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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mario Vargas Llosa: 50 anos de "La Ciudad y los Perros" - exposicao (InfoLatam)

Perú literatura

Perú celebra los 50 años de la novela emblemática de Mario Vargas Llosa

Infolatam/Efe
Lima, 5 de diciembre de 2013
Las claves
  • Mario Vargas Llosa comenzó a escribir "La ciudad y los perros" en Madrid, en 1958, y la culminó en 1961 en París, a partir de su experiencia en el colegio militar Leoncio Prado de Lima.
  • El presidente del congreso sobre Vargas Llosa que se inauguró anoche, Agustín Prado, declaró a Efe que "La ciudad y los perros" es un libro vigente "por su frescura" y por ser una "radiografía" de la Lima de esa época.
Para festejar los 50 años de la publicación de la novela “La ciudad y los perros”, que marcó los inicios del escritor peruano Mario Vargas Llosa, la Casa de la Literatura Peruana inauguró un congreso y una exposición en su honor.
La muestra “El poder es cada individuo. Rutas de La ciudad y los perros” ocupa tres salas temporales de la institución, en la que antiguamente funcionaba una estación de trenes, donde se puede observar un montaje fotográfico de Lima de la década de 1950 junto a fragmentos de su obra, comentarios y videos.
Mario Vargas Llosa comenzó a escribir “La ciudad y los perros” en Madrid, en 1958, y la culminó en 1961 en París, a partir de su experiencia en el colegio militar Leoncio Prado de Lima.
La novela se desenvuelve en un ambiente juvenil y en ella convergen diversas realidades que giran en torno a temas como el abuso de poder, la disciplina militar y la masculinidad.
Diana Amaya, curadora de la exposición, que dura hasta el 13 de abril del próximo año, dijo a Efe que su equipo demoró cuatro meses el armar la muestra y que se recurrió al archivo personal de Vargas Llosa, de donde proceden algunos artículos periodísticos y reseñas sobre su trabajo.
“Hemos partido de una idea básica al relacionar el interior de las salas con el interior de la novela. Lo que ésta narra, el contenido, tanto el trabajo formal, el lenguaje, como la historia misma. Y el exterior como si fuera el exterior de la novela: los comentarios, la recepción y las impresiones que va causando la novela a lo largo de los años”, detalló Amaya.
Para la curadora, los fragmentos de la novela exhibidos destacan por su “estética, por su calidad en el trabajo con el lenguaje y por su significado”.
“La ciudad y los perros” estuvo envuelta en la polémica desde que salió a la luz, pues el fuero militar se mostró descontento por la imagen que se presentaba en ella de su institución, e incluso es conocido el rumor de que se quemaron 1.000 ejemplares de la novela en el colegio Leoncio Prado como muestra de su rechazo, recordó Amaya.
“La sociedad se presenta como convulsionada. No sólo son los críticos literarios, sino el fuero militar. De pronto amenazan con enjuiciarlo (a Vargas Llosa), corren rumores de que se quemaron ejemplares de la novela”, precisó.
El presidente del congreso sobre Vargas Llosa que se inauguró anoche, Agustín Prado, declaró a Efe que “La ciudad y los perros” es un libro vigente “por su frescura” y por ser una “radiografía” de la Lima de esa época.
“Es una novela muy moderna. Utilizaba nuevas técnicas, desafiaba al lector, pero a su vez te contaba una historia tradicional”, indicó Prado.
Esta obra de Vargas Llosa, que ha sido traducida a decenas de idiomas y que representó el inicio del “boom” latinoamericano junto a las novelas de Julio Cortázar, Gabriel García Márquez Carlos Fuentes, marcó la pauta realista del estilo del escritor a partir de sus vivencias, señaló Prado.
“En ‘La ciudad y los perros’ se encuentran ciertos elementos como el poder, los aspectos de las jerarquías, cómo las personas se someten o se sublevan a las jerarquías, y ese es el aspecto que le da la universabilidad a la obra de Vargas Llosa”, advirtió.
“Un lector foráneo puede identificarse con los cadetes del colegio militar, con sus experiencias sentimentales y con los poderes que pueden encontrar en su vida”, subrayó.

Programa espacial brasileiro: fracassa um lancamento de satelite com a China

O programa espacial brasileiro, que tem várias vertentes, inclusive este da cooperação bilateral Brasil-China, vem sofrendo contínuas frustrações, o que parece normal em qualquer programa.
Mas existe um motivo maior para que ele tenha, até aqui, produzido muitos gastos e poucos resultados: a preferência por cooperação com a China e outros parceiros ditos estratégicos e a recusa em permitir um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EUA, de maneira a habilitar lançamento de satélites com foguetes americanos a partir da própria base de Alcântara, em lugar de fazer com chineses, russos, ucranianos ou quaisquer outros países.
Essa recusa se deve a fatores essencialmente ideológicos, e o partido no poder é responsável por esses atrasos e prejuízos no programa.
Paulo Roberto de Almeida

FALHA NO LANÇAMENTO
Fracassa tentativa de colocar em órbita satélite feito por Brasil e China
Presidente Dilma, que já tinha discurso pronto, foi avisada do fracasso da missão por telefone
Opinião e Notícia, 9 de dezembro, 2013

Falhou a tentativa de colocar em órbita o satélite CBERS-3, construído pelo Brasil em parceria com a China. O CBERS-3 é o quarto satélite de observação da Terra lançado em parceria entre os dois países.
Nesta segunda-feira, 9, informações divulgadas pela China apontam que uma falha no foguete que efetuou o lançamento causou o problema. O foguete foi lançado na base de Taiyuan, norte da China, à 1h26 (horário de Brasília) desta segunda-feira.

A princípio, a equipe chinesa responsável pelo lançamento afirmou que tudo correra bem, mas, cerca de uma hora depois, um comunicado informou que o satélite não conseguiu entrar em órbita e caiu no polo sul.

Errou no script
A presidente Dilma já tinha preparado um comunicado para parabenizar o sucesso da missão, mas foi avisada por telefone do fracasso.
O clima é de desolação na comitiva brasileira que viajou a Taiyuan para acompanhar o lançamento, entre eles o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp.
O custo do lançamento foi de US$ 15 milhões. Segundo o ministro Raupp, a meta agora é antecipar para o ano que vem o lançamento do CBERS-4, inicialmente previsto para ser lançado em 2015. Apesar de ter todos os equipamentos prontos, técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acham improvável concluir a integração da parte chinesa à brasileira em menos de 14 meses.
O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, na sigla em inglês) foi lançado em 1988 com o objetivo de desenvolver um conjunto de satélites de observação da Terra. No Brasil, o Inpe é responsável pelo programa.

Fontes: Folha-Fracassa lançamento de satélite brasileiro em parceria com a China, O Globo-Satélite CBERS-3 feito em parceria entre Brasil e China não consegue contato com a Terra
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Satélite foi para o espaço... e levou R$ 300 milhões

O governo terá dificuldades de mapear o desmatamento no Brasil nos próximos anos. Uma trapalhada sino-brasileira mandou para o espaço, literalmente, R$ 300 milhões investidos pelo Brasil no Satélite Chinês-Brasileiro de Vigilância Remota, lançado na madrugada de ontem, na China. O Cbers-3 teve problemas no foguete, não entrou em órbita e cairá em algum ponto da Terra. Além de gastar para fabricar o quarto aparelho, já contratado, o governo ficará refém de aluguel milionário de satélites de outros países.
Fora de órbita. Em Pequim para comemorar o lançamento, os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Marco Raupp (Ciência e Tecnologia-MCT) sumiram do mapa.
Mapeamento. Segundo o MCT, o satélite faria ‘zoneamento agrícola e acompanhamento de alterações da cobertura vegetal’ na Amazônia. Ajudaria o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Mais gastos. O MCT soltou nota discreta. O MMA finge que não é com ele. Mas todos perdem. Com o nacional em órbita, o governo teria economia futura de compra de imagens.

Alianca do Capital com o Estado e um exemplo atual: JPMorgan e Filhos e Filhas de dirigentes chineses

Fernand Braudel, em sua aclamada trilogia sobre a consolidação do capitalismo na era moderna -- Économie, Civilization Matérielle et Capitalismo, siècles XV-XVIII - já tinha alertado que uma das formas mais corruptas de capitalismo e de dominação política ocorre quando os donos do capital se aliam aos dirigentes políticos para estabelecer um sistema de extração de rendas, por parte destes últimos, e de sobrepreço imposto aos cidadãos comuns, feito em conivência entre os capitalistas e os politicos.
Isso está ocorrendo na China, como demonstra a reportagem abaixo do NYTimes, pelo seu correspondente em Shnaghai, David Barboza.
Por isso mesmo, os dirigentes chineses estão impondo censura aos meios de comunicação estrangeiros, bloqueando sites e ofertas de serviços por parte dessas empresas -- basciamente NYTimes e Bloomberg News -- e evitando renovar os vistos dos correspondentes estrangeiros, assim como recusando novos vistos para novos repórteres.
Assim fazem as ditaduras, alimentando a corrupção de seus próprios responsáveis políticos. Se trata de um sistema vicioso, mas que ocorre não só em ditaduras, mas em democracias não consolidadas, como sabemos por exemplos muito próximos de nós.
Paulo Roberto de Almeida


JPMorgan Tracked Business Linked to China Hiring


Tang Shuangning of the China Everbright Group. After his son was hired by JPMorgan, the bank’s business with China Everbright and a subsidiary appeared to pick up.An Tu/European Press AgencyTang Shuangning of the China Everbright Group. After his son was hired by JPMorgan, the bank’s business with China Everbright and a subsidiary appeared to pick up.
Federal authorities have obtained confidential documents that shed new light onJPMorgan Chase’s decision to hire the children of China’s ruling elite, securing emails that show how the bank linked one prominent hire to “existing and potential business opportunities” from a Chinese government-run company.
The documents, which also include spreadsheets that list the bank’s “track record” for converting hires into business deals, offer the most detailed account yet of JPMorgan’s “Sons and Daughters” hiring program, which has been at the center of a federal bribery investigation for months. The spreadsheets and emails — recently submitted by JPMorgan to authorities — illuminate how the bank created the program to prevent questionable hiring practices but ultimately viewed it as a gateway to doing business with state-owned companies in China, which commonly issue stock with the help of Wall Street banks.

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The hiring practices seemed to have been an open secret at the bank’s headquarters in Hong Kong, according to the documents, copies of which were reviewed by The New York Times. In the email citing the “existing and potential business opportunities,” a senior JPMorgan executive in Hong Kong emphasized that the father of a job candidate was the chairman of the China Everbright Group, a state-controlled financial conglomerate. The executive also extolled the broader benefits of the hiring program, telling colleagues in another email: “You all know I have always been a big believer of the Sons and Daughters program — it almost has a linear relationship” with winning assignments to advise Chinese companies. Until now, the indications of a connection between the hires and business deals have not been so explicit.
In addition to the documents, interviews with current and former JPMorgan employees suggest that some people inside or affiliated with the bank bristled at the hiring strategy. At least two whistle-blowers have raised concerns, with one filing a complaint in April 2011 with the Hong Kong stock exchange and another coming forward to American authorities this year. Underscoring the worries, a junior banker in Hong Kong resigned from JPMorgan in December 2011, writing in an email that “I do not think my family is in a position to help you to the extent as others did: bring their family business to the firm.”
The scrutiny of JPMorgan, which has not been accused of any wrongdoing, could provide a template for federal authorities as they expand their investigation to include the hiring practices of at least five other Wall Street banks conducting business in China, according to interviews with people briefed in the inquiry who were not authorized to speak publicly. Those investigations from the Securities and Exchange Commission, which are at an early stage, involve CitigroupCredit Suisse,Deutsche BankGoldman Sachs and Morgan Stanley. All five banks declined to comment.
JPMorgan is cooperating with the government inquiries from the S.E.C. and the United States attorney’s office in Brooklyn, which are examining whether the bank improperly swapped job offers and consulting contracts for business with state-owned Chinese companies. China’s economy is highly regulated, and many of its biggest companies are state-controlled.
There is no indication that executives at JPMorgan’s headquarters in New York were aware of the hiring practices described in the documents. And authorities might ultimately conclude that the bank’s hiring, while aggressive, did not cross a legal line.
JPMorgan declined to comment.
The S.E.C. and the prosecutors in Brooklyn also declined to comment.
The breadth of the investigations underscore how pervasive the hiring practices may have become in China. For two decades, Wall Street banks have sought out China’s so-called princelings, turning family and friends of senior officials into bank employees and consultants.
An office of JPMorgan Chase in Beijing.Jason Lee/ReutersAn office of JPMorgan Chase in Beijing.
The documents reviewed by The Times, along with the interviews, suggest that some executives at JPMorgan felt a need to scramble to compete with Wall Street rivals that already had footholds in China. JPMorgan may have adopted some of their hiring strategies — and even shared employees and consultants.
Fullmark Consultants, a firm that JPMorgan hired in 2006 to help improve its standing in China, also did business with Credit Suisse, according to interviews. Fullmark, which received a $75,000-a-month contract over two years from JPMorgan, was run by Wen Ruchun, the only daughter of Wen Jiabao, who at the time was China’s prime minister, with ultimate responsibility over state-owned companies. In the contract with JPMorgan and other clients, which is now at the center of the federal bribery investigation, Ms. Wen used the alias “Lily Chang.”
The S.E.C. and prosecutors are building their investigation around the Foreign Corrupt Practices Act, a 1977 law that makes it illegal for United States companies to exchange “anything of value” with foreign officials to win “an improper advantage” in obtaining business. Federal authorities have adopted a tougher stance in recent years, taking aim at American companies suspected of acting with “corrupt intent,” or with an expectation of trading a job for government business.
It is unclear whether JPMorgan ever reached an upfront agreement with Chinese government officials. And the records reviewed by The Times do not suggest that the employees were unqualified. According to documents and interviews with current and former employees, JPMorgan created the “Sons and Daughters” program in 2006 with the expectation that the hires would receive heightened scrutiny.
But by 2009, the “Sons and Daughters” program was putting the job candidates on the fast track to employment. The documents show that applicants from prominent Chinese families faced less stringent hiring standards — and fewer job interviews — than the average junior-level hire.
The bank once proposed another program for “full-time referrals” that would have offered the well-connected hires a one-year contract worth $70,000 to $100,000. The program, internal documents said, might offer “directly attributable linkage to business opportunity.”
JPMorgan also briefly kept “historical deal conversion” spreadsheets, according to interviews with people briefed on the investigation. In one column, JPMorgan listed job candidates; in another, the bank recorded its “track record” for winning business from companies tied to those candidates. Other spreadsheets listed well-connected hires and the revenue JPMorgan earned from deals with private and state-owned Chinese companies linked to those hires, documents show.
In discussions with authorities, the people briefed on the investigation said, JPMorgan has explained that it did not connect revenue to the “Sons and Daughters” program. Instead, the bank has said, the spreadsheets were meant to assess whether JPMorgan bankers, in hopes of securing full-time jobs for some interns in the program, had exaggerated the revenue received from state-owned companies.
The spreadsheets included about 30 employees with ties to state-owned companies or Communist Party officials, including the daughter of the deputy minister of propaganda, a relative of a Chinese financial regulator and the nephew of the executive chairman at Sinotruk, which is part of a state-owned trucking enterprise.
JPMorgan also tracked the revenue it received from private Asian companies that referred job candidates to the bank, a practice that would not fall under the Foreign Corrupt Practices Act. One hire was connected to Fubon Financial Holding, a financial services conglomerate in Taiwan that, according to the spreadsheet, produced 2009 revenue of $900,000 for JPMorgan.
JPMorgan bankers in Hong Kong coveted the business with Fubon. In an August 2010 email reviewed by The Times, a JPMorgan banker in Hong Kong explained that the bank had “picked up a new mandate in Taiwan today,” but that holding onto the deal would depend on securing a job for someone related to a company executive.
“All we have to do,” the banker said, is secure the relative “a full-time analyst job at JPM in N.Y.”
The problem, another employee in Hong Kong acknowledged, was that the candidate’s “napping habit will be an eye-opening experience for our N.Y. colleagues.”
While the email appears to suggest a quid pro quo, the message is unlikely to alarm federal authorities, because it involves a private company rather than a state-owned enterprise.
But the bank’s hiring of Tang Xiaoning, a onetime Goldman and Citigroup employee whose father is the chairman of the China Everbright Group, appeared to encapsulate the spirit of the “Sons and Daughters” program for state-owned clients.
The father, Tang Shuangning, approached a JPMorgan executive in Hong Kong in March 2010 about a position for his son, records and interviews show. The executive, who led JPMorgan’s China investment banking unit, welcomed the request and urged his colleagues in an email a day later to discuss “how we can leverage more on this account going forward.” But in an internal compliance form, the executive played down the significance of hiring Mr. Tang, documents show, saying there was “no expected benefit.”
By that point in March 2010, JPMorgan appeared to do little if any business with China Everbright, according to securities filings and news reports.
But shortly after Mr. Tang’s father approached JPMorgan, a China Everbright subsidiary hired the bank to advise on a $300 million private offering of shares, according to interviews. And in 2011, after Mr. Tang worked at JPMorgan for several months, China Everbright’s banking subsidiary hired JPMorgan as one of several financial advisers on its decision to become a public company, a deal that was delayed amid turmoil on the world’s markets.
About that time, JPMorgan offered a second one-year contract to Mr. Tang, who was prevented from having any role in working on China Everbright deals. Mr. Tang, executives said at the time, had received generally positive performance reviews. He also had previously earned a master’s degree in international affairs from Columbia University.
While Mr. Tang worked at JPMorgan, the assignments from his father’s company continued to pile up for the bank. In 2012, China Everbright International, a subsidiary focused on alternative energy businesses, hired JPMorgan to advise on a $162 million sale of shares, according to Standard & Poor’s Capital IQ, a research service.
In May of that year, as Mr. Tang’s contract was expiring, JPMorgan faced a turning point. But at the urging of the JPMorgan investment banking executive, Mr. Tang received another extension.
“Given where we are on China Everbright, I think we may need another contract for Xiaoning,” the executive wrote.
Zhang Rong, the junior banker who resigned from JPMorgan in December 2011, also highlighted the bank’s hiring strategy. On an overnight flight from Hong Kong to the United States, Mr. Zhang drafted a resignation letter that lamented how “All of my efforts seemed meaningless to you and you tend to judge me solely on the relation part of me.”
Mr. Zhang said he was quitting because he could no longer “live under the shadow of my father.” The father, he indicated, had ties to the China Post Group, which runs the Chinese postal service and other subsidiaries.
In a statement, the China Post Group denied that Zhang Rong was connected to the company or its top executives. The company declined to provide further details.
Mr. Zhang promised in the email that his father would still “try his best to coordinate the meeting” between JPMorgan and China Post. And Mr. Zhang, who sent the email just days before Christmas, assured JPMorgan that he did not harbor any hard feelings.
“Wish you and your family merry Xmas and happy New Year!!!”
David Barboza contributed reporting.
A version of this article appears in print on 12/08/2013, on page A1 of the NewYork edition with the headline: Bank Tracked Business Linked To China Hiring.

O mito do Consenso de Washington - uma das falacias academicas mais persistentes

Vagando pela internet em torno de questões de interesse direto, sempre relacionadas com políticas econômicas dos governos, acabei caindo, literalmente, sobre um link relativo a um de meus próprios artigos, ainda disponível no site de uma instituição de ensino de MG (Dom Total), com a qual colaborei tempos atrás.
Como se refere a um tema de permanente atualidade -- uma vez que professores ineptos continuam falando bobagens sobre o tema -- permito repostar esse text antigo, de 2008, mais ainda relevante.
Paulo Roberto de Almeida

Colunas Paulo Roberto de Almeida

09/10/2008

O mito do Consenso de Washington


Caberia registrar, com efeito, que as famosas regras de política econômica – na verdade, tão desconhecidas quanto vilipendiadas – jamais teriam assumido a importância que podem ter assumido no debate político-midiático do continente se o fato de elas terem sido elaboradas (não necessariamente aplicadas concretamente) e divulgadas a partir da “capital do Império” não trouxesse esse estigma de nascimento.
Continuando minha série sobre as “falácias acadêmicas”, pretendo agora tratar do segundo mito mais abusado dos últimos 20 anos, aquele que pretende que, em algum momento, a América Latina se dobrou a um conjunto de injunções vindas de Washington e aplicou esse pacote “neoliberal” com uma inconsciência ingênua que teria beirado a irresponsabilidade. Esse “pacote” de prescrições relativas à condução macroeconômica nos países latino-americanos recebeu o nome – inclusive porque ele foi auto-atribuído – de “Consenso de Washington” (doravante: CW). Os problemas reais e supostos do CW – e o mito daí decorrente – começam justamente por esse “acidente geográfico”, não puramente circunstancial, posto que reveladores de uma coincidência infeliz: o selo de origem o condenou a ser visto, desde o início, com desconfiança, quando não o situou no limite da rejeição e do repúdio ideológico por parte de toda uma categoria de “produtores acadêmicos”.

Caberia registrar, com efeito, que as famosas regras de política econômica – na verdade, tão desconhecidas quanto vilipendiadas – jamais teriam assumido a importância que podem ter assumido no debate político-midiático do continente se o fato de elas terem sido elaboradas (não necessariamente aplicadas concretamente) e divulgadas a partir da “capital do Império” não trouxesse esse estigma de nascimento, quase um pecado original, que praticamente converteu o CW numa entidade virtual, numa figura metafísica, geralmente vazia de conteúdo, mas inacreditavelmente repleta de ataques condenatórios e de slogans acusatórios que beiram o ridículo, pela superficialidade das diatribes e a inconsistência das acusações.

Leio, por exemplo, num livro do marxista paquistanês, mas exilado em Londres desde sempre, Tariq Ali, recentemente editado no Brasil, Piratas do Caribe (Rio de Janeiro: Record, 2008), o seguinte trecho: “A América Latina é um continente em que uma alternativa essencialmente social-democrata ao capitalismo neoliberal está crescendo a partir das bases e contaminando a política por todos os lados.” (p. 9)

Como alternativa, Tariq Ali se refere aos atuais “piratas” do Caribe: Hugo Chávez, da Venezuela, Daniel Ortega, da Nicarágua, Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia. Os dois últimos, aliás, seriam dificilmente enquadráveis na categoria “piratas do Caribe”, mas podemos deixar esse outro acidente geográfico de lado e ir ao essencial, uma vez que esse livro representa uma condenação explícita do CW e um libelo contra as políticas e medidas econômicas identificadas com tal “receituário neoliberal”. O mais surpreendente no livro de Tariq Ali – provavelmente decepcionante para o governo brasileiro – é a condenação formal da administração em curso no Brasil, como estando justamente identificada com o CW. O que afirma Ali, que deve descontentar absolutamente os governantes atuais do Brasil?

“Há uma ironia no fato de que tanto seus aliados em Washington e na Europa quanto seus opositores em casa concordam em ver Lula como um Tony Blair tropical. Como seu equivalente inglês [Ali escreveu quando Blair ainda era o primeiro-ministro britânico], está pronto a agradar praticamente em qualquer nível, cercado de assessores e camaradas totalmente leais ao CW e corruptos até a alma”. (p. 53) [Lula] “De fato se tornou um Tony Blair tropical, sucedendo a Tatcher protagonizada por Fernando Henrique Cardoso.” (p. 54)

Acredito que muitos no Brasil, e em outros países da América Latina, tenderiam a concordar com o que escreveu Tariq Ali, uma vez que os “manifestos de oposição” contra a política econômica do governo Lula – muitos deles circulando pouco tempo depois da inauguração do governo – receberam significativo volume de assinaturas, demonstrando grande adesão nas faculdades de ciências sociais aplicadas e de humanidades em geral. [Para uma visão geral dos argumentos mais recorrentes nesses manifestos, e uma crítica a eles, remeto a meu artigo: “Onde foram parar os manifestos econômicos de oposição?”, Espaço Acadêmico, nº 41, outubro de 2004. Acredito, também, que a rejeição demonstrada por esses acadêmicos à política econômica do governo brasileiro atual – e, de forma geral, aos supostos ditames do CW – represente, em primeiro lugar, uma ignorância parcial ou total do que sejam, efetivamente, as medidas de política econômica preconizadas no tão famoso quanto desconhecido consenso.

Em vista dessa realidade, pretendo, no presente ensaio, apresentar o CW em sua integralidade original e discutir, em seguida, alguns exemplos práticos de sua aplicação (ou falta de) em países selecionados, tratando inclusive de alguns casos considerados paradigmáticos. Estes estão muito próximos de nós, sendo representados, respectivamente, pelo Chile – como suposto exemplo de adesão ao CW – e pela Argentina, que seria um eloqüente exemplo de seu fracasso. O mesmo Tariq Ali, por acaso, afirma o seguinte sobre a Argentina: “A Argentina é um caso interessante a ser estudado. O seu colapso foi uma mensagem para o mundo como um todo, não apenas para a América Latina. Se você seguir os ditames de Washington, isso é o que pode acontecer também com você.” (p. 57). Tariq Ali está, obviamente, equivocado sobre o que ocorreu exatamente na Argentina, mas o seu “indiciamento” constitui, aliás, um típico exemplo da superficialidade, dos equívocos e da ignorância sobre o CW, de resto fartamente exibidos por outros críticos em nossas academias.

Tendo já abordado, parcialmente com base nas regras do CW, da suposta adesão do Brasil ao que seria o “neoliberalismo” desenhado em Washington – ver meu artigo “A indiscutível leveza do neoliberalismo no Brasil: uma avaliação econômica e política da era neoliberal”, Espaço Acadêmico, nº 10, março de 2002, pretendo dispensar aqui um novo tratamento do caso brasileiro, pelo menos em detalhe. Vamos ao que interessa, portanto, em relação a essas famosas regras.

As famosas regras do Consenso de Washington, em versão resumida

Trata-se de dez regras de ajuste econômico, formalizadas por ocasião de um seminário realizado em Washington, no final dos anos 1980, ao cabo de dez anos de reformas econômicas conduzidas em diversos países da América Latina. O encontro tentava, justamente, fazer o balanço do que, exatamente, tinha sido aprendido na região (e fora dela) como experiência prática da penosa fase de crises recorrentes dos anos (e décadas) anteriores, ademais dos problemas estruturais e características sistêmicas desde sempre: inflação renitente, emissionismo irresponsável, choques do petróleo, crise da dívida, moratória, desequilíbrios cambiais e de balanço de pagamentos, pobreza generalizada, desigualdades extremas etc.

O que ocorreu, portanto, não foi uma decisão dos órgãos oficiais de Washington, vinculados de alguma forma à elaboração de “prescrições” de política econômica – que seriam as duas “sisters in the woods”, FMI e BIRD, e o Departamento do Tesouro dos EUA –, mas sim um “resumo-síntese” de um consenso puramente acadêmico, que não pretendia ser apresentado como “receituário” obrigatório de implementação de políticas econômicas “neoliberais. Tratava-se apenas como um trabalho de reflexão e uma colaboração intelectual ao esforço de ajuste e de reformas.

O CW deve, portanto, ser entendido exatamente pelo que ele foi, ou é, e não pelo que seus supostos inimigos ideológicos pretendem que ele seja: uma contribuição ao esclarecimento de políticas que “deram certo”, não um “pacote” imposto desde o alto. Este é o quadro situacional e o contexto intelectual pelos quais devem ser avaliados o CW – e seus desenvolvimentos posteriores – e como tais considerados em qualquer trabalho de avaliação que se pretenda fazer em torno dele, como o que agora se empreende. Vamos, agora, à sua substância.

Resumidamente, ele toca nos seguintes pontos: disciplina fiscal, reorientação das despesas públicas, reforma tributária, liberalização financeira e comercial, taxa cambial, abertura aos investimentos estrangeiros, privatização, desregulação e garantia de contratos e direitos de propriedade. Caberia recordar, desde já, que as regras do CW não foram estabelecidas por economistas liberais para orientar governos desejosos de uma política econômica “ortodoxa”. Trata-se de um conjunto de prescrições de política econômica, formalizadas a posteriori – como acontece geralmente com os modelos econômicos, que nada mais são do que a formalização genérica de uma experiência passada, geralmente bem-sucedida, pois raramente se constroem modelos a partir de fracassos –, para tentar sintetizar o que estava acontecendo com países como Chile e México, que desde o início dos anos 1980 tentavam enquadrar-se no chamado mainstream economics, depois de décadas de políticas erráticas e experiências substitutivas.

O autor das propostas foi o economista John Williamson, que, num artigo intitulado “O que Washington entende por reforma da política [econômica]”,[1] fazia o balanço de quase dez anos de ajuste na América Latina, depois da crise da dívida externa, em 1982. Os países mais avançados nesse processo de ajuste eram o Chile e o México. Ao contrário do que muitos pensam, portanto, foram as políticas já adotadas de forma independente por países da região que serviram de “modelo” para que o economista, a partir das medidas concretas de política econômica de seus governos, apresentasse seu esquema de “receitas bem-sucedidas de ajuste”. Essas receitas cobriam dez áreas de reformas econômicas e políticas, nomeadamente as seguintes:

1) disciplina fiscal;

2) prioridades nas despesas públicas;

3) reforma tributária;

4) taxa de juros de mercado;

5) taxa de câmbio competitiva;

6) política comercial de integração aos fluxos mundiais;

7) abertura ao investimento direto estrangeiro;

8) privatização de estatais ineficientes;

9) desregulação de setores controlados ou cartelizados;

10) direitos de propriedade.

Em sua versão original, as regras enunciadas por Williamson pouco se ocupavam de equilíbrio no balanço de pagamentos, da liberalização financeira, de desregulação bancária, não implicavam a diminuição do papel do Estado (como acusam, sem razão, muitos críticos apressados) e não necessariamente condicionavam o sucesso dessas políticas à manutenção de uma baixa taxa de inflação. John Williamson afirmava expressamente que suas regras eram mais “instrumentos de política”, do que um conjunto de objetivos ou resultados que devessem ser elevados à categoria de dogma. Elas estavam longe, portanto, de representar um remédio para economias doentes, pois que tinham sido concebidas como um conjunto de princípios para, justamente, manter as economias latino-americanas em estado “saudável”, sem a necessidade de correções de rumo brutais, com intervenção do FMI e pacotes de ajuda “impostos de fora”.

Em relação à acusação de que essas regras condenavam as economias latino-americanas à recessão, cabe registrar que o CW nunca pretendeu, nem poderia, ser um “receituário de desenvolvimento”; ele estava unicamente destinado a fornecer “instrumentos de política econômica” para facilitar o processo de reformas e de ajuste num momento de crise, como era o caso da dívida externa. Esses instrumentos deveriam, assim, fornecer as condições mínimas da estabilidade, após a qual políticas especificamente desenhadas para estimular ou facilitar o desenvolvimento econômico deveriam ser concebidas e implementadas pelos governos da região.

As regras do Consenso de Washington, explicadas em detalhe

Vejamos agora cada um dos pontos de maneira mais argumentativa.

1. Disciplina fiscal


Todos aqueles que conhecem a história econômica da América Latina têm presente o quadro de descalabro financeiro cercando as finanças públicas da maior parte dos países. Na verdade, nem precisaria conhecer essa história trágica para saber que desequilíbrios orçamentários levam à acumulação de dívida pública, sustentada em emissões contínuas de títulos governamentais, daí à elevação dos juros e a um ciclo infernal de novas emissões apenas para cobrir o serviço (juros) da dívida. Basta considerar apenas o orçamento doméstico, ou suas próprias receitas e despesas, para saber que déficits contínuos na conta corrente produzem uma conta salgada que corre o risco de se tornar inadministrável. Como, a rigor, governos não vão à falência, e sempre possuem a capacidade de avançar sobre as rendas dos cidadãos e das empresas, o processo pode levar a conseqüências extremas, deixando uma “herança maldita” para o governo seguinte ou as futuras gerações.

Não se trata, propriamente, de um problema confrontando escolas econômicas ou orientações políticas distintas, ainda que o próprio Williamson se permita cutucar alguns crentes do “estímulo fiscal”. Diz ele que “os crentes de esquerda no estímulo keynesiano, por meio de grandes déficits orçamentários, são quase uma espécie em extinção”. Trata-se, basicamente, da sustentabilidade das contas públicas, e aqui o ideal seria não permitir que o déficit orçamentário não excedesse uma dada relação entre a dívida pública e o PIB. Pelos critérios de Maastricht, como se sabe, o déficit orçamentário permitido é de, no máximo, 3% do PIB, sendo que a dívida pública não deveria exceder 60% do PIB. Talvez sejam relações razoáveis, mas tudo depende de como está sendo construído esse déficit – se for para investimento é obviamente melhor do que para novas despesas correntes continuadas – e de qual é o perfil da dívida em função do nível dos juros e do calendário de amortização.

Uma trajetória que contemple, por exemplo, aumentos generosos de salários para o funcionalismo público – em total desproporção do que se paga no setor privado – e criação de novos cargos públicos em função de critérios totalmente políticos, sem correspondência quanto ao nível e qualidade dos serviços públicos, pode constituir uma receita segura para uma bomba-relógio de natureza fiscal, da mesma forma como a concessão de aposentadorias e pensões em clara dissociação com os recolhimentos havidos na fase ativa dos beneficiários. O Brasil, justamente, parece enfrentar alguns desses problemas na presente fase, o que certamente vai ter repercussões mais graves alguns anos mais à frente. Tampouco adianta, como também se pratica por aqui, cobrir essas novas despesas buscando novas fontes de arrecadação ou aprofundando a “extração” fiscal sobre os contribuintes e as empresas: o único resultado desse tipo de medida é reduzir o espaço da poupança privada – que deveria ser usada para o investimento empresarial – o que obviamente terá efeitos negativos sobre a taxa de criação de empregos, de crescimento da renda e outros impactos que os economistas chamam de convite à irresponsabilidade política: inflação e fuga de capitais.

2. Prioridades nas despesas públicas

Deixando de lado despesas militares – que são consideradas um domínio da segurança nacional, fora, portanto, do alcance de simples tecnocratas – todas as outras despesas são passíveis de racionalização e, eventualmente, de redução, pela via dos ganhos de eficiência. Existem três fontes de gastos públicos que parecem inevitáveis em toda e qualquer circunstância: gastos previdenciários (supondo-se um regime de repartição, e não de capitalização); investimentos públicos, sobretudo em infra-estrutura; saúde e educação, considerados corretores de desequilíbrios existentes no mercado (devendo, portanto, beneficiar os mais pobres).

É óbvio, mesmo para o mais “direitista” dos economistas, que prioridade nas despesas públicas não quer dizer redução de gastos sociais, e sim eliminação ou pelo menos diminuição de outras despesas evitáveis, como os subsídios públicos. Existem muitos subsídios, diretos e indiretos, que poderiam ser cortados ou reduzidos, e nem todo mundo têm consciência de que eles existem. Quando o governo, por exemplo, escolhe não aumentar o preço da gasolina em compasso com a cotação do petróleo nos mercados internacionais, ele pode estar subsidiando o transporte da classe média, em detrimento do número muito maior que usa transporte público. Quando ele concede empréstimos governamentais a industrias “estratégicos”, aplicando uma taxa de juros que é a metade daquela que ele mesmo usa para remunerar seus títulos da dívida pública, ele está subsidiando uma categoria privilegiada da população.

Mas mesmo os gastos com saúde e educação podem estar profundamente distorcidos por um perfil exageradamente concentrado destes últimos na educação superior, por exemplo, que no Brasil contempla, como sabemos, muito mais recursos do que os alocados aos dois níveis anteriores. Da mesma forma, quando o governo permite que operações de mudança de sexo sejam cobertas pelo sistema geral de saúde pública ele pode estar, ipso facto, retirando recursos que poderiam ir para cuidados preventivos ou saneamento básico para populações de baixa renda.

3. Reforma tributária

Não existe, a rigor, nada de liberal no sistema tributário, um expediente a que recorrem todos os governos conhecidos desde a noite dos tempos. Trata-se de uma extração forçada, para fins supostamente públicos, mas cuja incidência repercute de modo diferenciado segundo a base escolhida e a forma de “captura” da renda pessoal.

Existem, basicamente, duas grandes formas de coleta de recursos pelo Estado: de maneira direta sobre a renda dos cidadãos individualizados (com uma aplicação progressiva das alíquotas definidas), e de maneira indireta sobre o consumo de todos os cidadãos (o que recomendaria taxar menos produtos básicos, que serão os mais amplamente, e talvez exclusivamente, adquiridos pelos mais pobres, e de forma mais “agressiva” produtos supérfluos ou de consumo conspícuo). Outras taxas são cobradas sobre serviços específicos, dependendo de quem os use (estradas, aeroportos, etc.).

Com relação ao imposto de renda, o consenso parece ser de que a base deveria ser ampla e as alíquotas marginais reduzidas (para evitar elisão e evasão fiscal, fuga de capitais, etc.). Por outro lado, impostos indiretos excessivos acabam penalizando os mais pobres de maneira desproporcional, que podem pagar mais impostos (em relação à renda pessoal) do que os ricos. Esse fenômeno é muito conhecido em vários países latino-americanos, mas poucos governos têm a coragem de enfrentá-lo, uma vez que os impostos sobre os consumos são mais fáceis de cobrar e passam quase despercebidos (quando sua incidência não está expressa no preço dos produtos). Não é preciso dizer nada sobre o imposto de transações financeiras, que é cumulativo ao longo da cadeia produtiva e, portanto, altamente irracional do ponto de vista social e da capacidade competitiva de um país.

4. Taxa de juros de mercado

Isto significa, simplesmente, que ela não dever ser manipulada pelos governos e sim determinada pelo equilíbrio da oferta e da procura por dinheiro na economia. Se o governo precisa fixar alguma taxa, que ela seja positiva (ou seja, superior à inflação, caso contrário provocaria fuga de capitais). Ela também deve ser moderada, de forma a estimular o investimento e, se possível, neutra entre os desejos dos poupadores por uma taxa estimulante e os dos investidores por uma taxa adequada ao seu retorno. Uma taxa muito “positiva” pode ter um efeito devastador sobre a dívida pública.

Um mercado de créditos extremamente concentrado ou cartelizado tende a produzir altas taxas de juros, razão pela qual um setor financeiro aberto à competição representa um bom estímulo à manutenção de taxas de mercado moderadas. Se o governo, por outro lado, pretende determinar de forma muito intrusiva o que os banqueiros podem ou devem fazer com seus depósitos – ou seja, estabelece muitas regras para o crédito direcionado a setores, ademais do alto volume de depósito compulsório – ele pode contribuir para juros anormalmente elevados.

5. Taxa de câmbio competitiva

Da mesma forma como os juros, o câmbio também deve ser determinado pelo mercado, o que parece coincidir com a escolha da vasta maioria dos países que adota o regime de flutuação de suas moedas. John Williamson diz preferir uma “taxa de câmbio em equilíbrio fundamental”, o que, no caso de um país em desenvolvimento, significa que ela deve ser “suficientemente competitiva para promover uma taxa de crescimento das exportações que faça a economia crescer à taxa máxima permitida pelo seu potencial de oferta, ao mesmo tempo em que mantém o déficit de transações correntes em uma proporção tal que possa ser financiado em bases sustentáveis”. Ele acrescenta que a taxa de câmbio não deveria ser mais competitiva do que essa relação; do contrário, ela poderia produzir pressões inflacionárias desnecessárias, assim como limitar os recursos disponíveis para o investimento doméstico.

Essa taxa de câmbio competitiva é o elemento essencial de uma política econômica orientada para fora, na qual as restrições de balanço de pagamentos são superadas essencialmente pelo crescimento das exportações, não por um programa de substituição de importações. Uma orientação para fora e exportações crescentes – sobretudo em setores não tradicionais – constitui uma fórmula de sucesso para uma economia dinâmica.

6. Política comercial de integração aos fluxos mundiais 

A visão mercantilista da maior parte dos políticos – em especial na América Latina – faz com que eles vejam com bons olhos as exportações, mas condenem como se fosse um pecado as importações. Na verdade, abertura às importações é relevante para ajustar o setor produtivo a um setor exportador que possa ser competitivo internacionalmente, do contrário o excesso de proteção penalizará a oferta doméstica e tornará o país mais pobre. Licenciamento de importações constitui, aliás, uma fonte inevitável de corrupção, cabendo tão somente um sistema tarifário transparente.

7. Abertura ao investimento direto estrangeiro

Como já indicado, a liberalização dos fluxos financeiros não é considerada uma prioridade. Em contrapartida, o fechamento ao investimento direto estrangeiro pode ser visto como propriamente contraproducente. O IED traz não apenas capital, mas conhecimento e é um grande indutor de ganhos de produtividade. Ele pode ser conseguido, também, por conversão da dívida; mas tende a ser desestimulado em virtude de reações nacionalistas que podem ser economicamente prejudiciais. Em geral, empresas estrangeiras contribuem muito mais para o desempenho exportador e, portanto, o IED é também um gerador de divisas.

8. Privatização de estatais ineficientes 
Como regra geral, empresas privadas são geridas de forma mais eficiente do que suas equivalente estatais, inclusive por uma questão de estímulos ligados ao lucro e pela falta de uma fonte fácil de recursos baratos. A privatização também traz ganhos fiscais diretos e indiretos, uma vez que o Estado se desobriga de fazer investimentos para os quais o seu Tesouro pode estar depauperado. Com exceção de muito poucos setores públicos (como o fornecimento de água, por exemplo), serviços “coletivos” podem ser fornecidos de maneira eficiente por empresas privadas, sob um regime de concessão monitorado por um sistema regulatório preferencialmente aberto a regras de competição em mercados relativamente abertos.

Não é necessário, tampouco, lembrar o assalto a empresas públicas conduzido por políticos ávidos por práticas clientelísticas, o que por sua vez redunda em desvios financeiros, quando não em corrupção aberta. Empresas públicas tendem a distorcer as condições de concorrência e as regras do jogo num setor determinado, em função do acesso que elas podem conseguir aos mecanismos decisórios do Executivo. Por fim, nas condições atuais de capacitação técnica e educacional dos recursos humanos e de amplo acesso a capitais e tecnologia, a rationale que presidiu ao estabelecimento de tantas estatais na América Latina e alhures – qual seja: a falta de capacidade técnica e de capitais no setor privado – não mais se justifica em bases racionais.

9. Desregulação de setores controlados ou cartelizados

A América Latina é uma das regiões mais reguladas e burocratizadas no plano internacional, com tantos controles estatais que o “capitalismo de compadrio” e os estímulos à corrupção aparecem quase como inevitáveis. Monopólios e cartéis, ou seja, falta de competição, são uma das fontes mais comuns de preços altos, má qualidade nos produtos e serviços, corrupção e comportamentos rentistas inaceitáveis numa economia moderna. A regulação não se exerce apenas no fornecimento de bens ou serviços, mas também no cipoal de regras que determinam a entrada e saída de capitais, a remessa de lucros, os fluxos de tecnologia sob licenciamento, o ingresso de investimentos diretos, a existência de barreiras à entrada em novas atividades, bem como taxas e contribuições de todo tipo.

Para exercer o devido controle – que ele mesmo se impôs – sobre todos esses setores, o Estado precisa contar com um exército de funcionários, nem sempre pagos adequadamente e, portanto, abertos, em princípio, a possibilidades de corrupção ou a condutas pouco transparentes. A desregulação não significa descontrole ou ausência de regras; ao contrário: ela costuma andar junto com agências reguladoras, criadas em função de uma visão de longo prazo das necessidades do país, não na perspectiva de um governo temporário, e mantidas de forma independente à equipe que ocupa por um tempo limitado os mecanismos do Estado.

10. Direitos de propriedade

O CW não pretende tanto se referir aqui à propriedade intelectual – embora esta também seja insuficientemente protegida na América Latina – quanto chamar a atenção para o respeito aos contratos e para a estabilidade de regras. A instabilidade jurídica aumenta os custos de transação e é responsável por uma perda concomitante do PIB da região. Juízes que pretendem fazer justiça social terminam por “criar” leis, em lugar de apenas interpretar e aplicar a legislação em vigor.

O que aconteceu, antes e independentemente do Consenso de Washington?
A “interpretação” deformada feita por certos setores acadêmicos na América Latina a propósito de processos de ajuste e reforma empreendidos por alguns países pretende que o CW tenha sido responsável por todos os problemas acumulados na região ou pelos desafios na agenda dos atuais governantes. Eles atribuem a “onda neoliberal” que percorreu alguns países desde o início dos anos 1980 a uma espécie de diretiva emitida em Washington e implementada de forma canônica por governos submissos ou suficientemente enfraquecidos economicamente para não resistir às pressões combinadas dos EUA e das entidades do capitalismo global.

Como vimos anteriormente, o CW foi, na verdade, estabelecido a posteriori, depois que alguns países decidiram se lançar na penosa via dos ajustes e da reforma, a começar pelo México – a primeira vítima da crise da dívida de 1982 – e depois pelo Chile – o que não tem nada a ver com a ditadura de Pinochet, orientada por uma visão anacrônica, tão dirigista e estatizante quanto certos modelos “desenvolvimentistas”, estimulados antes e depois desses experimentos inovadores. Como todo modelo, o CW é em grande medida artificial, consistindo numa tentativa de síntese das medidas que supostamente teriam resultado em desempenho econômico satisfatório nas fases seguintes. Trata-se, obviamente, de uma simplificação de uma complexa realidade e de um conjunto de variáveis bastante sensíveis a um “mix” determinado de políticas, que jamais pode se desenvolver da mesma forma em dois países diferentes.

Interpretações de processos complexos são naturalmente sujeitas a caução, na medida em que não se pode isolar experimentos reais para fins de simulação ou teste controlado. Espíritos ingênuos tendem a confundir o CW com essa coisa diáfana chamada neoliberalismo e este, a rigor, não tem quase nada a ver com o CW, pois eles pertencem a dois universos diferentes. Em todo caso, em qualquer discussão sobre o “neoliberalismo” latino-americano sempre são trazidos em evidência os casos da Argentina, como exemplo de “fracasso”, o do Chile, como modelo supostamente bem sucedido – embora nem sempre com medidas em sintonia com a “ortodoxia” presumida do CW – e, eventualmente, o do México, o país que, alegadamente, teria iniciado o ciclo de conversões “neoliberais” desde o início dos anos 1980.

O que parece evidente, numa análise prima facie, é que há uma concentração quase obsessiva sobre o caso argentino para “demonstrar” o fracasso das receitas “neoliberais” para promover crescimento e igualdade na América Latina. Não se pode analisar em profundidade o desenvolvimento do ciclo completo do ajuste e reformas nessa vasta região; mas se pode, ao menos, examinar o caso argentino, para verificar se ele se conforma, ou não, ao suposto modelo prêt-à-porter, que seria disseminado pelos “profetas” de Washington como via milagrosa para o crescimento sustentado.

Vejamos, portanto, como se pode avaliar a experiência argentina, em função dos mesmos critérios que orientaram a primeira versão do CW (existem, pelo menos, duas outras, mais centradas sobre as políticas sociais ou sobre o papel das instituições na implementação das políticas recomendadas). Como julgar a Argentina, por meio do benchmark das regras estabelecidas no CW?

O “neoliberalismo” argentino:

1) disciplina fiscal: a Argentina esteve longe de cumprir este requisito básico do CW, de que são prova os contínuos déficits provinciais – problema associado ao federalismo também presente em outros países –, bem como o crescimento irresponsável da dívida pública, até o ponto inevitável da ruptura e do calote;

2) prioridades nas despesas públicas: o governo do presidente Menem passou toda a primeira metade dos anos 1990 empenhado em modificar a Constituição para sustentar seu projeto de reeleição, embora não tenha obtido um mandato com a mesma extensão que pretendia;

3) reforma tributária: ela foi feita de forma parcial, tanto que a capacidade “extratora” do Estado argentino sempre foi muito baixa, comparativamente com a carga fiscal do Brasil, cuja burocracia da Receita sempre foi muito eficiente para fechar vários “buracos” na teia tributária;

4) taxa de juros de mercado: de fato, os juros foram liberalizados, mas os desequilíbrios crescentes acumulados do lado fiscal e a falta de competitividade dos produtos argentinos, por força de uma inflação ainda importante, levaram o Estado a aumentar progressivamente o nível dos juros, em descompasso com as necessidades de investimento no país;

5) taxa de câmbio competitiva: trata-se, provavelmente, da mais eloqüente negação de uma regra tida como essencial pelo autor do CW. A Argentina, ou melhor, o ministro Domingo Cavallo, fixou formalmente o valor do peso em dólar (1 por 1), no plano que teve início em 1991, preservando a mesma camisa de força durante dez anos seguidos. O regime de conversibilidade, assegurado por um sistema de “currency board”, constituiu, provavelmente, a mais significativa ruptura da Argentina com um elemento central do CW;

6) política comercial de integração aos fluxos mundiais: de fato, ocorreu uma significativa liberalização comercial ao início do processo de estabilização; mas os desequilíbrios cambiais e inflacionários acumulados ao longo do tempo levaram a forte perda de competitividade externa, o que determinou nova onda de protecionismo tarifário, de expedientes para-tarifários (como uma “taxa de estatística”, por exemplo), além de outros mecanismos defensivos (antidumping e salvaguardas extensivas);

7) abertura ao investimento direto estrangeiro: de fato ocorreu, numa primeira fase, mas inviabilizada depois pela alta valorização do peso e a perda de competitividade adquirida em função da amarra cambial;

8) privatização de estatais ineficientes: o processo ocorreu, nem sempre de forma transparente, ou aberta à concorrência pública, e os recursos auferidos não serviram de abatimento da dívida pública, que continuou numa trajetória de crescimento;

9) desregulação de setores controlados ou cartelizados: ela foi conduzida sem preparação ou planejamento adequados, processo que resultou em novos monopólios privados, não controlados por nenhuma agência reguladora;

10) direitos de propriedade: o “capitalismo de compadrio”, a transformação dos sindicatos em negócios rendosos para as máfias nele encasteladas e diversas outras práticas arbitrárias dos agentes públicos continuaram a alimentar um ambiente de negócios pouco propício a um crescimento sustentável no país platino.

Muito antes desses processos pouco condizentes com a estrita racionalidade econômica ocorrerem na Argentina, o Chile já tinha enveredado pelo caminho dos ajustes e da reforma, itinerário por certo facilitado pela ausência de “perturbações” democráticas, mas nem por isso isento de percalços próprios da ideologia militar, tão centralizadora, estatizante e dirigista quanto a ideologia econômica de outros regimes militares na região. Na verdade, o processo de “disciplinamento” econômico dos militares chilenos se deu apenas após uma grave crise bancária, a persistência de focos inflacionários importantes, alto desemprego e desequilíbrios no abastecimento alimentar, o que determinou o apelo a economistas identificados com a “escola de Chicago” e os princípios liberais da escola “austríaca” de Von Mises e Hayek.

O importante a registrar é que muito tempo antes de qualquer “consenso” se formar em Washington, ou de técnicos do FMI ou do Tesouro americano virem a Santiago – o que, aliás, nunca ocorreu, fora das visitas de trabalho do FMI para fins de artigo IV – formular recomendações ou prescrições de política econômica, o Chile já tinha decido empreender vasta reforma de seu sistema econômico, num sentido amplamente liberalizante. Em outros termos, foi o Chile quem deu a “receita” para a construção de um “modelo” de ajuste e reformas, não o contrário. Foram essenciais em seu processo de ajuste e reformas, a manutenção da disciplina fiscal, a liberalização comercial e financeira – o que não significou, em absoluto, liberdade completa para os capitais, mas, sim, mecanismos de esterilização dos fluxos puramente financeiros, como a famosa “quarentena” –, políticas de atração de investimentos diretos e uma cuidadosa gestão monetária que trouxe a inflação chilena a níveis “europeus”. Em suma, o Chile fez o seu “dever de casa”, mas isso não significou converter-se de forma acrítica ao “neoliberalismo”, seja lá o que isso queira dizer. O Chile de fato desregulou, privatizou, liberalizou, mas tudo isso de forma planejada, consciente e administrada pelo Estado.

A julgar pelo desempenho respectivo de cada um dos países, não é preciso lembrar quem acumulou crescimento ao longo de mais de dez anos – a ponto de ter sido chamado de “tigre” ou “puma” latino-americano – e quem soçobrou na crise e na moratória, derrubando presidentes como quem brinca com um castelo de cartas. Longe de representar uma “derrota” do neoliberalismo, como pretendem alguns, de forma totalmente equivocada, o caso argentino é um exemplo cabal de reformas incompletas, mal conduzidas ou de erros primários de gestão macroeconômica, a começar pelo câmbio fixo e pela indisciplina fiscal, em total desacordo com as prescrições – se houvesse – do CW. De outra parte, longe de representar qualquer tipo de “vitória” para o mesmo CW, o caso do Chile é um modelo de pragmatismo e de cautela da implementação de medidas – elas sim – ortodoxas de política econômica, que asseguraram seu crescimento durante praticamente toda a década de 1990 e a estabilidade do poder de compra de sua moeda.

Concluindo de forma inconclusiva: não existem soluções-milagre em economia

Como examinado ao longo deste breve ensaio analítico do famoso CW e sua não-aplicação, de fato, na maior parte dos paises latino-americanos, o panorama regional é suficientemente diversificado para descartar qualquer explicação simplista do tipo pretendido por certos “analistas acadêmicos” para o sucesso de alguns e o fracasso de outros. A Argentina não fracassou devido ao CW, assim como o Chile não foi bem sucedido devido a uma aplicação submissa de suas recomendações, ainda que muitas das “receitas” empregadas neste país andino guardem uma grande interface filosófica e prática com aquelas regras (mais de puro bom senso, ou de julgamento sereno das experiências econômicas bem sucedidas, do que de aplicação cega de alguma “pomada maravilha” macroeconômica).

Muito da “agitação intelectual” em torno do suposto neoliberalismo desses países não encontra, assim, suporte na realidade. Dessa forma, o mito do CW pode ser considerado uma criação da esquerda latino-americana, que precisava dispor de um novo inimigo ideológico, na figura do neoliberalismo, depois que outros velhos mitos – como, por exemplo, aquele preferido pelo mais “perfeito idiota latino-americano”, o escritor uruguaio Eduardo Galeano: o do subdesenvolvimento induzido pela dominação imperialista – entraram em desuso, por uso e abuso na fase anterior. O que sobrou, finalmente, de toda essa agitação em torno de um conceito que não merecia essa publicidade mal concebida e mal dirigida? Praticamente nada, a não ser: slogans de um lado, e silêncio do outro.

Isso não impediu, obviamente, o manancial de bobagens que continuam a ser disseminadas em torno de um suposto neoliberalismo dominador, que teria ocupado todos os desvãos das políticas econômicas dos países latino-americanos ao longo de duas décadas. Quando se vai examinar a realidade, a única constatação possível de ser extraída é que os supostos inimigos ideológicos do neoliberalismo e do CW não sabem do que estão falando, nem apresentam dados fiáveis para confrontá-los à realidade. Nessas condições, qualquer diálogo racional é impossível. Mas diálogo é provavelmente a última coisa que desejam os agitadores de slogans...

Paulo Roberto de Almeida é doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984). Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Autor de vários trabalhos sobre relações internacionais e política externa do Brasil. 

Bolivia: demagogia economica presidencial deve acirrar inflacao e causar quebra de empresas

Bolivia Economía

En campaña, Evo aumenta los salarios

evo morales decreto salarios
El presidente de Bolivia, Evo Morales, firma un decreto para que el Estado y el sector privado paguen doble aguinaldo a sus trabajadores cada vez que el PIB crezca un 4,5 %
Infolatam
La Paz, 21 noviembre 2013
Por FERNANDO MOLINA

Evo Moralescandidato a una segunda reelección, sorprendió a propios y extraños con una medida que pocos dudan en calificar como parte de su arsenal de campaña: duplicó el aguinaldo o salario navideño de los empleados del Estado y del sector privado formal.
La lógica de la medida, llamada “Esfuerzo por Bolivia”, es la siguiente: cada vez que el país supere un crecimiento del 4,5 por ciento del PIB, los trabajadores “en blanco”, es decir, legales, recibirán dos sueldos adicionales a fin de año, cuando lo normal era que obtuvieran uno. En 2013 la economía boliviana superó el citado guarismo, por lo que el beneficio debe concretarse hasta el 31 de diciembre.
El regalo navideño de Evo sólo llegará al 30 por ciento de la población económicamente activa, ya que el resto trabaja por su cuenta o en negocios informales que por definición quedan fuera de los alcances de las mejorías laborales.
Las críticas no se hicieron esperar: la Cámara de Industria rechazó la decisión por “inconsulta”,”política” y porque convierte un hecho temporal (el crecimiento causado por el alza de los precios de los productos que el país exporta) en un derecho laboral permanente. Este pronunciamiento representa la preocupación de los medianos y pequeños empresarios que obviamente no previeron que deberían pagar una planilla adicional a sus obligaciones normales.
Otra crítica que se esgrimió de inmediato fue la de “incoherencia” en la política económica, ya que en los últimos meses el Banco Central estuvo vendiendo bonos para retirar liquidez de la economía a fin de evitar un incremento de la inflación, que hasta ahora ha sido de 7,5 por ciento anual, con tendencia a subir. A contrapelo de estas prevenciones, la duplicación del aguinaldo, tomando en cuenta solamente al sector público, inyectará en la economía el equivalente a 3.000 millones de dólares.
La oposición habla de “demagogia”, “populismo” y de “injusticia”, porque se usa el mismo rasero (el crecimiento económico) para empresas grandes y pequeñas, rentables y deficitarias, y porque el bono extra no beneficiará al mayoritario sector informal.
Algunos analistas, sin embargo, creen que la medida consolidará el favor (y, en algunos sectores, el fervor) popular hacia Morales y su partido, haciendo más dificil de lo que ya era su derrota electoral en 2014.
Sin embargo, la decisión romperá la alianza tácita que se había sellado en el último tiempo entre los empresarios y el Gobierno, y enajenará de éste a ciertos sectores de clase media que veían a Morales como un dirigente más responsable en materia económica que Chavez-Maduro y los Kirchner.

Mercosul como obstaculo para a politica comercial brasileira - Demetrio Magnoli

Ilha Brasil 
Demétrio Magnoli
Folha de S. Paulo, 7/12/2013

Subordinado a dogmas do chavismo e do kirchnerismo, o Mercosul é um obstáculo para os acordos comerciais

"É agora ou nunca: está em jogo a própria causa do multilateralismo", alertou Roberto Azevêdo, o diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), na abertura da conferência ministerial de Bali. Dias depois, consumou-se o desastre. Com o colapso da Rodada Doha, deflagrada há 12 anos, o multilateralismo globalista cede lugar aos acordos regionais, enquanto a OMC é reduzida à condição de ente vestigial: um tribunal de contenciosos comerciais. O fracasso atinge em cheio o Brasil, evidenciando uma sequência de erros de política externa causados pela subordinação do interesse nacional ao imperativo da ideologia.

Não faltaram alertas. A Rodada Doha experimentou uma implosão inicial na conferência de Cancún, em 2003, e sucessivas desilusões, entre 2006 e 2008. Ao longo do percurso, floresceram como alternativa os tratados bilaterais de livre comércio (TLCs), mas o Brasil preferiu ignorá-los. México, Chile, Colômbia e Peru engajaram-se na negociação de TLCs com os EUA e a União Europeia (UE) -e formaram a Aliança do Pacífico. O Mercosul, pelo contrário, revelou escasso interesse em concluir um acordo com a UE, cujos ensaios surgiram antes ainda do início da Rodada Doha. A opção pelo multilateralismo, pretexto permanente do Itamaraty, disfarçou a transformação regressiva sofrida pelo Mercosul.

"O Mercosul, ou o reformamos ou também se acabará", conclamou Hugo Chávez em 2006, antes de concluir: "Vamos enterrar nossos mortos, irmãos!". O "novo Mercosul", um diretório político tripartite, emergiu com o ingresso da Venezuela. A reinvenção implicou o abandono do regionalismo aberto do Mercosul original e a absorção paulatina dos cacos da Aliança Bolivariana das Américas. Subordinado aos dogmas do chavismo e do kirchnerismo, o bloco do Cone Sul tornou-se um obstáculo intransponível para a negociação de acordos comerciais. Certeiro, o presidente uruguaio José Mujica acusou a "política insular" da Argentina de estar "arruinando o Mercosul".

Faz mais de três anos que Vera Thorstensen avisou, quando deixava a missão brasileira em Genebra: "a dinâmica atual do comércio internacional não está mais na OMC e sim nos acordos regionais". De lá para cá, os EUA engataram as negociações dos mega-acordos da Parceria Transpacífica (TPP), com as grandes economias asiáticas (exceto a China), e da Parceria Transatlântica (TTIP), com a UE. Se concluídos, os dois acordos transcontinentais deslocarão para o seu interior o processo de formulação de normas de comércio e investimentos, completando o esvaziamento da OMC. Os países da Aliança do Pacífico ocuparam lugares no trem dos mega-acordos; o Brasil ficou na plataforma, segurando um guarda-chuva para a Argentina e a Venezuela.

"Se a dinâmica é fazer acordos regionais, o Brasil deveria estar negociando não só no eixo Sul-Sul, mas no eixo Norte-Sul", sugeriu Thorstensen. O problema é que, sob Lula e Dilma, a expressão "eixo Norte-Sul" converteu-se numa abominação doutrinária para a política externa brasileira. Agora, assustado com as consequências da obstinação ideológica, o Itamaraty ajoelha-se diante de Cristina Kirchner implorando por um consenso improvável que não feche todas as portas do Mercosul ao acordo com a UE.


O mito da Ilha-Brasil ganhou corpo no século 19. Invocando as aventuras dos bandeirantes, o Império do Brasil sustentou a ideia de que o território nacional constitui uma "ilha" na América do Sul, delimitada por fronteiras naturais que estariam apoiadas no traçado das redes hidrográficas. A noção da Ilha-Continente nutriu o nacionalismo imperial, forneceu um alicerce mítico para a manutenção da unidade territorial e ofereceu argumentos utilizados nas negociações de limites com os países vizinhos. Hoje, ressurge na forma de uma muralha anacrônica que nos isola dos fluxos da globalização.

Amigos bolivarianos do Brasil constrangem sua politica externa - Rubens Ricupero

Para Ricupero, veto é 'constrangimento' para o Brasil
Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo, 7/12/2013

Segundo especialista, posição dos bolivarianos expõe a afinidade "parcial e limitada" desses países com o Brasil

Ao vetar o primeiro acordo efetivo da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 18 anos, os países bolivarianos sabotaram interesses do Brasil e constrangeram o governo de Dilma Rousseff. Nas últimas horas da reunião ministerial da OMC em Bali, ontem, Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua colocaram sobre a mesa de negociações

uma condição considerada descabida para aderirem ao acordo de facilitação do comércio - o fim do embargo dos Estados Unidos a Havana. A iniciativa abortou o consenso necessário em torno de um acerto que, apesar de modesto, fora apontado como primeiro passo para a retomada da Rodada Doha, suspensa desde 2007.

Segundo o embaixador Rubens Ricupero, ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o veto expôs a "afinidade parcial e limitada" entre os membros da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) e o interesse do Brasil no campo internacional.

Nas searas da distribuição de renda e da justiça social, essa aproximação mostra-se mais visível. Mas, no plano da economia e do comércio internacional, embaraços similares foram registrados nas negociações sobre clima e meio ambiente em Copenhagen, em 2009, e na própria OMC, um ano antes.

"Os bolivarianos impuseram um novo constrangimento ideológico à nossa capacidade de ação. Nós andamos em más companhias", afirmou. "Fomos sabotados por nossos pretensos aliados, que já demonstraram querer apenas tumultuar nos encontros internacionais", completou Ricupero.

Uma última tentativa de romper o bloqueio e salvar o acordo de Bali foi iniciada ainda ontem - de noite, no Brasil. Desta vez, com maior pressão do Brasil e dos demais 154 membros da OMC sobre os quatro países bolivarianos.

Ricupero lembrou ter havido apenas dois episódios parecidos de veto na história das negociações multilaterais do comércio. O primeiro se deu em 1988 e o outro, em 1990, durante as discussões da Rodada Uruguai. Ambos foram capitaneados pelo Brasil e envolveram os demais países latino-americanos exportadores agrícolas.

Chantagem. Assim como Ricupero, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia surpreendeu-se especialmente com o argumento inusitado dos bolivarianos para bloquear o consenso sobre um acordo que, nas contas do Comitê de Comércio Internacional, traria benefícios da ordem de U$ 1 trilhão nas trocas de bens.

"Foi uma verdadeira chantagem. O tema do bloqueio comercial dos EUA a Cuba nunca foi suscitado na OMC e não tem nada a ver com o sistema multilateral de comércio", avaliou Lampreia.

O veto dos quatro países da Alba, em parte, foi atribuído por analistas à negligência do próprio governo brasileiro. Apesar de seu empenho para eleger o embaixador Roberto Azevêdo como diretor-geral da OMC, o Brasil demorou para se mobilizar em favor do acordo sobre facilitação do comércio e não atuou, como nas reuniões anteriores da OMC, como um dos protagonistas em Bali.

Segundo Sandra Polônia Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), não houve nem mesmo uma prévia mobilização interna, com consultas do governo com o setor privado, como se observa nas negociações de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.


"O encontro de Bali passou batido no Brasil. Independentemente do seu valor econômico, esse acordo seria caro ao País por provar que a OMC ainda tem capacidade negociadora e que o sistema multilatéral do comércio continua a ser relevante", afirmou Sandra.

Farc no Brasil: mito ou realidade? - debate em Brasilia, 10/12, Centro Brasil 21



Brasília – Até que ponto há presença de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território brasileiro? E o quão nociva pode ser esta presença? Para debater estas e outras questões relacionadas à segurança regional, o Instituto InfoRel de Relações Internacionais e Defesa promove no dia 10 de dezembro, das 14h às 18h, no Centro de Convenções Brasil 21, o debate “Farc no Brasil: mito ou realidade?”, com a presença de especialistas do Brasil e da Colômbia.
Foram convidados o general de brigada Valmir Azevedo, que comandou tropas na Amazônia; o especialista em terrorismo, contrainsurgência e crime organizado, Marcus Reis; e o jornalista especializado em Farc e inteligência, Andy Webb Vidal, britânico radicado na Colômbia.
Na oportunidade, serão debatidos temas relacionados com os diálogos de paz dos quais o Brasil não faz parte, os vínculos da organização com o crime organizado e o narcotráfico, problemas crônicos para as pequenas, médias e grandes cidades do Brasil, e os danos causados ao processo de integração regional.
A entrada é franca, mas as vagas são limitadas. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail: inforel@inforel.org. Contatos pelo telefone: 55 61 8153 2514.