24/7/2014 14:44
Por Redação, com agências internacionais - de Jerusalém
segundo o porta-voz israelense Yigal Palmor, o Brasil não passa de um “anão diplomático”
Além das mortes de mais de 700 palestinos, o governo de
Israel
conseguiu, nesta quinta-feira, ferir gravemente a diplomacia brasileira
ao afirmar, por intermédio de sua Chancelaria, que o “comportamento” do
Brasil “ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural
permanece politicamente irrelevante”. Além disso, o governo disse que o
país escolhe “ser parte do problema, em vez de integrar a solução” e,
segundo o porta-voz israelense Yigal Palmor, o Brasil não passa de um
“anão diplomático”. O “comportamento” que mereceu as duras críticas de
Tel Aviv trata-se do comunicado distribuído na noite passada, no qual o
Itamaraty condena o “uso desproporcional da força” por parte de
Israel e não faz referência às agressões de palestinos contra israelenses.
– Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante
econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático – afirmou
Palmor ao diário israelense The Jerusalem Post.
Outra medida que irritou o Estado judeu foi a reprimenda diplomática brasileira ao chamar o embaixador de
Israel
em Brasília, Rafael Eldad, para expressar seu protesto, e convocar o
embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Pinto, de volta a Brasília.
Segundo as regras da diplomacia, o protesto feito a Eldad e a convocação
de Pinto mostram sinais de forte desagrado. Em sua página na internet, a
diplomacia israelense acusou o Brasil de “impulsionar o terrorismo” e
afirmou que isso, “naturalmente”, afeta a “capacidade do Brasil de
impulsionar influência”.
Na nota, Israel se diz “decepcionado” com a convocação do embaixador
brasileiro e observa que a atitude “não reflete” o nível das relações
bilaterais, além de “ignorar o direito de Israel de se defender”.
“Israel espera apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas,
reconhecido como uma organização terroristas por muitos países”, afirma o
documento.
Apenas algumas horas após a crítica sem precedentes do governo
israelense, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, colocou
panos quentes na crise ao afirmar que a “discordância entre amigos é
natural”. Figueiredo acrescentou que o comunicado do Itamaraty na noite
passada, que recebeu o aval da presidenta Dilma Rousseff, segundo apurou
o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, “não apaga as
críticas feitas anteriormente ao Hamas só porque não as menciona”.
– O gesto que tinha que ser feito foi feito. O Brasil entende o
direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de
mulheres e crianças – explicou.
Fontes citadas pela Folha afirmam que o Itamaraty e o Palácio do
Planalto ainda estudam a melhor reação para um comentário considerado
“tão duro”. “Se, de um lado, alguns diplomatas brasileiros alertam para
que não se ‘bata boca’ com Tel Aviv, outros analisam ser necessário uma
resposta enérgica da própria presidente da República para responder a
crítica à altura. Em Gaza, o gesto brasileiro foi recebido com festa.
Palestinos se aproximaram da reportagem da FSP para expressar gratidão
ao governo Dilma Rousseff”.
– Obrigado por convocar seu embaixador. O Brasil é melhor do que os
países árabes, como o Egito, que não fazem nada – disse Tawfiq Abu
Jamaa, em Khan Yunis.
Desde que começou a operação israelense Margem Protetora, no dia 8
deste mês, mais de 700 palestinos, na grande maioria civis, foram
mortos. Do lado israelense, morreram 32 militares e três civis, sendo um
cidadão tailandês. O intuito da operação é desmantelar o movimento
radical islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza.