segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Vidas Paralelas – Rubens Ricupero e Celso Lafer nas Relações Internacionais do Brasil - Paulo Roberto de Almeida (Ateliê de Humanidades)

 O Ateliê de Humanidades acaba de anunciar a publicação de seu mais novo livro: Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil, do diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida, membro do IHG-DF.

Capa e sumário do livro podem ser conferidos neste link do blog Diplomatizzando: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/08/livro-vidas-paralelas-rubens-ricupero-e.html

A obra pode ser encomendada na Amazon ou diretamente no Ateliê de Humanidades: https://ateliedehumanidades.com/produto/vidas-paralelas-rubens-ricupero-e-celso-lafer-nas-relacoes-internacionais-do-brasil-paulo-roberto-de-almeida/




Livro: Intelectuais na Diplomacia Brasileira: a cultura a serviço da nação - Paulo Roberto de Almeida (org)









O livro está disponível junto às editoras Francisco Alves e Unifest, assim como na Amazon e outras distribuidoras de livros.

Memórias belgas no Brasil - diversos assuntos

 A Bélgica é o meu segundo país: 

Festa do Imigrante no Museu da Imigração de São Paulo

Nos dias 27 e 28 de setembro de 2025, o Museu da Imigração realizará a 29ª edição da Festa do Imigrante, O evento acontecerá no complexo da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, São Paulo, com o objetivo de valorizar as heranças culturais e tradições de diversas nacionalidades. Contara com apresentações musicais, danças, oficinas, artesanato e comidas e bebidas de muitos países.

A Bélgica estará presente com a participação dos belgas Henri Magnée e Marc Storms. O chef Henri oferecera os autênticos Gaufres de Liège (ou waffles), feito com o especial açúcar perolado e diversas coberturas, tais como chocolate belga, caramel au beurre sale, entre outros. Marc, o coordenador do Patrimônio belga no Brasil, apresentará seus livros "Raízes belgas, trajetórias brasileiras" (2024, 148 p.), "Sabores belgas no Brasil" (2019, 128 p.) e "Ad. H. van Emelen: A trajetória de um artista belga em São Paulo" (2018, 144 p.), que estarão à venda com descontos especiais. O Henri é um dos 10 chefes belgas apresentados no livro Sabores Belgas!

Dias 27 e 28 de setembro de 2025, das 10h às 18h - Entrada gratuita e livre 
https://museudaimigracao.org.br/eventos/presencial/29a-festa-do-imigrante
Rua Visconde de Parnaíba, 1316 - Mooca - São Paulo - SP
 

Lançada biografia sobre o engenheiro belga que viveu no Rio Grande do Sul de 1833 a 1892

No dia 28 de agosto foi lançando, em Porto Alegre, um livro sobre Pierre François Alphonse Mabilde (1806 – 1888), o tataravô da autora, a socióloga Karen Bruck. O belga Mabilde fugiu logo depois da independência da Bélgica para o Brasil, onde viveu no Rio Grande do Sul de 1833 a 1892. Ele desempenhou um papel fundamental nas questões geográficas no Estado e na fixação dos colonos alemães, tendo sido engenheiro e agrimensor em São Leopoldo e Diretor Geral das Colônias de Santa Cruz e São Lourenço do Sul.
A obra, escrita em primeira pessoa, apresenta as aventuras e memórias desde a sua fuga, até a sua morte em 1892. A recuperação da história de Alphonse foi, de certa forma, iniciada fora dos arquivos e das bibliotecas. Ela tornou-se possível porque os originais de seus apontamentos sobre plantas brasileiras, mineralogia, e relatos etnográficos sobre sua convivência com os povos indígenas, foram localizados na garagem de um membro da família. Escritos há  mais de 180 anos, escaparam, milagrosamente, de traças e cupins.  
Para a surpresa da autora, a primeira edição já se esgotou. Eventualmente, pode haver uma segunda e um ebook.  


 

Site memoriasbelgas.com.br

Com problemas na hospedagem do nosso site www.belgianclub.com.br, fomos obrigados a migrar o site para um novo host com o novo domínio www.memoriasbelgas.com.br, que expressa melhor a amplitude que o projeto foi ganhando nos últimos anos. Criado em 2014, no início a ênfase era no patrimônio material. Com o aumento da abrangência das pesquisas, incluindo as migrações belgas, os livros publicados e a presença de belgas no Brasil, o termo memoria adapta-se melhor aos conteúdos. Foi um período de intenso trabalho, para transferir todos os dados e a programação. Estamos felizes que conseguimos dar forma a esse novo site e convidamos todos e todas a (re)visitar o nosso crescente banco de dados sobre as presenças belgas no Brasil e seus legados históricos.
 

Belgas In Memoriam

Nos últimos meses, nos despedimos de vários compatriotas proeminentes que atuaram no Brasil. Nossos pêsames aos familiares, colegas e amigos.

O professor aposentado da Unicamp e membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, o descendente belga Martin Tygel https://www.memoriasbelgas.com.br/pt-br/creator/tygel-martin-1946-2025, faleceu no dia 13 de julho. Ele era uma das maiores referências em geofísica computacional e especialista no desenvolvimento de métodos e algoritmos baseados na teoria de ondas sonoras.

No dia anterior, faleceu o romancista, crítico de cinema, roteirista e cineasta Jean-Claude Bernardet que nasceu em Charleroi, Bélgica, e deixou um legado significativo de análises sobre a cinematografia brasileira. https://www.memoriasbelgas.com.br/pt-br/creator/bernardet-jean-claude-georges-ren%C3%A9-1936-2025

O belga Julien Boodts, formado em Engenharia Química (U Gent), chegou na cidade de Ribeirao Preto (SP) na década de 1960, como membro de um grupo de sete belgas que participaram da estruturação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão. Em 2009 foi homenageado pela sua contribuição à Eletroquímica Brasileira. Faleceu no dia 4 de setembro de 2025. https://www.memoriasbelgas.com.br/pt-br/creator/boodts-julien-francoise-coleta-2025 Alguém poderia nos enviar informações sobre os outros belgas participantes do grupo citado?

Entre em contato conosco caso conheça pessoas, patrimônio ou histórias ainda não mencionadas no nosso site ou, se quiser acrescentar informações.
 

Belgas em cartaz

  1. A exposição Resistências Originárias no Centro Cultural Vale Maranhão no centro histórico de São Luís, propõe um mergulho na obra da fotografa belga Christine Leidgens que morou seis anos no Maranhão. São 300 fotografias que mostram os trabalhadores indígenas da Bolívia, comunidades quilombolas e povoados negros da Amazônia e da África, além do povo indígena Piaroa, na Venezuela.
  2. Quatro artistas residentes na Bélgica foram convidadas para se apresentar na 36ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, recém-inaugurada no Parque Ibirapuera, na capital paulista. São:  Otobong Nkanga, nascida na Nigeria que vive e trabalha em Antuérpia e participa com apoio da Flanders State of the Art, Pélagie Gbaguidi, uma artista multimídia beninense que vive e trabalha em Bruxelas, Laure Prouvost, artista e cineasta francesa que vive em Bruxelas, e Hamedine Kane, artista visual e cineasta nascida na Mauritânia que vive em Bruxelas, Paris e Dacar. A Bienal fica em cartaz até 11 de janeiro e tem entrada gratuita.


Sua ajuda na investigação da presença belga no Brasil é muito apreciada. Divulgue nossos artigos. Notifique-nos sobre novas histórias. E compre nossas publicações
 

Graham Allison: Interview (Bulletin of the Atomic Scientists)

 Graham Allison: Interview

Bulletin of the Atomic Scientists, Sept 14, 2-25)


To mark the surrender of Japan on September 2, 1945 that ended the most devastating war in history, the editor-in-chief of the Bulletin of the Atomic Scientists engaged me in a lengthy discussion of what I’ve called the “longest peace.” Recalling John Gaddis’s classic 1987 article on the “Long Peace,” I’ve argued that we should pause this month to reflect and give thanks for the longest period without great power war since the Roman Empire. Indeed, to make the point vivid, I suggested we think about 3 numbers: 80, 80, and 9. If one can identify the question to which each is the answer, he’ll have the big picture about what’s happened in the international security arena during the entire lifetime of virtually every American today.

Among his questions to which I offered my current best answers:
Should we be optimistic, or alternatively pessimistic, about this longest peace continuing for the next quarter century?
How does President Trump think about nuclear weapons and the imperative of avoiding a great power war?
How is Trump impacting the international security order?
How does the Chinese government see the “disruptor-in-chief?”

Challenging questions for times in which we’re all discombobulated.

If you have reactions, I’ll be interested to receive them.
Regards,
Graham Allison Signature
Graham Allison
Douglas Dillon Professor of Government
Harvard Kennedy School

https://click.comms.hks.harvard.edu/?qs=909b50e8b596aa72737296d5241d496a5828e2daf43e45bbe8948ba2e59cfa2295da7d08ead639f9d168388623685d4fb53a7418f5a795ba

domingo, 14 de setembro de 2025

Argentina, o país do déjà vu - Marcelo Guterman

A Argentina não é uma exeção: câmbio fixo ou bandas ajustáveis são dificilmente sustentáveis...

Argentina, o país do déjà vu

A Argentina é um eterno déjà vu. Agora mesmo estou lendo um livro (gentilmente emprestado pela amiga Nora Gonzalez) que reúne entrevistas de economistas argentinos sobre a convertibilidade. O livro é de 1995, a convertibilidade (1 peso-1 dólar, garantido pelo governo) havia sido instituída em 1991, e passava por seu primeiro grande teste, após a crise do México, em março daquele ano.

A primeira pergunta do jornalista é a mesma para todos os entrevistados: “poderá se manter a convertibilidade?”. Estou ainda na metade do livro, mas a resposta, até o momento, oscilou entre “se manterá” e “precisa ser mantida”. E não pensem tratar-se de economistas heterodoxos ou desenvolvimentistas. Pelo contrário, o apoio à convertibilidade se dá mesmo entre os entrevistados que se alinham à ortodoxia, que citam o problema do déficit fiscal como o principal para a manutenção da convertibilidade.

Havia uma leitura de que a convertibilidade seria um instrumento para forçar o mundo político a se adequar. Como sabemos, ocorreu o inverso: o Estado não se adequou, e a convertibilidade foi pelos ares 6 anos depois.

O problema do câmbio fixo, mesmo com o governo fazendo tudo certo, é a incapacidade de absorver choques de externos. O efeito é o esgotamento das reservas na vã tentativa de blindar a economia doméstica do choque, dando tempo para que o mundo político faça a lição de casa, adaptando o país às novas condições externas. O problema, como sabemos, é que o mundo político, ainda mais na América Latina, não faz a lição de casa, sobrando para o BC a tarefa inglória de sustentar um câmbio distorcido.

Milei, que se elegeu com uma plataforma de não intervenção na economia, insiste em manter o câmbio sob controle. Adotou um sistema de bandas reajustáveis, as mesmas que praticamos durante 4 anos, entre 1995 e 1999, e que foi pelos ares, substituída pelo atual regime de câmbio flutuante. Ou seja, Milei está só 30 anos atrasado.

Alguns dirão que não dá para fazer tudo de uma vez, o câmbio flutuante virá a seu tempo, quando todo o resto da casa estiver arrumado e a inflação estiver em patamares mais baixos. O problema, claro, é combinar com o cenário externo e o fornecimento de dólares para manter as reservas. Não há caso de câmbio fixo que tenha terminado bem. Talvez essa seja uma exceção.

Blog do Marcelo Guterman é uma publicação apoiada pelos leitores.

O discurso de posse de José Guilherme Merquior na Academia Brasileira de Letras - Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy (Conjur)

 Embargos Culturais

O discurso de posse de José Guilherme Merquior na Academia Brasileira de Letras

19 de maio de 2024, 8h05

José Guilherme Merquior (1941-1991) foi um intelectual, na mais precisa expressão desse termo. Escritor com visão abrangente dos problemas de seu tempo, e todos os tempos, também escrevia em língua estrangeira, a exemplo do inglês, idioma que usou no seu portentoso estudo sobre o liberalismo, livro que já resenhei nessa coluna[1]. Nessa obra, traduzida para o português por Henrique de Araújo Mesquita, Merquior discorreu longamente sobre o tema (e o problema) do direito natural.


Graduado em Filosofia e em Direito, tratou também de vários assuntos de especulação jurídica, o que lhe vale, certamente, a posição de importante jusfilósofo.  Essa classificação certamente seria por Merquior desprezada; afinal, foi um pensador acima de quaisquer tipologias e classificações. Insisto, no entanto, que há um importante legado de filosofia do direito na obra de Merquior, tema que merece estudo mais profundo. Não é o caso da presente crônica, que se ocupa do discurso de posse de Merquior na Academia Brasileira de Letras, em 11 de março de 1983.

Como se lê em Fábio Coutinho, ainda que em outro contexto, “o ingresso nas grandes academias representa, via de regra, a consagração dos homens e suas obras, culminando vidas inteiramente dedicadas ao trabalho intelectual”[2]. É o caso, também exatamente, de José Guilherme Merquior. Um “caso único”, como lemos em instigante ensaio de Paulo Roberto de Almeida[3]; organizador de “José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro”[4]; cujo prefácio me parece o mais completo estudo sobre o intelectual aqui estudado. O discurso de Merquior como orador da turma do Instituto Rio Branco (em 1963), que Paulo Roberto Almeida acrescenta em seu livro, já revelava a intuição racionalizadora do orador: a verdade não seria apenas “a conformidade da ideia com o ser: é antes um comportamento (…) frente ao mundo objetivo, como se ele nos fosse estranho”.

Merquior foi antecedido na Academia por Paulo Carneiro, ocupou a cadeira n. 36, e foi saudado por Josué Montello. A cadeira fora ocupada por Afonso Celso, filho do Visconde de Ouro Preto, o último chefe de gabinete do segundo reinado. Merquior enfatizou as qualidades intelectuais de Afonso Celso, a exemplo da elegância do estilo (um estilo eminentemente verbal), o que despontava objetividade e clareza na exposição das ideias.

Segundo Merquior, integridade e paixão marcavam Afonso Celso. Um nacionalismo que identificava como “positivo” era nítido no intelectual que homenageava, autor de um livro hoje pouco lembrado: “Por que me ufano de meu país”. Trata-se de um livro publicado em 1900, e que foi de algum modo mais tarde ridicularizado, por sua forma laudatória.

O adjetivo “positivo” que Merquior acrescentou ao substantivo “nacionalismo” talvez revele, para o leitor contemporâneo, o pensamento requintado do acadêmico que tomava posse. Merquior enfatizou a coragem política de Afonso Celso, que fez o caminho inverso de seus contemporâneos. Com a Proclamação da República, muitos monarquistas se fizeram republicanos (os republicanos arrivistas de 15 de novembro). Afonso Celso fez a rota inversa: de republicano tornou-se monarquista, talvez até como enfrentamento ao oportunismo, a par de uma inegável homenagem ao próprio pai. Essa tensão (inclusive sob uma perspectiva freudiana, é tema de um instigante livro de Luís Martins, “O patriarca e o bacharel”).

Afonso Celso fora corajoso na política e versátil nas humanidades (um polígrafo de valor). Ao lado de Eduardo Prado, Afonso Celso quixotescamente se colocou contra a República, segundo Merquior, que também lembrou que o vocábulo “brasilidade” fora por criado por Afonso Celso, que também atuou na Ação Social Nacionalista. Merquior o identificou como o “criador do ufanismo”.

Merquior seguiu a tradição dos empossados, e proferiu discurso centrado na figura de seus antecessores, acentuando o pensamento humanista que os marcava, fixando pontos de conexão histórica que implicavam no papel do intelectual na sociedade.  Insistiu na necessidade de engajamento social do intelectual, tema recorrente nas reflexões sobre as relações entre os intelectuais e o poder, tema de um dos livros de Norberto Bobbio, “Os intelectuais e o poder”.

Merquior acentuou uma continuidade entre os ocupantes da cadeira n. 36, o que de alguma forma explicitava sua profissão de fé, simbolicamente, no sentido teológico de afirmação de posicionamento em relação aos dilemas da vida. Merquior havia discutido com profundidade a responsabilidade social do artista, em ensaio de 1963, publicado nessa obra prima de crítica e estética, que é a “Razão do Poema”, recentemente republicado em coleção coordenada por João Cezar de Castro Rocha. Nesse texto de crítica, Merquior sublinhou que “qualquer ideia acerca da responsabilidade social do artista tem de incorporar essa crença na arte como função cognitiva, porque, sob pena de andarmos em nuvens, não há outro meio de se exigir do artista uma determinada atitude a não ser reconhecendo nele um instrumento de visão”.

O patrono da cadeira n. 36 foi Teófilo Dias (o poeta das Fanfarras). Merquior lembrou que Teófilo Dias fora um protoparnasiano. Teófilo Dias era sobrinho de Gonçalves Dias, cuja “Canção do Exílio” Merquior analisou em “Poema do lá”, um dos mais conhecidos estudos de crítica literária que conhecemos, também republicado em “Razão do Poema”.

Certamente, Merquior é o intelectual brasileiro mais autorizado a falar sobre a relação entre os intelectuais e o poder, isto é, sobre a relação entre o pensador e a ação política. Celso Lafer, outro intelectual de importância superlativa, também da Academia Brasileira de Letras, afirmou em um documentário que Merquior fora o mais importante intelectual de sua geração.

A propósito desse papel (e dessa função, pensador e política) Merquior exemplificou a complexidade da tarefa, tratando de dois outros antecessores da cadeira n. 36: Clementino Fraga (médico, que trabalhou com Oswaldo Cruz) e Paulo Carneiro (que foi embaixador, para quem “saber é saber o quanto se ignora”, e que conviveu com Guimarães Rosa e Sousa Dantas no fim da segunda guerra mundial). Merquior tratava de um “humanismo inclusivo”, metáfora que bem mostrava uma disposição para aproximar a academia da vida real, mediando cultura e emancipação.

Ao tratar de Paulo Carneiro (que Merquior reputou como o último dos apóstolos de Augusto Comte no Brasil) o empossado fixou para o leitor atual as características dessa doutrina, distinguindo as diferenças entre positivismo-clima e positivismo-seita, fazendo-o inclusive com humor e graça, lembrando e contando uma anedota de Josué Montello.

Não nos esqueçamos, Merquior era um liberal (na tradição de Isaiah Berlin), no sentido de enfatizar liberdade e autonomia no fortalecimento do indivíduo em face do Estado. Foi um defensor da democracia liberal e da economia de mercado, pontos que o aproximavam de Roberto Campos, outro expoente máximo da história do pensamento brasileiro. A ação prática é necessária, e sem essa, não se pode pensar em mudança social significativa. Qual a função do acadêmico na sociedade? A pergunta, parece-me o ponto central desse discurso memorável, que é um manifesto sobre a posição dos intelectuais na sociedade.

Merquior encerrou sua fala lembrando que “mesmo na eventual divergência”, era a “via régia do conhecer e da paixão’ que o animava: “a paixão de compreender”. Essa orientação ao mesmo tempo prática e especulativa, a “paixão de compreender”, penso, seja o maior legado de José Guilherme Merquior, ainda que em forma de permanente inspiração.

[1] https://www.conjur.com.br/2022-out-16/embargos-culturais-jose-guilherme-merquior-historia-liberalismo/

[2] Fábio de Sousa Coutinho, “Leituras de Direito Político”, Brasília: Thesaurus, 2004, p. 223.

[3] https://oantagonista.com.br/brasil/paulo-roberto-de-almeida-na-crusoe-o-caso-unico-de-jose-guilherme-merquior/

[4] https://www.academia.edu/46954903/Jose_Guilherme_Merquior_um_Intelectual_Brasileiro_2021_

  • é livre-docente em Teoria Geral do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), advogado e parecerista em Brasília.                                                         

O que Charles Kirk defendia?: veja suas frases - UOL, Paulo Roberto de Almeida

 Não se pode dizer que o apoiador de Trump tenha sido cerceado em sua liberdade de dizer o que pensa. Viveu livremente. E morreu de acordo a suas ideias.

Numa postagem anterior aqui feita pkr mim, supostos liberais retrucaram dizendo que ele tinha sido vitima de radicais de esquerda, como aliás disse o próprio Trump. Acredito que seu assassino tenha tido ideias muito próximas dele, pelo menos em parte.  PRA


O que Charles Kirk defendia? Veja frases sobre aborto, armas e escravidão

Do UOL, em São Paulo*

11/09/2025 14h57

Morto, após ser baleado durante um evento universitário nos EUA, Charlie Kirk era um ativista político de extrema direita que acumulou declarações controversas sobre temas como aborto, escravidão, porte de armas e gênero.


O que aconteceu

Influenciador era líder do Turning Point USA, organização que mobilizou jovens eleitores pelos EUA a votarem em Donald T… - Veja mais em: 

https://www.facebook.com/UOL/posts/o-que-charles-kirk-defendia-veja-frases-sobre-aborto-armas-e-escravid%C3%A3o/1228041309370503/ 

Carta de Lula ao presidente Trump - Comentários de Paulo Roberto de Almeida

Carta de Lula ao presidente Trump: 

Ela comporta verdades elementares no que concerne a soberania do país, mas também afirmações não tão elementares no que concerne a economia, uma vez que pretende condições estáticas de comércio e de competitividade. A economia é dinâmica e empresas e indivíduos enriquecem justamente pela introdução de novos produtos e serviços, frutos da inovação e da inventividade humanas. 

O que Trump pretende na economia, por total ignorância, é fazer os EUA retornarem a um estado anterior da dinâmica econômica, aos tempos da 2a revolução industrial — carvão, petróleo, automóveis à explosão— quando os EUA reinavam soberanos sobre o mundo.

O que Lula por sua vez pretende é que as vantagems adquiridas pelo Brasil em sua industrialização— imitando os EUA e Europa, da 2a revolução industrial, quando estes já tinham passado para a 3a — sejam mantidas estáticas, o que é francamente impossível, para todos.

A China, por exemplo, falhou na 1a revolução industrial, perdeu a 2a e a 3a — quando vivia sob o maoismo demencial — mas se engajou sob Deng na dinâmica mundial, ingressou na OMC e se abriu ao mundo. A extraordinária energia do seu povo, guiado por uma tecnocracia esclarecida, fez com que ela galgasse todos os estágios anteriores — com as “vantagens do atraso”, de que falava Gerschenkron — e hoje se encontre na vanguarda da 4a e da 5a  revoluções industriais.

Os argumentos de Lula sobre as imposições arbitrárias de Trump por motivações essencialmente políticas são todas pertinentes e pertencem ao terreno da interferência nos assuntos internos do Brasil, o que é inaceitável.

Trata-se de uma boa resposta à administração americana, mas não tenho certeza de que sua arrogância diminuirá com a mensagem.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 14/03/2025


*NYT - Lula: Brazilian Democracy and Sovereignty Are Non-Negotiable*

Sept. 14, 2025, 9:00


By Luiz Inácio Lula da Silva

Mr. Lula is the president of Brazil.

I decided to write this essay to establish an open and frank dialogue with the president of the United States. Over decades of negotiation, first as a union leader and later as president, I have learned to listen to all sides and to take into account all the interests at stake. That is why I have carefully examined the arguments that have been put forward by the Trump administration to impose a 50 percent tariff on Brazilian products.


Bringing American jobs back and reindustrialization are legitimate motivations. When in the past the United States has raised the banner of neoliberalism, Brazil warned of its harmful effects. Seeing the White House finally acknowledge the limits of the so-called Washington Consensus, a policy prescription of minimal social protection, unrestricted trade liberalization and overall deregulation dominant since the 1990s, vindicated the Brazilian position.


But resorting to unilateral action against individual states is to prescribe the wrong remedy. Multilateralism offers fairer and more balanced solutions. The tariff increase imposed on Brazil this summer is not only misguided but illogical. The United States is not running a trade deficit with our country, nor is it subject to high tariffs. Over the past 15 years, it has accumulated a surplus of $410 billion in bilateral trade in goods and services. Nearly 75 percent of U.S. exports to Brazil enter duty-free. By our calculation, the average effective tariff on American products is just 2.7 percent. Eight out of the 10 main items face zero tariffs, including oil, aircraft, natural gas and coal.


The lack of economic rationale behind these measures makes it clear that the motivation of the White House is political. The deputy secretary of state, Christopher Landau, reportedly said as much earlier this month to a group of Brazilian business leaders who were working to open negotiation channels. The U.S. government is using tariffs and the Magnitsky Act to seek impunity for former President Jair Bolsonaro, who orchestrated a failed coup attempt on Jan. 8, 2023, in an effort to subvert the popular will expressed at the ballot box.


I am proud of the Brazilian Supreme Court for its historic decision on Thursday, which safeguards our institutions and the democratic rule of law. This was not a “witch hunt.” The judgment was the result of proceedings carried out in accordance with Brazil’s 1988 Constitution, enacted after two decades of struggle against a military dictatorship. It followed months of investigations that uncovered plans to assassinate me, the vice president and a Supreme Court justice. Authorities also discovered a draft decree that would have effectively annulled the 2022 election results.


The Trump administration has furthermore accused the Brazilian justice system of targeting and censoring American tech companies. Those allegations are false. All digital platforms, whether domestic or foreign, are subject to the same laws in Brazil. It is dishonest to call regulation censorship, especially when what is at stake is the protection of our families against fraud, disinformation and hate speech. The internet cannot be a land of lawlessness where pedophiles and abusers are given free rein to prey on our children and teenagers.


Equally baseless are the administration’s allegations of unfair practices by Brazil in digital trade and electronic payment services and its alleged failure to enforce environmental laws. Contrary to being unfair to U.S. financial operators, Brazil’s digital payment system, known as PIX, has enabled the financial inclusion of millions of citizens and companies. We cannot be penalized for creating a fast, free and secure mechanism that facilitates transactions and stimulates the economy.


In the last two years, we have cut the rate of deforestation in the Amazon by half. In 2024 alone, Brazilian police seized hundreds of millions of dollars’ worth of assets used in environmental crimes. But the Amazon will still be in danger if other countries fail to do their part in reducing greenhouse gas emissions. Rising global temperatures could turn the rainforest into a savanna, disrupting rainfall patterns across the entire hemisphere, including the American Midwest.


When the United States turns its back on a relationship of more than 200 years, such as the one it maintains with Brazil, everyone loses. There are no ideological differences that should prevent two governments from working together in areas where they have common goals.


President Trump, we remain open to negotiating anything that can bring mutual benefits. But Brazil’s democracy and sovereignty are not on the table. In your first address to the United Nations General Assembly in 2017, you said that “strong sovereign nations let diverse countries with different values, different cultures and different dreams not just coexist, but work side by side on the basis of mutual respect.” This is how I see the relationship between Brazil and the United States: two great nations capable of respecting each other and cooperating for the good of Brazilians and Americans.


Luiz Inácio Lula da Silva is the president of Brazil.”

Bolsonaro condenado: Conclusão do julgamento no STF abre novas disputas políticas - Wilson Lima e José Inácio Pilar (Crusoé)

 

A ADB relança o Projeto Prata da Casa: colaborações Paulo Roberto de Almeida

 A ADB relança o Projeto Prata da Casa

            Colaborei, durante quase 20 anos, com o antigo boletim, depois revista da ADB (hoje descontinuada), justamente na seção Prata da Casa, efetuando dezenas, centenas de mini, midi ou grandes resenhas de livros de diplomatas, tendo recolhido aquelas publicadas até 2013 ou 2014 nos volumes abaixo indicados, sendo que muitas outras foram publicadas, mas não coletadas, nos anos seguintes.
Pretendo republicar os volumes já organizados, e depois coletar as resenhas que faltaram, para poder iniciar um novo projeto de identificação mais abrangente da produção "literária", no sentido lato, ou puramente livresca, dos diplomatas, que também podem ser considerados intelectuais, ou em grande medida, pela própria natureza do trabalho e pelas teses de CAE, acadêmicos.
        Eis os volumes em edição de autor:

2533. Prata da Casa: os livros dos diplomatas, Hartford, 11 novembro 2013, 691 p. Compilação das resenhas mais importantes de livros de diplomatas e acadêmicos de livros da área, com Prefácio, Introdução, Índice Alfabético de Autores e Livros e demais informações de expediente. Restruturado em duas alternativas, em função de dimensões exageradas na versão diagramada (1.200 p.), e oferecido em versão reduzida, apenas com escritores brasileiros, e em versão de edições nacionais, incluindo autores estrangeiros com livros publicados no Brasil, de dimensões médias; selecionada esta última versão (disponibilizado no site Academia.edu, link: https://www.academia.edu/attachments/32789856/download_file). Revisto em 16 de julho de 2014, com novos arquivos; divulgado no Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html; disponível no Academia.edu: link do livro: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_; link direto para download do arquivo em pdf: https://www.academia.edu/attachments/34209509/download_file?s=work_strip&ct=MTQwNzAwODExOCwxNDA3MDExMjI5LDc4NTEwNjY; Researchgate.net: https://www.researchgate.net/publication/269701236_Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas?ev=prf_pub).

2710. Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Kindle, 2014, 414 p.; 1324 KB; ASIN: B00P8JHT8Y); Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_).

2707. Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Kindle, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_).

2693. Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG); disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_).

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Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 setembro 2025.

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