Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Percival Puggina (1): O ENEM, um simulacro de exame
A marcha gloriosa do Mercosul, e o fracasso dos companheiros em enfrentar a Argentina...
Argentinos continuam ignorando pressão brasileira e impedem ingresso de calçados vendidos para o Natal
Para a maior gloria do futebol, para a maior miseria do povo brasileiro: os estadios mais caros do mundo
Seg , 16/12/2013 às 07:27
Brasil terá estádios mais caros do mundo, diz estudo
Jamil Chade | Agência Estado
Com o prazo da Fifa se esgotando para a entrega dos estádios para a Copa do Mundo de 2014, um recorde já está garantido para o Brasil: o País ergueu os estádios mais caros do mundo. Um estudo da consultoria KPMG levantou o custo de cada assento nos estádios construídos pelo mundo. Uma comparação com os valores oficiais dos estádios brasileiros revela que um dos legados do Mundial será a coleção dos estádios mais caros do planeta.
Dos 20 mais caros, dez deles estão no Brasil. Já pelos cálculos de institutos europeus, a Copa de 2014 consumiu mais que tudo o que a Alemanha gastou em estádios para a Copa de 2006 e a África do Sul, em 2010.
Seja qual for o ranking utilizado e a comparação feita, a constatação é de que nunca se gastou tanto em estádios como no Brasil nesses últimos anos. A KPMG, por exemplo, prefere avaliar os custos dos estádios levando em conta o número de assentos, e não o valor total. Isso porque, segundo os especialistas, não faria sentido comparar uma arena de 35 mil lugares com outra de 70 mil.
Com essa metodologia, os dados da KPMG revelam que o estádio mais caro do mundo é o renovado Wembley, na Inglaterra, onde cada um dos assentos saiu por 10,1 mil euros (R$ 32,4 mil). O segundo estádio mais caro também fica em Londres. Trata-se do Emirates Stadium, do Arsenal, onde cada lugar custou 7,2 mil euros (R$ 23,3 mil). Mas a terceira posição é do Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Com custo avaliado em R$ 1,43 bilhão, o estádio tem um gasto por assento de R$ 20,7 mil, ou 6,2 mil euros. Na classificação, o Maracanã aparece na sétima posição, mais caro que a Allianz Arena de Munique. Manaus vem na 10ª colocação, com praticamente o mesmo preço por assento do estádio do Basel, situado em um dos países com os maiores custos de mão de obra do mundo, a Suíça.
O estádio do Corinthians, em Itaquera, seria o 12º mais caro do mundo, seguido pelas Arenas Pantanal, Pernambuco, Fonte Nova e Mineirão. Todos esses seriam mais caros do que estádios como o da Juventus, em Turim, considerada a arena mais moderna da Itália e usada como exemplo de gestão. O Castelão e o estádio de Natal também estão entre os 20 mais caros do mundo. Se o ranking fosse realizado considerando os custos totais dos estádios, o Mané Garrincha seria o segundo mais caro do mundo, com o Maracanã aparecendo na quarta posição.
Para o prestigiado Instituto Braudel, na Europa, os custos dos estádios no Brasil também surpreenderam. Em colaboração com a ONG dinamarquesa Play the Game, a entidade publicou nesta semana levantamento que revela que, em média, cada assento nos doze estádios brasileiros custaria US$ 5,8 mil (R$ 13,5 mil). O valor é superior ao das três últimas Copas. Na África do Sul, em 2010, a média foi de US$ 5,2 mil (R$ 12,1 mil). Na Alemanha, em 2006, US$ 3,4 mil (R$ 7,9 mil). Já no Japão, em 2002, chegou a US$ 5 mil (R$ 11,6 mil).
Em termos absolutos, o gasto total com os estádios bate todos os recordes. Se todo o gasto de sul-africanos em 2010 e alemães em 2006 for adicionado, não se chega ao total que foi pago no Brasil para 2014, mais de R$ 8 bilhões. Em apenas nove meses, o valor aumentou em quase R$ 1 bilhão, segundo dados oficiais do Comitê Organizador Local (COL), em sua quinta edição do balanço geral do andamento das obras da Matriz de Responsabilidade.
SEM EXPLICAÇÃO - Jens Alm, analista do Instituto Dinamarquês para o Estudo dos Esportes e autor do levantamento dos dados sobre estádios da Copa, insiste que a inflação e os custos dos estádios no Brasil não têm explicação. "Quando um país quer receber uma Copa, é normal que queira mostrar estádios bonitos. Mas nada explica os preços tão elevados no Brasil e porque são tão mais elevados do que na Alemanha e na África do Sul", disse.
Henrick Brandt, diretor do Departamento de Esportes da Universidade de Aarhus, também aponta para os custos elevados das obras no Brasil. "Os dados são surpreendentes", indicou. "Um dos debates agora é o que será feito para tornar esses locais rentáveis, principalmente os estádios públicos", alertou.
Uma vocacao para a burocracia: Gabriel e suas gavetas
Comemorando o aniversario de casamento: Carmen Licia e Paulo Roberto
Três fotos tiradas por Carmen Licia, a caminho do restaurante, com neve nas ruas de acesso, e na mesa, já servidos, depois de uma entrada com queijo (ainda visível, mas já bem diminuído), duas entradas excelentes e depois os pratos principais: camarão para Carmen Lícia, scaloppina di vitello para mim. Claro, vinho italiano para regar o almoço.
Só faltou uma boa livraria para completar o dia, mas tivemos de fazer compras de Natal, no final do dia.
Salute.
Paulo Roberto de Almeida
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Republica Federativa do BNDES: um banco maior que o Brasil - Juan Forero (WP)
A bank that may be too big for Brazil
By Juan Forero
The Washington Post: December 14, 2013
RIO DE JANEIRO — To dodge the global economic crisis, Brazil cranked up its spending, expanding subway lines and shipyards for oil platforms while building hydroelectric dams and stadiums for soccer’s 2014 World Cup.There would be no austerity as in Europe, Brazil’s leaders pointedly promised. And Brazil had a well-oiled machine to keep its economy humming: the state development bank, an institution little known outside this country but central to policymakers here.
The bank has loaned a third of a trillion dollars since 2010, twice the amount the World Bank provided to about 100 countries combined, with much of the bounty going to the mining, agriculture and construction giants that are pillars of Brazil’s economy.
Economists at BNDES, as the bank is known, say the benefits are felt evenly across Brazil: low unemployment and an economy that was kept on track while others seemed to careen out of control.
But the global downturn is finally being felt in Latin America’s largest economy. And critics say a big part of the problem is Brazil’s strategy of doling out loans worth billions of dollars from the bank to the country’s richest and most politically connected companies.
Economists and opposition leaders say this focus on Brazil’s “national champions” neglects smaller, nimbler firms that are developing new technologies and products to diversify a commodity-dependent economy. They also say that BNDES’s huge loans are fueling inflation that the Central Bank of Brazil must scramble to control.
Sergio Lazzarini, who works at the Insper business school in São Paulo and writes about BNDES, said the bank’s role has become more difficult to justify in the face of an economy completing its third year of disappointing growth.
“Despite these trends,” Lazzarini said, “the bank has become more aggressive, bigger, with more direct transfers from the government to the bank,” a reference to the treasury funds and payroll tax revenue used for loans.
At the bank’s fortresslike offices in bustling downtown Rio, executives and economists speak proudly of a 61-year-old institution that has backed companies in the past decade whose growth helped make Brazil the world’s seventh-largest economy.
João Ferraz, BNDES’s vice president, called such projects central to an economy that posted solid growth in the 2000s, capped by a blistering 7.5 percent expansion in 2010.
“Can you build a hydroelectric plant with small firms? Can you build a pulp plant or a car factory with small firms?” Ferraz said.
In approving loans, the bank considers the quality of the companies and the benefits of the projects, he said, calling critics misguided in accusing BNDES of cronyism. He spoke about one well-known recipient of BNDES loans, the construction giant Odebrecht, which has 175,000 employees in 26 countries and built BNDES’s modernist high-rise headquarters.
“I am not friends with Odebrecht,” he said of the São Paulo-based conglomerate. “I am friends with the good projects of Odebrecht.”
But Adriano Pires, a prominent government detractor and director of a consulting firm specializing in energy, said the bank’s disbursements — $81 billion this year, its biggest outlay ever — are generating worrisome levels of debt and an outsize role for the state in the economy.
“What is the policy behind this?” Pires said. “It’s an ideology that holds that the state has to have a strong role in the economy.”
Indeed, in exchange for loans, BNDES has acquired a minority stake in dozens of private companies, giving the bank’s executives a say in their operations.
The bank also remains opaque about how it chooses which companies to shower with loans, said João Lopes Pinto, coordinator of the group More Democracy, which has met with bank officials to lobby for more transparency.
Bank executives say they are working to be more forthcoming, although they say regulations prevent them from providing details about loans.
A boon for big borrowers
With disbursements having gone up by a factor of five over the past decade, Pinto said, there has been more of a windfall for big borrowers such as the São Paulo-based meatpacker JBS.
A decade ago, JBS wasn’t even among Brazil’s top 400 companies. But BNDES provided $4.4 billion from 2008 to 2010, essential as the company went abroad to acquire Swift, National Beef, Smithfield Beef and Pilgrim’s Pride. That made JBS a worldwide leader in beef production.
In 2010, JBS was also the largest contributor to President Dilma Rousseff’s campaign, donating $4.7 million, according to a report on BNDES and Brazil’s economy by Mansueto Almeida, an economist at the government-funded Institute of Applied Economic Research. He questions what Brazil has gotten out of supporting the company in its heavy expansion into the U.S. market.
“I don’t see any kind of social outcome or social return that would justify BNDES in promoting this firm,” Almeida said. JBS declined to comment.
Almeida said the problem is that BNDES often acts as an investment bank, not a public institution focused on fostering social development.
In contrast, Almeida said, fast-developing South Korea boosted dynamic companies that developed electronics, among them Samsung.
“In Brazil, we don’t do that,” Almeida said. “We give you subsidized credit so you can do the same thing or go overseas and buy your competitors.”
Ferraz, the BNDES vice president, said such assertions overlook an increasingly diverse portfolio. He said the bank is focusing more on companies with gross revenues of $40 million or less, in categories the bank calls micro, small or medium-size. In 2009, 21 percent of loans went to those companies; this year, 37 percent has been provided to them, according to bank documents.
The bank is also accelerating spending on projects that economists say the country desperately needs, such as energy generation plants, highways, ports, airports and other infrastructure that “will be a big driver of economic growth,” said Nelson Siffert, BNDES’s superintendent for infrastructure.
Still, the bank’s relationship with giant companies and well-connected billionaires has created problems for its executives and government.
Although BNDES was not explicitly one of their targets, protesters who staged huge nationwide rallies in June directed much of their ire at government policies they said benefit the elite in a country of grinding income inequality.
One was would-be oil baron Eike Batista, a flamboyant billionaire whose EBX Group received more than $4 billion in loans, prompting him to call BNDES “the best bank in the world.” But now his empire is collapsing, and opposition leaders are questioning BNDES over its support of his money-losing companies.
“The money cannot go to a few lucky ones,” said César Colnago, an opposition lawmaker in Congress.
Batista’s office did not return calls seeking comment.
Dependent on BNDES
To be sure, credit is expensive in Brazil and BNDES fills that need, particularly the huge loans needed by companies such as the state-controlled Petrobras oil giant and Vale, a mining company that has $5 billion in outstanding loans from the bank.
Vale has grown into a $46 billion company employing tens of thousands of workers.
Sonia Zagury, global head of finance at Vale, said BNDES’s role “in the Brazilian economy is an important one, and they are an important partner for Vale.”
But analysts say there is another downside to BNDES’s big spending: It fans inflation, which has remained stubbornly high at just under 6 percent a year.
To keep it under control, the Central Bank on Nov. 27 raised its benchmark rate to 10 percent. Such a high interest rate — the highest of any developed country — is believed to crowd out the development of private lenders.
That leaves companies perpetually dependent on BNDES and its cheaper loans, according to Almeida, the economist.
“No bank, no matter how smart it is, can compete with a bank that receives subsides from the government,” he said.
Reporting for this article was supported by a grant from the Pulitzer Center on Crisis Reporting.
Guillermo Cabrera Infante, vitima da ditadura castrista: livro postumo
- Mario Vargas Llosa
- O Estado de S.Paulo, 15/12/201
Educacao brasileira: como melhorar (Instituto FHC)
Aprender a ensinar
- Autor: Merval Pereira
- em Artigos
- O Globo, 16/12/2013
- 0 comentários.
Carlos Rangel: o mito perverso do bom revolucionario latino-americano (grato a Orlando Tambosi)
O cobertor curto da pesquisa: tirando de um lado para colocar em outro, eleitoralmente...
O corte de verbas para pesquisa
Com vistas na campanha eleitoral do próximo ano, quando tentará se reeleger, Dilma destinou ao Ciência sem Fronteiras, no projeto de Lei Orçamentária de 2014, quase R$ 1 bilhão. O problema é que, para bancar esse investimento, o governo comprometerá parte significativa das verbas para o fomento da ciência e da tecnologia. Isso levou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências a protestarem, alegando que a redução das verbas da área científica ameaçará importantes pesquisas em andamento.
Os recursos para financiar cursos e estágios de universitários brasileiros no exterior sairão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é a principal fonte de financiamento das agências públicas de fomento à pesquisa. Os programas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que é a maior agência de fomento do País, dependem diretamente do FNDCT. Essa será a primeira vez que os recursos do fundo - vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - serão utilizados para financiar o Ciência sem Fronteiras - um programa gerenciado pelo CNPq, em parceria com a Capes, mas basicamente dirigido pelo Ministério da Educação (MEC).
Como as verbas previstas para o Ciência sem Fronteiras, no Orçamento de 2014, representam um terço do montante do FNDCT, a redução dos recursos destinados à área científica pode inviabilizá-la, advertem os cientistas. "O impacto na pesquisa será trágico", disse Helena Bonciani Nader, professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da SBPC, no Fórum Mundial de Ciência, no Rio de Janeiro. "Precisamos de recursos para pesquisas. De alguma forma o valor destinado ao Ciência sem Fronteiras terá de ser compensado. Caso contrário, o impacto na área científica vai ser grande", afirmou, no mesmo evento, o matemático Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
O órgão mais atingido pela redução das verbas do FNDCT destinadas à área científica é o CNPq. Entre as unidades e programas por ele financiados que sofrerão cortes profundos, em suas linhas de pesquisa, estão os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, o Programa de Capacitação de Recursos Humanos para o Desenvolvimento Tecnológico e o Edital Universal, que financia cerca de 3,5 mil projetos de pesquisa por ano. Serão afetados, ainda, programas financiados pelo CNPq em parceria com agências de fomento dos Estados.
As entidades científicas do País também chamam a atenção para a falta de planejamento e de rigor técnico, por parte do governo, na gestão das áreas educacional e científica. Elas alegam que o programa Ciência sem Fronteiras foi concebido às pressas, sem consulta à comunidade acadêmica e científica. Afirmam que não faz sentido reduzir o orçamento do MCTI para favorecer um programa em que o principal beneficiado, do ponto de vista institucional, é o MEC. E lembram que, apesar de o Ministério da Ciência e da Tecnologia ter incorporado a palavra "inovação" ao nome, ele não recebeu reforço orçamentário. As críticas não são novas. "O Ministério ganhou mais um penduricalho e está com menos dinheiro. É uma incoerência", já dizia a presidente da SBPC em 2012, alegando que a redução de verbas para a área científica poria em risco a competitividade da economia brasileira.
Desde então, as entidades científicas já enviaram várias cartas de protesto. Mas nenhuma delas produziu resultado concreto, pois os critérios que prevalecem no governo Dilma são eleitorais, e não técnicos.