segunda-feira, 27 de maio de 2024

Livro Integração Regional: uma introdução - Paulo Roberto de Almeida


Recebo um comunicado da Editora Saraiva Educação – com a qual tenho um livro sobre a Integração Regional: uma introdução (2013), editado alguns anos atrás, e que parece ter apresentado uma demanda constante – sobre sua união com o Grupo GEN, com o qual tenho um outro livro: Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: Editora LTC, 2012, xx+307 p.).

Eis o comunicado, em função do qual recebi direitos autorais antecipados, para os livros vendidos até abril de 2024: 

"Conforme comunicado anteriormente, a Saraiva Educação, com seus selos Érica, Benvirá, Mundo Benvirá, SaraivaUni e SaraivaJur, uniu forças com o GEN | Grupo Editorial Nacional, o maior grupo editorial do país no segmento de publicações CTP."  (não tenho a menor ideia do que seja essa sigla, mas que deve referir-se a um tipo ou gênero de livros).

O demonstrativo enviado é bastante preciso quanto aos livros vendidos entre janeiro de 2023 e abril de 2024, no total de 57, sendo 32 impressos e 25 digitais.

Aproveito a oportunidade para postar abaixo o índice desse livro sobre a integração regional, assim como uma resenha feita na época por um estudante de relações internacionais da UnB, a quem tenho de agradecer o cuidado e a honestidade intelectual nessa apresentação feita de um livro feito por encomenda do responsável pela coleção, o professor Antonio Carlos Lessa, do IRel-UnB (do qual sou pesquisador sênior associado).

Paulo Roberto De Almeida

Integração Regional: uma introdução

São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.;

ISBN: 978-85-02-19963-7

Índice  

Prefácio                      xi

Sumário                      xv

 

Capítulo 1. Introdução: Regionalismo,

um fenômeno complexo da economia mundial    1

     1.1 O regionalismo e a economia mundial           3

     1.2 Acordos regionais preferenciais         6

     1.3 Como surgiram, como funcionam e quais são os tipos?        10

            Questões para discussão        10

            Para saber mais          11

 

Capítulo 2. O conceito de regionalismo e os processos de integração   13

     2.1 Parceiros voluntários   15

     2.2 O novo regionalismo   16

     2.3 O papel dos mercados nos processos de integração   18

            Questões para discussão        21

            Para saber mais          22

 

Capítulo 3. Por que acordos regionais? Para quê integração econômica?       23

     3.1 Os motivos da integração econômica 25

     3.2 Os efeitos negativos da adesão a um bloco comercial           26

     3.3 Benefícios da integração         27

     3.4 A globalização            31

     3.5 A “imitação” dos modelos bem sucedidos     35

     3.6 Esquemas de integração, um processo dinâmico       37

            Questões para discussão        38

            Para saber mais          39

 

Capítulo 4. Como são os acordos regionais? 

Que tipos de integração econômica existem?       41

     4.1 Os processos de integração econômica          42

     4.2 Cooperação intergovernamental e cooperação supranacional – 

           exemplos históricos     43

     4.3 Tipos de integração econômica          45

         4.3.1 Acordos de integração superficial          46

                  4.3.1.1 Área de preferencia tarifária (APT)       46

                  4.3.1.2 Zona de Livre Comércio (ZLC) 46

         4.3.2 Acordos de integração profunda 47

                  4.3.2.1 União Aduaneira (UA)   47

                  4.3.2.2 Mercado Comum (MC)  48

                  4.3.2.3 União Econômica e Monetária (UEM)  49

     4.4 Perspectivas da regionalização e da globalização      50

            Questões para discussão        52

            Para saber mais          52

 

Capítulo 5. Por que não integrar: razões antigas e modernas, boas e más      53

     5.1 Examinando os efeitos adversos dos esquemas de integração          55

     5.2 A influência das teorias econômicas nas políticas de comércio internacional 57

     5.3 O pensamento latino-americano         60

     5.4 A integração na América Latina         61

     5.5 Uma avaliação complexa        63

            Questões para discussão        64

            Para saber mais          65

 

Capítulo 6. Como se processa a integração no plano internacional?    67

     6.1 O itinerário contemporâneo dos blocos econômicos 69

     6.2 O mercado comum      72

     6.3 Globalização com regionalização      74

            Questões para discussão        82

            Para saber mais          83

 

Capítulo 7. O futuro do regionalismo comercial: mais do mesmo?       85

     7.1 Diferentes visões do livre comércio   87

     7.2 As alternativas parciais de liberalização        88

     7.3 Os infratores do sistema         90

     7.4 O protecionismo, fator prejudicial à saúde do sistema          91

     7.5 Os pontos positivos das tendências atuais      92

     7.6  A marcha da insensatez         94

            Questões para discussão        96

            Para saber mais          96

 

Conclusão Do Zero ao Infinito?     97

     As bondades do livre comércio, em perspectiva teórica e prática           99

     As maldades da discriminação contra terceiros: uma ameaça sempre presente 101

     O grande salto para a frente do regionalismo comercial 103

 

Cronologia da integração no contexto internacional      107

     Experimentos de integração no sentido lato anteriores ao GATT           108

     O sistema multilateral de comércio: integração em marcha lenta           111

     A integração na América Latina: muitas declarações, pouca integração 118

     Fim do socialismo, impulsos na globalização e na regionalização         123

     Desenvolvimentos da integração nas Américas   127

     Multiplicação, expansão e dispersão dos experimentos integracionistas            130

 

Glossário                   143

Bibliografia comentada       169



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Resenha de "Integracao Regional", Paulo Roberto de Almeida (eu mesmo) - Cairo Junqueira

Resenha do livro: “Integração Regional: uma introdução.”, de Paulo Roberto de Almeida, por Cairo Junqueira

 
 
 
 
 
 
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ALMEIDA, Paulo Roberto de (2013). Integração Regional: uma introdução. São Paulo: Saraiva, 192 p. (Coleção Temas Essenciais em R.I.). ISBN 978-85-02-19963-7

Um dos temas mais amplos e, talvez, mais recentes na área de Relações Internacionais seja a integração regional. Os processos de criação de instituições e a formação de blocos regionais, embora datados de longa data, podem ser considerados como traços característicos da Política Internacional Contemporânea. Do mesmo modo, tal atualidade torna-se visível no ambiente acadêmico, haja vista que a integração regional é base disciplinar de diversos cursos, abrangendo até mesmo a Economia, o Direito, a Ciência Política e a Sociologia.
Como maneira de consolidar e resumir a importância desses estudos, a recente lançada “Coleção Temas Essenciais em Relações Internacionais”, organizada pelos professores doutores Antônio Carlos Lessa e Henrique Altemani de Oliveira, além de tratar de questões envolvendo estudos introdutórios e teóricos das Relações Internacionais, dedica o terceiro volume em sua totalidade à integração regional. O desafio, bem como a responsabilidade, de escrever essa obra ficou a cargo de Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas, professor de Economia Política do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e exímio pesquisador sobre relações econômicas internacionais e política externa brasileira.
Em “Integração Regional: uma introdução”, Almeida sintetiza um extenso rol de estudos teóricos, sobretudo a respeito do Mercado Comum do Sul (Mercosul), da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e das negociações multilaterais presentes no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), com sua vivência prática de negociações internacionais e do funcionamento interno dos processos de integração regional.
Ao todo, a obra é dividida em sete capítulos, além do prefácio, da conclusão e de dois complementos, sejam eles uma breve cronologia da integração no contexto internacional e um glossário com os principais termos utilizados ao longo do livro com o intuito de dirimir possíveis dúvidas do leitor. Vale ressaltar que, ao final de cada seção e do livro, Almeida disponibiliza uma série de “questões para discussão” e algumas indicações bibliográficas, respectivamente, para facilitar o aprendizado em sala de aula. Afinal, conforme apontado pelo próprio autor, trata-se da sistematização introdutória sobre termos, conceitos e blocos regionais.
No primeiro capítulo intitulado “Introdução: Regionalismo, um fenômeno complexo da Economia Mundial”, o autor dá início à temática predominante no livro: muito mais do que dissertar sobre integração regional, Almeida foca-se nos processos de integração econômica regional e, porque não dizer, internacional. Aqui, além de enumerar e apresentar os acordos regionais de integração (regionalismo) tendo como base dados do Banco Mundial, o autor abre caminho para expor seu objetivo principal, ou seja, “[...] explicar como surgiram, como funcionam e quais são os tipos atuais de acordos regionais, qual seu papel no quadro do sistema multilateral de comércio e quais seus impactos, atuais e futuros, na economia mundial” (p. 10).
De tal sorte, em “O conceito de regionalismo e os processos de integração” discorre-se a respeito do histórico de integração regional exemplificados pela Liga Hanseática (séculos XIII ao XVIII) e pelo Zollverein (1834). Posteriormente, fala-se sobre o novo regionalismo e o papel apresentado pelo mercado nesse processo marcado pelo acordo geral de comércio do GATT/OMC desde 1947, em Genebra, até os dias atuais com o impasse da Rodada Doha, acompanhada por 155 países na cidade supracitada.
Continuando com o raciocínio, Almeida nomeia o capítulo três com duas perguntas: “Por que acordos regionais? Para que integração econômica?”. Aqui são conceitualizados termos como integração e integração econômica. Além disso, apresentam-se os efeitos negativos e os benefícios de tais processos, com destaque para eficiência na produção, aumento de barganha no plano internacional, coordenação de políticas fiscais e monetárias e pleno emprego. Por fim, aglutina-se um fenômeno mais amplo e mundial, a globalização, a qual é caracterizada pela intensificação de vínculos comerciais e pelos níveis crescentes de fluxos de capitais entre empresas, como fator de propulsão ao dinamismo integracionista.
Na quarta seção, “Como são os acordos regionais? Que tipos de integração econômica existem?”, são apresentadas breves distinções entre os tipos de cooperação intergovernamental e supranacional, sendo a primeira caracterizada pela ausência de renúncia das soberanias estatais em prol do avanço integracionista, a qual é bastante característica do Mercosul. Logo após, Almeida cita, distingue e caracteriza os principais tipos de integração econômica, sejam eles: Área de Preferência Tarifária (APT), Zona de Livre-Comércio (ZLC), União Aduaneira (UA), Mercado Comum (MC) e União Econômica e Monetária (UEM). Ressalta-se, ainda, o apontamento do autor sobre a UEM, dizendo que não existe nenhum exemplo histórico para tal tipologia, até porque a União Europeia (UE) não tem total adesão ao Euro por parte dos Estados-membros.
Em “Por que não integrar: razões antigas e modernas, boas e más”, Almeida discorre sobre dois temas principais: os efeitos adversos da integração aliados às explicações das teorias econômicas nas políticas de comércio internacional e a integração regional na América Latina. Passando por Alexander Hamilton até Raul Prebisch, Bertil Ohlin e Paul Krugman, o autor evidencia seu conhecimento e preocupação com a Economia Internacional. Acerca da América Latina, traça o histórico de integração desde a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) até os desdobramentos do Mercosul, afirmando que neste último bloco ainda há “[...] aplicação de salvaguardas de maneira arbitrária ou mesmo ilegal” (p. 63), fato que fomenta as dificuldades intrínsecas ao seu esquema de integração.
Ademais, no sexto capítulo nomeado “Como se processa a integração no plano internacional?”, colocam-se em contraponto os acordos regionais com a teoria do comércio internacional. Indaga-se até que ponto a formação de blocos econômicos regionais vai ao encontro da tão evidenciada liberalização econômica mundial. Além de fazer um breve apanhado histórico da integração europeia desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), Almeida pontua sobre o “regionalismo aberto” caracterizado por compreender inúmeros países, abranger porção significativa dos trâmites de capitais internacionais e estar sob o guarda-chuva das regras da OMC. Vale destacar, finalmente, o apontamento do autor sobre os novos rumos da integração regional: antes dita como essencialmente comercial, vem adquirindo uma nuance cada vez mais política.
No sétimo capítulo, “O futuro do regionalismo comercial: mais do mesmo?”, reflete-se sobre o que se deve esperar dessas novas configurações regionais nos próximos anos. Novamente, Almeida mostra sua preocupação com o multilateralismo econômico vigente e construído nas últimas décadas, enfatizando, com conhecimento de causa, que há uma crise no sistema de comércio internacional. Atores importantes, dentre eles os Estados Unidos, e grande parcela dos países não respeitam as regras por eles mesmos criadas no âmbito da OMC. E complementa afirmando: “É certamente um paradoxo, e provavelmente uma ironia da história, que o país que mais lutou por uma ordem econômica multilateral, os Estados Unidos, esteja, hoje, na origem dos mais sérios ataque a essa ordem [...]” (p. 90).
Mesmo assim, Almeida passa uma visão otimista ao final da obra. Além da inovação institucional e da possibilidade de avançar no diálogo para solucionar barganhas econômicas, a integração regional e sua liberalização interna mobilizam fatores de produção e diminuem custos entre as partes envolvidas. Todavia, ao mesmo tempo em que o processo de formação de blocos regionais é benéfico para a consolidação de acordos preferenciais, ele freia as forças da globalização com um modus operandi particularista e protecionista.
Na “Conclusão: do zero ao infinito?”, o autor trata da atualidade da possível assinatura de um acordo de livre-comércio entre dois gigantes, a UE e os Estados Unidos. Mas, por que, afinal, tomar esse exemplo para concluir e resumir o livro? Porque ele retoma os ensinamentos passados ao longo da obra e ainda serve como guia para estudos futuros. De mais importante, cita-se o fato dessa possível aliança, se concretizada, ser a maior zona de livre-comércio recíproca do mundo, trazendo uma possível solução para os impasses da Rodada Doha em aberto desde 2001. Protecionismo comercial, desvalorização de capitais, controles econômicos, aumento do desemprego, dentre outros, continuarão a ser temas centrais da integração regional e do bem-estar de milhões de pessoas.
Como apontado pelo próprio autor, “Integração Regional: uma introdução”, é uma tentativa de refletir sobre méritos econômicos e virtudes políticas sob o manto em que se organizam as sociedades contemporâneas. É uma obra imprescindível para graduandos que querem compreender um pouco do debate desde integração econômica até integração regional, protecionismo até liberalização comercial, regionalismo mercosulino até integração europeia. Por trazer questões ao debate, indicar e comentar bibliografias, além de esboçar um glossário, o livro pode servir como manual para disciplinas e estudantes de Relações Internacionais e, principalmente, Economia Política Internacional. Mesclando conhecimento empírico e teórico, o diplomata e professor Almeida soube colocar em poucas páginas um vasto histórico da integração regional tanto como processo de formação de blocos por parte de Estados quanto como tema acadêmico a ser abordado nas salas de aula. Em comunhão com os outros dois volumes da “Coleção Temas Essenciais em Relações Internacionais”, cumpre dizer que são de extrema importância para a construção das Relações Internacionais aqui no Brasil.
Referência
ALMEIDA, Paulo Roberto de (2013). Integração Regional: uma introdução. São Paulo: Saraiva, 192 p. (Coleção Temas Essenciais em R.I.). ISBN 978-85-02-19963-7
Cairo Gabriel Borges Junqueira é Mestrando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UnB e Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

 

domingo, 26 de maio de 2024

Trepidações da globalização - Luiz Gonzaga Belluzzo (Carta Capital) - comentários preliminares de Paulo Roberto de Almeida

Agradeço a Mauricio David a remessa do artigo abaixo, de Luiz Gonzaga Belluzzo, que li com atenção e que mereceu as observações que transcrevo abaixo, em minha correspondência a ele dirigida.

O artigo do Belluzzo é interessante ao apontar o sucesso da China na oferta global de produtos manufaturados, algo verificável pelos números. A China já era a maior economia mundial até o século XVIII, e antes já era o país mais avançado tecnologicamente até que a Europa iniciasse a sua revolução científica no século XVII e a primeira revolução industrial no século XVIII justamente. Depois ela se atrasou, e perdeu a primeira, a segunda e a terceira revolução industrial só engatando na quarta, com Deng Xiaoping, como ele aponta corretamente.
Atualmente, ela já está na quinta, ou talvez na sexta revolução industrial. Assim como patentes e padrões industriais foram basicamente europeus no século XIX, e se converteram em padrões americanos, europeus e japoneses no século XX, os padrões e patentes no século XXI serão (já são) crescentemente chineses e a partir de agora indianos e outros asiáticos, mas isso não significa que o Ocidente (Europa, América do Norte, Japão e outros off-shots ocidentais) percam sua capacidade científica e tecnológica. Continuarão, mas a concorrência será cada vez mais acirrada.
Onde eu acho que o Belluzzo deixa a realidade e envereda pelo delírio ideológico é essa mania da esquerda de achar que tudo é culpa do neoliberalismo e do Consenso de Washington, como se alguma vez em toda a nossa história passada, presente e imediata fomos, no Brasil ou na AL, neoliberais e adeptos do Consenso de Washington, o que para ele significa a origem, a razão e a culpa do nosso atraso. Isso é uma bobagem só justificada pela sanha desses unicampistas de acharem que fomos ou somos neoliberais, daí o nosso fracasso.
O caso chinês é absolutamente único e exclusivo na história, e se os doutos unicampistas quiserem substituir, aqui, o Consenso de Washington pelo “modelo chinês” - que ninguém sabe exatamente o que é e que ninguém saberá reproduzir ou imitar, pois isso é impossível – o fracasso será também inevitável. 
Nossos males são de origem, como já adivinhava Bonfim um século atrás, e não conseguimos corrigi-los nos últimos cem anos. Continuaremos patinando na letargia econômica e no desenvolvimento social pelo futuro próximo. Só não podemos achar que trocar o “neoliberalismo” (inexistente) por um “modelo chinês” vai resolver nossos problemas.
Paulo R. de Almeida (26/05/2024)

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Trepidações da globalização


Luiz Gonzaga Belluzzo 

CartaCapital, domingo, 26 de maio de 2024

 

As novas condições econômicas foram apontadas como o rumo da eficiência, mas só incautos acreditaram

O Centre d’Études Prospectives et d’Informations Internationales (CEPII) arriscou uma investigação cuidadosa a respeito do avanço da China nos mercados globais. Vou reproduzir, com as adaptações necessárias, as observações mais pertinentes do estudo da importante instituição francesa.

Em 2019, a China detinha uma posição dominante na economia global, definida por uma participação de mais de 50% do mercado mundial de exportação de quase 600 produtos. Essa avaliação foi obtida a partir de uma investigação realizada em um universo de classificações comerciais que abrangem cerca de 5 mil produtos.

Isso significa que a China fornece pelo menos metade das importações globais desses produtos. Este número é seis vezes maior do que o número equivalente para os Estados Unidos, Japão ou qualquer outro país. Mesmo a União Europeia, considerada como um todo, não atinge metade desse nível.

O documento do CEPII observa que isso é intrigante, e tem consequências. “De fato, a estreita interdependência econômica, e as relações comerciais em particular, são cada vez mais consideradas pelas lentes da dependência, levantando assim questões de vulnerabilidade. Uma posição dominante, tal como a definimos, é significativa porque implica que os compradores de um bem nos mercados internacionais terão dificuldade em substituir o seu fornecedor por outro.”

Vou aborrecer o caro leitor de ­CartaCapital com digressões históricas que, talvez, justifiquem a preeminência chinesa conquistada desde as reformas de Deng Xiao Ping nos anos 80. Essas reformas lançaram a China à liderança industrial já nos anos 90.

Ironias da globalização: nesse período de transformações os Estados Unidos não só pressionaram os parceiros a promover a liberalização das contas de capital como também executaram políticas que favoreceram a valorização do dólar, o que reforçou o movimento de migração da grande empresa para espaços econômicos mais favoráveis à “competitividade”.

A partir daí o mundo presencia um movimento de profunda transformação na divisão internacional do trabalho. A Ásia se torna produtora e processadora de manufaturas – peças, componentes e bens finais de consumo e de capital. Conforma-se em torno da China emergente uma “mancha manufatureira”, grande importadora de matérias-primas. Com a nova divisão internacional do trabalho, a economia nacional americana amplia o seu grau de abertura comercial, passa a gerar um déficit comercial crescente para responder à expansão “mercantilista” dos países asiáticos e avançar na liderança do seu mercado financeiro e de capitais.

Nesse ambiente monetário financeiro, a China executa políticas nacionais de industrialização ajustadas ao movimento de expansão da economia “global”. As lideranças chinesas perceberam que a constituição da “nova” economia mundial passava pelo movimento da grande empresa transnacional em busca de vantagens competitivas, com implicações para a mudança de rota dos fluxos do comércio. Os chineses ajustaram sua estratégia nacional de industrialização acelerada às novas realidades da concorrência global.

A experiência chinesa combina o máximo de competição – a utilização do mercado como instrumento de desenvolvimento – e o máximo de controle. Entenderam perfeitamente que as políticas liberais recomendadas pelo Consenso de ­Washington não deveriam ser “copiadas” pelos países emergentes. Também compreenderam que a “proposta” americana para a economia global incluía oportunidades para o seu projeto nacional de desenvolvimento.

Assim controlaram as instituições centrais da economia competitiva moderna: o sistema de crédito e a política de comércio exterior, aí incluída a administração da taxa de câmbio. Os bancos públicos foram utilizados para dirigir e facilitar o investimento produtivo e em infraestrutura.

O avanço chinês desenvolveu seus propósitos ao longo das transformações estruturais da economia global. No assim chamado período neoliberal, as economias nacionais do Ocidente flutuaram ao sabor da concorrência comandada pela grande empresa submetida à poderosa lógica da finança. As enormes massas de capital lançam-se com fúria às megafusões, à conquista e à “reserva” dos mercados. Mais que nunca, a concorrência capitalista tornava efetiva a sua razão interna, engendrando o monopólio, o que significa impor barreiras à entrada de novos competidores, sejam eles empresas, sejam países.

Há simultaneamente dinamismo e estagnação, avanço vertiginoso das forças produtivas em algumas áreas e setores associados à regressão em outras partes. Há décadas, a China executa políticas nacionais de industrialização ajustadas ao movimento de expansão da economia “global”.

As lideranças chinesas perceberam que a constituição da “nova” economia mundial passava pelo movimento da grande empresa transnacional em busca de vantagens competitivas, com implicações para a mudança de rota dos fluxos do comércio. Os chineses ajustaram sua estratégia nacional de industrialização acelerada às novas realidades da concorrência global.

Nessa etapa globalista, as circunstâncias foram desfavoráveis para os sistemas empresariais das regiões que se entregaram a um ajustamento passivo às novas condições econômicas e sociais. Isso foi apresentado aos incautos da Terra de Santa Cruz como o resultado natural e benéfico de uma convergência ideológica, política e econômica na direção dos ganhos de eficiência e de produtividade.

No Brasil, os avatares da globalização revigoraram o pensamento liberal e tornaram predominante o cosmopolitismo liberal que se empenha a fundo nos misteres de borrar as diferenças entre as situações nacionais. Trata-se de ocultar e negar a existência de hierarquias e dominação nas relações internacionais e de exaltar as virtudes regeneradoras da concorrência.

Daí a insistência nos apelos à abertura comercial, ao estímulo à privatização e para combater a “deplorável” ineficiência da indústria nacional, que deve ser disciplinada mediante a maior exposição à concorrência externa.

Tenho a impressão que o presidente americano Biden não concorda. Despejou tarifas pesadas sobre a importação de produtos chineses. 

Publicado na edição n° 1312 de CartaCapital, em 29 de maio de 2024.

 

sábado, 25 de maio de 2024

EstadãoG7, G20 e os convidados a mais: quem pode e quem deveria vir? - Estadão

Lula tem esse poder e direito, de convidar outros chefes de Estado, como ocorre nas reuniões do G7, para as quais ele já recebeu e recebe convites . Ele o fará?

“Governo da Ucrânia deseja que Zelenski seja convidado por Lula à cúpula do G-20 no Rio.” (Estadão).

E o G7-2024, na Itália, para o qual está convidado? Lula já confirmou presença?

Governo da Ucrânia deseja que Zelenski seja convidado por Lula à cúpula do G-20 no Rio
Estadão.com.br - Últimas Notícias
24 de maio de 2024

Carolina Marins

Autoridades ucranianas esperam vinda do presidente apesar de possível presença de Putin; Itamaraty diz que

possibilidade de convite ao ucraniano não está descartada
ENVIADA ESPECIAL A KIEV* - A Ucrânia manifestou nesta quinta-feira, 23, a esperança de que o presidente Volodmir Zelenski seja convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cúpula do G-20, a ser realizada em novembro no Rio de Janeiro. O Brasil, porém, já deu sinais de que convidará Vladimir Putin, apesar do mandado de prisão contra o líder russo expedido pelo Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário.

A afirmação foi feita pela vice-ministra de Relações Exteriores da Ucrânia, Irina Borovets, durante encontro com uma delegação de jornalistas latino-americanos da qual o Estadão faz parte. Membros do governo também querem planejar uma cúpula Celac-Ucrânia, bem como estar presentes em reuniões com líderes do Mercosul, realizar encontros bilaterais com presidentes da América Latina e expandir a presença diplomática do país na região.

"Há muitas organizações que são do nosso interesse na região. Gostaríamos de participar, por exemplo, da reunião de líderes do Mercosul. Celac também. Sabemos que Putin será convidado, mas ainda gostaríamos de trabalhar em algum nível para que haja um convite ao nosso presidente para o G-20 em seu país. Especialmente porque o tema será segurança alimentar, que é um dos nossos principais tópicos em nossas condições de paz", afirmou Borovets em resposta a um questionamento do Estadão.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski Foto: Roman Pilipey/AFP"Temos muita ansiedade de que o nosso presidente tenha a oportunidade de falar na região, seja em uma cúpula, seja por reuniões bilaterais", completou.

Ao Estadão, fontes do Itamaraty disseram que a reunião do G-20 ainda está em fase de organização e nenhum convite foi emitido, portanto, uma possibilidade de convite ao ucraniano não está descartada.

O Brasil, porém, tenta viabilizar a vinda do presidente da Rússia ao Rio de Janeiro. No ano passado, o TPI emitiu um mandado de prisão contra Putin pelo suposto sequestro de crianças ucranianas. Pela regra do Estatuto de Roma que rege o TPI, países signatários devem cumprir os mandados caso o acusado viaje ao seu território.

Mas o governo Lula tem tentado por meio de um parecer jurídico defender o descumprimento de ordens de prisão do TPI contra chefes de Estado que não fazem parte do estatuto, o que seria o caso da Rússia. Em um impasse semelhante na reunião do Brics na África do Sul ano passado, Putin desistiu da viagem.

Em conversa com jornalistas brasileiros em Kiev em abril, Zelenski afirmou que convidar Putin seria "um grande erro". Em um sinal de intensificação dos esforços ucranianos em se aproximar do Brasil e dos países da América Latina, Borovets disse que deve visitar Brasília em meados de junho, antecipando uma possível viagem do ministro de Relações Exteriores Dmitro Kuleba.

Cúpula de PazAntes, existe grandes expectativas por parte do governo ucraniano de um encontro de Zelenski com Lula na Suíça. A Ucrânia realizará nos dias 15 e 16 de junho uma Cúpula de Paz na Suíça, onde pretende reunir o maior número possível de países a fim de iniciar conversações para elaborar um plano de paz.

Para os ucranianos, a presença de Lula seria fundamental para impulsionar o apoio a Kiev na América Latina, onde há resistências. Lula, porém, já sinalizou que não pretende comparecer à reunião, mas o Brasil ainda deve enviar uma delegação, segundo os ucranianos.

"Eu ainda tenho esperanças de que o Lula vá, embora isso ainda não seja suficiente para construir uma relação que poderíamos ter", disse a vice-ministra. "Recebemos sinais de que a participação não será a um nível presidencial, talvez ministerial, mas ainda assim será muito importante ter a presença do Brasil. Mas seria ótimo ter o presidente Lula, seria muito bom para a cúpula e para o futuro da guerra, pois países da região poderiam seguir o exemplo."

Negociação com a RússiaA intenção ucraniana não é transformar esta cúpula em um processo de negociação de paz, tanto que o convite não foi estendido para Rússia, mas sim reunir o maior número possível de países em apoio à Ucrânia, que levará dez pontos principais de discussão para o início de uma conversação de paz.

"Essa não é uma cúpula para começar a negociação com a Rússia. Essa é uma cúpula pensada para nos preparar para começar a negociar com a Rússia, porque não podemos ir sozinhos negociar", afirmou o Conselheiro do gabinete de Zelenki, Oleksandr Bevz.

"Primeiro queremos levar os nossos dez pontos com todos os países que vão participar. Depois disso, Rússia entra no jogo. Se tivermos algo a dizer à Rússia, tem que ser juntos como países, porque a Ucrânia não pode se garantir sozinha. Queremos ver a Rússia na mesa de negociação, mas precisamos do escudo da comunidade internacional", completou.

Nos dez pontos mencionados pelo conselheiro estão: segurança nuclear (em meio à ocupação russa à usina de Zaporizhzhia), segurança energética (em meio aos ataques russos a infraestruturas críticas da Ucrânia), segurança alimentar (devido às dificuldades de exportação de grãos pelo porto de Odessa), aspecto humano, retorno das crianças deportadas, intervenção russa nos territórios, retirada de tropas russas, restauração, garantias de segurança e uma confirmação legal do fim da guerra.

Lula e Zelenski durante encontro em Nova York em setembro de 2023 Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República'Amigos de Moscou'Os pontos, porém, ainda são um rascunho e o documento final que será levado à reunião ainda está em preparação, segundo Bevz. Ainda de acordo com ele, o governo ucraniano levará em consideração neste documento as preocupações dos países latino-americanos, embora não tenha especificado quais.

"Nós entendemos as preocupações do Brasil e estamos agora tentando responder a essas preocupações, porque para nós é muito importante que o Brasil se envolva", disse. A intenção é ter especialmente Brasil, China, Índia e África do Sul na cúpula, países que, em suas palavras, são escutados por Moscou.

Sabemos que a Rússia escuta algumas capitais. Talvez Pequim, Brasília, Pretória e Deli. Mas não estamos pedindo para serem mediadores, porque não há nada para mediar neste momento particular.

Oleksandr Bevz, conselheiro do gabinete de Volodmir Zelenski

"Esperamos que estes países estejam conosco para pensar juntos o plano que vamos elaborar. Essas capitais, que tem acesso à Moscou podem servir muito neste momento", completou. Para envolver mais estes países, o governo ucraniano pretende dar ênfase aos pontos de segurança alimentar - que será o tema do G-20 no Rio -, nuclear e energética.

Cúpula Celac-UcrâniaOutro ponto destacado pelo gabinete presidencial ucraniano é o desejo de realizar uma cúpula entre os países da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Ucrânia. No ano passado, a Ucrânia tentou participar do encontro entre a Celac e a União Europeia, mas não obteve sucesso.

"Estamos planejando contato com todos os países este ano, um de grande importância seria celebrar uma cúpula Ucrânia e Celac em um dos países da região", afirmou o chefe adjunto do departamento de política externa do gabinete da presidência, Andrii Nadzhos.

"Estamos determinando o lugar e data. Isso para nós é muito importante porque em 2023, na cúpula Celac e UE em Bruxelas, a Ucrânia queria ter a oportunidade de participar, mas sem êxito. Vamos repetir este ano essa tarefa", continou.

Outra ideia é expandir acordos bilaterais com países da região, bem como aumentar a presença diplomática da Ucrânia com abertura de embaixadas na Colômbia, Panamá, Paraguai, Guiana e Uruguai. "Mas isso ainda são planos. A ideia a envolver os países da Celac no tema da Ucrânia em temas como alimentos e reabilitação de veteranos ucranianos".

Este esforço ucraniano de se aproximar da América Latina e realizar uma cúpula de paz ocorre em um dos momentos mais vulneráveis da Ucrânia nesta guerra. A Rússia abriu uma nova frente de batalha na região de Kharkiv, a segunda maior do país, o que expõe as frentes do sul e do leste. Moscou também tem feito exercícios com armas nucleares táticas, em um sinal ao Ocidente. Enquanto isso, Zelenski está em uma cruzada para convencer os Estados Unidos a permitirem o uso de suas armas para atacar o território russo.

*A repórter viajou a convite da Fundação Gabo, que tem um projeto para incentivar reportagens em cobertura de conflitos internacionais, em parceria com a organização Ukraine Crisis Media Center, da Ucrânia

O que a guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia significa para a Rússia, para o próprio Ocidente? - Paulo Roberto de Almeida

O que a guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia significa para a Rússia, para o próprio Ocidente? 

Paulo Roberto de Almeida

Pelas estatísticas do lado ucraniano, já se chegou à marca de meio milhão de perdas russas nas frentes de batalha da guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia. Está se contando vitimas, não ainda o efeito mental que uma provável derrota militar causará na população russa. Outro tanto deve existir do lado ucraniano, onde aliás se encontram as maiores destruições materiais e perda de vidas humanas, animais e do patrimônio natural do país.

O que esse volume de perdas humanas do lado russo significa para o tirano de Moscou? Provavelmente nada.

Putin é completamente indiferente à vida das pessoas, inclusive a de seus próprios soldados. Está construindo uma bomba social que provavelmente só vai explodir depois do seu desaparecimento, quando mães, irmãs e filhas russas se derem conta da extensão das perdas individuais, além e acima dos efeitos demográficos maioresna sociedade russa.

Ele também deformou a economia da Rússia, tornando-a uma mera máquina de guerra. Para isso teve de colocar a Rússia como caudatária da economia chinesa, vinte vezes superior à do seu país, comprometendo os interesses do seu próprio povo. 

A Rússia emergirá dessa guerra insana diminuída economicamente, desprezada diplomaticamente e destruída moralmente, com talvez o início de um processo de recomposição psicológica da alma eslava, deformada durante vários séculos por uma arrogante impulsão de superioridade imperialista inculcada na população por elites irresponsáveis.

Durante séculos, a psiquê russa cresceu junto com formidável extensão do império na direção da Europa, do Pacífico e das terras meridionais, em detrimento de paises e populações dominadas por uma máquina de guerra feita mais de músculos do que de inteligência. Essa foi a História.

Por uma vez, o assim chamado Ocidente, animado ao que parece por valores do Iluminismo - Direitos Humanos, Democracia, Liberdades - e por princípios do Direito Internacional - respeito à soberania de outros Estados, não interferência nos seus assuntos internos, solução pacífica de controvérsias, cooperação em prol do bem-estar dos povos - tem a chance de se opor a esse fator desestruturador da paz e harmonia das Nações que se chama imperialismo russo. 

O Ocidente, enquanto conceito, não como simples realidade geográfica ou histórica, assim o fará? 

Parece existir mais no plano das intenções, mas menos ainda no terreno da prática, o que resta a ser confirmado pelas ações concretas em defesa da soberania da Ucrânia e da paz e da segurança da própria Europa e do Ocidente em geral, cuja resistência na preservação dos seus mais altos interesses tem sido desafiada por duas grandes autocracias.

O mundo se encontra num desses momentos decisivos, em que tudo parece depender da vontade de alguns estadistas, em face da vontade insana de alguns dirigentes. Em 1938 essa vontade falhou e o mundo foi arrastado para a voragem que começou em 1939 e só terminou seis anos depois, na maior destruição material e humana da história da Humanidade.

Desta vez é a própria civilização que está em jogo. A Ucrânia e talvez Taiwan representam nada menos do que isso: a preservação da vida e da dignidade humanas, assim como de algumas realizações civilizatórias acumuladas ao longo dos últimos 10 mil anos. Nem todos os dirigentes ao redor do mundo têm consciência da urgência do momento e da importância que têm certos valores e princípios como os da liberdade e da dignidade humanas em face de paixões e interesses de certos personagens animados de ódio e de ambições. Isso também existe.

A guerra de Troia não está muito longe de nós. Progredimos um pouco desde então? Por vezes creio que sim, em outros momentos não. A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia não é uma simples expressão da vingança de um déspota contra um outro povo. Pode ser algo maior, como em 1939, quando dois tiranos se uniram para destruir um Estado independente. Putin é, de fato, um novo Hitler. O Ocidente está preparado e disposto a enfrentá-lo? Veremos se desta vez será diferente, ou não. As implicações são maiores agora.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 25/05/2024


sexta-feira, 24 de maio de 2024

Amorim assina proposta com a China sobre guerra na Ucrânia - Marcelo Ninio (Globo)

 Amorim assina proposta com a China sobre guerra na Ucrânia

O Globo | Mundo
24 de maio de 2024

MARCELO NINIO
PEQUIM

Brasil e China apresentaram ontem feira uma proposta conjunta para as negociações de paz com a participação de Rússia e Ucrânia. O entendimento foi assinado após reunião em Pequim do assessor especial da Presidência Celso Amorim com o chanceler da China, Wang Yi. É a primeira vez que a China assina um documento desse tipo com um terceiro país sobre o tema.

O principal ponto acordado é que a Rússia não pode ficar de fora de negociações para resolver o conflito. Uma conferência será realizada no próximo mês na Suíça sobre a guerra, mas o Brasil indicou que não deve participar porque a Rússia não foi convidada.

No documento assinado, Brasil e China apelam às partes em conflito que respeitem três princípios para permitir a abertura de negociações: "Expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte."

Segundo comunicado divulgado pela assessoria de Amorim, "as duas partes tiveram uma troca de opiniões aprofundada sobre a defesa de uma solução política para a crise na Ucrânia* 1 , enfatizando que "o diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise". Rejeitam, ainda, o uso de armas de destruição em massa e afirmam que todos os esforços devem ser feitos para evitar uma crise nuclear.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a China tem mantido uma postura de defesa do diálogo, sem jamais condenar Moscou pela violação da soberania do país vizinho. Pela parceria intensa e crescente com o Kremlin, a política de Pequim foi definida por alguns analistas como "neutralidade pró-Rússia".

Amorim chegou na quarta a Pequim para uma visita oficial a convite do governo chinês. A viagem vai até o dia 29 e incluirá, além da capital, as cidades de Xian e Xangai. Hoje, ele visitará em Pequim a gigante de tecnologia Baidu, para conhecer seu projeto de inteligência artificial. Em Xian, Amorim irá a uma instalação da fabricante de carros elétricos BYD. E em Xangai está prevista uma visita ao Banco do Bric, que é chefiado pela ex-presidente Dilma Rousseff.

China e Brasil querem cúpula para paz entre Moscou e Kiev - Nelson de Sá (FSP)

China e Brasil querem cúpula para paz entre Moscou e Kiev

Folha de S. Paulo | Mundo
24 de maio de 2024


China e Brasil querem cúpula para paz entre Moscou e Kiev


Celso Amorim, assessor de Lula, e o chanceler WangYi divulgam proposta para negociar fim do conflito europeu

GUERRA DA UCRÂNIA

Nelson de Sá

pequim O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, reuniu-se nesta quinta-feira (23) em Pequim com Wang Yi, membro da cúpula do Partido Co munista e chanceler da China, em busca de "uma solução política para a crise na Ucrânia e a desescalada da situação", segundo nota do governo brasileiro.

Entre os entendimentos comuns citados por China e Brasil está o de que ambos "apoiam uma conferência internacional de paz, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz".

Segundo a assessoria de Amorim, Brasil e China agora "devem engajar países amigos para construir" o encontro.

Em fevereiro de 2023, um ano depois do início da invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin, a China divulgou uma proposta para a paz na região que incluía cessar-fogo, proteção de civis e prisioneiros de guerra, rejeição ao uso de armas nucleares, exportação livre de grãos, apoio à reconstrução da Ucrânia, além de fim das sanções impostas a Moscou.

O documento foi criticado por não se posicionar a respeito da presença de tropas russas em território ucraniano e por não fazer menção ao que deveria acontecer com o território anexado pela Rússia em um plebiscito - medida considerada ilegal pela grande maioria da comunidade internacional.

Os dois pontos são os principais entraves para uma eventual negociação de paz, considerando que a Ucrânia exige a retirada de todos os militares russos do país, além do retorno às fronteiras de 1991- incluindo a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 logo após a guerra civil que derrubou o governo de Kiev, à época pró-Moscou.

Palsesocidentais.emespecial os Estados Unidos, rivais da China, disseram ainda que Pequim não tem legitimidade para liderar um processo de paz dada a proximidade entre Putin e o dirigente Xi

Jinping. O presidente russo visitou o líder chinês no último dia 16, num encontro que reforçou a oposição dos países a uma ordem mundial liderada por Washington e anunciou cooperação em áreas que vão desde tecnologias espaciais e nucleares até finanças e manufatura.

No início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil tentou se apresentar como me diador e formar o chamado "clube da paz" reunindo países não envolvidos no conflito, como China e índia, para discutir o fim da guerra. Mas a iniciativa não foi bem recebida pelos EUA e por países da Europa ocidental, e declarações do presidente brasileiro sobre a Ucrânia, além de uma visita do líder petista a Pequim, esfriaram as relações com Washington.

Desentendimentos entre Lula e o presidente ueraniano, Volodimir Zelenski, prejudicaram a posição do Brasil como mediador, pelo menos aos olhos de observadores ocidentais. O esperado encontro entre os dois não aconteceu durante o G7 em maio de 2023, gerando um conflito de versões entre as duas chancelarias. O encontro bilateral finalmente aconteceu em setembro, em Nova York e, segundo disse Zelenski à Folha em abril deste ano, a reunião foi" muito boa''.

A nota de Brasília sobre o encontro de Amorim com Wang Yi também reproduz, em grande parte, o que a diplomacia chinesa vem defendendo em reuniões de seu enviado especial para negociações voltadas à Guerra da Ucrânia. Por exemplo, a rejeição ao uso de armas de destruição em massa e aos ataques a usinas nucleares.

Saindo do tema da guerra, China e Brasil defendem evitar, de maneira geral, segundo o documento divulgado, "a divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados".

Convidado por Pequim, Amorim chegou na terça-feira (21) e deve ficar uma semana na China.

A Guerra da Ucrânia completa dois anos e três meses nesta sexta-feira (24). Recentemente, o Brasil foi convidado para uma cúpula da paz organizada pela Suíça, mas o governo Lula vê o encontro com ceticismo, uma vez que a Rússia não vai participar.


Fareed Zakaria on the scrambling of our political spectrums: The of Revolutions - Foreign Policy

 Uma aula de sociologia política e de história.

Tools of the Trade: Methods and Sources for Teaching World History - Call for Papers

 CFP World History Connected Special Forum: 

“Tools of the Trade: Methods and Sources for Teaching World History”

Type: Call for Papers

Submission Date: June 17, 2024 

Contact for Inquiries: Cynthia Ross, cynthia.ross@tamuc.edu 

World History Connected (ISSN 1931-8642),https://journals.gmu.edu/whc, has been an affiliate of the World History Association since 2003. While the submission of individual articles on any topic germane to world history are welcome at any time, the journal also invites papers suitable for a special forum showcasing innovative methods and sources used in the scholarship and teaching of world history. Contributions to the journal may include archival research, fieldwork, and the scholarship of teaching (while WHC does not publish lesson plans, it does feature articles that are rooted in pedagogical analysis and data gathered from classroom activities, which may contain lesson plans and examples of student activities and exercises). 

This Call for Papers invites teachers and scholars to engage their collective creativity in teaching world history by contributing short pieces (2,000 to 3,000 words) on sources, tools, or methods that are well-suited for the world history classroom. Summer is a time of reflection and relaxation but it is also those few short months that allow world history instructors to develop new course materials or revise those that need updating. Anticipating publication of this forum in the summer, as course preparation begins, will assist instructors preparing their courses for the upcoming school year. While longer articles are welcome, short innovative works will allow instructors to quickly review and incorporate cutting edge materials right away. Examples of possible contributions include:

  • Primary sources used in innovative ways: Provide an introduction to the source (150-250 words), transcription and image of the source (with copyright permission), and effective discussion questions for classroom or assignment use.
  • A new or often underutilized digital resource, such as SlaveVoyages or Global Archives Online: Discuss the ways instructors and students alike can use a cutting edge research tool to explore the past, transforming the way scholars think of search terms and data manipulation. Include the URL, potential classroom uses, and prompts for discussion.
  • Methods already in use: Share successful activities used in courses that provide pathways to better explain to learners the many ways that groups and communities are connected to the history of the wider world and why the study of the field is relevant.
  • Curriculum and assessment: Allow readers of World History Connected a view into useful and creative curriculum designs and measures that spice up the well-worn ruts that busy instructors fall into when planning for the start of a new academic year.

Submission of complete articles for this forum should be received no later than June 17, 2024 through the World History Connected homepage at https://journals.gmu.edu/index.php/whc/index and click “Make a Submission” (see also below).

Submission of Articles for the Forum

Submission of questions related to this forum should be sent to the journal Editor, Cynthia Ross. Prior to the submission of a prospective article authors are encouraged to consult the journal’s Submissions and Style Guide (https://journals.gmu.edu/index.php/whc/submission-guidelines), or risk possible delays in consideration. The journal, like all academic journals, reserves the right to decline to publish any submission. 

Please note that due to the recent transition of WHC from the University of Illinois Press to George Mason University Press, World History Connected back issues may continue to appear at its former website (https://worldhistoryconnected.press.uillinois.edu) until the end of 2024, when all issues will be available on the new website. World History Connected issues from 2016-2023 are available at https://journals.gmu.edu/whc or by searching for “World History Connected GMU.”   

About World History Connected 

World History Connected is a grant-supported, open-sourced, double-blind reviewed e-journal that annually reaches 1.85 million readers (scholars and practitioners who read more than two articles) and attracts six million visits to its website. It publishes forums, individual articles, book reviews, special features (such as its “Interview with a World Historian”), and a list of books available for review. Please send any general inquiries with the subject line beginning “WHC” to the Editor, Cynthia Ross at cynthia.ross@tamuc.edu. Book reviews are welcome via preliminary contact with the journal’s Book Review Editor, Gina Bennett, at gbennett@coker.edu.

The journal strives to serve all those devoted to research and teaching world history. Published reviews have judged it successful in achieving its dual goal of supporting and disseminating globally both archival research and the scholarship of teaching. Ideally, any work in world history can be made relevant in terms of both increasing our understanding of micro- and macro-historical processes, and also contributing to classroom instruction and curriculum development. It is a double-blind peer reviewed publication guided by world historians and educators devoted to growing a community of world historians by assisting prospective authors to reach the highest standards for accessible writing, referencing, and formatting, whether the article is, or is not, accepted for publication. Its editorial staff includes past presidents—and the current president-- of the World History Association as well as distinguished Advanced Placement and Master Teachers, who are all unpaid volunteers. 

In addition to individual articles, book reviews, a list of books available for review, and “special” features such as interviews with world historians, the journal seeks Guest Editors who wish to create one of its curated topical sections (“Forums”) that help WHC keep as close as possible to the needs of its audience and developments in the field. The journal is published 3 times annually (Winter, Summer, and Fall), with additional material shared on social media through its social media editors. Follow us at:

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