quarta-feira, 7 de junho de 2017

PT: o crime institucionalizado (um post de 2016, ainda mais grave hoje)

EX-DIRETOR DA INTERPOL SUGERE TRANSFORMAR LAVA JATO EM DIVISÃO FIXA DA PF
EX-INTERPOL DEFENDE QUE OPERAÇÃO VIRE ÓRGÃO PERMANENTE
Diário do Poder, 19 de outubro de 2016
Elijonas Maia
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terça-feira, 6 de junho de 2017

Por uma Venezuela novamente democratica - Aloysio Nunes


 
Defendemos o respeito aos princípios democráticos para que o povo venezuelano possa voltar a ser senhor do próprio destino.
Participei, no dia 31, da 29.ª Reunião dos Ministros das Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos (OEA), convocada para tratar da crise política e humanitária na Venezuela.
O que motivou a Reunião de Chanceleres foi a constatação de que o estado democrático de direito deixou de vigorar na Venezuela.
O que vemos diariamente naquele país é a arbitrariedade de um governo que cerceia as liberdades fundamentais de seus cidadãos, destrói a independência do Judiciário, ignora a voz do Legislativo, sufoca a oposição e se nega a organizar eleições. 
Prisioneiros políticos e de consciência lotam os porões do regime. O saldo crescente de mortos e feridos, resultante dos confrontos entre oposicionistas e forças governamentais nas ruas, é um verdadeiro escândalo em uma região que fez uma escolha decidida pela paz, pela democracia, pelos direitos humanos e pela busca do desenvolvimento.
Podemos ter opiniões diversas, do ponto de vista político ou ideológico, sobre o governo venezuelano, mas o fato inegável é que, a cada dia, aumenta o número de cidadãos venezuelanos vitimados por uma impiedosa repressão governamental. Até quando isso vai continuar?
Não podemos deixar o povo venezuelano desamparado. Nosso continente já sofreu demais o flagelo do autoritarismo, por isso qualquer ameaça de retrocesso nos toca profundamente e exige nossa ação.
O governo brasileiro está firmemente comprometido com a criação das condições para uma saída política e pacífica para a Venezuela, que deve ser encontrada pelos próprios venezuelanos com o apoio e a facilitação de um grupo representativo de países e da OEA.
Entre os países-membros da OEA, há reconhecimento generalizado da gravidade da crise, da urgência de um fim imediato para a violência e da necessidade de um diálogo efetivo, real, entre o governo e a oposição, com vistas à definição de um cronograma de transição política pacífica.
O grupo de países composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Paraguai, Panamá, Peru e Uruguai já apresentou uma proposta sólida para avançar nesse sentido.
Preocupa-nos, em especial, a convocação pelo governo venezuelano de uma Assembleia Constituinte segundo procedimento que está à revelia do princípio do sufrágio universal inscrito na própria Constituição bolivariana.
Trata-se de medida que, além de alijar ainda mais o Poder Legislativo legítimo, provocará seguramente, se não for revertida, a radicalização cada vez maior da crise política e o alastramento da violência.
Estamos trabalhando com os países caribenhos da OEA para aproximar a proposta deles da nossa e, assim, fortalecer nossa atuação conjunta em defesa da democracia e da paz na Venezuela. A Reunião de Chanceleres em Washington demonstrou que estamos unidos no firme propósito de ajudar os venezuelanos a alcançar uma solução para a crise o mais rápido possível.
Não posso deixar de enfatizar a trágica dimensão humanitária da crise. Milhares de cidadãos venezuelanos atravessam todos os dias a fronteira com o Brasil. Vêm ao nosso País compelidos pela escassez na Venezuela de gêneros indispensáveis à sobrevivência.
O governo da Venezuela não pode restringir mais a entrada no país e a distribuição, sem discriminações, de alimentos e medicamentos para socorrer sua população.
A crise humanitária é consequência direta da privação de direitos sofrida pelos venezuelanos. Defendemos o respeito aos princípios democráticos para que o povo da Venezuela possa voltar a ser senhor do próprio destino. A soberania e a autodeterminação na Venezuela precisam emanar de um povo capaz de participar ativamente da vida da nação, em ambiente democrático verdadeiramente livre. Somente na democracia é possível trilhar o caminho da paz social e da prosperidade, que é o que nós brasileiros desejamos aos irmãos venezuelanos.

A mafia na Italia, de 1945 aos nossos dias (e no Brasil?) - conferencia no Uniceub

Infelizmente não vou estar em Brasília, para assistir, mas fica o registro para quem puder ir:

CONVITE: 

HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DO FENÔMENO MAFIOSO EM ITÁLIA DE 1945 ATÉ HOJE 

23/6/2017 DAS 14H ÀS 20H, UNICEUB


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Uma Grande Estrategia para o Brasil, gaining traction, segundo o Academia.edu

Hi Paulo Roberto, 
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction. 
Total views since upload: 
You got 49 views from Brazil, Ecuador, Italy, Namibia, Japan, the United States, Paraguay, Mozambique, and China on "Uma grande estrategia para o Brasil". 
Thanks,
The Academia.edu Team

domingo, 4 de junho de 2017

Pagina12 (Argentina) adere à demagogia barata do "Diplomacia e Democracia"

Pagina12, que já foi um brilhante jornal de oposição ao menemismo, mas que se rendeu (ou foi rendido), e em seguida se vendeu, ao kirchnerismo, ataca o Brasil e a diplomacia brasileira da maneira mais patética e vergonhosa que existe: inventando fatos, onde esses fatos não existem, deformando todo o sentido das recentes manifestações violentas de oposição ao presente governo brasileiro, construindo uma narrativa sobre a atual crise política que é nitidamente fantasiosa, e que fantasia ainda mais ao dizer que "cem diplomatas" brasileiros rechaçam a política externa e a própria governança da administração em vigor.
A matéria é, portanto, inútil, seja no terreno dos fatos, seja no da análise, uma bobagem completa e, sobretudo, uma coleção de mentiras deliberadas com intenções claramente político-partidárias.
Mas, sob um aspecto, ela é útil: ao revelar, e confirmar, que o dito manifesto "Diplomacia e Democracia" constitui, na verdade, uma montagem político-partidária destinada justamente a dar essa impressão: a de que o atual governo de transição consegue "ter o repúdio até mesmo de diplomatas", que seriam, supostamente, os seres mais preclaros do Brasil.
Essa é, de fato, a finalidade daquela peça mal escrita, deformada, enviesada, que foi ingenuamente assinada por jovens diplomatas e por oficiais de chancelaria, que se não são petistas, são simpáticos a certas teses defendidas pelos mais corruptos militantes políticos jamais conhecidos no Brasil, apoiadores da quadrilha mafiosa (o que pode ser uma redundância, mas neste caso não) que assaltou o Brasil e os brasileiros entre 2003 e 2016 (vários ainda continuam assaltando, pois a limpeza ainda não se completou).
Por isso mesmo lamento, como já disse, que diplomatas e outros servidores ingênuos tenham aderido a essa peça viciosa, viciada, tortuosa e torturada pela mentira e pela dissimulação, pois eles estão sustentando a causa dos que afundaram o Brasil, dos que roubaram descaradamente os brasileiros, e que agora, sob cobertura dissimulada de "diálogo e pacificação", só querem escapar da cadeia, onde deveriam apodrecer por todos os crimes cometidos contra o Brasil.
Como sempre, assino embaixo do que penso, declaro, escrevo e registro.
Paulo Roberto de Almeida

Pagina12 (Argentina), 03 de junio de 2017
Más de cien representantes brasileños criticaron la represión en su país
Protesta de diplomáticos democráticos
Desde Brasilia


Policías reprimen a manifestantes en Brasilia el 24 de mayo. 
 
Luego de haber sido censurado por Naciones Unidas y la OEA debido a la represión de los participantes en una protesta que exigió su renuncia, el  presidente Michel Temer fue criticado por más de cien diplomáticos de carrera a través de una carta titulada “Diplomacia y Democracia”.
El manifiesto criticó “el uso de la fuerza para reprimir” repitiendo advertencias de la ONU y la OEA. El texto parece confirmar que la agresividad de la policía no se compadeció con la conducta inofensiva del grueso de los indignados.
Luego de haber sido censurado por Naciones Unidas y la OEA debido a la represión de los participantes en una protesta que exigió su renuncia, el  presidente Michel Temer fue criticado por más de cien diplomáticos de carrera a través de una carta titulada “Diplomacia y Democracia”.
En ese texto los cuadros del Servicio Exterior deploraron el ataque policial a los estimados en 150 mil manifestantes reunidos pacíficamente la semana pasada en Brasilia, cuyas avenidas fueron posteriormente patrulladas por las fuerzas armadas por orden del mandatario. Las pocas horas durante las cuales la Capital Federal estuvo ocupada por el Ejército y la Marina indicaron un punto de inflexión: el régimen anómalo surgido del golpe contra Dilma Rousseff el 12 de mayo de 2016 ingresó, el 24 de mayo de 2017, en una fase de militarización que puede agravarse si la indignación popular sigue creciendo en futuras movilizaciones o si los sindicatos convocan a un nueva huelga general tras la realizada en abril, que fue la primera en 21 años.
El manifiesto de la clase diplomática, criticó “el uso de la fuerza para reprimir o inhibir manifestaciones” repitiendo la advertencia divulgada hace una semana por la ONU y la OEA. “Rechazamos cualquier restricción al libre ejercicio del derecho de manifestación pacífica y democrática (...) cabe al Estado garantizar la seguridad en las manifestaciones así como la integridad del patrimonio público, tomando en cuenta la proporcionalidad del uso de las fuerzas policiales”. En esa última frase los miembros del Palacio Itamaraty parecen confirmar que la agresividad de la policía no se compadeció con la conducta inofensiva del grueso de los indignados, mientras unos pocos autodenominados Black blocs lanzaban molotovs y destruían los portones vidriados de algunos ministerios.
Las sospechas de que los activistas más exaltados no eran realmente activistas fue manifestada el lunes pasado por la senadora Gleisi Hoffmann del Partido de los Trabajadores, en entrevista con este diario. “Fue una movilización realmente muy importante que desde el gobierno quiso ser desnaturalizada con los incidentes de los supuestos Black blocs (..) , no llegué a ver  a los  supuestos Black blocs  pero todos los relatos indican que la policía fue pasiva con ellos y después enfrentó a la masa de manifestantes” dijo Hoffmann, que seguramente hoy será elegida presidenta del PT en el cierre del Sexto Congreso abierto el jueves por Luiz Inácio Lula da Silva. Ayer Hoffmann reiteró que su partido no acepta la realización de elecciones indirectas como las que impulsa el oficialismo y planteó que la salida de la crisis sólo llegará con “elecciones directas ya” en las que “pos supuesto Lula será nuestro candidato”. Esa consigna, “Directas Ya”, y “Fuera Temer”,  fueron la más repetidas en la marcha del miércoles 24 en Brasilia y el domingo pasado en el también multitudinario acto de protesta realizado en Río de Janeiro.
El documento “Diplomacia y Democracia” también refiere a la necesidad de convocar a elecciones cuando señala  “Reclamamos a la sociedad y en especial a sus líderes a renovar el compromiso democrático a través del diálogo constructivo (... a favor) de un nuevo ciclo de desarrollo legitimado por el voto popular”. Y en el pasaje más directo de la misiva los diplomáticos le recomiendan al presidente y los suyos que eviten caer en “tentaciones autoritarias”.
Reducido a la estatura de un casi tirano, el martes pasado Temer presumió, al hablar ante empresarios, de que no le temblará el pulso para movilizar a los militares cada vez que sea alterado el orden. Esa promesa fue, o intentó ser, una forma de garantizar  a inversores locales y extranjeros que permanecerá en el poder, incluso manu militare, y que serán aprobadas las reformas previsional y laboral.
En su  lectura imaginaria de la realidad Temer aún supone ser un presidente con alguna autoridad o legitimidad. Y desde esa idea falsa de su poder procura  recuperar el apoyo del capital nacional y transnacional ofreciéndoles el oro y el moro. Para eso envió a Washington al ministro de Relaciones Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que ayer  conversó con su homólogo Rex Tillerson precisamente cuando Donald Trump enfrenta el repudio unánime de la comunidad internacional por denunciar el Tratado de Paris sobre cambios climáticos .La cita de los cancilleres de Brasil y Estados Unidos más bien fue el encuentro de dos de los representantes de dos de los gobiernos más aislados del mundo.
En 13 meses al frente del Palacio del Planalto Temer conquistó el repudio de los gobiernos progresistas de la región y la indiferencia de los conservadores de todo el mundo. Brasilia se convirtió en una de las capitales latinoamericanas menos visitadas por líderes internacionales, y las pocas delegaciones que viajaron lo hicieron con reservas, como ocurrió con la misión de la Unión Europea que vino para criticar la exportación de carne brasileña en mal estado.
Algunos de los  firmantes del texto “Diplomacia y Democracia” expresaron su preocupación ante el desprestigio internacional que significa Temer. Esos funcionarios de carrera comentaron, a condición de anonimato, que se pueden “cerrar las puertas” del mundo hacia Brasil, y lamentaron la carta agresiva que Brasilia envió a la  OEA y la ONU, en respuesta a las críticas por la represión policial.





sábado, 3 de junho de 2017

Palocci prepara bomba contra o PT

O ex-ministro da Fazenda está negociando colaboração premiada com a Lava Jato para delatar Lula e diz que denunciará ao menos 20 empresas no o esquema de corrupção petista.

Crédito: AP Photo/Eraldo Peres
LÍNGUA SOLTA Palocci vai delatar como Lula movimentava propinas da Odebrecht (Crédito: AP Photo/Eraldo Peres)
Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, está preparando o roteiro da colaboração premiada que vai fazer nos próximos dias. Ele quer deixar a prisão em Curitiba, onde está desde setembro do ano passado e para isso compromete-se a delatar o ex-presidente Lula, que até recentemente era um dos seus maiores amigos. Vai entregar também esquemas de corrupção que envolviam a venda de Medidas Provisórias para bancos e grandes empresas brasileiras. Com o acordo proposto à Lava Jato, Palocci quer cumprir pena de somente um ano em prisão domiciliar. Uma punição levíssima, para um petista acusado de ter recebido R$ 128 milhões de propinas da Odebrecht para repasses ao PT. Além disso, o ex-ministro, identificado como “italiano” no departamento de propinas da Odebrecht, era o responsável por movimentar uma conta secreta da empreiteira em nome de Lula, que atendia pela alcunha de “amigo”, e que chegou a ter R$ 40 milhões à sua disposição.
Dinheiro vivo para Lula
O ex-ministro já confirmou aos procuradores da República de Curitiba que vai mesmo delatar Lula. Deve explicar as circunstâncias em que movimentou os R$ 40 milhões “destinados para atender as demandas” do ex-presidente, como revelou o empreiteiro Marcelo Odebrecht em depoimento ao juiz Sergio Moro. Desse total, pelo menos R$ 13 milhões foram sacados em dinheiro vivo para o ex-presidente petista pelo sociólogo Branislav Kontic, assessor do ex-ministro. Palocci vai detalhar também a divisão de propinas na criação da empresa Sete Brasil, em 2010. Esse negócio gerou subornos da Odebrecht no valor de R$ 51 milhões e, segundo o ex-ministro, Lula teria ficado com 50% desse valor. Ele vai contar ainda como foi a captação de R$ 50 milhões junto à Odebrecht para Dilma em 2009, com a participação do ex-ministro Guido Mantega, com ajuda de Lula. Esse dinheiro deveria ter sido usado na campanha de 2010, mas Dilma usou somente na campanha de 2014.
Além de Lula, Palocci já contou aos procuradores que vai detalhar como funcionava a venda de Medidas Provisórias para grandes bancos. Ele vai dar o nome de ao menos 20 empresas que pagaram subornos ao PT. Esses grupos teriam se beneficiado de esquemas de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Outro grupo que está na alça de mira das delações de Palocci é o empresário Abílio Diniz. O ex-ministro vai contar os bastidores de como o grupo de Diniz manobrou para levar vantagens na disputa que enfrentou com o grupo francês Casino pelo controle do Pão de Açúcar. Os detalhes da delação estão sendo tratados por seus advogados Adriano Bretas e Tracy Reinaldt.

Iniciando nova aventura intelectual, com meu amigo Ricardo Roquetti

Uma foto de ocasião: no lançamento do livro que organizei, O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017), por ocasião do seminário em  homenagem aos cem anos do nascimento do grande economista e diplomata, realizado no Palácio do Itamaraty do Rio de Janeiro, em 18 de abril último, com meu amigo e colega de empreendimentos intelectuais Ricardo Wagner Roquetti.


Estamos conspirando intelectualmente a favor da reconstrução do Brasil, contra os aloprados, celerados e mafiosos que provocaram a Grande Destruição do lulopetismo.
Em mais alguns meses vamos produzir algumas peças de análise política.

Paulo Roberto de Almeida

Um dialogo com um fantasma, de paradeiro desconhecido - Paulo Roberto de Almeida

Como eu tivesse participado de um "entrevero" -- como diriam gauchescos -- a propósito de uma carta manifesto, supostamente em defesa do diálogo nacional sobre a democracia no Brasil, tal como patrocinado por diplomatas e servidores bem intencionados do Serviço Exterior, um resgatado das catacumbas veio, subrepticiamente, criticar por supostas "frases fortes" que eu teria escrito a respeito do texto desse manifesto enviesado.
Como o fantasma permanece desconhecido, mas possui certo senso de humor, resolvi responder-lhe por esta via, que ele certamente lerá, pois parece ter prazer em atazanar todos aqueles que não se escondem nos subterrâneos como ele.
Nunca tive nenhum problema em fazer diálogos e até enfrentar "duelos" verbais, com quem pensa diferente, mas tem gente que prefere o anonimato confortável a expor suas próprias ideias (if any).
Paulo Roberto de Almeida

On 2 Jun 2017, at 09:45, Joaquim Nabuco <quincasnabucoobelo@gmail.com> wrote:

Genteeeem,

Que coisa chata esse arenga do "culeguinha"? Não vê que o ídalo dele anda se reunido com o Lulinha paz-e-amor? Só love, bicho. 
E o moço qdo escreve parece que está torcendo pelo Mengão...
Ah... e ainda acha que faz "frases fortes". #SQN
Frases banais, né, mor? Parece que está no grêmio estudantil, meldels... Affff.

Ô, Paulo, gasta metade dessa energia com trabalho, quem sabe assim a SAE não ficaria aporrinhando os diplôs.

Bisous do
Barão

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Minha resposta, que agora segue para o além:

Sempre existem os que não gostam de descer na arena, o que é compreensível, tendo o perfil que aparentam ter.
Quem não tem idolo, ou bandido, nenhum a defender, não se exime de fazê-lo, inclusive porque participação cidadã se faz assumindo plena responsabilidade pelo que se pensa, se escreve, se publica, assinando embaixo do que se divulga, abertamente.
Só pessoas diáfanas preferem a sombra dos coqueirais, já de pijamas, ou então, se na ativa, deixam o cérebro em casa quando vão trabalhar.
Nunca foi o meu caso, talvez por isso incomode as “almas cândidas”, como diria o velho Aron...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@me.com

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Livros, livrarias, leituras: suplemento do jornal Valor - Joao Luiz Rosa (2/06/2017)

Um enredo de suspense
Por João Luiz Rosa | De São Paulo
Valor Econômico, 2 junho 2017

  

 Equipe da Todavia: de baixo para cima, Flavio Moura (editor), Ana Paula Hisayama (diretora de direitos autorais), Andre Conti (editor), Alfredo Setubal (editor), Leandro Sarmatz (editor) e Marcelo Levy (diretor comercial)

Para muita gente, ir à livraria tornou-se um programa recorrente nas grandes capitais. As pessoas caminham por entre as estantes, folheiam os livros, se deixam encantar pelas capas coloridas. Às vezes, aproveitam para tomar um café ou fazer um lanche rápido. Amigos conversam, casais se encontram, pais distraem os filhos. Parece o pano de fundo ideal para o negócio de qualquer editor ou livreiro, não fosse por um detalhe: boa parte desses consumidores sai sem comprar nada.
O fenômeno explica, pelo menos em parte, por que tantas lojas de livros continuam cheias, embora as vendas estejam em queda. Existem mais leitores que compradores de livros no Brasil. Em 2015, 56% da população se declarava leitora - ou seja, havia lido pelo menos um livro nos últimos três meses -, mas só 26% dissera ter comprado algum livro nesse período, segundo a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil". O descompasso se explica pelo fato de que, para ler, há quem procure bibliotecas ou peça livros emprestados. Também é preciso levar em conta o papel da Bíblia. Lida por 42% da base de leitores (o que a torna o gênero favorito no país), ela não exige compras frequentes.
A falta de consumidores preocupa, claro, a cadeia editorial. No ano passado, o faturamento das editoras brasileiras caiu 5,2% em relação a 2015, levando em conta a inflação do período, de 6,3%, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em termos nominais, sem considerar a inflação, ocorreu um aumento de 0,74%. Houve uma melhora em relação ao resultado anterior, que apresentara retração de 12,6% em termos reais, mas esse alívio não foi sentido por todo o setor. Isso porque o crescimento veio praticamente de uma única área - as vendas ao governo, que aumentaram 13,8%. "As compras governamentais ajudaram a equilibrar o desempenho geral, mas são capturadas por um número pequeno de editoras [aquelas que produzem livros didáticos e de referência]. Além disso, não passam pelas livrarias", diz Marcos da Veiga Pereira, dono da editora Sextante e presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).
As livrarias, aliás, são o nervo mais exposto do mercado em queda. Desde que o comércio eletrônico começou a ganhar força, anos atrás, muitas redes passaram a investir no conceito das superlojas - espaços imensos e bem localizados capazes de abrigar cafés, restaurantes, auditórios, minilojas de eletrônicos etc. A princípio, a tendência parecia irreversível. O filme "Mensagem para Você" já brincava com o tema em 1998. Na história, Meg Ryan é a dona de uma pequena livraria em Nova York que se sente ameaçada pela chegada de uma grande rede comandada por Tom Hanks - uma referência clara à rápida expansão de grupos como Borders e Barnes & Noble.
Agora, os tempos são outros. A Borders faliu em 2011 e a Barnes & Noble reduziu de 798 para 640 o número de suas lojas entre 2008 e 2016. Em contrapartida, o número de livrarias independentes, fora das grandes redes, aumentou de 1.401 para 1.775 nos Estados Unidos de 2009 até o ano passado. Será que o modelo da superloja está perto do esgotamento?
No Brasil, algumas redes estão diminuindo o tamanho de suas lojas. A Livraria da Vila, com dez unidades no país, recentemente reduziu o espaço de duas delas em São Paulo - as dos luxuosos shoppings Cidade Jardim e JK Iguatemi. A primeira tinha 2,5 mil m2. A segunda, 1,7 mil m2. As lojas ficaram com pouco mais de 400 m2 cada uma. A Livraria Saraiva, com 110 lojas no país, está fazendo ajustes nas que estão com mais de 1,2 mil m2. Em São Paulo, uma loja de 1,4 mil m2 foi reduzida para 600 m2.
Mas é cedo para dizer que Meg Ryan tinha razão. Para os executivos das livrarias, cada rede tem seus próprios motivos para reduzir o tamanho das lojas - e seria um erro interpretá-los como uma tendência de mercado.
Na Saraiva, a redução tem atingido principalmente as seções de filmes e música, que foram muito afetadas pela concorrência dos meios digitais, como os serviços de streaming, diz Marcelo Ubriaco, vice-presidente da livraria. "Ainda somos relevantes nas duas áreas e não vamos tomar nenhuma atitude drástica, mas precisamos nos adaptar. Não dá mais para abrir espaços de 500 m2 para CDs e filmes."
   

Para Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura, o que resta à loja física é proporcionar experiência ao consumidor


A situação é diferente na Livraria da Vila. "No nosso caso, foi uma decisão de voltar às origens, com lojas menores, mais aconchegantes", diz Samuel Seibel, proprietário da companhia, cuja primeira unidade, no bairro paulistano de Pinheiros, tem cerca de 700 m2. "Percebemos que as duas lojas [Cidade Jardim e JK] eram grandes demais, o que não fazia parte do nosso conceito. É preciso ser coerente com seu modelo [de negócio]. Saber de quanto espaço precisa para caber o que você quer oferecer."
Esse é, exatamente, o dilema das superlivrarias. Grandes lojas requerem gastos maciços com estoque, mão de obra, treinamento, aluguel, energia elétrica e uma longa lista de custos. Reduzir o tamanho pode ajudar a economizar no curto prazo, mas não no fim das contas não vai desestimular a frequência do consumidor? Por outro lado, vale a pena manter uma superestrutura apreciada pelos frequentadores, mas que não se traduz em vendas à altura?
A internet tem muito a ver com isso. "O cliente não precisa mais da loja física. O futuro das vendas está no comércio eletrônico", diz Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura, com 18 unidades no país. "O nível de inteligência do mundo digital é tão alto que deixou o ponto físico praticamente acéfalo. O que resta à loja física é [proporcionar] experiência [ao consumidor]."
   

Para Otávio Marques da Costa, publisher da Companhia das Letras, o hábito de leitura mudou, mas não é um processo consolidado

Por experiência, explica o empresário, está a prestação de serviços. É o caso do Teatro Eva Herz, na loja da avenida Paulista, ou do restaurante Manioca, cujo acesso, no shopping Iguatemi, é feito por meio de uma loja da rede. Ambas as unidades estão em São Paulo. A estratégia da Cultura é dobrar as vendas de livros no site - dos atuais 30% da receita para cerca de 60% -, deixando aos pontos físicos a tarefa de fortalecer os vínculos do consumidor com a marca e proporcionar fontes adicionais de receita.
A dificuldade para o setor é como, em meio a uma das crises mais severas da história, aumentar o número de leitores em um país onde 30% das pessoas confessam não gostar de ler e outros 43% dizem "gostar um pouco", quase como uma concessão à literatura. Há consenso de que a crise é do varejo em geral, não só dos livros, embora o setor seja mais duramente atingido porque tem comportamento de mercado maduro - com evolução lenta ou retração - mas público pequeno, típico de mercados jovens.
Formar público não é fácil, nem rápido. Depende da adoção de políticas educacionais e de incentivo à leitura, que são responsabilidade do governo em suas várias esferas. Também é, em grande medida, uma questão de família. A mãe, ou a responsável do sexo feminino, é apontada como a principal influência no gosto pelo ato de ler, seguida pelo professor.
   

Seibel, da Livraria da Vila: de volta às origens

No dia a dia, o preço é frequentemente apontado como principal vilão das vendas. Nas rodas de amigos, alguém sempre comenta que livro custa caro no Brasil. Essa percepção, porém, é desmentida pelos números. Em uma década, entre 2006 e o ano passado, o preço médio do livro caiu de R$ 25,97 para R$ 17,09, em valores corrigidos pela inflação. Os dados se referem aos preços pagos pelas livrarias às editoras, não ao que sai do bolso do consumidor. Mas nesse caso também houve queda nos preços, até mais pronunciada dependendo do caso. Em 2004, um best-seller como "O Código Da Vinci" era vendido a R$ 39,90, diz Pereira, da Sextante. Com a inflação, um livro com características e tiragem semelhantes teria de custar, hoje, R$ 79,80, mas sai por cerca de R$ 50, uma perda de 40%, compara o empresário.
Fixar o preço de um livro é uma tarefa complexa. Há diversos custos incluídos - do papel ao pagamento dos direitos autorais, o que, dependendo do caso, requer fazer adiantamentos de três ou quatro anos para o escritor. Em geral, o preço é definido pela editora e vale para todo o território nacional, independentemente do custo do frete para o produto chegar às regiões mais distantes.
Com a estabilização econômica, anos atrás, o mercado passou a fazer correções discretas de preço ou, simplesmente, não repassar os custos para o leitor, diz Luís Antônio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). A expectativa era aproveitar o bom momento para ampliar a base de leitores. Nas livrarias, o acirramento da competição levou muitas redes a conceder descontos cada vez maiores. Quando a crise chegou, os preços estavam reprimidos e o espaço para aumentá-los desaparecera. "Foi uma armadilha", afirma Torelli.
Uma das possibilidades para aliviar a situação é a chamada lei do preço fixo. De autoria da senadora Fátima Bezerra (PT/RN), o projeto de Lei nº 49/2015, em tramitação no Senado, estabelece que, durante um ano, os preços de capa não podem receber descontos superiores a 10%. Com o PL, o objetivo é criar condições de competição mais parecidas entre livrarias independentes, com poder de negociação menor, e as grandes redes. "Em vários países onde foi aplicada, [esse tipo de lei] alcançou resultados muito positivos, com redução do preço médio, aumento do número de livrarias e da diversidade cultural", diz Rui Campos, fundador e sócio da Livraria da Travessa, rede com oito unidades, sete no Rio e uma no interior de São Paulo. Muitos profissionais do setor veem a legislação com simpatia, mas ainda não há consenso sobre sua aplicação no país.



Outra questão é o modelo de consignação. Enquanto na maior parte dos setores os varejistas compram os produtos dos fabricantes para revendê-los ao consumidor, no mercado editorial prevalece a consignação - as livrarias recebem os livros, mas só pagam as editoras quando os vende. O restante é devolvido à editora. "É um modelo de posse, mas não de propriedade", diz Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Consultoria, especializada em varejo. Sob essas regras, o risco diminui, mas também a margem. A ameaça é que a administração das empresas não seja tão inovadora ou agressiva quanto poderia, porque o risco envolvido é menor. "Não se pode generalizar, mas esse é um gene da cadeia que acabou se voltando contra toda ela", diz o especialista.
Esse risco de acomodação é especialmente perigoso diante das novas gerações, marcadas pelo uso contínuo da tecnologia. Com a disseminação da internet, especialmente dos acessos móveis via smartphone, o público passou a ter muito mais opções de lazer e comunicação, o que abriu uma guerra pelo tempo das pessoas, especialmente dos mais jovens, que se acostumaram a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Serviços de música e vídeo, jornais, revistas, redes sociais - todos disputam a atenção do usuário. O livro enfrenta um agravante: sua leitura exige dedicação exclusiva, um hábito contrário à tendência predominante de fragmentação.
  

 Em São Paulo, a Saraiva reduziu uma loja de 1,4 mil para 600 metros

"A cada época, cada geração, é preciso entender quem são seus leitores, quem vai comprar o livro", diz Jorge Oakim, dono da editora Intrínseca. A posição contrasta com uma corrente de pensamento mais pessimista, quase apocalíptica, segundo a qual o livro e o leitor estariam com os dias contados. "Hoje, uma criança de 13 anos assiste a séries de TV com inúmeras tramas paralelas, personagens secundários importantes, uma complexidade que não existia antes. É o tipo de coisa que pode ajudar a desenvolver uma forma de inteligência que não era estimulada até então", afirma Oakim.
A mudança de hábitos não significa, necessariamente, que haverá menos leitores. "As pessoas, hoje, estão mais aparelhadas para lidar com a dispersão. Elas leem mais, mesmo que de maneira fragmentada, entrecortada, nos intervalos", diz Otávio Marques da Costa, publisher da editora Companhia das Letras. "Não é um processo consolidado, mas o hábito de leitura mudou."
No exterior, muitas empresas têm investido em alternativas como o audiobook, na tentativa de criar espaços de introspecção em um mundo que estimula a dispersão. "[O audiobook] pode ser um complemento. Enquanto faz outra coisa, a pessoa 'escuta' um livro", afirma Costa. Só no ano passado, as vendas de audiobooks somaram US$ 2 bilhões nos EUA, com mais de cem editoras disputando o público.
   

“Criar um catálogo adequado é parte essencial do trabalho”, diz Palermo

No Brasil, muitos editores dizem que vêm encontrando, em bienais e feiras, um público jovem até mais interessado em literatura que as gerações anteriores. O setor tenta captar esse interesse. Nos últimos meses, vários livros escritos por "youtubers" chegaram aos primeiros lugares nas listas dos mais lidos. Há muitas dúvidas sobre se esse tipo de leitura serve de condutor para obras mais densas, mas a influência tem sido considerada um saldo positivo, tanto do ponto de vista comercial como de atração do público.
A Saraiva começou a testar, em algumas lojas, espaços destinados aos jovens. "Em vez de poltrona para leitura, estamos instalando mesas com tomadas", diz Ubriaco. A ideia é que eles se sintam à vontade em um ambiente onde seja fácil compartilhar informações e conectar seus dispositivos. A rede também não quer brigar com o comércio eletrônico. "Nossa visão é que são canais complementares. A ciência é acertar a complementariedade", afirma o executivo. A companhia percebeu, por exemplo, que muitos consumidores que faziam compras em seu site moravam na zona leste de São Paulo, o que a levou à decisão de abrir uma loja no Shopping Itaquera, que fica na região.
Transferir conceitos da web para as lojas físicas está no coração da estratégia da Livraria Cultura. A rede começou a aplicar um sistema de preço dinâmico no horário do almoço, quando muitas pessoas passeiam pelas lojas sem, necessariamente, comprar alguma coisa. Quando o cliente se identifica a um atendente, o sistema verifica seu perfil de compra e oferece preços promocionais. Com isso, o preço pode variar de loja para loja, de horário para horário e até de cliente para cliente. Os testes incluem 70 mil clientes por mês e vem rendendo bons resultados - a conversão média, ou seja, o número de pessoas que concretiza a compra, é de 3,5% e o valor médio da compra aumentou 40%. Além disso, a Cultura testa um site de livros usados (os valores se transformam em créditos para a compra de novos livros) e começou a negociar dados captados sobre o comportamento dos clientes - sem revelar, claro, quem são as pessoas - para outras empresas, como fazem as grandes companhias de internet.
  

 Pereira diz que compras do governo ajudaram a equilibrar o desempenho

A mudança nos hábitos do público tem levado a uma diversificação editorial, diz Daniel Mazini, diretor de livros impressos da Amazon no Brasil. "Trata-se de um reflexo da sociedade e não se aplica apenas aos livros. Hoje, as pessoas têm muito mais opções sobre o que querem consumir."
A Amazon lançou seu marketplace - um site no qual pessoas físicas e companhias podem vender livros novos ou usados - no início de abril. Desde então, mais de mil vendedores ingressaram na plataforma. "Há muitos livros de editoras que não conhecíamos e obras mais antigas", diz Mazini. O estoque da Amazon deu um salto. Em 2014, quando a companhia chegou ao Brasil, havia 90 mil livros em depósito. Mais recentemente, esse número aumentou para 150 mil. Com a criação do marketplace, o total aumentou para 250 mil quase da noite para o dia.
Criar um catálogo adequado é parte essencial do trabalho. "No caso de autores internacionais, você precisa avaliar se ele é adequado ao seu mercado. Em caso positivo, pode comprar [o título] antes ou depois de o autor fazer sucesso em seu país de origem", diz Mauro Palermo, diretor-geral da Globo Livros. A editora publica a obra da italiana Elena Ferrante, uma das autoras mais comentadas dos últimos tempos. "Compramos a Elena no meio do caminho, quando começava a ganhar importância na Itália e na Europa." Os livros se tornaram best-sellers, mas se isso não tivesse ocorrido, entraria no catálogo de qualquer jeito, diz Palermo. "A primeira avaliação é se o texto é bom." 
   

"A cada geração, é preciso entender quem são seus leitores", diz Oakin

Nos últimos meses, algumas notícias deixaram o mercado alarmado. A Livraria Cultura abriu negociações com fornecedores para estender os prazos de pagamento, o que deu origem a notícias de que a rede poderia ser comprada pela Saraiva. Ambas as empresas vieram a público na época negar que o assunto estivesse em discussão. Depois, a Fnac Darty publicou um relatório no qual os negócios no Brasil apareciam como "operação descontinuada", o que foi interpretado como uma saída iminente da rede. Dias depois, a companhia informou que procura sócios no país.
A despeito dos problemas do setor, profissionais da área estão otimistas com a retomada do negócio tão logo a economia se recupere um pouco. Novas iniciativas mostram que existe espaço para ocupar. Uma revista dedicada exclusivamente a livros - a "Quatro Cinco Um" - foi lançada, e a Livraria da Travessa vai abrir uma unidade na nova sede do Instituto Moreira Salles, na avenida Paulista, sua primeira unidade na capital paulista.
A maior novidade é a fundação da Editora Todavia. Criada por um grupo de profissionais experientes, vindos da Companhia das Letras, a empresa tem o apoio de três investidores de peso: Alfredo Setubal, presidente da holding Itaúsa; Guilherme Affonso Ferreira, do fundo Teorema; e Luiz Henrique Guerra, do fundo Indie. Os investimentos são pessoais, não das empresas.
"Sabemos dos percalços do mercado, mas a Todavia é um projeto de longo prazo", diz Flávio Moura, um dos sócios. "Não se pode olhar só para a conjuntura." Os primeiros quatro títulos da editora, mantidos em segredo, estão previstos para sair em agosto. Depois, o plano é lançar mais dois livros por mês até o fim do ano. Na segunda leva está previsto o lançamento de uma biografia do cantor Belchior, que morreu em abril.
Dado como morto várias vezes, não parece que o réquiem do livro vá ser tocado agora, seja por conta da crise ou de mudanças de comportamento do consumidor. O futuro, talvez, até convide mais gente à leitura. "Quem sabe com o carro autônomo, sem motorista, as pessoas usem o tempo das viagens para ler um livro", brinca Seibel.

Tatiana Salem Levy busca resistência ao pessimismo

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo
   

"Acreditar num mundo melhor é uma questão vital", diz a escritora Tatiana Salem Levy

Um mundo melhor passa pela leitura, literatura e pelo pensamento, segundo a escritora Tatiana Salem Levy, que lança "O Mundo Não Vai Acabar" (José Olympio, 182 págs. R$ 34,90), coletânea com mais de 30 crônicas. Colunista do Valor no caderno "EU&Fim de Semana" há três anos, a autora reúne no livro textos publicados no jornal entre maio de 2014 e janeiro de 2017, revistos e modificados, além de trabalhos inéditos. "Como a situação política no Brasil e no mundo está particularmente alarmante, achei importante selecionar escritos que relacionassem a literatura, a filosofia ou a antropologia com a política", afirma a escritora.
A obra é dividida em três partes. A primeira, "Tudo Nos Leva a Crer que Sim", trata de questões atuais, como o Brexit, a eleição do presidente americano Donald Trump, os atentados terroristas e o cenário nacional. A segunda parte, "Sem Memória, Não Há Presente", fala do tempo e do resgate de lembranças. Uma das maiores incapacidades do nosso país é conseguir ler e interpretar o passado, diz.
"Nunca conseguimos fazer um balanço do que foi a escravidão. Ao mesmo tempo, a ditadura aconteceu há pouco tempo, mas parece que nunca existiu", afirma. "A Argentina e o Chile souberam nomear e condenar suas ditaduras de uma forma que a gente nunca sonhou em fazer. Então, acho que o Brasil só vai melhorar o presente, apostar em ser de fato o país do futuro quando conseguir, antes, olhar para trás e ler o próprio passado."
A terceira parte do livro é centrada na literatura e na utopia. "Ouvimos cada vez mais que o mundo está acabando. Ou porque volta dois séculos na moral e fecha suas fronteiras, ou porque destruímos a natureza a tal ponto que acabaremos vítimas da nossa própria ambição", afirma Tatiana. "Mas, da mesma forma que a destruição faz parte da natureza humana, o sonho também faz. A capacidade de imaginar um mundo melhor e lutar por ele. Esse livro é uma resposta ao pessimismo que vem tomando conta de todos nós."
Autora dos romances "A Chave da Casa" (2007), "Dois Rios" (2011) e "Paraíso" (2014), além dos livros infantis "Curupira Pirapora" (2012) e "Tanto Mar" (2013), Tatiana tem obras traduzidas em mais de dez países, inclusive na Índia, Croácia e Suécia. Também é dela o ensaio "A Experiência do Fora: Blanchot, Foucault e Deleuze", fruto do mestrado em estudos de literatura na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Nascida em Portugal, onde os pais se exilaram durante a ditadura militar brasileira, ela retornou ao país aos nove meses de idade. Há quatro anos, mora entre Lisboa e o Rio de Janeiro. "Mas, agora, do jeito que a coisa anda por aqui, provavelmente ficarei mais tempo em Portugal. Nunca tinha visto o Rio num estado tão calamitoso e Lisboa tão efervescente."
Para a ganhadora do Prêmio São Paulo de Literatura 2008, morar longe não influencia tanto no resultado do seu trabalho. "O que trago em mim do Brasil dá para muitos livros e é sempre a ele que volto quando escrevo", diz. "A diferença entre estar numa cidade ou em outra é que em Lisboa a vida é menos estressante, o tempo é mais qualitativo, rende mais. E isso é muito importante para a escrita. O tempo alargado de lá me ajuda a escrever."
Tatiana diz que tem outros projetos no cinema e na literatura, como um novo romance. "Mas está tudo ainda no começo", diz. "Segui carreira acadêmica durante anos, mas decidi largá-la. A coluna [no Valor ] foi uma forma de voltar ao que mais gostava de fazer na universidade: ler, pesquisar e escrever sobre o que leio", diz a autora, que estudou na Brown University, nos Estados Unidos, e na Universidade Paris III, na França. As experiências no exterior também a levaram a traduzir grandes obras. É dela e de Marcelo Jacques a elogiada versão para o português de "Nos Passos de Hannah Arendt", biografia de uma das mais importantes pensadoras do século XX, escrita pela francesa Laure Adler.
Na folga do trabalho de colunista e escritora, diz que tenta ler o terceiro volume da tetralogia de Elena Ferrante, "História de Quem Foge e de Quem Fica" (2016). "Falei tão bem sobre os dois primeiros livros, mas não estou conseguindo engrenar nesse terceiro", comenta. Também descobre mais sobre o autor carioca Victor Heringer. É com um texto que fala de um romance dele, "O Amor dos Homens Avulsos" (2016), que ela encerra a nova coletânea. "Além de escrever com muito domínio, Heringer propõe uma literatura do afeto, da ternura. Acredita que, onde há apocalipse, só o amor salva."
Sobre o título imperativo do livro, "O Mundo Não Vai Acabar", Tatiana defende que se trata de um grito de indignação com o presente, mas também com o derrotismo. "Acreditar num mundo melhor é uma questão vital", diz. "Talvez eu seja uma náufraga em pleno oceano, que fica falando de literatura enquanto o mundo agoniza. Mas fazer o quê, se acredito na capacidade da literatura de nos levar a imaginar, pensar e, a partir desse impulso, não deixar o mundo morrer?"

Paixão que chega ao fim

Por Cadão Volpato | Para o Valor, de São Paulo
   

O cenário da Nápoles do pós-Segunda Guerra Mundial, nos anos 50 e 60, é o pano de fundo da história de Lenu e Lila nos primeiros livros da "Série Napolitana", de Elena Ferrante

Para uma autora reclusa como Elena Ferrante, tem sido uma exposição e tanto. Quase ao mesmo tempo em que se conclui a publicação no Brasil de sua tetralogia napolitana, um repórter mais abusado resolveu desvendar o mistério que cerca a autora, cuja identidade real estava escondida até agora.
O repórter seguiu o clássico caminho do dinheiro, checou para onde iam os pagamentos da editora e aparentemente matou a charada, chegando ao nome de uma antiga tradutora da casa, cujos ganhos elevados seriam incompatíveis com a profissão. O nome real por trás de Elena Ferrante seria Anita Raja, mulher do escritor napolitano Domenico Starnone -acusado de ser Elena Ferrante ao longo dos anos.
O curioso é que isso acabou despertando a fúria dos fanáticos "ferrantistas", não muito interessados em deixar de acreditar na própria imagem mental que construíram da escritora tão amada. Na cabeça dos leitores fiéis mora mais do que uma figura, mora uma voz poderosa que se impõe sem remédio.
Uma vez, dizem por aí, submetidos ao feitiço da autora, os leitores caem no vício extremo, do qual não conseguem mais se recuperar. Ler Elena Ferrante acaba virando um vício que não tem cura. Os desavisados, aqueles que tentam se aproximar com cautela da mitológica escritora napolitana, apelam para um de seus romances mais fininhos, "Dias de Abandono" (Biblioteca Azul). Descobrem que cometeram um erro, pois o livro de 2002 é tão potente quanto os piores venenos, aqueles que costumam vir em pequenos frascos.
"Dias de Abandono" promove um mergulho abissal na alma de uma mulher ferida. Não dá para sair incólume da sua leitura. E aí será tarde demais. Aqueles que começaram por "A Amiga Genial" (também da Biblioteca Azul, como os demais volumes), já perderam as esperanças logo de cara: tiveram que aguardar a publicação de cada um dos outros livros, mesmo porque o conjunto se transforma em algo indivisível, e não resta outra saída a não ser esperar.
A coisa toda tem características de uma novela à moda antiga, em que um capítulo aponta para o outro e dele não se separa. Quem acompanhou desde o princípio essa história de amizade entre duas mulheres italianas - ou napolitanas, para ser mais preciso, já que Nápoles, assim como outras cidades da Itália, parece um outro país - foi capturado por uma voz de sereia incomum, a voz de um escritor de primeira grandeza, da espécie que se conecta com as nossas almas.
A amizade entre essas mulheres é feita de mel e fel, é humana como poucas vezes o leitor já encontrou na literatura, até mesmo aquela que pretende ser mais realista do que o rei. Ainda que seja tudo mentira, o que acontece entre Lenu, a narradora, e Lila, a personagem que de certa forma a espelha, é de uma honestidade brutal. Elas se amam e se odeiam, ficam juntas e separadas, e ainda assim mantêm-se próximas como um corpo único.
São mulheres em situações-limite. São personagens femininas num país corroído pelo machismo e dominado pelo crime dos homens. São mães devotas, mas também desnaturadas (mais desnaturadas que devotas). São invejosas e raivosas, egoístas e generosas, tudo isso reunido em parágrafos aliciantes, dos quais é impossível se desvencilhar.
Há quanto tempo não líamos histórias tão bem contadas e tão bem conduzidas, num ritmo elástico, ágil ou lento, reflexivo, introspectivo e ao mesmo tempo cheio de movimento e crueza? Talvez sejam esses alguns dos segredos desse romance dividido em quatro livros compridos, nos quais a palavra Camorra nunca aparece escrita com todas as letras, apenas o seu sombrio e poderoso significado de máfia napolitana. Neles, não há esquemas narrativos, mas figuras humanas, personagens com os quais é possível estabelecer conexões multifacetadas, sem as platitudes do "bem" e do "mal".
É um banho narrativo. Ninguém esperava, nessa altura do século XXI, que um Balzac desse as caras. Isso levando em conta a mais óbvia das constatações de quem se deixa expor ao universo belo e espinhoso de Elena Ferrante, seja ela quem for: não há a menor chance de a autora ser um homem. A Elena desse romance em quatro tomos é uma pessoa do sexo feminino que aprendemos a conhecer muito bem.
Seguindo pela ordem, a série começou a sair em 2011, com "A Amiga Genial", e prossegue com "História do Novo Sobrenome" (2012), seguida de "História de Quem Foge e de Quem Fica" (2013). As duas crescem juntas e seguem caminhos diferentes. Lenu sai de Nápoles, conhece outra vida e vira escritora, enquanto Lila permanece na cidade natal. Em "História da Menina Perdida" (Biblioteca Azul; trad. Mauricio Santana Dias; 476 págs.; R$ 49,90), o último volume, um fio de afeto e amor verdadeiro une e afasta as duas vidas.
Chegar às últimas linhas costuma ser um processo adiado, e a sensação final é a de que nos separamos de pessoas que aprendemos a amar. Pode-se, então, voltar ao começo desse quarto e último volume: "A partir de outubro de 1976 até 1979, quando voltei a morar em Nápoles, evitei restabelecer uma relação estável com Lila. Mas não foi fácil. Ela procurou quase imediatamente entrar mais uma vez à força em minha vida, e eu a ignorei, a tolerei, a suportei". Vão-se os maridos, os filhos e os amantes, uma vai embora e volta, a outra nunca sai do lugar, e mesmo assim a amizade permanece, disfarçada em desconforto e desprezo.
Lenu deixa Nápoles, mas Nápoles, a cidade da Camorra, da devastação do pós-guerra, do machismo indomável, da bagunça que remete ao caos do universo, não sai de dentro dela. Temos aqui o final de seis décadas de história da filha de um funcionário público e da filha de um sapateiro, um romance de formação de mais de 1,5 mil páginas que bate em diversas teclas, uma delas, talvez uma das principais, a da identidade.
Eis aí uma viagem surpreendente para os leitores de nosso tempo, desacostumados a grandes cargas de concentração. E aí nos vemos, de repente, imersos num "romanção" como já não se esperava mais: profundo, movido por ideias desafiadoras e imensos contrastes narrativos. Tarde demais. A voz misteriosa e familiar de Elena Ferrante já nos arrastou para dentro do céu e do inferno de Nápoles, sem perdão.

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