De fato, os venezuelanos, os chavistas em particular, devem ter rezado um bocado para São Bolívar, para que ele fizesse chover e terminassem os horríveis racionamentos a que estiveram submetidos os venezuelanos por semanas e meses seguidos.
Não sei se deu certo, mas voltou a chover um pouco.
Enquanto isso, para desgosto dos ecologistas e de todos os que rezam pela cartilha da redução de emissões poluentes, os venezuelanos foram acumulando centrais térmicas que passarão a usar o diesel como combustível, altamente poluente, e tóxico, portanto.
Ironias da história: rezando por uma chuvinha, e poluindo a atmosfera...
Paulo Roberto de Almeida
El embalse del Guri subió 9 centímetros
Venezuela pasó la barrera de los 5 mil megavatios térmicos
Prensa Bolivariana, 22.05.2010
Presidente Chávez: Próximamente se eliminarán los racionamientos eléctricos los fines de semana y los días feriados. Posteriormente se anunciará la suspensión del racionamiento eléctrico en todo el país, en la medida en que se recuperen los embalses y se amplíe el parque termoeléctrico
Venezuela ha pasado la barrera de los 5 mil megavatios térmicos, una cifra que nunca antes había experimentando el país en materia de generación de energía eléctrica, informó el presidente de la República Bolivariana de Venezuela, Hugo Chávez.
“Ayer batimos récord en generación termoeléctrica. Nunca en Venezuela habíamos pasado de 5 mil megavatios de generación térmica, porque siempre hemos dependido del Guri, de la generación hidroeléctrica. Ayer pasamos la barrera de 5 mil megavatios térmicos. Vamos a ir equilibrando lo hidroeléctrico con lo termoeléctrico”.
Para consolidar la generación termoeléctrica China y Venezuela construirán varias plantas generadoras de electricidad empleando el coque petrolero generado en la Faja Petrolífera del Orinoco. Además, se instalarán otras termoeléctricas solamente para las empresas de Guayana, y se inaugurarán Las Picuras, en Vargas, y La Raiza, en los Valles del Tuy.
El jefe de Estado anunció que próximamente se eliminarán los racionamientos eléctricos los fines de semana y los días feriados. Posteriormente se informará la suspensión del racionamiento eléctrico en todo el país, en la medida en que se recuperen los embalses y se amplíe el parque termoeléctrico.
Las fechas serán acordadas en la reunión que sostendrá el Presidente con los integrantes del Estado Mayor Eléctrico, al término del acto de inauguración de la industria electrónica Orinoquia.
El mandatario nacional dijo que la represa del Guri subió 9 centímetros más, cifra que contribuye al alejamiento del colapso eléctrico, al tiempo de hacer referencia al aumento del nivel del agua, en 18 centímetros, del embalse Uribante-Caparo.
“Ya no hay riesgo de colapso eléctrico, gracias a Dios, a la Revolución y a los trabajadores eléctricos y al pueblo. Salimos del riesgo del colapso”.
Prensa Presidencial / 22 de mayo de 2010
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 23 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Gradacoes da democracia - um exercicio de classificacao
Da democracia à ditadura: uma gradação cheia de rupturas
Paulo Roberto de Almeida
Democracias, ma non troppo
O mundo, obviamente, ainda não se ajustou ao “fim da História”, no sentido da convergência da maioria dos países para regimes políticos e para sistemas econômicos próximos das democracias de mercado (capitalistas), como sugeria, tentativamente, Francis Fukuyama. Ele o fará, gradualmente, já que o núcleo central da tese de Fukuyama é basicamente correto – retirando-se a metáfora hegeliana do “fim da História”, resta que o desenvolvimento socioeconômico e a consolidação da prosperidade social, permitidos justamente por uma economia de mercado dinâmica, trazem naturalmente um regime político mais conforme à atomização dos poderes e dos mercados capitalistas (baseados, institucionalmente, em mecanismos de representação, de negociação e de conciliação).
Já tratei dessas questões em outro trabalho e não vou voltar a elas neste momento (ver: Paulo Roberto de Almeida, “O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?”, Meridiano 47, n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; link: http://sites.google.com/a/mundorama.net/mundorama/biblioteca/meridiano-47/sumariodaedicaono114%E2%80%93janeiro2010/Meridiano_114.pdf?attredirects=0&d=1). Essa transição quase natural para a democracia política é, no entanto, um mundo ideal, para o qual caminharemos muito gradualmente. Ele está baseado em uma adequada educação política dos cidadãos, o que, sabemos, é uma mercadoria ainda relativamente rara nas comunidades existentes neste planeta persistentemente pobre; de fato, as possibilidades de desenvolvimento econômico inclusivo não encontram grandes obstáculos técnicos à sua consecução, mas os políticos e sociais são formidáveis. No mundo real, ainda convivemos com um número lamentavelmente grande de regimes autoritários ou de ditaduras abertas.
Uma evolução positiva
Cabe, entretanto, reconhecer uma evolução positiva, que não deixa de ser um fato histórico: numa linha contínua, que levaria, de um lado, do despotismo mais exacerbado, da tirania mais execrável, até, na outra ponta, a uma democracia perfeita, podemos constatar que o mundo avançou de modo razoável no último meio século. O número, ínfimo, de democracias estáveis no período anterior à Segunda Guerra Mundial, cresceu regularmente desde então, especialmente depois da implosão e virtual desaparecimento do último sistema “escravocrata” da era contemporânea: o socialismo real. Este existiu em diversas modalidades, sendo seu modo mais tirânico o representado pelos totalitarismos stalinista e maoísta, mas também teve Estados policiais perfeitamente “weberianos” – como a ex-Alemanha oriental – e socialismos burocráticos que evoluíram ao longo do tempo (como o modelo “gulash” na Hungria e o nacionalismo estatizante da ex-Iugoslávia).
A evolução nesses países outrora dominados por um partido único – comunista, obviamente – não deixa de ser um fato auspicioso na história da humanidade, embora dois pequenos bastiões do totalitarismo comunista resistam ainda na sua irrelevância anacrônica, ao lado de várias outras tentativas de implantar, senão ditaduras abertas, pelo menos regimes politicamente fechados, caracterizados pelo cerceamento de liberdades elementares em regimes plenamente democráticos. Estes se caracterizam pela liberdade de organização, de expressão e de manifestação, pela representação livre de todos os interesses sociais presentes na sociedade, inclusive a defesa dos direitos das minorias (sociais, étnicas, religiosas, políticas), que é o que distingue verdadeiramente uma democracia plena.
Tentações totalitárias
Regimes e situações não democráticos não desapareceram, como é óbvio para quem observa o mundo como ele é. Alguns países, que tinham conhecido uma saudável evolução democrática – na América Latina, na África e na Ásia, sobretudo – voltaram experimentar desenvolvimentos autoritários. Países de democracia frágil, não consolidada, ou submetidos a conjunturas mais ou menos traumáticas de instabilidade, no seguimento de crises econômicas e sociais, ou de rupturas políticas fora da normalidade – sim, porque existem rupturas políticas dentro da normalidade, como aquela conhecida no Brasil em 2002 – podem reverter o relógio da história e recair em tentações totalitárias (não pela vontade de seus cidadãos, por certo, mas pela manipulação que fazem de massas não educadas líderes tendencialmente autoritários).
O que são esses regimes? São ditaduras “eleitas” – sim existe, como vimos ainda bem perto do Brasil –, populismos personalistas baseados na manipulação propagandística e na “compra” (literalmente) dos mais humildes e despolitizados, cesarismos plebiscitários, enfim, uma variedade sempre criativa de regimes que, no fundo, representam um decréscimo de qualidade da democracia formal – em vários casos apresentando inúmeras deficiências substantivas –, mesmo coexistindo com a manutenção do voto universal (que pode ser, como frequentemente é, manipulado). De resto, apenas o voto não caracteriza um regime democrático, como os exemplos da Albânia nos tempos de Enver Hodja, da URSS nos tempos de Stalin, ou ainda hoje na Cuba dos irmãos Castro, podem amplamente confirmar...
Um exercício de classificação dos regimes
Com base nas considerações anteriores, posso tentar agora oferecer um quadro declinante – sim, reconheço meu viés valorativo – dos regimes políticos, indo dos mais democráticos aos mais autoritários. Não vou tentar explicitar todas as razões de porque coloquei alguns países em uma “janela” e não em outra, inclusive porque este exercício não é exatamente “científico”, correspondendo mais bem às minhas percepções pessoais de como vejo o mundo e a qualidade de seus regimes políticos.
(A) Democracias plenas
Não tem adjetivos, e não tem ameaças aparentes ao seu funcionamento e à sua estabilidade. Países nórdicos, Reino Unido, Canadá, Holanda, Suíça, boa parte dos países europeus, mas não todos.
(B) Democracias com disfuncionalidades leves
São países grandes ou com deformações no modo de funcionamento de seus sistemas políticos, ou imigrações “selvagem” e certo grau de corrupção e de atos delinqüentes, ou ação agressiva de lobbies e grupos de interesse manipuladores. Eu colocaria nessa situação os Estados Unidos, possivelmente o país mais livre do mundo, e um dos mais democráticos, pelo fato de que se trata de um pais enorme, com muitas desigualdades internas e algumas disfunções derivadas de seu excessivo conservadorismo político (ou anacronismo religioso, por exemplo, o que pode levar a absurdos na educação científica e histórica, com fortes pressões criacionistas, para citar apenas um caso). A Itália, uma democracia de baixa qualidade, pela mediocridade de seus políticos e a corrupção disseminada, também entra nessa categoria, assim como diversos outros países europeus, geralmente da franja meridional ou oriental. O Japão é possivelmente um candidato pleno na categoria.
(C) Democracias de baixa qualidade
Corrupção extensiva, manipulações políticas, concentração de poder, baixo grau de representatividade, mau funcionamento das instituições de controle, e uma miríade de outros problemas derivados do baixo grau de educação política da maior parte da população. Estão nesse caso Índia e Brasil, amiúde citados como “duas grandes democracias em países em desenvolvimento”, o que deve ser tomado com certa caução. A Argentina e o México também entram nessa categoria, assim como grande parte dos países latino-americanos e vários asiáticos e a África do Sul.
(D) Regimes autoritários abertos
Uma gama imensa de situações, respondendo aos mais diversos fatores de concentração de poder, em alguns casos por falta de tradição democrática – seria o caso da Rússia, por exemplo –, em outros por regressão populista momentânea (como vem ocorrendo em alguns países da América Latina). Esses países podem tanto evoluir para uma democracia de baixa qualidade, quanto descambar para situações ditatoriais mais ou menos fechadas. É o caso, por exemplo, do Irã, país dotado de uma sociedade civil muito ativa, mas atualmente dominado por uma teocracia regressista que pode colocá-lo, conjunturalmente, na categoria seguinte, uma quase ditadura.
(E) Ditaduras disfarçadas
Conservam certa aparência de democracia, mas consolidaram grupos ou personalidades no poder que manipulam os processos políticos, perseguem os opositores, concentram todo o poder e literalmente desmantelam as instituições em seu benefício exclusivo. O exemplo mais notório é, obviamente, a Venezuela, que muitos confundem com um regime progressista de esquerda, mas que nada mais é senão um triste exemplo do velho fascismo por demais conhecido nos anos 1930. O caudilho destrói todas as instituições, ou as coloca a seu serviço exclusivo.
(F) Regimes autoritários fechados
Sistemas infensos ao voto popular ou com monopólio político de um grupo ou partido no poder: Birmânia (ou Miamar), Síria, Egito, China, grande parte dos países africanos e alguns poucos asiáticos, como alguns saídos do casulo soviético (mas mantidos com os mesmos aparatchiks do velho sistema comunista). Alguns já foram totalitários, mas se tornaram menos “carnívoros”; outros eram democracias de fachada que não resistiram ao líder providencial e candidato a insubstituível.
(G) Países totalitários
Nem é preciso explicar por que: Cuba, Coréia do Norte se enquadram perfeitamente no modelo mais lamentável que o socialismo bolchevique deixou como herança do início do século 20. Devem desaparecer, mas o sofrimento em que incorrem ou incorreram (como a China nos tempos de Mao) seus povos é indizível.
Nessas diferentes categorias, não parece haver problemas classificatórios nos escalões A, B e G, mas os estratos intermediários sempre colocam problemas, já que as dinâmicas políticas, em países não totalmente estruturados politicamente, podem tanto aproximá-los formalmente de modelos passavelmente democráticos (ainda que de baixíssima qualidade), ou, no outro sentido, fazê-los cair nas malhas das ditaduras mais ou menos abertas ou disfarçadas. Outra ainda é a situação de Estados falidos – vários africanos, ou o Haiti, no hemisfério ocidental – que sequer possuem instituições normais de um Estado em funcionamento mínimo, para atender serviços básicos de sua população, retrocedendo para a guerra civil ou vivendo de assistência pública internacional, numa espécie de tutela dos organismos internacionais (com esmolas adicionais introduzidas pelas ONGs).
Por fim, ainda que isto ofenda os “brios democráticos” de muitos brasileiros – sobretudo aqueles que vivem circulando em torno do parlamento ou que vivem de empregos ou favores do governo –, não tenho nenhuma hesitação em classificar o Brasil como uma democracia de baixa qualidade, ainda que seja uma categoria relativamente esdrúxula nos anais da ciência política: o Brasil tem todas as características dessa categoria, e atende todos os requisitos de uma democracia de baixa qualidade, inclusive porque tem muita gente ativíssima na arte de construir um regime fechado ou autoritário à solta por aí; então não há porque promovê-lo, por enquanto, para o grupo das democracias com algumas disfuncionalidades, categoria a que pertencem países que são em geral considerados perfeitamente democráticos.
Sorry, folks, mas minhas exigências democráticas são muito altas, e eu não me contento com pouco...
P.S.: Quem quiser criticar minha abordagem, é obviamente livre de fazê-lo, mas eu apreciaria receber argumentos mais consistentes do que gritos indignados. Ou seja, aceitam-se reclamações justificadas, inclusive dos pequenos déspotas que circulam por aí, fazendo a infelicidade de seus povos...
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 2145: 22-23 maio 2010, 4 p.
Paulo Roberto de Almeida
Democracias, ma non troppo
O mundo, obviamente, ainda não se ajustou ao “fim da História”, no sentido da convergência da maioria dos países para regimes políticos e para sistemas econômicos próximos das democracias de mercado (capitalistas), como sugeria, tentativamente, Francis Fukuyama. Ele o fará, gradualmente, já que o núcleo central da tese de Fukuyama é basicamente correto – retirando-se a metáfora hegeliana do “fim da História”, resta que o desenvolvimento socioeconômico e a consolidação da prosperidade social, permitidos justamente por uma economia de mercado dinâmica, trazem naturalmente um regime político mais conforme à atomização dos poderes e dos mercados capitalistas (baseados, institucionalmente, em mecanismos de representação, de negociação e de conciliação).
Já tratei dessas questões em outro trabalho e não vou voltar a elas neste momento (ver: Paulo Roberto de Almeida, “O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?”, Meridiano 47, n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; link: http://sites.google.com/a/mundorama.net/mundorama/biblioteca/meridiano-47/sumariodaedicaono114%E2%80%93janeiro2010/Meridiano_114.pdf?attredirects=0&d=1). Essa transição quase natural para a democracia política é, no entanto, um mundo ideal, para o qual caminharemos muito gradualmente. Ele está baseado em uma adequada educação política dos cidadãos, o que, sabemos, é uma mercadoria ainda relativamente rara nas comunidades existentes neste planeta persistentemente pobre; de fato, as possibilidades de desenvolvimento econômico inclusivo não encontram grandes obstáculos técnicos à sua consecução, mas os políticos e sociais são formidáveis. No mundo real, ainda convivemos com um número lamentavelmente grande de regimes autoritários ou de ditaduras abertas.
Uma evolução positiva
Cabe, entretanto, reconhecer uma evolução positiva, que não deixa de ser um fato histórico: numa linha contínua, que levaria, de um lado, do despotismo mais exacerbado, da tirania mais execrável, até, na outra ponta, a uma democracia perfeita, podemos constatar que o mundo avançou de modo razoável no último meio século. O número, ínfimo, de democracias estáveis no período anterior à Segunda Guerra Mundial, cresceu regularmente desde então, especialmente depois da implosão e virtual desaparecimento do último sistema “escravocrata” da era contemporânea: o socialismo real. Este existiu em diversas modalidades, sendo seu modo mais tirânico o representado pelos totalitarismos stalinista e maoísta, mas também teve Estados policiais perfeitamente “weberianos” – como a ex-Alemanha oriental – e socialismos burocráticos que evoluíram ao longo do tempo (como o modelo “gulash” na Hungria e o nacionalismo estatizante da ex-Iugoslávia).
A evolução nesses países outrora dominados por um partido único – comunista, obviamente – não deixa de ser um fato auspicioso na história da humanidade, embora dois pequenos bastiões do totalitarismo comunista resistam ainda na sua irrelevância anacrônica, ao lado de várias outras tentativas de implantar, senão ditaduras abertas, pelo menos regimes politicamente fechados, caracterizados pelo cerceamento de liberdades elementares em regimes plenamente democráticos. Estes se caracterizam pela liberdade de organização, de expressão e de manifestação, pela representação livre de todos os interesses sociais presentes na sociedade, inclusive a defesa dos direitos das minorias (sociais, étnicas, religiosas, políticas), que é o que distingue verdadeiramente uma democracia plena.
Tentações totalitárias
Regimes e situações não democráticos não desapareceram, como é óbvio para quem observa o mundo como ele é. Alguns países, que tinham conhecido uma saudável evolução democrática – na América Latina, na África e na Ásia, sobretudo – voltaram experimentar desenvolvimentos autoritários. Países de democracia frágil, não consolidada, ou submetidos a conjunturas mais ou menos traumáticas de instabilidade, no seguimento de crises econômicas e sociais, ou de rupturas políticas fora da normalidade – sim, porque existem rupturas políticas dentro da normalidade, como aquela conhecida no Brasil em 2002 – podem reverter o relógio da história e recair em tentações totalitárias (não pela vontade de seus cidadãos, por certo, mas pela manipulação que fazem de massas não educadas líderes tendencialmente autoritários).
O que são esses regimes? São ditaduras “eleitas” – sim existe, como vimos ainda bem perto do Brasil –, populismos personalistas baseados na manipulação propagandística e na “compra” (literalmente) dos mais humildes e despolitizados, cesarismos plebiscitários, enfim, uma variedade sempre criativa de regimes que, no fundo, representam um decréscimo de qualidade da democracia formal – em vários casos apresentando inúmeras deficiências substantivas –, mesmo coexistindo com a manutenção do voto universal (que pode ser, como frequentemente é, manipulado). De resto, apenas o voto não caracteriza um regime democrático, como os exemplos da Albânia nos tempos de Enver Hodja, da URSS nos tempos de Stalin, ou ainda hoje na Cuba dos irmãos Castro, podem amplamente confirmar...
Um exercício de classificação dos regimes
Com base nas considerações anteriores, posso tentar agora oferecer um quadro declinante – sim, reconheço meu viés valorativo – dos regimes políticos, indo dos mais democráticos aos mais autoritários. Não vou tentar explicitar todas as razões de porque coloquei alguns países em uma “janela” e não em outra, inclusive porque este exercício não é exatamente “científico”, correspondendo mais bem às minhas percepções pessoais de como vejo o mundo e a qualidade de seus regimes políticos.
(A) Democracias plenas
Não tem adjetivos, e não tem ameaças aparentes ao seu funcionamento e à sua estabilidade. Países nórdicos, Reino Unido, Canadá, Holanda, Suíça, boa parte dos países europeus, mas não todos.
(B) Democracias com disfuncionalidades leves
São países grandes ou com deformações no modo de funcionamento de seus sistemas políticos, ou imigrações “selvagem” e certo grau de corrupção e de atos delinqüentes, ou ação agressiva de lobbies e grupos de interesse manipuladores. Eu colocaria nessa situação os Estados Unidos, possivelmente o país mais livre do mundo, e um dos mais democráticos, pelo fato de que se trata de um pais enorme, com muitas desigualdades internas e algumas disfunções derivadas de seu excessivo conservadorismo político (ou anacronismo religioso, por exemplo, o que pode levar a absurdos na educação científica e histórica, com fortes pressões criacionistas, para citar apenas um caso). A Itália, uma democracia de baixa qualidade, pela mediocridade de seus políticos e a corrupção disseminada, também entra nessa categoria, assim como diversos outros países europeus, geralmente da franja meridional ou oriental. O Japão é possivelmente um candidato pleno na categoria.
(C) Democracias de baixa qualidade
Corrupção extensiva, manipulações políticas, concentração de poder, baixo grau de representatividade, mau funcionamento das instituições de controle, e uma miríade de outros problemas derivados do baixo grau de educação política da maior parte da população. Estão nesse caso Índia e Brasil, amiúde citados como “duas grandes democracias em países em desenvolvimento”, o que deve ser tomado com certa caução. A Argentina e o México também entram nessa categoria, assim como grande parte dos países latino-americanos e vários asiáticos e a África do Sul.
(D) Regimes autoritários abertos
Uma gama imensa de situações, respondendo aos mais diversos fatores de concentração de poder, em alguns casos por falta de tradição democrática – seria o caso da Rússia, por exemplo –, em outros por regressão populista momentânea (como vem ocorrendo em alguns países da América Latina). Esses países podem tanto evoluir para uma democracia de baixa qualidade, quanto descambar para situações ditatoriais mais ou menos fechadas. É o caso, por exemplo, do Irã, país dotado de uma sociedade civil muito ativa, mas atualmente dominado por uma teocracia regressista que pode colocá-lo, conjunturalmente, na categoria seguinte, uma quase ditadura.
(E) Ditaduras disfarçadas
Conservam certa aparência de democracia, mas consolidaram grupos ou personalidades no poder que manipulam os processos políticos, perseguem os opositores, concentram todo o poder e literalmente desmantelam as instituições em seu benefício exclusivo. O exemplo mais notório é, obviamente, a Venezuela, que muitos confundem com um regime progressista de esquerda, mas que nada mais é senão um triste exemplo do velho fascismo por demais conhecido nos anos 1930. O caudilho destrói todas as instituições, ou as coloca a seu serviço exclusivo.
(F) Regimes autoritários fechados
Sistemas infensos ao voto popular ou com monopólio político de um grupo ou partido no poder: Birmânia (ou Miamar), Síria, Egito, China, grande parte dos países africanos e alguns poucos asiáticos, como alguns saídos do casulo soviético (mas mantidos com os mesmos aparatchiks do velho sistema comunista). Alguns já foram totalitários, mas se tornaram menos “carnívoros”; outros eram democracias de fachada que não resistiram ao líder providencial e candidato a insubstituível.
(G) Países totalitários
Nem é preciso explicar por que: Cuba, Coréia do Norte se enquadram perfeitamente no modelo mais lamentável que o socialismo bolchevique deixou como herança do início do século 20. Devem desaparecer, mas o sofrimento em que incorrem ou incorreram (como a China nos tempos de Mao) seus povos é indizível.
Nessas diferentes categorias, não parece haver problemas classificatórios nos escalões A, B e G, mas os estratos intermediários sempre colocam problemas, já que as dinâmicas políticas, em países não totalmente estruturados politicamente, podem tanto aproximá-los formalmente de modelos passavelmente democráticos (ainda que de baixíssima qualidade), ou, no outro sentido, fazê-los cair nas malhas das ditaduras mais ou menos abertas ou disfarçadas. Outra ainda é a situação de Estados falidos – vários africanos, ou o Haiti, no hemisfério ocidental – que sequer possuem instituições normais de um Estado em funcionamento mínimo, para atender serviços básicos de sua população, retrocedendo para a guerra civil ou vivendo de assistência pública internacional, numa espécie de tutela dos organismos internacionais (com esmolas adicionais introduzidas pelas ONGs).
Por fim, ainda que isto ofenda os “brios democráticos” de muitos brasileiros – sobretudo aqueles que vivem circulando em torno do parlamento ou que vivem de empregos ou favores do governo –, não tenho nenhuma hesitação em classificar o Brasil como uma democracia de baixa qualidade, ainda que seja uma categoria relativamente esdrúxula nos anais da ciência política: o Brasil tem todas as características dessa categoria, e atende todos os requisitos de uma democracia de baixa qualidade, inclusive porque tem muita gente ativíssima na arte de construir um regime fechado ou autoritário à solta por aí; então não há porque promovê-lo, por enquanto, para o grupo das democracias com algumas disfuncionalidades, categoria a que pertencem países que são em geral considerados perfeitamente democráticos.
Sorry, folks, mas minhas exigências democráticas são muito altas, e eu não me contento com pouco...
P.S.: Quem quiser criticar minha abordagem, é obviamente livre de fazê-lo, mas eu apreciaria receber argumentos mais consistentes do que gritos indignados. Ou seja, aceitam-se reclamações justificadas, inclusive dos pequenos déspotas que circulam por aí, fazendo a infelicidade de seus povos...
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 2145: 22-23 maio 2010, 4 p.
Deveres do Professor - Escola Sem Partido
Apoio inteiramente, integralmente, se me permitem a redundância, a campanha da ONG Escola Sem Partido. Sei como "funcionam" as escolas brasileiras, sei o que "pensam" os professores -- sorry, mas as aspas são inevitáveis, sem qualque ironia -- e sei o que seria preciso ser feito (e que, infelizmente, não será).
Por isso transcrevo aqui este post do Escola Sem Partido.
Deveres do Professor
Escola Sem Partido - Educação sem Doutrinação
22.05.2010
Ao lado da liberdade de ensinar, está a liberdade de aprender, ambas asseguradas pelo art. 206 da Constituição Federal.
A doutrinação político-ideológica em sala de aula constitui claro abuso da liberdade de ensinar; abuso que implica o cerceamento da correspondente liberdade de aprender, já que, numa de suas vertentes, essa liberdade compreende o direito do estudante de não ser doutrinado.
Ora, só um estudante consciente dos seus direitos poderá defendê-los contra a ação abusiva de professores militantes. Por isso, o EscolasemPartido.org elaborou a relação (obviamente não exaustiva) de Deveres do Professor que se vê abaixo.
Peça à sua escola ou à escola de seu filho que mande imprimir e afixar cartazes contendo essa relação de deveres em locais onde possam ser vistos por alunos e professores. Se a escola se recusar, você saberá do lado de quem ela está.
______________________
DEVERES DO PROFESSOR
1. O professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-ideológica, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo.
2. O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas.
3. O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.
4. Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.
5. O professor não criará em sala de aula uma atmosfera de intimidação, ostensiva ou sutil, capaz de desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá que tal atmosfera seja criada pela ação de alunos sectários ou de outros professores.
Por isso transcrevo aqui este post do Escola Sem Partido.
Deveres do Professor
Escola Sem Partido - Educação sem Doutrinação
22.05.2010
Ao lado da liberdade de ensinar, está a liberdade de aprender, ambas asseguradas pelo art. 206 da Constituição Federal.
A doutrinação político-ideológica em sala de aula constitui claro abuso da liberdade de ensinar; abuso que implica o cerceamento da correspondente liberdade de aprender, já que, numa de suas vertentes, essa liberdade compreende o direito do estudante de não ser doutrinado.
Ora, só um estudante consciente dos seus direitos poderá defendê-los contra a ação abusiva de professores militantes. Por isso, o EscolasemPartido.org elaborou a relação (obviamente não exaustiva) de Deveres do Professor que se vê abaixo.
Peça à sua escola ou à escola de seu filho que mande imprimir e afixar cartazes contendo essa relação de deveres em locais onde possam ser vistos por alunos e professores. Se a escola se recusar, você saberá do lado de quem ela está.
______________________
DEVERES DO PROFESSOR
1. O professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-ideológica, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo.
2. O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas.
3. O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.
4. Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.
5. O professor não criará em sala de aula uma atmosfera de intimidação, ostensiva ou sutil, capaz de desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá que tal atmosfera seja criada pela ação de alunos sectários ou de outros professores.
Brasil nuclear: um tema "debatível"
Primeiro transcrevo o post de Reinaldo Azevedo, em seu blog arqui-conhecido:
HÁ QUEM QUEIRA A BOMBA BRASILEIRA. E ESSE DEBATE TEM DE SAIR DO ARMÁRIO
Reinaldo Azevedo, 21.05.2010
É claro que há antiamericanos delirantes no governo Lula, em especial no Itamaraty, que não estão nem aí para o Irã e seu programa nuclear. Querem é torrar a paciência dos Estados Unidos; criar o tal novo eixo de poder; enfrentar o imperialismo — essas boçalidades, vocês sabem. O que essa questão esconde, no entanto, é muito mais interessante. O Brasil é signatário do Tratado de Não- Proliferação Nuclear (TNP).
E o descontentamento com esse fato une muitos esquerdistas e antiesquerdistas; petistas e antipetistas; lulistas e antilulistas; civis e militares. O Brasil se atrapalhou todo na questão iraniana; meteu os pés pela mãos; foi surpreendido, em plena decolagem do tal acordo, pela declaração do governo iraniano de que o país continuaria a enriquecer urânio etc. Tudo isso é verdade. Mas o que leva o governo a esse comportamento é, quando menos, uma tentativa de método.
O Brasil está menos discutindo o programa nuclear iraniano — no fim das contas, sabe que, se o caldo entornar, ele não decide a resposta militar nem participa dela — do que, simbolicamente, o próprio programa. Notem como a argumentação das autoridades brasileiras termina sempre na “soberania”. A convicção de que o Brasil jamais será respeitado no mundo como merece se não tiver a bomba mais reúne do que divide ideologias e ideólogos.
À boca pequena, em áreas do governo e das Forças Armadas, o exemplo da Índia é sempre lembrado. O país não é signatário do tratado, fez seu primeiro teste nuclear em 1974 e anunciou a bomba em 1998. Não obstante, celebrou um acordo de cooperação nuclear com os EUA naquele mesmo ano. E continuou perfeitamente integrado à chamada ordem mundial. É claro que a Índia não é o Irã — a não ser para o Paquistão, que também tem a bomba… Digamos que as ambições bélicas — ou escatológicas — dos indianos têm aspirações mais modestas…
Ainda que pareça improvável — impossível mesmo —, a possibilidade de o Brasil denunciar o tratado surge aqui e ali. A ação de Lula e do Itamaraty em defesa do Irã acabou saindo dos trilhos. Na sua intenção original, o que se pretendia era debater a questão nuclear no âmbito da soberania, o que o Brasil, em boa medida, já faz. O acesso da Agência Internacional de Energia Atômica às instalações brasileiras é restrito, em nome do “segredo industrial”. E o país já disse que não assina um protocolo adicional do TNP, o que é cobrado pelos Estados Unidos.
Em dezembro de 2008, o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa, em que a energia nuclear ocupa papel central (íntegra aqui). Transcrevo um trecho em que se nota o inconformismo com o TNP e seu caráter limitante, a crítica às potências nucleares — o que parece um tanto descabido num documento como esse — e, entendo, uma certa sugestão de que a defesa do país está acima de tratados. Leiam:
O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. Por imperativo constitucional e por tratado internacional, privou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear das potências nucleares.
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do desarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia nuclear.
(…)
Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo espectro de atividades. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear.
Quem investir neste filão da apuração jornalística não vai se arrepender. Há muita gente dentro e fora do governo que acredita que o TNP não pode ser um entrave para um país como o Brasil. A questão, como quase todas, é, se me permitem a palavra, “debatível”.
Mas é preciso tirar o debate do armário — ou das instalações e intenções secretas.
===========
Agora, remeto a um artigo que escrevi, pouco divulgado, até aqui, e que também menciona essa questão:
2066. “A Arte de NÃO Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa”
Lisboa-Paris, 25.09.2009; transcrição: Salon-de-Provence, 28.09.2009; redação preliminar: Brasília, vôo Rio-Paris, 28.11.2009, 17 p.
Análise da END do ponto de vista conceitual e puramente estratégico, complementando análise preliminar, de caráter econômico, elaborada em fevereiro (n. 1984).
Divulgado no site de estudos estratégicos da Federal de Juiz de Fora, seção Defesa (20.01.2010; link: http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/ANFG.pdf).
HÁ QUEM QUEIRA A BOMBA BRASILEIRA. E ESSE DEBATE TEM DE SAIR DO ARMÁRIO
Reinaldo Azevedo, 21.05.2010
É claro que há antiamericanos delirantes no governo Lula, em especial no Itamaraty, que não estão nem aí para o Irã e seu programa nuclear. Querem é torrar a paciência dos Estados Unidos; criar o tal novo eixo de poder; enfrentar o imperialismo — essas boçalidades, vocês sabem. O que essa questão esconde, no entanto, é muito mais interessante. O Brasil é signatário do Tratado de Não- Proliferação Nuclear (TNP).
E o descontentamento com esse fato une muitos esquerdistas e antiesquerdistas; petistas e antipetistas; lulistas e antilulistas; civis e militares. O Brasil se atrapalhou todo na questão iraniana; meteu os pés pela mãos; foi surpreendido, em plena decolagem do tal acordo, pela declaração do governo iraniano de que o país continuaria a enriquecer urânio etc. Tudo isso é verdade. Mas o que leva o governo a esse comportamento é, quando menos, uma tentativa de método.
O Brasil está menos discutindo o programa nuclear iraniano — no fim das contas, sabe que, se o caldo entornar, ele não decide a resposta militar nem participa dela — do que, simbolicamente, o próprio programa. Notem como a argumentação das autoridades brasileiras termina sempre na “soberania”. A convicção de que o Brasil jamais será respeitado no mundo como merece se não tiver a bomba mais reúne do que divide ideologias e ideólogos.
À boca pequena, em áreas do governo e das Forças Armadas, o exemplo da Índia é sempre lembrado. O país não é signatário do tratado, fez seu primeiro teste nuclear em 1974 e anunciou a bomba em 1998. Não obstante, celebrou um acordo de cooperação nuclear com os EUA naquele mesmo ano. E continuou perfeitamente integrado à chamada ordem mundial. É claro que a Índia não é o Irã — a não ser para o Paquistão, que também tem a bomba… Digamos que as ambições bélicas — ou escatológicas — dos indianos têm aspirações mais modestas…
Ainda que pareça improvável — impossível mesmo —, a possibilidade de o Brasil denunciar o tratado surge aqui e ali. A ação de Lula e do Itamaraty em defesa do Irã acabou saindo dos trilhos. Na sua intenção original, o que se pretendia era debater a questão nuclear no âmbito da soberania, o que o Brasil, em boa medida, já faz. O acesso da Agência Internacional de Energia Atômica às instalações brasileiras é restrito, em nome do “segredo industrial”. E o país já disse que não assina um protocolo adicional do TNP, o que é cobrado pelos Estados Unidos.
Em dezembro de 2008, o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa, em que a energia nuclear ocupa papel central (íntegra aqui). Transcrevo um trecho em que se nota o inconformismo com o TNP e seu caráter limitante, a crítica às potências nucleares — o que parece um tanto descabido num documento como esse — e, entendo, uma certa sugestão de que a defesa do país está acima de tratados. Leiam:
O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. Por imperativo constitucional e por tratado internacional, privou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear das potências nucleares.
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do desarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia nuclear.
(…)
Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo espectro de atividades. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu próprio desarmamento nuclear.
Quem investir neste filão da apuração jornalística não vai se arrepender. Há muita gente dentro e fora do governo que acredita que o TNP não pode ser um entrave para um país como o Brasil. A questão, como quase todas, é, se me permitem a palavra, “debatível”.
Mas é preciso tirar o debate do armário — ou das instalações e intenções secretas.
===========
Agora, remeto a um artigo que escrevi, pouco divulgado, até aqui, e que também menciona essa questão:
2066. “A Arte de NÃO Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa”
Lisboa-Paris, 25.09.2009; transcrição: Salon-de-Provence, 28.09.2009; redação preliminar: Brasília, vôo Rio-Paris, 28.11.2009, 17 p.
Análise da END do ponto de vista conceitual e puramente estratégico, complementando análise preliminar, de caráter econômico, elaborada em fevereiro (n. 1984).
Divulgado no site de estudos estratégicos da Federal de Juiz de Fora, seção Defesa (20.01.2010; link: http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/ANFG.pdf).
A democracia e o fim da Historia: aguardem
Estou escrevendo um pequeno trabalho sobre as democracias atuais (nem todas são o que parecem), que começa por remeter ao famoso trabalho de Fukuyama. Mas não pretendo discuti-lo agora, tanto porque já o fiz, e remeto aqui ao texto em questão:
“O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?”
Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; ISSN: 1518-1219).
Mundorama (21.01.2010).
Relação de Originais n. 2101.
Relaçnao de Publicados n. 949.
O trabalho apenas tenta classificar os tipos de regimes políticos existentes no mundo contemporâneo.
“O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?”
Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; ISSN: 1518-1219).
Mundorama (21.01.2010).
Relação de Originais n. 2101.
Relaçnao de Publicados n. 949.
O trabalho apenas tenta classificar os tipos de regimes políticos existentes no mundo contemporâneo.
Politica Nuclear do Iran (7): The Economist coloca os pontos nos "iis" (para quem precisa)
Para os que acompanham seriamente, sem arroubos patrioteiros, e sem retórica deslocada, o problema nuclear do Irã -- que se arrasta há pelo menos cinco anos -- foi realmente uma surpresa o anúncio tripartite de que o mundo estava salvo, de que a diplomacia tinha vencido e de que uma guerra tinha sido evitada. Mas, apenas o anúncio, pois que o acordo em si -- na verdade, uma mera declaração -- representou uma frustação em termos de encaminhamento do problema. Nada, na verdade, estava arranjado.
Para aqueles que necessitam saber por que, exatamente, e não têm a quem perguntar, esta matéria da The Economist resume muito bem o problema.
Alerta preventivo (em face de tentativas passadas): não adianta pipocar comentários absurdos neste post -- como faz certo personagem que não tem nenhum argumento inteligente a postar, e fica apenas tentando provocar -- que vou deletar impiedosamente. Os leitores deste blog merecem algo mais inteligente do que mais bobagens na internet, que já tem muita...
Paulo Roberto de Almeida
Brazil, Turkey and Iran
Not just any deal will do
The Economist, May 20th 2010
Have Brazil and Turkey helped solve a brewing nuclear crisis, or made it worse?
TO IRAN’S irrepressible president, Mahmoud Ahmadinejad, the deal was a triumph for the powers of the future over “the tyrant powers [who] belong to the past”. Others, tyrannically minded or not, have yet to see whether Brazil’s president, Luiz Inácio Lula da Silva, and Turkey’s prime minister, Recep Tayyip Erdogan, really have succeeded in enticing Iran a step in from the cold in its row with the UN Security Council over its nuclear ambitions. Several years of on-off talks (mostly off, at Iran’s insistence) between Mr Ahmadinejad’s government and six other countries, America, Britain, France, Germany, Russia and China, have failed to budge Iran from its insistence that its suspect nuclear work will continue, no matter what.
Under the May 17th deal, Mr Ahmadinejad is to send abroad some of his low-enriched uranium stocks, in return for higher-enriched fuel rods Iran needs to replenish an ageing medical-research reactor. On the face of it, that resembles a bargain Iran had first struck last October with America, Russia, France and the International Atomic Energy Agency (IAEA), the UN’s nuclear guardian, before it backed off. But the fear is that, well-meaning as the leaders of Turkey and Brazil may be, Iran is abusing their efforts to get out of a fix.
To those with past experience of Iran’s tactics, both timing and terms of the new deal look deeply suspect. Iran is facing a fourth set of UN sanctions. Two days after the Tehran “breakthrough” , a draft resolution agreed by the six countries Iran has been refusing to talk to, including previously reluctant Russia and China, was circulated to the rest of the Security Council. That was despite the claim by Turkey’s foreign minister that the Tehran deal meant further sanctions were now unwarranted.
If voted through, the new resolution would add more names to a list of individuals, firms and banks sanctioned for their links to Iran’s nuclear and missile programmes and slap an arms embargo on heavy weapons. Suspect shipments to and from Iran could be searched. Iran would find it much harder to get foreign uranium for its enrichment machines, which Mr Ahmadinejad claims he set spinning merely to produce under 5% low-enriched uranium for nuclear-power reactors (though Iran has none that can use it), while others suspect it may eventually be used to make the 90%-enriched stuff needed for a bomb.
Iran pooh-poohs sanctions, claiming even new ones won’t make it give up its “right” to enrich uranium. But its leaders have been courting other Security Council members, especially Brazil and Turkey. For, whatever their economic impact, widely supported UN sanctions do give the lie to Iran’s claims that it is the victim of a Western-inspired plot to deprive it of its right to nuclear energy, rather than being in the dock for what IAEA inspectors report have been serious violations of its nuclear safeguards. Iran also refuses point blank to answer more questions about activities that have little rational explanation except as part of a weapons effort.
Iran thus wants to block or delay a sanctions vote. But even if the October deal had gone through, harsher moves would have remained in play, both because their aim is to get Iran into wider talks than just those over fuel for its research reactor; and because, without pressure, Iran would be free to drag out talks uselessly. The October fuel deal was a gamble: Iran called it an acceptance of its “right” to uranium enrichment. But the rewards, had it chosen to negotiate seriously, were deemed worth the risk.
By shipping two-thirds of its then low-enriched uranium abroad, Iran would have been left, for perhaps six months while it rebuilt stocks, with less uranium in the country than would be needed, with further enrichment, for a breakout to a nuclear bomb. This, it was hoped, might create time for wider talks. More to the point, Russia’s offer to enrich the uranium from under 5% to the almost 20% needed for the medical reactor, along with France’s readiness to turn it into the needed fuel rods, mean Iran had no excuse to do the higher enrichment work itself. For it is a quirk of uranium enrichment that to get from 20% to 90% takes less effort than making the lesser-enriched stuff in the first place.
If a deal was worth trying then, surely it is worth trying now? But much has changed. Iran’s stock of low-enriched uranium is bigger: only about half of it would be needed to produce the equivalent fuel load for the medical reactor. Iran could have a full bomb’s-worth on hand again in no time. Earlier this year, Iran started its own 20% enrichment and insists that this will continue. That wipes out the hoped for non-proliferation gain, and may be a deal-breaker.
Meanwhile the terms of the new accord are vague. Mr Ahmadinejad is to set out his ideas to the IAEA within days. But then he can take all the time he likes to haggle over details with America, France, Russia and the IAEA. Under the old deal, the uranium would have gone directly to Russia, then France for reworking. Under the new one, Turkey will take custody of it. But Turkey has no way to enrich it or make it into fuel. Does Iran expect to get the 20% enriched fuel rods from another source, while its own uranium is under Turkish guard? Also, under the deal with Turkey and Brazil, Mr Ahmadinejad can decide whether the deal is going as he likes. If it isn’t, Turkey must hand back his uranium forthwith.
For those trying to talk Iran out of potentially weapons-usable work, this seems to get them nowhere. But it could leave the Security Council split and make an end to the stand-off with Iran harder. Mr Ahmadinejad would be the winner.
Para aqueles que necessitam saber por que, exatamente, e não têm a quem perguntar, esta matéria da The Economist resume muito bem o problema.
Alerta preventivo (em face de tentativas passadas): não adianta pipocar comentários absurdos neste post -- como faz certo personagem que não tem nenhum argumento inteligente a postar, e fica apenas tentando provocar -- que vou deletar impiedosamente. Os leitores deste blog merecem algo mais inteligente do que mais bobagens na internet, que já tem muita...
Paulo Roberto de Almeida
Brazil, Turkey and Iran
Not just any deal will do
The Economist, May 20th 2010
Have Brazil and Turkey helped solve a brewing nuclear crisis, or made it worse?
TO IRAN’S irrepressible president, Mahmoud Ahmadinejad, the deal was a triumph for the powers of the future over “the tyrant powers [who] belong to the past”. Others, tyrannically minded or not, have yet to see whether Brazil’s president, Luiz Inácio Lula da Silva, and Turkey’s prime minister, Recep Tayyip Erdogan, really have succeeded in enticing Iran a step in from the cold in its row with the UN Security Council over its nuclear ambitions. Several years of on-off talks (mostly off, at Iran’s insistence) between Mr Ahmadinejad’s government and six other countries, America, Britain, France, Germany, Russia and China, have failed to budge Iran from its insistence that its suspect nuclear work will continue, no matter what.
Under the May 17th deal, Mr Ahmadinejad is to send abroad some of his low-enriched uranium stocks, in return for higher-enriched fuel rods Iran needs to replenish an ageing medical-research reactor. On the face of it, that resembles a bargain Iran had first struck last October with America, Russia, France and the International Atomic Energy Agency (IAEA), the UN’s nuclear guardian, before it backed off. But the fear is that, well-meaning as the leaders of Turkey and Brazil may be, Iran is abusing their efforts to get out of a fix.
To those with past experience of Iran’s tactics, both timing and terms of the new deal look deeply suspect. Iran is facing a fourth set of UN sanctions. Two days after the Tehran “breakthrough” , a draft resolution agreed by the six countries Iran has been refusing to talk to, including previously reluctant Russia and China, was circulated to the rest of the Security Council. That was despite the claim by Turkey’s foreign minister that the Tehran deal meant further sanctions were now unwarranted.
If voted through, the new resolution would add more names to a list of individuals, firms and banks sanctioned for their links to Iran’s nuclear and missile programmes and slap an arms embargo on heavy weapons. Suspect shipments to and from Iran could be searched. Iran would find it much harder to get foreign uranium for its enrichment machines, which Mr Ahmadinejad claims he set spinning merely to produce under 5% low-enriched uranium for nuclear-power reactors (though Iran has none that can use it), while others suspect it may eventually be used to make the 90%-enriched stuff needed for a bomb.
Iran pooh-poohs sanctions, claiming even new ones won’t make it give up its “right” to enrich uranium. But its leaders have been courting other Security Council members, especially Brazil and Turkey. For, whatever their economic impact, widely supported UN sanctions do give the lie to Iran’s claims that it is the victim of a Western-inspired plot to deprive it of its right to nuclear energy, rather than being in the dock for what IAEA inspectors report have been serious violations of its nuclear safeguards. Iran also refuses point blank to answer more questions about activities that have little rational explanation except as part of a weapons effort.
Iran thus wants to block or delay a sanctions vote. But even if the October deal had gone through, harsher moves would have remained in play, both because their aim is to get Iran into wider talks than just those over fuel for its research reactor; and because, without pressure, Iran would be free to drag out talks uselessly. The October fuel deal was a gamble: Iran called it an acceptance of its “right” to uranium enrichment. But the rewards, had it chosen to negotiate seriously, were deemed worth the risk.
By shipping two-thirds of its then low-enriched uranium abroad, Iran would have been left, for perhaps six months while it rebuilt stocks, with less uranium in the country than would be needed, with further enrichment, for a breakout to a nuclear bomb. This, it was hoped, might create time for wider talks. More to the point, Russia’s offer to enrich the uranium from under 5% to the almost 20% needed for the medical reactor, along with France’s readiness to turn it into the needed fuel rods, mean Iran had no excuse to do the higher enrichment work itself. For it is a quirk of uranium enrichment that to get from 20% to 90% takes less effort than making the lesser-enriched stuff in the first place.
If a deal was worth trying then, surely it is worth trying now? But much has changed. Iran’s stock of low-enriched uranium is bigger: only about half of it would be needed to produce the equivalent fuel load for the medical reactor. Iran could have a full bomb’s-worth on hand again in no time. Earlier this year, Iran started its own 20% enrichment and insists that this will continue. That wipes out the hoped for non-proliferation gain, and may be a deal-breaker.
Meanwhile the terms of the new accord are vague. Mr Ahmadinejad is to set out his ideas to the IAEA within days. But then he can take all the time he likes to haggle over details with America, France, Russia and the IAEA. Under the old deal, the uranium would have gone directly to Russia, then France for reworking. Under the new one, Turkey will take custody of it. But Turkey has no way to enrich it or make it into fuel. Does Iran expect to get the 20% enriched fuel rods from another source, while its own uranium is under Turkish guard? Also, under the deal with Turkey and Brazil, Mr Ahmadinejad can decide whether the deal is going as he likes. If it isn’t, Turkey must hand back his uranium forthwith.
For those trying to talk Iran out of potentially weapons-usable work, this seems to get them nowhere. But it could leave the Security Council split and make an end to the stand-off with Iran harder. Mr Ahmadinejad would be the winner.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Dividindo o Brasil, e mandando a conta para nos pagarmos...
É caro, mas a gente paga
Carlos Brickmann, 21.05.2010
A divisão do Pará em três Estados continua sendo articulada, apesar dos custos (mais Assembleias, mais tribunais, mais funcionalismo), apesar da falta de perspectivas, já que o Pará responde por 1,8% da produção nacional. Os Estados viverão de verbas federais, tiradas dos seus, dos meus, dos nossos impostos.
===================
E não esqueçamos que ainda tem todo o Amazonas, que poderia dar facilmente três ou quatro estados novíssimos em folha (com perdão pela redundância botânica), e talvez até um dos Mato Grossos (você escolhe), sem mencionar o Piorão, ou mais exatamente, o Maranhão, que pode ter um lado ruim e outro pior ainda (você escolhe), graças à dinastia dos Ribamar...
O Brasil, como diria Pero Vaz, é um país que em se plantando, tudo dá, sobretudo palácios governamentais, sedes luxuosas para os legislativos, luxuosíssimas para os judiciários, milhares de cabides de emprego (literalmente) e muitas outras coisas mais...
Se antes só existiam pouco mais da metade dos 5.500 municípios que viviam de transferências federais, agora vamos ter muito mais estados (talvez um terço do total) que só podem sobreviver com transferências federais.
Dito assim, parece que o dinheiro vem do céu, de Brasília, quando ele sai do seu bolso, dos trabalhadores e empresários dos estados que são contribuintes líquidos para a União, e que recebem menos do que pagam em termos de serviços.
Viva o Brasil (dos espertos e dos ignorantes...).
Paulo Roberto de Almeida
Carlos Brickmann, 21.05.2010
A divisão do Pará em três Estados continua sendo articulada, apesar dos custos (mais Assembleias, mais tribunais, mais funcionalismo), apesar da falta de perspectivas, já que o Pará responde por 1,8% da produção nacional. Os Estados viverão de verbas federais, tiradas dos seus, dos meus, dos nossos impostos.
===================
E não esqueçamos que ainda tem todo o Amazonas, que poderia dar facilmente três ou quatro estados novíssimos em folha (com perdão pela redundância botânica), e talvez até um dos Mato Grossos (você escolhe), sem mencionar o Piorão, ou mais exatamente, o Maranhão, que pode ter um lado ruim e outro pior ainda (você escolhe), graças à dinastia dos Ribamar...
O Brasil, como diria Pero Vaz, é um país que em se plantando, tudo dá, sobretudo palácios governamentais, sedes luxuosas para os legislativos, luxuosíssimas para os judiciários, milhares de cabides de emprego (literalmente) e muitas outras coisas mais...
Se antes só existiam pouco mais da metade dos 5.500 municípios que viviam de transferências federais, agora vamos ter muito mais estados (talvez um terço do total) que só podem sobreviver com transferências federais.
Dito assim, parece que o dinheiro vem do céu, de Brasília, quando ele sai do seu bolso, dos trabalhadores e empresários dos estados que são contribuintes líquidos para a União, e que recebem menos do que pagam em termos de serviços.
Viva o Brasil (dos espertos e dos ignorantes...).
Paulo Roberto de Almeida
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