O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 13 de setembro de 2015

Revolucao Burguesa? Du cote de chez moi??? Unicamente neste meu livro, saindo do forno - Paulo Roberto de Almeida

Revolução burguesa no Brasil?
Esqueçam, pelo menos com esta "burguesia" que temos: um punhado de amigos do rei, de um lado, e os coitados dos empresários, do outro, sendo dilapidados continuamente pelo Estado obeso.
Na primeira tropa temos os banqueiros satisfeitos com os juros da dívida pública e os capitalistas promíscuos, que acompanham os companheiros totalitários, os neobolcheviques (que alguém já chamou de "burguesia do capital alheio), no assalto ao Estado e que assalto: parece que a extorsão na Petrobras vai ficar nos anais dos grandes roubos da História, como o mais vasta empreendimento de corrupção jamais conhecido em todo o mundo e no itinerário do capitalismo (bem medíocre o nosso).
A maior parte do que deveria ser uma burguesia liberal tenta sobreviver em face do ogro famélico que é o Estado extrator. Sem remédio, pedem proteção, reserva de mercado, subsídios.
Portanto, nada de revolução burguesa no horizonte previsível.
Eu sempre preguei a realização de uma "fronda empresarial" por parte desses capitalistas não amigos do rei, uma capaz de fazer do Brasil um país "normal", ou seja, uma economia de mercado como qualquer outra, e capaz de lutar por um  sistema político simplesmente menos corrupto do que o que temos.
Alguma esperança disso? Não riam...
Acho que não vamos ter, nem fronda empresarial, muito menos uma revolução burguesa, en bonne et due forme.
Em lugar disso, nós, classe média, vamos ter de continuar lutando para expulsar os mafiosos do poder, para depois começar tudo outra vez.
Mas, enquanto esperam, os curiosos pela trajetória da nossa frustrada "revolução burguesa" podem ler, se quiserem, o meu próximo livro, que está sendo publicado nos próximos dias, como informo em seguida:


Paulo Roberto de Almeida:
Révolutions Bourgeoises et Modernisation Capitaliste: Démocratie et autoritarisme au Brésil
(Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 396 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6)


Lombada: Les révolutions bourgeoises et le Brésil

Informação de quarta capa: 
Les rapports du capitalisme avec le système politique, ainsi que l’impact du processus de modernisation économique sur le régime de pouvoir, passant ou non par des bouleversements révolutionnaires, constituent quelques uns des thèmes majeurs de la sociologie historique comparée. Ce long essai sur les révolutions bourgeoises classiques et leur rôle dans l’itinéraire plus ou moins réussi de certaines sociétés vers des formes plus avancées du régime démocratique prend appui sur les traditions marxiste et wébérienne de la théorie sociale pour essayer d’en déceler des expériences similaires, ou comparables, dans le cas brésilien. Le Brésil, en dépit de son processus plus ou moins avancé de modernisation capitaliste et du dépassement de ses épisodes autoritaires, hélas trop fréquents au cours du XXème siècle, reste une économie insuffisamment capitaliste et son système politique possède des nombreuses insuffisances. Cela se doit-il à que le pays n’a pas connu une véritable révolution bourgeoise, capable d’affermir un régime démocratique fonctionnel ? Ce livre fait le parcours de ces questions, appuyée sur une bibliographie représentative de l’état de l’art en sociologie historique. 

SOMMAIRE DU LIVRE 

Avant-Propos :
Capitalisme et démocratie au Brésil, à trente ans de distance , 15

1.    Introduction, 39

Première Partie
THÉORIE ET PRATIQUE DE LA
RÉVOLUTION BOURGEOISE

2.    La carrière d’un concept, 53
3.    Théorie de la Révolution Bourgeoise,  66
4.    La modernisation capitaliste, 91
5.    Classe et Pouvoir, 107
6.    Pratique de la Révolution Bourgeoise, 137
7.    Bourgeoisie et révolution dans la pratique historique et dans
       la théorie sociologique , 191

Deuxième Partie
LA REVOLUTION BOURGEOISE AU BRÉSIL:
MYTHE ET REALITÉ

8.    Les bases de la Révolution Bourgeoise au Brésil , 213
9.    La transition au capitalisme 241
10.  Différenciation sociale et crise des élites, 255
11.  Caractère de la rupture278
12.  L’État et les classes sociales 302
13.  Démocratie et autocratie dans le capitalisme, 334
14.  Bourgeoisie et démocratie: réalité historique et mythe sociologique, 361

       Bibliographie , 379

Este é apenas o sumário; depois vou colocar o índice completo no meu site.
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 12 de setembro de 2015

Venezuela: um silencio ensurdecedor...

Uma postagem completamente vazia, sem palavras, sem matéria, sem comentários.
Comentar o quê?
O silêncio?
Continuo aguardando...

Aqui o Brasil ideal dos companheiros: um curral eleitoral quase norte-coreano...

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE POTIRETAMA ?
http://img3.mundi.com.br/images/Potiretama-photo439493-5.jpg
Potiretama é um município cearense a 280 quilômetros de Fortaleza, com 6.129 habitantes, dos quais 1.250 são beneficiários do Bolsa Família.
 Seu IDH –conforme dados de 2010 é 0,604, o que leva o município a ocupar o 125º lugar no Ceará e o 4.055º no Brasil.
 Potiretama não tem sequer um hospital ou mesmo escolas com um mínimo de qualidade!!
 Falta até água, bastando dizer que no prédio da Prefeitura, sede da maior autoridade municipal, falta água até mesmo para lavar as mãos!
Você imagina qual é a maior economia de Potiretama? O Bolsa Família.
 Quer saber o que tal programa BOLSA FAMILIA produz com invulgar competência? Ócio, vagabundagem e VOTOS.
 Em 2010 uma empresa de Mossoró instalou no município uma unidade industrial para processamento de castanha de caju.
 A Prefeitura, então, criou uma cooperativa para disciplinar a atividade dos trabalhadores, mas a empresa, que começara com 130 funcionários, só durou três meses. Motivo? Falta de mão de obra!
 Será que os 6 mil habitantes estavam todos empregados? Não,trabalhar para que se recebem tudo de graça, com os nossos altissimos Impostos pagos regiamente.
 Quanto aos votos, nas recentes eleições presidenciais a candidata Dilma Rousseff recebeu 92% dos votos, cabendo ao outro candidato os restantes 8%.
 Em números absolutos, dos 3.816 eleitores que manifestaram sua vontade nas urnas, 3.511 optaram pela permanência da senhora Dilma Rousseff como presidente, mostrando que o programa não é um mero CABO Eleitoral.
 Em verdade é muito mais. É, isto sim, um "GENERAL" Eleitoral, é como alimentar porcos e galinhas, que esperam todo dia seu alimento sem nada produzirem!...
Potiretama não deixa margem a dúvida... não deixa pessoa alguma mentir.

Republica Elitista do Brasil, ou Imperio Aristocratico dos Privilegiados? 20 mil tem foro especial

22 mil pessoas têm foro privilegiado no Brasil, aponta Lava Jato
Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt
Blog Estadão, 20 Maio 2015 | 06h00min

Procurador que coordena investigação sobre corrupção na Petrobrás alerta que número de autoridades com o benefício ‘está fora do padrão internacional’

Na semana em que os primeiros políticos foram para o banco dos réus na Justiça Federal, acusados no maior escândalo de desvios e propina do País, em contratos da Petrobrás, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato atacaram a existência de 22 mil pessoas com o chamado foro privilegiado no País e defenderam publicamente “reformas estruturais e sistêmicas” contra a corrupção e a impunidade.

“Nós precisamos de uma reforma política, nós precisamos da aprovação de medidas contra a corrupção e a impunidade”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos que coordenam os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

“A sociedade, nós todos, precisamos esperar e cobrar isso dos nossos representantes e daqueles que pessoas que têm poder para promover reformas estruturais e sistêmicas.”

Segundo ele, o número elevado de pessoas com direito a foro especial por prerrogativa de função é um entrave ao sistema brasileiro de combate à corrupção e à impunidade.
“Hoje temos mais de 20 mil pessoas com prerrogativa de foro no Brasil, o que é algo que escapa a qualquer sombra de padrão internacional”, afirmou Dallagnol.

Pela Constituição do Brasil, presidente da República, ministros, todos os parlamentares, prefeitos e até membros do Ministério Público só podem ser julgados por cortes superiores.

“Existem poucos países, salvo engano três, no mundo que têm foro por prerrogativa de função para todos parlamentares de um modo tão extenso.”

O procurador destacou que em uma “República todos devem ser iguais”. “A exceção é a diferença. A exceção é alguém ser processado perante um foro especial. E quando passamos de 22 mil pessoas, fugimos de um parâmetro excepcional”, argumentou o procurador.

Dallagnol afirmou que a Procuradoria não pretende avançar sobre assuntos do Legislativo. “O Ministério Público Federal não ingressou como instituição em propostas no tocante a reforma política. Esse é um uso próprio do Poder Legislativo.”

Ele citou ainda que a Associação Nacional dos Procuradores da República já fez no início do ano 10 propostas contra a corrupção e a impunidade no País, com base da “atuação diária” do órgão.

“Nós preferimos, o Ministério Público Federal, oferecer medidas que dizem respeito diretamente a nossa atuação em relação a assuntos que conhecemos profundamente e que os manuais e textos sobre corrupção dizem que podem ter um impacto direto nos níveis de corrupção.”

Dallagnol lembrou ainda existem vários projetos em discussão sobre o fim do foro especial no Brasil.

Na prática. Com 28 ações penais em curso, mais de 140 inquéritos abertos, 70 mandados de prisão e 200 de busca e apreensão cumpridas, a força-tarefa da Lava Jato instrui apenas os casos em primeira instância.

As críticas ao foro especial da força-tarefa da Lava Jato foram feitas dentro da nova etapa das investigações – pela equipe de nove procuradores que trabalha baseada em Curitiba – iniciada esta semana com a abertura das três primeiras ações penais envolvendo políticos.

Viraram réus nesses processos, por corrupção e lavagem de dinheiro, os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (ex-PP) e Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD).

No caso de alvos como foro privilegiado, como políticos e agentes públicos como ministros, eles são investigados nos inquéritos recém abertos pela Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) – instância máxima do Judiciário brasileiro – julgar esses processos, caso sejam abertos. Com os inquéritos ainda em fase inicial, a Polícia Federal vai levantar dados ainda para que a PGR decida se apresentará denuncia formal. Só então os ministros decidirão se haverá ação penal.

“Os tribunais superiores não têm o perfil operacional para processar pessoas com prerrogativa de foro de modo célere e efetivo”, opinou o procurador da Lava Jato.

Segundo ele, o processo do mensalão – iniciado em 2006 e julgado em 2013 – foi “um ponto fora da curva”. “A primeira condenação de pessoa com prerrogativa de foro pelo STF demorou mais de 100 anos para acontecer. Foi depois de 2010, salvo engano em 2011. A primeira execução foi 2013, 2014.”

Dallagnol, um dos integrantes do Ministério Público Federal que se especializou no combate à corrupção e aos crimes de colarinho branco, fez um comparativo entre Brasil e Estados Unidos.

“Enquanto a Suprema Corte americana julga aproximadamente 100 processos por ano, nossa Suprema Corte julga 100 mil processos por ano. O que mostra que não existem condições operacionais para que isso seja processado em uma Corte tão especial. (O STF) Deveria ser reservado para assuntos mais restritos.”

Políticos. Deflagrada em sua fase ostensiva em março de 2014, nesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos em primeira instância da Lava Jato – abriu as primeiras três ações penais contra quatro ex-deputados (que perderam o direito ao chamado foro privilegiado).

Com crimes como desvios de recursos por meio de funcionários fantasma no Congresso, cobrança de pedágio do salário de assessor parlamentar e uso de verba de deputado para recebimento de propina no esquema alvo da Lava Jato em voga nesses processos, Dallagnol afirmou que a nova etapa das apurações espera por respostas mais efetivas.

“Já passou mais de um ano da descoberta desse esquema criminoso e nenhuma medida institucional a altura foi adotada para combater a corrupção em termos de País”, afirmou Dallagnol.

Nos processos sem prerrogativa de foro, a Lava Jato já conseguiu 15 delatores que confessaram que a partir de 2004 institui-se na Petrobrás um esquema de arrecadação de 1% a 5% em contratos que eram fatiados entre 16 empreiteiras do cartel. Isso mediante acerto com diretores da estatal indicados pelo PT, PMDB e PP. Em um ano, a força-tarefa da Lava Jato chegou-se a R$ 6 bilhões em propinas.

“Nos mantemos crentes na mudança do sistema, de que ela virá, e com uma grande expectativa de que isso venha a acontecer. Nós apostamos nisso, nós confiamos, e aquilo que a gente puder fazer para contribuir com a mudança do sistema para que esse País seja livre de corrupção e da impunidade nós faremos, assim como temos certeza que a sociedade fará também”, concluiu o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Economia brasileira: desastrosa nos indicadores, catastrofica na credibilidade - Fabio Alves (OESP)

Levy e Dilma, dois perdidos em alto-mar

Fábio Alves

Blog Estadão, 11/09/2015, 12:10 1

Dilma teve a proeza de causar um enorme prejuízo à reputação e credibilidade de Joaquim Levy

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters


Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A cena mostrada no Jornal Nacional ontem à noite resume bem a que ponto chegou o desalento do mercado em relação à equipe econômica e ao governo Dilma Rousseff:

Na reportagem sobre o dia seguinte à notícia do rebaixamento da nota de risco soberano do Brasil, o repórter mostra os “traders”, na mesa de operação de uma instituição financeira, apáticos e ociosos por mais de 30 minutos – em plena sessão de negócios – à espera da entrevista do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que falaria após a teleconferência dada pela Standard & Poor’s (S&P) para explicar as razões do “downgrade”.

As cotações, que até então estavam sem sinal de vida, começaram a cair fortemente no momento em que Levy começou a entrevista e não falou nada de substancial.

O mercado esperava informações concretas sobre o corte de gastos que a presidente Dilma ordenou na reunião de coordenação política com seus ministros ainda no calor do impacto político e econômico do rebaixamento.

E de concreto, apenas o pedido do ministro Levy para que o brasileiro pagasse “um pouquinho mais de impostos” para que o País volte a crescer e a ser visto como mais forte.

Restou a Levy implorar por dinheiro como estratégia.

O que preocupa da reação do governo à surpresa da perda do grau de investimento e da manutenção da perspectiva negativa da nota é a sensação de que a presidente e sua equipe de ministros parecem tripulantes atordoados de um barco pesqueiro em meio a uma tempestade inesperada em alto-mar.

Todos correm de um lado a outro, tentando conter a água que entra na embarcação ao tapar buracos que deviam ter sido remendados antes de se lançarem ao alto mar.

Por que precisou da decisão da S&P para a presidente tentar agir com mais veemência para cortar gastos?

E que gastos ela poderá cortar agora, já que redução estrutural de despesas depende do Congresso?

O trabalho de remendos na embarcação deveria ter sido feito desde o início do seu segundo mandato.

Mas não.

Dilma titubeou e recuou várias vezes – quer seja por pressão do PT e do ex-presidente Lula, quer seja por seu DNA ideológico – na sua promessa de ajuste macroeconômico quando nomeou Joaquim Levy para suceder Guido Mantega.

A proposta de Orçamento para 2016 foi um dos processos mais desastrados do seu governo, tanto que a S&P decidiu seguir adiante com a perspectiva negativa dada em julho e rebaixar a nota brasileira quando a agência de rating teria ainda vários meses para tomar essa decisão.

Dilma teve a proeza de causar um enorme prejuízo à reputação e credibilidade de Joaquim Levy.

Nesse caso, como muitos interlocutores desta coluna já se expressaram em conversas reservadas, o próprio Levy se colocou nessa posição de falar e fazer os preços dos ativos despencarem, ao aquiescer com uma presidente que lhe impôs várias derrotas.

A imagem mostrada pelo Jornal Nacional mostra que Levy caminha para produzir reações no mercado semelhantes a de Mantega, ora visto com estupefação pelas projeções irrealistas, ora visto com desdém pela falta de credibilidade da sua política econômica.

Olhando para frente, é problemático ver que Dilma, Levy e o resto do governo parecem não ter em mãos qualquer plano mais substancial de médio prazo para tentar recuperar a confiança de empresários, consumidores e investidores e retirar a economia brasileira da espiral recessiva que se agrava.

A sensação é de que tudo é dito e feito no calor do noticiário do dia.

Que Dilma, Levy e o resto do governo tentam apagar o incêndio da hora.

Por incrível que pareça, apenas o Banco Central mantém metas e objetivos de médio prazo, sinalizando uma política monetária como deveria fazer qualquer BC – se o mercado confere a essa sinalização credibilidade desejada é outra história.

Mas o BC, ao menos, tem um plano a seguir: fazer a inflação convergir para a meta até o fim de 2016.

Se comparado com o que o restante da equipe econômica e a presidente Dilma têm feito e dito nas últimas semanas, um plano a seguir – mesmo que sofrendo algum grau de desconfiança quanto às suas metas – é melhor do que ações e declarações improvisadas e que podem mudar em questão de dias.

History of Recent Economics Conference, São Paulo, March 2016

CFP: History of Recent Economics Conference University of São Paulo, Brazil – March, 14-15 2016

History of Recent Economics Conference

University of São Paulo, Brazil – March, 14-15 2016

Call for Contributions by Young Scholars

The tenth History of Recent Economics Conference (HISRECO) will be held at the University of São Paulo on March 14-15, 2016. HISRECO, which was launched in 2007 by an organizing committee comprised of Roger Backhouse, Philippe Fontaine and Tiago Mata, brings together researchers from various disciplines to study the history of economics in the postwar period. It is the organizers’ belief that this period, which witnessed crucial changes that helped establish economics as one of the dominant discourses in contemporary society, is worth studying for its own sake. The increasing availability of archival materials, along with the development of new methods inherited from the larger history and sociology of knowledge, have helped produce insightful contextual histories of the development of recent economic ideas. In particular, this topic offers good opportunities to young scholars, either in economics, history, or STS departments, who are interested in interdisciplinary approaches to the history of economics.

This is why the History of Economics Society (HES), as part of its New Initiatives program, is sponsoring a small number of young scholars who would like to participate in the next HISRECO conference, and we are trying to secure additional funds for young scholars, who will have their travel, accommodation and meal expenses covered. Accordingly, we invite all PhD students as well as researchers in all relevant fields who have obtained their PhD over the past two years (from July 2013 to September 2015) to submit by email a paper proposal of no more than 500 words (as a pdf file, containing your current affiliation and the university and year of your PhD, if this is the case) to Pedro Duarte (pgduarte [AT] usp [DOT] br) by September 30th, 2015. Selected participants will be informed by October 26th, 2015.

For those who want to know more about HISRECO, a list of past conferences and contributors can be found at http://www.hisreco.org.

Yann Giraud, on behalf of the organizing committee, which is comprised of Pedro Duarte (University of São Paulo) and Yann Giraud (University of Cergy-Pontoise). 

Contact Email: 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Academia.edu: os trabalhos mais vistos de Paulo Roberto de Almeida

Acessando a plataforma para uploadar (ugh!) mais um texto, aproveitei para visitar brevemente as estatísticas de acesso e visualização de trabalhos meus depositados (parece que é o termo, embora eu não goste) no Academia.edu.
Trata-se de um retrato arbitrário do que vai pela cabeça dos navegadores.
Paulo Roberto de Almeida 

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Venezuela: o desrespeito aos principios democraticos se aprofunda: o que faz o Mercosul?

Seria interessante ler uma nota a esse respeito da Unasul (uma criação da diplomacia brasileira), uma outra nota do Mercosul, uma outra criação do governo brasileiro (e parece que a Venezuela faz parte do Mercosul, ou estou enganado?), e mais algumas notas de quem sempre expede muitas notas, a respeito dos assuntos mais anódinos, ou importantes (também cabe). Se trata de uma simples questão de dignidade, de respeito aos direitos humanos, da mais elementar adesão aos princípios democráticos. Ou tudo isso não vale nada. Ou a tal de "plena vigência das instituições democráticas" só vale para determinadas ocasiões? Com a palavra os que sempre falam...
Paulo Roberto de Almeida 

Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, leu uma mensagem enviada por ele na Praça José Martí, em Caracas, há pouco. O líder da oposição, condenado por Nicolás Maduro a quase 14 anos de prisão, convocou os venezuelanos às ruas no dia 19 de setembro.
Leiam o texto (em espanhol):

"No espero que mis cadenas sean removidas por la dictadura. Por eso, los convoco a que, desde hoy, con mis hermanos de la Unidad, salgamos el sábado 19 de septiembre a tomar las calles en paz y en democracia, bajo estricta disciplina no violenta y vestidos de blanco, junto a nuestros candidatos de la Unidad. Que el próximo sábado se convierta en el inicio del cambio del 6 de diciembre.
Venezuela quiere cambio, quiere voto, quiere calle. Sí se puede. Fuerza y fe.
Nunca me voy a cansar de luchar por Venezuela.
Hace más de 1 año, dije que la élite corrupta que gobierna Venezuela había ordenado meterme preso, con la intención de que yo abanadonara el país. No dudé en dar un paso enfrente, para enfrentar a esta dictadura en un juicio infame.
Hoy, cuando he sido condenado, por la infamia y la mentira sin escrúpulos, les digo que no me arrepiento de la decisión que tomé. Porque las grandes causas ameritan grandes sacrificios.
Estoy convencido de la bondad de nuestra causa, que no es otra que la liberación de todo un pueblo que hoy sufre las consecuencias de un modelo fracasado. Una causa justa y democrática, que busca un país de paz, bienestar y progreso; una causa humana, que busca que todos los derechos sean para todas las personas. Una causa moral, que nos obliga a estar de lado de las víctimas y no de los victimarios.
Esta sentencia no es solo en mi contra, sino contra todos aquellos quienes luchamos por un mejor país. Nadie está más tentando a caer en la frustración que yo, pero les confieso que estoy más fuerte que nunca y decidido a levantarme una y otra vez hasta lograr pacíficamente el cambio que requiere nuestro país.
Por eso, el único acto de solidaridad que pido ante mi sentencia es que no se rindan, porque, como una vez dijo Ghandi: los caminos de la verdad y el amor siempre han triunfado.
El 6 de diciembre tenemos una excelente oportunidad para quitarle el poder a quienes hoy lo tienen. Con revire democrático, salgamos a expresarnos en las urnas.
Finalmente, a mi amada esposa: dale a nuestros hijos un mensaje muy especial. Van a escuchar de boca de algunos que su papi es culpable, que estará preso unos años más. No es cierto. Hoy su papá es más libre que nunca. Mi alma, mis ideas, mi amor por ustedes vuela alto, vuela muy alto, en el cielo de nuestra hermosa Venezuela. Estoy aquí y no me iré, no podrán separarnos.
Muy pronto, juntos, viviremos en la mejor Venezuela, donde reiremos, jugaremos y cantaremos sin sentir miedo.
En estos momentos difíciles, recuerdo a Luther King: Hagas lo que hagas, tienes que salir hacia adelante. Venezuela saldrá adelante. Yo les juro que vamos a vencer".


Lilian Tintori lê carta de Leopoldo López na praça José Martí, em Caracas:
"No espero que mis cadenas sean removidas por la dictadura"


Recordacoes de um 11 de Setembro: impossivel esquecer - Paulo Roberto de Almeida


Recordações de um 11 de Setembro: impossível esquecer

Paulo Roberto de Almeida

Todos os americanos, ou praticamente todos, sabem o que estavam exatamente fazendo na manhã do dia 11 de setembro de 2001, quando o primeiro avião, e depois o segundo, foram lançados contra as duas torres gêmeas do World Trade Center, em Manhattan, New York. Todos sabem porque a vida parou naquele instante, e os Estados Unidos, o mundo, nunca mais foram os mesmos. Todos se recordam o que estavam fazendo quando sua atenção foi chamada, na rádio ou na televisão, pelas primeiras imagens do fogo e fumaça saindo das duas torres, e o pânico instantaneamente criado. Todos se recordam, pois que seria impossível não tomar conhecimento, e mesmo hoje, catorze anos depois, é impossível esquecer o que houve, o que estávamos fazendo, o que fizemos em seguida, o que pensamos naquele momento, o que pensamos depois, como reagimos, e como passamos a viver a partir de então, com um pouco de medo, e uma imensa tristeza pela dimensão da tragédia humana, e pelo choque político então criados, e que nunca mais se desfizeram. Todos se recordam, todos se lembram.
Eu me lembro exatamente do que estava fazendo naquela manhã ensolarada, tendo saído de carro, com Pedro Paulo ao lado, para deixa-lo na Universidade de Maryland, em College Park, onde ele cursava arquitetura, para depois voltar a Washington, DC, onde iria direto para a Embaixada do Brasil, na Massachusetts Avenue. Como sempre faço, estava conectado na National Public Radio, ou alguma outra rádio, mas sempre em um programa de notícias, e o mais provável é que fosse a NPR. Tínhamos recém saído de nosso apartamento no norte da Virgínia, bem perto do Aeroporto de Alexandria, e atravessávamos a ponte da 495, que entra em DC, antes de se dirigir a Maryland.
No meio da ponte, o radialista anunciou que um avião havia acabado de se chocar com um prédio em Nova York, e se imaginava naqueles primeiros momentos que pudesse ser algum acidente involuntário, algum erro de pilotagem ou algo do gênero. Eu me lembro de ter comentado com Pedro Paulo: “Não, isso não me parece acidente”, e imediatamente pensei no terrorismo islâmico, pois já estávamos há muito tempo com o Al Qaeda no Afeganistão, sob abrigo dos talibãs. Ficamos sintonizados na rádio, mas continuando em nossa rota, quando a notícia fatídica pipocou novamente na rádio: um segundo avião havia se chocado contra o que já era identificado como a segunda torre gêmea do World Trade Center. Não havia mais dúvida possível: era um ataque terrorista. No intervalo já tínhamos telefonado para Carmen Lícia, para que ela ligasse na CNN, para acompanhar a história. Dessa parte eu não me lembro se consegui falar com ela imediatamente, ou depois, em todo caso, ainda no carro, a caminho da Universidade de Maryland.
Mais alguns minutos, outra fatalidade: um ataque tinha sido feito nas imediações de nosso apartamento, na Virgínia do norte, muito perto de Washington. Carmen Lícia disse, depois, que os vidros do nosso apartamento tremeram, no momento do choque, mas ela não sabia o que era, até tomar conhecimento do terrível ataque ao Pentágono, pelos imensos rolos de fumo que começaram a se elevar, e ficaram imediatamente visíveis da janela do nosso apartamento. O cheiro de incêndio se tornou perceptível, e as sirenas começaram a emitir seus sons lancinantes de todos os lados. E todos os meios de comunicação ficaram absolutamente focados nos dois acidentes, nos dois atentados, nas duas grandes cidades americanas. Não se sabia ainda do quarto avião, que caiu na Pensilvânia, notícia que veio um pouco mais tarde, mas ainda nessa mesma manhã.
Nessa altura, eu já havia deixado Pedro Paulo na universidade, recomendado que não saísse até eu vir novamente busca-lo, mas que provavelmente eles não teriam aula nesse dia. Corri, ou voei, para a Embaixada, liguei a TV e telefonei para casa. Carmen Lícia estava falando com sua mãe, em Porto Alegre. O mundo todo parou para acompanhar o incêndio nas torres gêmeas, e as imagens do Pentágono, imediatamente cercado pela segurança. Todos estávamos atônitos, quando uma das torres começou a cair, levantado aqueles rolos imensos de fumaça e poeira. Logo em seguida a outra. E o Pentágono ainda em chamas, o cheiro de queimado se espalhando paulatinamente pelos arredores, a despeito de toda a água e produtos químicos lançados pelos bombeiros. O cheiro persistiu durante praticamente três dias em casa. Impossível esquecer.
Todo o resto é história, e tudo o que se escreveu, tudo o que se disse, tudo o que se investigou e que se relatou, desde os primeiros dias, tudo isso apenas acrescenta sobre a memória das primeiras horas, daquele dia, daquelas imagens. Na verdade, nunca pudemos ver o Pentágono semidestruído: os militares cobriram o ponto de impacto e imensos painéis de madeira interditavam uma visão adequada daquele imenso prédio horroroso, de estilo stalinista, mas imponente. Assim foi. Impossível esquecer.

Hartford, 11 de setembro de 2015, 2 p.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

CEBRI (RJ): debate sobre a crise dos refugiados na Europa: 16 de setembro

Em 16 de setembro, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realizará um debate sobre a recente crise dos refugiados na Europa.
Nessa ocasião, duas pesquisadoras europeias apresentarão reflexões acerca das respostas políticas a esta crise humanitária.
Petra Reszkető, economista e pesquisadora sênior do Budapest Institute, falará sobre o caos na estação Keleti, em Budapeste, a resposta oficial do governo húngaro e a reação da opinião pública no país.
Radka Vicenová, cientista política e pesquisadora do Centre for European and North Atlantic Affairs, abordará a tentativa de coordenação política entre os diferentes governos nacionais europeus na resposta à crise dos refugiados.
O evento faz parte da iniciativa On Think Tanks Exchange, em que o CEBRI participa junto com outros dez think tanks internacionais.
http://cebri.org/evento/the-refugee-crisis-in-europe

Parcerias estrategicas na diplomacia brasileira: um relatorio de minoria - Paulo Roberto de Almeida

Meu artigo mais recente, recém publicado:


Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Revista Monções: Revista do Curso de Relações Internacionais da UFGD (vol. 4, n. 7, jan.-jun. 2015, pp. 113-129; ISSN: 2316-8323; dossiê sobre “As parcerias estratégicas na política externa brasileira contemporânea: um balanço necessário”; 
Relação de Originais n. 2832; Relação de Publicados n. 1192.

Sumário:
1. O que é estratégico numa parceria?
2. Quando o estratégico vira simplesmente tático
3. Parcerias são sempre assimétricas, estrategicamente desiguais
4. A experiência brasileira: parcerias ex-ante, frustração garantida
5. A proliferação e o abuso de uma relação não assumida
 

Resumo:  Ensaio analítico e opinativo deliberadamente contrário ao princípio e à aplicação das chamadas parcerias estratégicas, com exame da experiência brasileira nessa área nos últimos 15 anos. Depois de dissecar o fenômeno, bastante disseminado no período recente, de estabelecimento de parcerias estratégicas, o ensaio argumenta que elas possuem muito pouco de verdadeiramente estratégico, constituindo bem mais expedientes táticos empregados por Estados para reforçarem a defesa e a promoção de seus interesses nacionais exclusivos na cena internacional. Geralmente de cunho bilateral, uma parceria estratégica não corrige nenhuma das diferenças ou assimetrias estruturais que necessariamente existem entre os parceiros. São repertoriados os casos mais comuns da interface brasileira nessa área, constatando-se o mero caráter ideológico do empreendimento.


Introdução: o que é um relatório de minoria?
Dá-se o nome de “relatório de minoria” nos casos em que um ou mais membros de uma comissão governamental qualquer, convocada oficialmente para apresentar um diagnóstico sobre uma questão de interesse público, divergem das conclusões gerais ou das recomendações formuladas pela maioria dos membros dessa comissão. Havendo previsão para tal nas regras de procedimento, o dissidente, mas também, eventualmente, alguns outros membros que os acompanham apenas parcialmente, podem, se assim for acordado, assinar um relatório de minoria, dando conta de suas próprias conclusões, as razões que os fizeram opor-se ao relatório da maioria, e propor, se for o caso, suas próprias recomendações a respeito da questão que motivou a formação da comissão em causa. O relatório de minoria também é levado ao conhecimento da autoridade que encomendou o trabalho à comissão – geralmente independente, ou integrando membros sem qualquer vínculo com o governo em questão – que poderá, ou  não, levar em consideração tais opiniões dissidentes.
Tais situações são muito comuns nos governos parlamentares, ou de forte atuação congressual, quando os partidos hegemônicos ou as coalizões formadas no âmbito do Legislativo assentem em abrir a discussão da questão a um amplo leque de opiniões. Elas são menos frequentes nos regimes estreitamente presidencialistas, e provavelmente nas instituições privadas, que preferem atribuir um mandato executivo a um grupo determinado que possui latitude analítica e de formulação de sugestões, mas são mais rígidos quanto às regras de procedimento. No caso de instituições fortemente hierarquizadas – a exemplo das militares, do Vaticano, ou, para ficar num caso mais próximo, o do Itamaraty, no Brasil – essa possibilidade praticamente inexiste, em função de alguns pressupostos dogmáticos, para não dizer que a própria formação de comissões independentes para analisar uma questão qualquer e oferecer sugestões de medidas pertinentes é um evento raro no plano da organização e do seu processo decisório. Empresas privadas, por sua vez, são eminentemente práticas e objetivas, não tendo de prestar contas senão a seus dirigentes e acionistas majoritários, o que limita bastante, senão inviabiliza, não só comissões desse tipo, mas também relatórios de minoria: o que se pretende é oferecer soluções rápidas a problemas práticos, não fazer algum exame de consciência sobre escolhas políticas transcendentes.
Em relação ao tema das parcerias estratégicas na política externa brasileira, mesmo não considerando nenhuma avaliação de tipo executivo ou governamental, é de se presumir que o tema recolha não só a adesão da maior parte dos funcionários de Estado encarregados da área – ou seja, os diplomatas e seus chefes políticos – mas também a concordância da parte dos analistas acadêmicos quando à sua importância, e até mesmo a sua necessidade. É de se presumir, portanto, que qualquer balanço que se faça sobre as parcerias estratégicas estabelecidas pelo governo brasileiro nos últimos dez ou quinze anos, tenderá a considerar essa possibilidade de atuação no plano externo não apenas como uma necessidade objetiva da atuação diplomática do Brasil, como também um recurso de configuração eminentemente positiva nesse tipo de cenário de atuação estatal na frente externa.
O que se pretende apresentar aqui, no entanto, é um “relatório de minoria” a respeito da questão, tanto no plano puramente conceitual, quanto no de sua aplicação prática na política externa brasileira desse período. O autor tem nitidamente consciência de que suas posições são perfeitamente minoritárias, para não dizer claramente dissidentes, do mainstream prevalecente tanto no ambiente funcional da diplomacia brasileira, quanto nos meios acadêmicos. O ensaio assume assim um caráter mais opinativo do que propriamente expositivo ou analítico, uma vez que pretende focar sobre os fundamentos das escolhas feitas bem como suas modalidades operacionais, ao mesmo tempo em que considera exemplos retirados a experiência brasileira recente. Como indica o seu  título, a postura é claramente contrária não apenas ao princípio subjacente à tal tipo de atuação diplomática, em geral, como especificamente às escolhas feitas pela diplomacia brasileira desde 2003.

1. O que é estratégico numa parceria?
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Leiam a íntegra neste link: 
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/moncoes/article/view/4134/2265
ou  na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/15582734/2832_Contra_as_parcerias_estrategicas_um_relatorio_de_minoria_2015_)