é usado actualmente, nada mais é do que uma arma de arremesso, um MacGuffin hitchcockiano que dá jeito para animar a acção, mas desprovido de qualquer conteúdo ideológico minimamente perceptível. Não só não faz sentido acusar o actual Governo de ser um fanático do Estado mínimo quando aquilo que conseguiu até hoje foi aumentar o peso do Estado nas nossas vidas através dos impostos e do descontrolo da dívida; como os arremessos de neoliberal procuram apenas empurrar para territórios extremistas pessoas que se limitam a defender a sustentabilidade das finanças públicas e um Estado mais eficiente, que ajude quem realmente precisa e deixe de ser pasto abundante para toda a espécie de lobbies e corporações.

Neste redemoinho de intermináveis paradoxos, dá-se o caso de muitos daqueles que são acusados de neoliberais estarem a querer menos Estado exactamente para afastar os privilegiados que enxameiam o regime há séculos, enquanto a esquerda revoltada com o grande capital não percebe que é precisamente a dimensão gargantuesca do Estado que alimenta – como sempre alimentou – quem melhor se move nos corredores do poder. Houvesse mais vontade de discutir estas coisas e menos vontade de baralhar, e não seria difícil evitar pontapear pessoas moderadas para um inexistente radicalismo, nem impedir que uma palavra tão progressista e de esquerda como “liberal” se transformasse num insulto no Portugal do século XXI. Endireite-se, pois, o barco, que já vai torto há demasiado tempo.

NUNCA ANTES na historia da ciencia mundial...

Nunca antes mesmo:

O ex-presidente recebeu 26º título de doutor honoris causa.

Vai entrar no Guiness...

PS.: Revisando a competição de ex-presidente para ultrapassar o número de doutorados honoris causae obtidos pelo seu antecessor, se constata que todos os doutorados HC ganhos pelo antecessor, com exceção de um único, foram dados por universidades estrangeiras. Já o ex-presidente imediato tem todos os seus, com exceção de alguns poucos (Portugal e Argentina), dados por instituições nacionais.
Será por isso que as universidades brasileiras estão tão decadentes?

Venezuela: a espiral descendente para o caos economico e a violencia politica

O ano em que Maduro viverá em perigo
Por Humberto Saccomandi
Valor Econômico, 05/12/2013

Inflação anual de 54%, desabastecimento, déficit fiscal acima de 10%, câmbio paralelo em disparada. O que está acontecendo na Venezuela é a implosão, em câmera lenta, do modelo econômico chavista. Isso será acompanhado por um colapso político do regime? É difícil prever, e parece pouco provável no curto prazo. Mas sem dúvida 2014 será um ano de tensão extrema no país. Esse cenário preocupa muito o governo e empresas no Brasil.

A tensão deve se agravar já a partir deste domingo, quando o chavismo pode perder a primeira eleição no voto popular desde que chegou ao poder, há quase 15 anos. O partido governista PSUV deve levar um maior número de prefeituras (a meta é 335). O presidente Nicolás Maduro, que venceu as eleições presidenciais de abril por pouco mais um ponto, alardeará isso como uma vitória. Mas, se ele perder na contagem total do voto popular, o efeito será de derrota.

Para evitar isso, Maduro vem fazendo uma ofensiva populista nas últimas semanas. Obteve do Legislativo poder para governar por decreto, denunciou uma guerra econômica da burguesia contra o seu governo, mandou prender empresários, enviou tropas para ocupar lojas (que foram obrigadas a vender produtos a preços reduzidos), ampliou o tabelamento de preços. Governistas e opositores concordam que essa mobilização reforçou a imagem de líder do regime, mas não está claro se isso se traduzirá em mais votos para seus candidatos a prefeito.

Ungido como seu sucessor por Chávez, pouco antes de este morrer, Maduro despertou inicialmente a expectativa de que poderia abraçar as reformas e deixar a política de confronto com a iniciativa privada. Isso durou pouco. O presidente, que diz falar com passarinho e ter visto o rosto de Chávez numa obra do metrô, logo recrudesceu.

Uma fonte do governo brasileiro, que falou sob a condição de não ser identificada, faz um juízo severo de Maduro. "Ele vem se mostrando incapaz e parece não entender a gravidade dos problemas da Venezuela", disse. "O Brasil ajuda como pode, dá crédito para a exportação, mas a situação lá é muito grave."

A situação é de descontrole da economia. A produtividade das empresas estatizadas caiu muito, diz a fonte brasileira. As reservas internacionais caíram 30% este ano e estão em só US$ 21 bilhões (contra US$ 375 bilhões do Brasil), o menor nível em nove anos. Faltam dólares; empresas locais não conseguem pagar fornecedores e estrangeiras não conseguem remeter dinheiro. O país é tido como o mais corrupto da América Latina, segundo estudo da ONG Transparência Internacional desta semana. O governo admitiu déficit público de 3,8% do PIB em 2012, mas o dado oficial é pouco confiável; o Banco Mundial deixou de usá-lo. O Bank of America estima o déficit este ano em mais de 10%.

Chavismo pode perder a sua primeira eleição no domingo
Durante anos, o chavismo gastou por conta do faturamento recorde com petróleo. Mas essa receita vem caindo (o governo não divulga estatísticas). Os EUA compram hoje menos da metade do petróleo que compravam pouco antes da posse de Chávez (veja gráfico abaixo). Isso não deixa de ser irônico, pois por muito tempo Chávez ameaçou interromper a venda de petróleo a Washington. Com isso, Caracas foi obrigada a vender mais para a China, que paga menos. Os chineses ainda anteciparam pagamentos em forma de empréstimos, e é provável que essa antecipação já tenha sido gasta pelo governo. Para completar a tempestade perfeita, a cotação do petróleo caiu bastante em relação ao seu pico e pode cair um pouco mais.

Essa perda de receita com o petróleo não foi acompanhada por corte de gastos equivalente. Há sinais de que já começou alguma contenção, como o corte na surdina da ajuda petroleira a países aliados. Mas o grosso do ajuste fiscal ainda está por ser feito, após as eleições. E deve ser acompanhado de desvalorização do bolívar, o que vai alimentar mais a inflação, pois a Venezuela importa muito do que consome.

Por isso, é importante para Maduro um bom desempenho nas eleições de domingo. Senão, ele terá de iniciar um período de cortes dolorosos de gastos numa situação de fragilidade política. Isso é uma combinação perigosa.

Esse cenário preocupa muito o governo brasileiro, que já vê a formação de grupos rivais nas Forças Armadas, antes mantidas coesas sob o comando de Chávez. Maduro não é um militar.

Essa preocupação não é só política. O Brasil tem seu terceiro maior superávit comercial com a Venezuela. Foram cerca de US$ 45 bilhões (não corrigidos) em dez anos (gráfico abaixo). Empresas brasileiras que atuam ou vendem para o país têm pagamentos a receber. E Henrique Capriles, líder da oposição, se disse contra a recente do país ao Mercosul.

E não é só o Brasil que está preocupado. O custo de seguro contra um calote da Venezuela (o CDS), uma medida do risco de se investir num país, subiu mais de 30% nos último mês, passando de 1.000 pontos-base no início de novembro para 1.300 agora.

O regime já está recorrendo a ajuda externa. A estatal PDVSA acertou empréstimo de US$ 1 bilhão com a russa Gazprom na semana passado, supostamente para ampliar a produção de petróleo. Resta saber se e quando esse dinheiro se traduzirá em crescimento da economia, que está praticamente estagnada.

Maduro deve enfrentar um plebiscito sobre seu mandato, mas só daqui a dois anos e meio. Em 2014 não há eleições, o que teoricamente daria a ele uma trégua política para avançar no ajuste da economia. Mas não se sabe o que pode acontecer se a tensão social aumentar muito.

Humberto Saccomandi é editor de Internacional. Escreve mensalmente às quintas-feiras

Fracasso da politica energetica lulista: o biodiesel antieconomico

Acompanhei as distorções das políticas econômicas lulistas desde o início. Nenhuma foi tão fragorosamente equivocada, mal concebida e mal implementada quanto a política energética, isso devido à manifesta incompetência do guia genial dos povos e da gerentona do setor. Na verdade, não foi uma, mas diversas políticas energéticas, todas igualmente destinadas ao fracasso e causando imensos prejuízos diretos e indiretos a todos, produtores, consumidores, Petrobras, meio ambiente, etc. E delas, nenhuma foi tão espetacularmente equivocada, desde o início, quanto o projeto do biodiesel, e isso porque o governo Lula, tendo à frente da iniciativa aquele que era o Richelieu do Planalto e que depois se revelou ser o chefe da quadrilha (hoje felizmente preso), misturou completamente matriz energética e problema social, impondo o tal de biodiesel de mamona, sem qualquer análise técnica de custo-benefício, base produtiva, limites tecnológicos, etc.
Como em tudo o mais, a tal de vontade política substituiu a modesta racionalidade do cálculo econômico singelo, aquela que se baseia em preços de mercado para deixar que produtores privados respondam adequadamente a certos estímulos fiscais estabelecendo sua própria planilha microeconômica para produzir o que seja factível, com os insumos corretos, visando ganhos de bem-estar para todos, não esses monstrengos estatais fabricados por burocratas incompetentes, animados por militantes ineptos.
O biodiesel sintetiza todas as estupidezes que a imensa fraude do lulismo conseguiu fazer com imensos prejuizos ao país. O etanol é também outro exemplo de fracasso, mas vou examinar em outro post, deixando bem clara a incompetência da gerentona da área.
Recupero a pequena nota abaixo do blog do meu amigo Orlando Tambosi.
Quem tiver acesso à matéria completa, favor me remeter.
Paulo Roberto de Almeida 

Biodiesel, outro fracasso do lulismo

Lula anunciou a mamona como redenção da humanidade, mas a coisa, para variar, não deu em nada. Da coluna de Felipe Patury, na revista Época:

O governo Lula inventou e apresentou o programa de biodiesel como uma panaceia. No discurso, a mamona, o dendê e assemelhados se converteriam no maná dos pequenos agricultores. Teriam mercado cativo, porque as refinarias teriam de adicionar 5% desse produto ao diesel.

Isso ajudaria o país a reduzir as Emissões de carbono, como prometido à ONU. O que aconteceu em dez anos? Vinte das 70 indústrias de biodiesel fecharam por falta de mercado. O governo tenta achar uma saída para livrar as 50 restantes da falência. Uma alternativa é aumentar a proporção de biodiesel misturada ao diesel. 

Um darwinista avant la lettre: Alfred Russell Wallace - Felipe Costa (Observatorio da Imprensa)


ALFRED RUSSEL WALLACE (1823-1913)

Um lugar na história

Por Felipe A. P. L. Costa 
Observatório da Imprensa, edição 775,  03/12/2013
O último dia 7 de novembro marcou os 100 anos de falecimento do renomado naturalista britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913). Excetuando-se, contudo, alguns estudiosos e admiradores (ver, por exemplo, os sítios [em inglês] “The Alfred Russel Wallace Page” , “The Alfred Russel Wallace Website” e “Wallace Online” ), a efeméride não parece ter sido lembrada por muita gente. No caso da imprensa brasileira, mais especificamente, o único registro que consegui localizar nas últimas semanas foi a matéria “O resgate de Alfred Wallace”, de Henrique Kugler, publicada na Ciência Hoje On-line (27/11).
O mesmo tom de “resgate”, aliás, marca outras matérias publicadas anteriormente (e.g., “À sombra de Darwin, Alfred Russel Wallace recebe o devido reconhecimento” , de Ian Sample, publicada na Folha de S.Paulo28/9/2012).
De Usk ao Pará
Alfred Russel Wallace nasceu em 8/1/1823, no vilarejo de Llanbadoc, perto da cidade de Usk, no sudeste do atual País de Gales. Filho de Thomas Vere e Mary Ann [Greenell] Wallace, ele foi o penúltimo em uma família de nove filhos: Elizabeth Martha (1808-1808), William Greenell (1809-1845), Elizabeth Greenell (1810-1832), Frances (1812-1893), Mary Anne (1814-1822), Emma (1816-1822), John (1818-1895), ARW e Herbert Edward (1829-1851). Até os seis anos de idade, morou em Kensington Cottage (ver aqui), a casa onde nasceu e em cujos arredores teve os primeiros contatos com o mundo natural.
Em 1828, a família mudou para Hertford, poucos quilômetros ao norte de Londres. Foi lá que ele começou a ter uma educação formal; aos 14 anos, porém, abandonou a escola. Em 1837, foi morar com seu irmão John, em Londres. No mesmo ano, porém, mudou-se para Neath, no País de Gales, onde passou a trabalhar com seu irmão William. Em 1844, conheceu e se tornou amigo do naturalista inglês Henry Walter Bates (1825-1892). Isso foi em Leicester, cidade natal de Bates, onde Wallace havia arranjado emprego como professor em uma escola para crianças (ver aqui).
Assim como outros naturalistas da época, Wallace e Bates jamais receberam uma educação formal em ciência. Eram, no entanto, autodidatas apaixonados e estudiosos. Tinham vários interesses em comum e, inspirados nos relatos de outros naturalistas, decidiram conhecer a América do Sul. Vieram ao Brasil. A viagem durou um mês: saíram da Inglaterra em abril de 1848, chegando a Belém (na época, Pará) no fim de maio. Eis o relato de Wallace (WALLACE 1979, p. 17; grafia original):
“Foi na manhã do dia 26 de maio de 1848 que, depois de uma rápida viagem de 29 dias, tendo partido de Liverpool, ancoramos defronte à barra meridional do Amazonas e tivemos nossa primeira visão das terras sul-americanas. À tarde, veio um piloto a bordo, e, na manhã seguinte, navegamos rio acima com o vento de feição. Por cerca de 50 milhas não se podia distinguir se aquelas águas tranquilas e descoloridas seriam do rio ou do oceano, pois não se enxergava a margem setentrional, enquanto que a meridional se achava a uma distância de 10 ou 12 milhas. Ancoramos novamente no dia 28, pela madrugada, e quando o sol nasceu num céu sem nuvens, divisamos a cidade do Pará [Belém], rodeada pela densa floresta. Destacavam-se, acima de todas, as copas das palmeiras e bananeiras. Nossos olhos alegravam-se duplamente com a bela visão dessas plantas em seu estado natural, elas que tantas vezes admiramos nas estufas de Kew e de Chatsworth. As canoas que passavam com sua variegada tripulação composta de negros e índios, os urubus que pairavam acima de nossa cabeças ou que caminhavam preguiçosamente pela praia, os bandos de andorinhas que pousavam sobre os telhados das igrejas e casas, tudo servia para ocupar nossa atenção. Por fim, vieram os funcionários da Alfândega e tivemos permissão de descer em terra.”
Biogeografia: a regionalização da vida
Eles permaneceram os primeiros meses em um lugarejo próximo a Belém; em seguida, decidiram explorar outras regiões e então se separaram. Wallace viveu na Amazônia até julho de 1852, quando então voltou para a Inglaterra; Bates permaneceu por mais sete anos, só indo embora em junho de 1859. Lamentavelmente, porém, o material colecionado e despachado por Wallace nunca chegou a Londres, pois na viagem de volta o navio pegou fogo e a carga foi perdida. Os relatos de ambos sobre suas experiências em terras brasileiras foram posteriormente publicados em português (e.g., BATES 1979, WALLACE 1979).
A viagem ao Brasil não foi a única grande experiência na vida de Wallace. Ele se converteu em um coletor profissional e, como tal, colecionar espécimes (insetos, aves, mamíferos etc.) foi, durante anos, o seu ganha-pão. Foi o que o levou a permanecer oito anos (1854-1862) no sudeste asiático (incluindo Malásia Peninsular, Cingapura, Sumatra, Java, Bornéu, Timor, Celebes, Molucas; esteve ainda em Nova Guiné e diversas ilhas menores da região australiana), de onde enviou para a Inglaterra não apenas uma impressionante coleção de espécimes (ver aqui), mas também manuscritos importantes (ver adiante).
Além de sustento financeiro, o trabalho de campo lhe propiciou uma visão ampla e detalhada a respeito da distribuição geográfica dos seres vivos. Passou a escrever sobre o assunto, a ponto de ser considerado hoje um dos fundadores da moderna biogeografia, a disciplina científica que estuda a distribuição geográfica das espécies. Em 1876 (WALLACE 1876), propôs um sistema de classificação de acordo com o qual a fauna terrestre poderia ser arranjada em seis grandes regiões (cada uma, por sua vez, subdividida em domínios), a saber: região Australiana (incluindo Austrália, Nova Guiné e ilhas próximas); Etiópica (África, exceto a borda norte); Neártica (América do Norte, incluindo boa parte do México); Neotropical (América Central e do Sul); Oriental (sul e sudeste da Ásia, incluindo Índia, Tailândia, Vietnã etc.) e Paleártica (Europa, borda mediterrânea da África e o restante da Ásia). Com alguns ajustes, o modelo que ele propôs continua sendo adotado atualmente (ver COX 2001; para comentários em português, ver COX & MOORE 2009).
O manuscrito que veio da Indonésia
A despeito da importância de suas outras obras, Wallace é mais conhecido do grande público por conta de sua “parceria” com o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Como é sabido, em meados do século 19, os dois formularam, de modo independente, uma versão própria daquela que viria a ser chamada de teoria da evolução por seleção natural – talvez a mais influente de todas as teorias científicas. Embora naquela época a ideia de evolução biológica (i.e., a noção de que as linhagens de seres vivos mudam ao longo do tempo) já não fosse mais uma novidade, as teorias científicas a respeito do assunto ainda eram incipientes.
A primeira exposição pública das ideias de Darwin e Wallace se deu por meio de uma nota, intitulada “Sobre a tendência de espécies formarem variedades; e sobre a perpetuação de variedades e espécies por meios naturais de seleção”, que foi lida em uma reunião científica ocorrida na noite de 1/7/1858, em Londres. (Para consultar a versão integral [em inglês], clique aqui, indo em seguida para o item “Special Issue 9: Survival of the Fittest”.) Nenhum dos dois estava presente e, diferentemente do que imaginam alguns, o episódio não ocorreu na The Royal Society (a mais tradicional sociedade científica britânica, fundada em 1660), mas sim naThe Linnean Society of London (uma sociedade mais modesta, fundada em 1788). Menos de 30 sócios estavam presentes. A reunião foi demorada, mas não houve qualquer alvoroço.
A leitura às pressas de uma nota conjunta funcionou como uma espécie de saída diplomática de emergência, uma solução que alguns amigos íntimos de Darwin encontraram diante de uma situação inusitada e um tanto quanto embaraçosa. Se o arranjo de última hora não funcionasse, o veterano naturalista inglês corria o sério risco de ser acusado de plágio. Para entendermos melhor a situação, precisamos recuar um pouco e examinar o que aconteceu alguns anos antes.
Na segunda metade da década de 1830, após regressar de uma viagem de quase cinco anos ao redor do mundo (1831-1836), Darwin começou a trabalhar em um manuscrito, intitulado provisoriamente Seleção natural, no qual pretendia expor em detalhes uma ampla teoria da evolução (para detalhes e comentários adicionais, ver DESMOND & MOORE 1995). Em 1858, transcorridas mais de duas décadas, ele ainda estava trabalhando no manuscrito, ora acrescentando, ora retirando material. O empreendimento parecia não ter fim. Então, em 18 de junho, em meio a graves contratempos familiares, ele recebeu uma carta de Wallace, que estava naquele momento nas ilhas Molucas (Indonésia). Os dois já haviam se correspondido antes. Dessa vez, o jovem naturalista de 35 anos pedia a Darwin, então com quase 50 anos, que lesse o manuscrito que seguia em anexo e, caso encontrasse nele alguma relevância, o encaminhasse a terceiros.
Darwin ficou impressionado com o que leu: o manuscrito de Wallace continha uma descrição bastante familiar de suas próprias ideias a respeito do processo de evolução por seleção natural. (A rigor, cada um deles chegou a uma mesma conclusão trilhando caminhos algo distintos.) Além de abalado, a coincidência o deixou profundamente preocupado – afinal, alguém que lesse o manuscrito de Wallace e, em seguida, lesse o seu livro em gestação poderia facilmente acusá-lo de plágio. Vendo o “trabalho de sua vida ruir”, ele imediatamente relatou o ocorrido a seus amigos mais íntimos, o geólogo Charles Lyell (1797-1875) e o botânico Joseph Dalton Hooker (1817-1911), na esperança de que o impasse pudesse ser equacionado.
Lyell e Hooker, que conheciam versões anteriores do manuscrito de Seleçãonatural, terminaram propondo a tal “solução” de emergência (a respeito da qual, aliás, Wallace não foi previamente consultado): promover a leitura de uma nota conjunta, contendo as linhas gerais da teoria formulada independentemente pelos dois. Além disso, alguns materiais suplementares, redigidos separadamente por cada um deles, também deveriam ser incluídos. E assim foi feito.
Darwinismo ou wallacismo?
Charles Darwin e Alfred Russel Wallace nunca chegaram a ser amigos íntimos, embora tenham mantido contato pelo resto de suas vidas. Ao longo de mais de duas décadas, eles trocaram cartas nas quais discutiam diversos assuntos, como seus diferentes pontos de vista a respeito da seleção sexual – processo algo distinto da seleção natural e cuja importância sempre foi motivo de discórdia entre os dois (para detalhes e comentários adicionais, ver CRONIN 1995).
O curso de suas vidas também tomou rumos diferentes. Darwin, que quase não saía de casa e jamais teve de enfrentar problemas financeiros, continuou escrevendo livros e artigos sobre vários assuntos até o fim da vida. Wallace ainda continuou viajando por mais algum tempo, antes de finalmente se fixar na Inglaterra; ao longo da vida, publicou centenas de artigos e vários livros. Um de seus livros, intitulado justamente Darwinismo(WALLACE 1889), ajudou a selar a vinculação que já naquela época se fazia entre o nome de Darwin (e não o seu) e a teoria da evolução que ambos formularam.
Depois da morte de Darwin, Wallace foi mais de uma vez criticado por outros darwinistas. O naturalista inglês de origem canadense George John Romanes (1848-1894), por exemplo, chegou a falar em “wallacismo”. Mas não havia nada de elogioso nisso; ao contrário: o termo estava sendo usado de modo depreciativo, para ressaltar o que, aos olhos daquele crítico, seriam divergências entre o ponto de vista de Wallace e o darwinismo original. Foi ele também quem cunhou o termo “neodarwinismo”, usado para designar de modo desdenhoso os adeptos das ideias de Wallace e August Weismann (1834-1914), naturalista e médico alemão, autor da chamada “teoria do plasma germinativo. De acordo com Romanes, que agia como se fosse herdeiro e protetor do “verdadeiro” darwinismo, ambos estariam defendendo ideias antidarwinistas. O primeiro, por causa de um suposto exagero na ênfase dada ao papel da seleção natural, uma posição combatida em vida pelo próprio Darwin. (Parte da polêmica que Darwin e Wallace mantiveram ao longo dos anos tinha a ver com a dicotomia seleção natural versus seleção sexual.) O segundo, por conta de suas atitudes críticas aos resquícios lamarckistas que ainda perduravam no darwinismo, o que também iria de encontro a posições lamarckistas defendidas por Darwin (e.g., a sua crença na transmissão de caracteres adquiridos).
O triunfo de Darwin
A publicação de artigos e matérias de divulgação a respeito de questões polêmicas de história da ciência é uma iniciativa saudável e muito bem-vinda. Cabe observar, no entanto, que a matéria da CH referida no início deste artigo reproduz alguns exageros e distorções. No terceiro parágrafo, por exemplo, encontramos o seguinte:
“A história deu os créditos apenas a Charles Darwin (1809-1882). Mas Wallace, de forma lúcida e independente, chegou às mesmas conclusões a que Darwin chegara, e na mesma época.”
Não é bem assim. A rigor, a literatura técnica (e.g., FUTUYMA 1992, FREEMAN & HERRON 2009; mas veja MOODY 1975) e mesmo a boa literatura de divulgação científica (e.g., HARDIN 1969) sempre tiveram o costume de tratar Darwin e Wallace como coautores da teoria da evolução por seleção natural.
No sexto parágrafo, lemos:
“Talvez por isso Darwin – um acadêmico tarimbado e de elevado prestígio na sociedade britânica de então – tenha levado vantagem em relação a Wallace – um sujeito meio ‘alternativo’, que, a duras penas, ganhava a vida vendendo espécimes exóticos para museus londrinos e coleções particulares.”
Um dos problemas aqui é que o termo “acadêmico” induz a erros e mal-entendidos. Afinal, dependendo do contexto, a qualificação pode se aplicar ora a um, ora a outro. É verdade, por exemplo, que Darwin frequentou a universidade, o que Wallace não fez. Poderíamos então descrever o primeiro como “um naturalista com formação acadêmica”. Em compensação, Darwin nunca lecionou, enquanto Wallace ministrou aulas ao longo de um ano. Nesse caso, poderíamos dizer que apenas este último teve um emprego “acadêmico”. Por fim, se o termo é aplicado em alusão a quem pertence a alguma sociedade científica, caberia dizer que ambos poderiam ser chamados de acadêmicos.
De resto, a matéria menciona ainda outros aspectos da vida de Wallace, incluindo suas posições políticas e filosóficas, sem perceber, no entanto, que uma parte do problema (i.e., o “esquecimento” a que ele foi condenado, resultando daí a suposta necessidade de um “resgate”) pode ter se originado justamente ali. A esse respeito, aliás, vale a pena reproduzir aqui o seguinte comentário (HARDIN 1969, p. 41-2; grafia original):
“Finalmente, o lugar de Wallace na galeria da fama, sem dúvida alguma, foi influenciado pela sua conduta em 1858. Publicou um grande número de boas obras de história natural e interessantes livros de viagens; mas, em compensação, vez por outra, defendia ardorosamente a socialização da terra, o espiritualismo e atacava violentamente a vacinação. O sucesso de um homem não se deve tanto à soma das pessoas que estão a seu favor, senão pela diferença deixada após subtrair todos aquêles que êle afrontou de uma forma ou outra. Subtraindo os nobres que antipatizavam com o socialismo de Wallace, os cientistas que zombavam do espiritualismo, os médicos que defendiam a vacinação e os religiosos conservadores chocados pela evolução – veremos que poucos restam para elogiar Wallace. Não é de se admirar que quase nos esquecemos de sua parte na tarefa.”
Outro aspecto a ser ressaltado, este mais no âmbito da sociologia da própria ciência, tem a ver com o modo como os dois naturalistas se relacionavam com outros integrantes da comunidade científica da época (para detalhes e comentários adicionais, ver WRIGHT 1996). Darwin contava com um grupo numeroso de aliados fervorosos, entre os quais figurava o próprio Wallace; este último, por sua vez, ocupava uma posição de coadjuvante mais ou menos solitário.
Embora algumas questões-chave sigam sendo pesquisadas e debatidas – e.g., a famosa carta de Wallace endereçada a Darwin teria chegada nas mãos deste em 18/6/1858, como em geral se diz, ou teria chegado alguns dias antes, como foi recentemente proposto? (ver DAVIES 2012) –, a opinião predominante hoje é a de que a primazia em torno da teoria da evolução por seleção natural caberia a Darwin. O qual, no fim das contas, nada teria feito para sabotar o papel e a importância do trabalho de Wallace (ver, por exemplo, o artigo “Darwin did not cheat Wallace out of his rightful place in history”, de John van Wyhe, publicado no The Guardian, em 12/8/2013).
Coda
Em 1866, Wallace se casou com Annie Mitten (1846-1914). Moraram em diversas cidades, incluindo Londres, Sussex e Dorset. O casal teve três filhos: Herbert Spencer (1867-1874), Violet Isabel (1869-1945) e William Greenell (1871-1951). Ele faleceu em Dorset, para onde o casal havia se mudado em 1889. Na ocasião, eles moravam em uma casa que havia sido idealizada e construída pelo próprio Wallace. Quando faleceu, aos 90 anos de idade, Alfred Russel Wallace – cuja reputação, na época, ia bem além de sua fama como um dos coautores da teoria da evolução por seleção natural – já tinha o seu lugar assegurado na história da ciência.
Referências citadas
** BATES, H. W. 1979 [1863]. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte, Itatiaia e Edusp.
** COX, C. B. 2001. The biogeographic regions reconsidered. Journal of Biogeography 28: 511-23.
** ---------- & MOORE, P. D. 2009 [2005]. Biogeografia: uma abordagem ecológica e evolucionária, 7ª edição. Rio de Janeiro, LTC.
** CRONIN, H. 1995. A formiga e o pavão: Altruísmo e seleção sexual de Darwin até hoje. Campinas, Papirus.
** DAVIES, R. 2012. How Charles Darwin received Wallace’s Ternate paper 15 days earlier than he claimed: a comment on van Wyhe and Rookmaaker (2012). Biological Journal of the Linnean Society 105: 472-7.
** DESMOND, A. & MOORE, J. 1995. Darwin: A vida de um evolucionista atormentado. São Paulo, Geração Editorial.
** FREEMAN, S. & HERRON, J. C. 2009. Análise evolutiva, 4ª edição. Porte Alegre, Artmed.
** FUTUYMA, D. 1992. Biologia evolutiva, 2ª edição. Ribeirão Preto, Sociedade Brasileira de Genética e CNPq.
** HARDIN, G. 1969. A natureza e o destino do homem. São Paulo, Nacional.
** MOODY, P. A. 1975 [1970]. Introdução à evolução, 3ª edição. Rio de Janeiro, LTC e Editora da UnB.
** WALLACE, A. R. 1876. The geographic distribution of animals. Londres, Harper.
** ----------. 1979 [1889]. Viagens pelos rios Amazonas e Negro, 2ª edição. Belo Horizonte, Itatiaia e Edusp.
** ----------. 1889. Darwinism: An exposition of the theory of natural selection, with some of its applications. Londres, Macmillan.
** WRIGHT, R. 1996. O animal moral. Rio de Janeiro, Campus.
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Felipe A. P. L. Costa é biólogo e escritor, autor, entre outros, de Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003)

Ufa!: a Humanidade se salva: o socialismo chavista vem em seu socorro.

Pronto! A gente aqui preocupado com o futuro da Humanidade e tantos perigos que a rondam -- aquecimento global, Aids, falta d'água, pouca maconha, essas coisas essenciais -- e nem percebemos que um punhado de paladinos do socialismo do século XXI já tinha encontrado a solução para todos esses problemas.
Homens de pouca fé: vocês não conhecem a dupla dinâmica Maduro-Cabello, que se amam e amam ainda mais a Humanidade.
Por Chávez, estamos salvos!
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela: novo plano de governo ameaça criar Constituição paralela 

Plano delirante de campanha pretende acelerar construção do socialismo e “contribuir para a salvação da espécie humana”

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebe do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, o ‘Plano da Pátria’
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebe do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, o ‘Plano da Pátria’ (Miguel Gutierrez/EFE)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comemorou a aprovação do ‘Plano da Pátria’, que o governo apresenta como o documento que vai orientar o “desenvolvimento econômico e social do país entre 2013 e 2019”, mas que também está sendo apontado como uma Constituição paralela. O programa de governo foi formulado pelo coronel Hugo Chávez durante a campanha eleitoral de 2012, e acabou sendo incorporado por seu herdeiro político.
O ato de recebimento do plano das mãos do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, foi transmitido em cadeia de rádio e televisão nesta quarta-feira, e seguiu-se a um discurso no qual Maduro ameaçou a oposição ao dizer que o projeto é pra valer. “Não é um plano feito por um grupo de assessores, analistas ou especialistas em marketing pra enganar o povo venezuelano com um conjunto de propostas vazias, falsas, muito atraente, mas que jamais será cumprido”.
O plano foi aprovado na terça pela maioria governista no Legislativo, que comemorou aos gritos de “Chavéz vive!”. O documento enumera cinco objetivos: defender, expandir e consolidar a independência nacional; continuar a construção do “socialismo do século XXI”; converter a Venezuela em potência econômica, social e política; contribuir para o desenvolvimento de uma nova geopolítica internacional multipolar; e – pasmem – preservar a vida no planeta e contribuir para a “salvação da espécie humana”.
Tal como o plano anterior, que valeu entre 2007 e 2013 e contribuiu para levar a Venezuela para o abismo, todos os objetivos são acompanhados de subitens que tentam detalhar os pontos, mas caem nas muitas vezes em generalidades. A tal da nova geopolítica, por exemplo, é explicada como o “desmonte do sistema imperial e colonial” e “ampliação do poderio militar”.
Assim como Maduro, Cabello também ressaltou que o plano não é mera peça de marketing. “Estamos cumprindo o mandato de Hugo Chávez, o mandato da pátria. Essa é a consolidação do socialismo. Todos os prefeitos e governadores terão que se tornear por esse plano. Essa é a palavra de Hugo Chavéz. É o documento mais importante depois da Constituição”, disse ele, segundo declarações reproduzidas pelo jornal argentino La Nación.
'Para-Constituição' - Antes mesmo da aprovação do plano, o advogado constitucionalista José Vicente Haro alertou, em entrevista a jornais venezuelanos, que o documento funciona como uma Constituição paralela, que fere a aprovada em 1999. “Tem um problema de constitucionalidade muito grave. De fato, viola a Constituição ao estabelecer uma estruturação diferente àquela prevista na Constituição. Através desse plano, pretende-se estabelecer um sistema social, econômico e político diferente do que praticamos”, disse ao El Universal.
Ressaltou ainda que um dos objetivos do governo é avançar na criação da economia das comunas para substituir o poder de estados e municípios e garantir o repasse de recursos direto para este poder paralelo regional controlado pelo presidente. “O regime vai pisar no acelerador para emitir decretos que permitam executar o Plano da Pátria e obrigará as demais estruturas legais a se ajustar a ele”, pontuou.
Para fazer valer os objetivos do plano, Maduro já conta com os dispositivos da Lei Habiltante, aprovada no mês passado, que lhe permite governar por decreto por até um ano. 
Pouco depois da aprovação do plano na Assembleia, a deputada de oposição Maria Corina Machado criticou o plano pelo Twitter chamando-o de "Plano para a destruição da Pátria 2013-2019". A aprovação do plano ocorre cinco dias antes das eleições municipais na Venezuela, que devem ser um teste para o governo de Maduro.

Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:

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PDVSA em ruínas

O petróleo, extraído quase inteiramente pela PDVSA, a Petrobras da Venezuela, é responsável por 50% das receitas do governo venezuelano. Além do prejuízo de uma economia não diversificada, Chávez demitiu em 2003 40% dos funcionários da companhia após uma greve geral e os substituiu por aliados. A partir daí, as metas de investimento não foram cumpridas e a produção estagnou.
O plano de investimentos da PDVSA divulgado em 2007 previa a produção de 6 milhões de barris por dia este ano, mas entrega menos da metade. A exploração de petróleo caiu de 3,2 milhões de barris diários (em 1998) para 2,4 milhões (dado de 2012). O caudilho foi beneficiado, no entanto, pelo aumento do preço do produto e usou a fortuna para financiar programas assistencialistas e comprar aliados na América Latina. 
O presidente Nicolás Maduro deu continuidade às 'misiones', como são conhecidos os programas assistencialistas. O desafio será mantê-los e ainda investir na petrolífera e aumentar a produção. 

Em 2023, o PT vai privatizar a Petrobras: a reflexao do dia (P.R Almeida)

Bem, é apenas uma aposta que eu espero se revele errada, num sentido ou noutro.

Não espero que os petralhas ainda estejam no poder dentro de dez anos -- mas é possível: como eles são intrinsecamente totalitários, vão tentar manter-se no poder o quanto puderem, mesmo fazendo c..... sobre c..... -- e também espero que a Petrobras deixe de ser esse monstro metafísico do nacionalismo rastaquera antes disso, mas certas burrices são longevas, inclusive a que liga a soberania e a prosperidade do país a uma mera companhia comercial que processa um óleo nauseabundo, e entorpecedor dos sentidos racionais.

Mas como os petralhas demoraram dez anos para começar a privatizar de verdade -- ainda que, envergonhados sem razão, chamem isso de "concessões" -- pode ser que, em mais dez anos, eles se convençam realmente que é melhor privatizar esse trambolho, que é o último reduto da canalha que costuma se aproveitar do Estado para enriquecer, do que assistir à sua longa decadência em mãos ineptas (e pés também) como as deles..

Minha recomendação aos petralhas: privatizem antes que vocês passem para a história como o bando de idiotas que conseguiu desmantelar esse monstrengo nos seus sessenta anos de vida.

Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A falencia inevitavel de todos os Estados de bem-estar social - RichardFulmer

Aliás, matematicamente previsível, como já está ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos.
No Brasil, ele já faliu há muito tempo, mas o governo continua extorquindo dinheiro da classe média, de empresários e trabalhadores, para tapar os buracos, até o dia em que isso não for mais possível.
Por isso eu acho que o Brasil precisa de uma fronda empresarial.
Paulo Roberto de Almeida 

O paradoxo do estado de bem-estar social

Social
Os estados de bem-estar social enfrentam um paradoxo inevitável: o nível de produção necessário para sustentar um estado de bem-estar social não pode ser sustentado por um estado de bem-estar social. Esse paradoxo é criado por políticas que encorajam a redistribuição e consumo da riqueza enquanto desencorajam a sua criação. Diante de tão perversos incentivos, o padrão de vida obrigatoriamente deve cair, mesmo que, por algum tempo, possa se manter através de empréstimos. O paradoxo não é exclusivo da Grécia ou da Califórnia, nem é uma função de quem está no comando. Antes, é inerente às contradições internas do próprio estado de bem-estar social.
O termo “estado de bem-estar social" é definido aqui como um regime que assume a responsabilidade primária pelo cuidado de um bom número de seus cidadãos, provendo benefícios como habitação pública, assistência médica, educação, salário mínimo, seguro-desemprego e apoio financeiro aos pobres, idosos, deficientes, além de instituições, empresas e indústrias politicamente favorecidas.
O bem-estar material de qualquer sociedade depende da quantidade e qualidade dos bens e serviços que ela produz. Todos os bens e serviços consumidos pelos membros improdutivos da sociedade devem ser tirados dos — ou pagos pelos — produtivos. As políticas dos estados de bem-estar social garantem que as classes dos improdutivos crescerão e que as da população produtiva encolherão, e que a produtividade do número cada vez menor de produtores cairá ainda mais. Como resultado, a quantidade e qualidade dos bens e serviços disponíveis cairão e a pobreza aumentará. A mecânica desse declínio é tão simples quanto previsível.
Políticas do estado de bem-estar social desencorajam a poupança. Quando o governo ajuda a pagar pelos itens de luxo dos seus cidadãos, eles têm pouca necessidade de poupar para o futuro. Os bancos terão, então, menos dinheiro para emprestar, levando a um menor investimento de capital e menor crescimento econômico. Os impostos necessários para pagar pelos benefícios públicos reduzem a habilidade e incentivos das empresas para manter e expandir as instalações de produção. Na medida em que os impostos são pagos pelos consumidores, ou repassados a eles através de preços mais altos, eles terão menos dinheiro para poupar, reduzindo ainda mais o capital privado.
Perda de produtividade
Leis de salário mínimo, salário-desemprego, encargos trabalhistas e regulamentações que tornam difícil despedir trabalhadores aumentam o custo do emprego, resultando em redução deste. Altos impostos sobre pessoas jurídicas levam algumas empresas a saírem do país e outras à falência, aumentando ainda mais o nível de desemprego. Demandas por uma legislação protecionista se tornarão mais insistentes à medida que as taxas de desempregados aumentam. Se essas demandas são satisfeitas, ainda mais empregos serão perdidos à medida que o comércio exterior entra em colapso em meio a crescentes guerras comerciais.
À medida que benefícios e beneficiados se multiplicam, e o número de pagadores de impostos diminui, estes serão cada vez menos capazes de suportar a sempre crescente carga. Muitos dos mais produtivos e adaptáveis se mudarão para outros países que os permitam ficar com uma parte maior dos seus ganhos.
Enquanto aumentos de produtividade podem ajudar a compensar o declínio da produção devido à diminuição da força de trabalho, qualquer aumento desse tipo requer investimentos de capital ou melhoramentos do processo de inovação. Como explicado anteriormente, no entanto, estados de bem-estar social desencorajam a formação de capital por desencorajarem a poupança. A inovação é similarmente desencorajada pelos impostos que reduzem ou eliminam quaisquer lucros que tal inovação possa gerar.
Esvaziando as fileiras
À medida que a população de cidadãos improdutivos cresce, pela perda do emprego ou envelhecimento, as burocracias também crescerão para atender essa necessidade crescente. Além disso, à medida que mais impostos são cobrados para pagar pelas burocracias e pelos programas por elas administrados, as agências governamentais de coleta de impostos também terão de ser expandidas. Isso esvazia ainda mais as fileiras de trabalhadores produtivos, desviando-os da produção de riqueza para a mera redistribuição. Servidores públicos tipicamente são mais bem pagos do que os empregados do setor privado, e geralmente podem se aposentar mais cedo e com pensões mais generosas do que as dos empregados do setor privado, tornando ainda mais pesada a carga dos trabalhadores produtivos. Além disso, as crescentes fileiras de empregados públicos formam um poderoso bloco de votação, que favorece fortemente o aumento do gasto governamental e do controle do governo sobre a economia.
Instituições crescerão ao redor do estado de bem-estar social, aumentando o número de pessoas participando da sua continuação e crescimento (e diminuindo ainda mais o número de trabalhadores produtivos). Por exemplo, grupos de defesa e firmas de advocacia serão formados para auxiliar pessoas a obterem benefícios governamentais e a exigirem mais de tais benefícios. Prestadores de serviços, como contadores tributários, surgirão para ajudar as pessoas a lidarem com a crescente complexidade burocrática.
Grupos de interesse, como associações de aposentados, absorverão fundos de campanha e votos a candidatos flexíveis. Essas instituições privadas se unirão ao governo em alianças simbióticas e mutuamente fortalecedoras. Os funcionários eleitos podem colher votos agindo como defensores de constituintes forçados a lidarem com agências públicas indiferentes. Os departamentos governamentais, visando aumentar a sua “base de clientes”, trabalharão para tornar o apoio governamental mais fácil de ser obtido e disponibilizado a mais pessoas.
A perda de empregos, desagradável em uma economia de livre mercado, é suavizada pelo seguro-desemprego fornecido em um estado de bem-estar social. Alguns ficarão satisfeitos com o desemprego remunerado e atrasarão seu retorno ao trabalho, talvez indefinidamente. À medida que mais pais se tornam protegidos do estado, mais e mais filhos verão a situação como normal, e gerações de famílias vivendo no estado de bem-estar social se tornarão comuns.
Grupos de interesse e agências governamentais responsáveis pelo fornecimento de benefícios trabalharão para reduzir o estigma associado ao recebimento de ajuda pública e justificar por que tiram daqueles que trabalham para dar aos que não trabalham.
A pobreza, portanto, deve ser ser retratada não como uma consequência de ações autodestrutivas ou más escolhas — e certamente não de ação governamental — mas como resultado de má sorte e opressão. Já a riqueza deve ser vista não como resultado de trabalho árduo e perseverança, mas de sorte ou ganância e exploração. O conceito de virtude deve ser questionado e invertido, à medida que o décimo mandamento, “Não cobiçarás os bens do teu vizinho” vira “Não terás bens que o teu vizinho cobiça”.
Ciclo de feedback
Imagine quão perigoso o mundo seria para uma pessoa sem a capacidade de sentir dor (como acontece em algumas formas de lepra). Tal pessoa poderia se ferir terrivelmente ao continuar caminhando com um tornozelo torcido, ou ao colocar a sua mão em um forno quente sem perceber.
A liberalidade do governo pode criar um tipo de lepra moral ao enfraquecer ou até mesmo destruir circuitos de resposta que ligam causa e efeito. À medida que as consequências das ações autodestrutivas (como abandonar a escola, ter filhos fora do casamento ou abusar de drogas ou álcool) são cada vez mais transferidos para outros, a incidência de tais comportamentos aumentará. Ao mesmo tempo, à medida que os benefícios do trabalho árduo, perseverança e integridade diminuem, é de se esperar que tais virtudes sejam extintas.
A filosofia básica do estado de bem-estar social, “De cada um de acordo com a sua habilidade, a cada um de acordo com a sua necessidade”, leva as pessoas a demonstrarem mínima habilidade e necessidade máxima. Na medida em que essa filosofia é seguida — em geral, a riqueza flui dos politicamente fracos para os politicamente fortes — as pessoas se unirão em linhas étnicas, de gênero, religiosas e outras na competição para serem vistas como as mais necessitadas e, portanto, as mais dignas de uma fatia cada vez maior de um bolo cada vez menor. Esse espiral de autodestruição competitiva pode muito bem criar uma subclasse permanente que cuidadosamente evita o sucesso e adota o fracasso — ou seja, que age sensatamente diante dos incentivos perversos. Essa competição pelo dinheiro vindo de impostos pode criar fissuras profundas e irreparáveis entre grupos recipientes e pagadores de impostos.
À medida que o governo cresce, ele irá cada vez mais ser visto como a resposta para toda e qualquer dificuldade, e as pessoas demandarão soluções do governo cada vez mais para conveniências mínimas. Legislaturas responderão aprovando regulações cada vez mais rigorosas sobre indivíduos e indústria, reduzindo ainda mais a adaptabilidade, o pensamento independente e empreendedor, a disposição a enfrentar riscos e a produtividade. Normas centralizadas, burocráticas, corroerão a autoconfiança, a iniciativa e o senso de comunidade local dos cidadãos.
Quando o governo passa a prover bens e serviços que os indivíduos poderiam prover para si mesmos, ele lança uma tendência que se autoalimenta e eventualmente se torna insustentável. Uma vez que a prática de tirar de um cidadão para dar a outro estiver estabelecida, políticos serão incapazes de resistir ao impulso de subornar os eleitores, com o dinheiro que eles próprios pagaram em impostos. À medida que as recompensas dos legisladores por gastarem o dinheiro de outras pessoas crescerem, o gasto aumentará.
O tempo necessário para que um país chegue à falência depende da sua força econômica e cultural inicial. Mas, leve uma geração ou dez, a menos que a tendência seja revertida, a falência chegará. É possível ganhar tempo tomando dinheiro emprestado ou imprimindo dinheiro, mas outros países eventualmente não mais aceitarão a dívida da nação — seja na forma de títulos do governo ou na forma de moeda fiduciária.
No caso dos Estados Unidos, o país ainda não chegou à falência, mas ela logo estará à vista se as políticas atuais não mudarem. A previdência social ficará no vermelho este ano e o Medicare logo seguirá o mesmo caminho com déficits ainda maiores. Estimativas atuais da dívida dos Estados Unidos apontam algo em torno de US$13-14 trilhões, uma quantia equivalente ao produto interno bruto do país. Por mais monumental que esse número possa ser, ele se torna pequeno em comparação com o valor anual do passivo a descoberto da previdência social e Medicare, que totalizam US$107 trilhões.
De todas as mudanças trazidas pelo estado de bem-estar social, uma cultura degradada e dependente é a que terá o impacto mais mortal e será a mais difícil de reverter. No entanto, a cultura deve ser mudada. Isto só pode ocorrer se os incentivos criados pelo governo que encorajam as pessoas a viverem às custas de outros forem substituídos por incentivos criados pelo mercado, encorajando a produção de bens e serviços que as pessoas querem. A competição criativa no ambiente do mercado para produzir mais e melhores produtos deve suplantar a competição política por um conjunto de impostos cada vez menor extraído de um conjunto cada vez menor de trabalhadores produtivos.

Publicado originalmente em <a href="http://www.thefreemanonline.org/featured/the-paradox-of-the-welfare-state/