Eu não sabia (mas quanto ingenuidade, ou distração) e, se não fosse por um desses bravos estudantes e candidatos à carreira diplomática, talvez ficasse ainda mais tempo sem saber, mas meu "livrão" de pesquisa historiográfica sobre a diplomacia econômica do Brasil no Império, publicado em 2001 e republicado em 2004, Formação da Diplomacia Econômica no Brasil, encontra-se parcialmente disponível no
Google Books:
http://books.google.com.br/books?id=ED32drNeK2cC&printsec=frontcover&lr=#v=onepage&q&f=false
Quem tiver paciência de ficar rodando página após página, me avise, por favor, de quantas páginas estão disponíveis (suponho que saltando vários pedaços, do contrário seria uma infração aos direitos autorais, meus e da Editora).
Vivendo e aprendendo...
Paulo Roberto de Almeida
Addendum: Segundo me informa um leitor atento, o acesso ao meu livro é de 133 páginas não contínuas.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 26 de junho de 2010
Como torrar o meu, o seu, o nosso dinheiro (e não responder por isso)...
Tesouro tem custo de R$ 66 bi com aportes ao BNDES
Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico, 25/06/2010
O custo fiscal dos dois empréstimos feitos pelo Tesouro ao BNDES pode chegar a R$ 66,6 bilhões. Um estudo feito pela área financeira do BNDES calcula em R$ 36,6 bilhões o custo que o Tesouro terá de bancar pelo primeiro empréstimo, de R$ 100 bilhões, feito em 2009. A pedido do Valor, os técnicos fizeram uma estimativa muito simplificada do custo do segundo empréstimo, de R$ 80 bilhões . A perda fiscal, nesse caso, ficaria em torno de R$ 30 bilhões. As perdas ocorrem porque o dinheiro emprestado ao BNDES a longo prazo tem a TJLP como indexador - 6% ao ano -, enquanto o custo de captação do Tesouro é referenciado na Selic, hoje em 10,25% ao ano.
O estudo mostra que a diferença entre as taxas dos R$ 100 bilhões repassados ao banco em 2009 corresponde a R$ 1 bilhão ao ano. A remuneração média do empréstimo ao BNDES é de TJLP mais 0,63% ao ano, correção que vai incidir sobre o principal da dívida, cuja carência é de cinco anos.
O economista Thiago Rabelo Pereira, chefe do Departamento de Renda Fixa do banco, é o autor do trabalho "O papel do BNDES na Alocação de Recursos: Avaliação do Custo Fiscal do Empréstimo de R$ 100 bilhões concedido pela União em 2009". Ele adverte que o valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. E poderá ser bem menor do que a quantia estimada hoje.
"Caso a tendência da TJLP e da Selic seja de convergir no longo prazo, essa estimativa pode ser bastante reduzida". A projeção, explica, foi feita com base em curvas de juros futuros do mercado e da BM&F que embutem prêmios de risco. "Numa extrapolação linear muito simples, pode-se calcular que o custo do empréstimo de R$ 80 bilhões é de R$ 800 milhões ao ano". Como o prazo é de 40 anos, a conta vai a R$ 30 bilhões.
Leia a íntegra do estudo do BNDES
Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico, 25/06/2010
O custo fiscal dos dois empréstimos feitos pelo Tesouro ao BNDES pode chegar a R$ 66,6 bilhões. Um estudo feito pela área financeira do BNDES calcula em R$ 36,6 bilhões o custo que o Tesouro terá de bancar pelo primeiro empréstimo, de R$ 100 bilhões, feito em 2009. A pedido do Valor, os técnicos fizeram uma estimativa muito simplificada do custo do segundo empréstimo, de R$ 80 bilhões . A perda fiscal, nesse caso, ficaria em torno de R$ 30 bilhões. As perdas ocorrem porque o dinheiro emprestado ao BNDES a longo prazo tem a TJLP como indexador - 6% ao ano -, enquanto o custo de captação do Tesouro é referenciado na Selic, hoje em 10,25% ao ano.
O estudo mostra que a diferença entre as taxas dos R$ 100 bilhões repassados ao banco em 2009 corresponde a R$ 1 bilhão ao ano. A remuneração média do empréstimo ao BNDES é de TJLP mais 0,63% ao ano, correção que vai incidir sobre o principal da dívida, cuja carência é de cinco anos.
O economista Thiago Rabelo Pereira, chefe do Departamento de Renda Fixa do banco, é o autor do trabalho "O papel do BNDES na Alocação de Recursos: Avaliação do Custo Fiscal do Empréstimo de R$ 100 bilhões concedido pela União em 2009". Ele adverte que o valor exato dos juros sobre a capitalização do banco só poderá ser conhecido no fim do financiamento. E poderá ser bem menor do que a quantia estimada hoje.
"Caso a tendência da TJLP e da Selic seja de convergir no longo prazo, essa estimativa pode ser bastante reduzida". A projeção, explica, foi feita com base em curvas de juros futuros do mercado e da BM&F que embutem prêmios de risco. "Numa extrapolação linear muito simples, pode-se calcular que o custo do empréstimo de R$ 80 bilhões é de R$ 800 milhões ao ano". Como o prazo é de 40 anos, a conta vai a R$ 30 bilhões.
Leia a íntegra do estudo do BNDES
The Journal of Economic Perspectives: free online
Para pesquisadores econômicos em geral:
The Journal of Economic Perspectives
Online issues of the Journal of Economic Perspectives published since 1999 are now publicly accessible at no charge, compliments of the American Economic Association.
Journal of Economic Perspectives
Previous Issues
Spring 2010 -- Vol. 24, No. 2
Winter 2010 -- Vol. 24, No. 1
Fall 2009 -- Vol. 23, No. 4
Summer 2009 -- Vol. 23, No. 3
Spring 2009 -- Vol. 23, No. 2
Winter 2009 -- Vol. 23, No. 1
Fall 2008 -- Vol. 22, No. 4
Summer 2008 -- Vol. 22, No. 3
Spring 2008 -- Vol. 22, No. 2
Winter 2008 -- Vol. 22, No. 1
Fall 2007 -- Vol. 21, No. 4
Summer 2007 -- Vol. 21, No. 3
Spring 2007 -- Vol. 21, No. 2
Winter 2007 -- Vol. 21, No. 1
Fall 2006 -- Vol. 20, No. 4
Summer 2006 -- Vol. 20, No. 3
Spring 2006 -- Vol. 20, No. 2
Winter 2006 -- Vol. 20, No. 1
Fall 2005 -- Vol. 19, No. 4
Summer 2005 -- Vol. 19, No. 3
Spring 2005 -- Vol. 19, No. 2
Winter 2005 -- Vol. 19, No. 1
Fall 2004 -- Vol. 18, No. 4
Summer 2004 -- Vol. 18, No. 3
Spring 2004 -- Vol. 18, No. 2
Winter 2004 -- Vol. 18, No. 1
Fall 2003 -- Vol. 17, No. 4
Summer 2003 -- Vol. 17, No. 3
Spring 2003 -- Vol. 17, No. 2
Winter 2003 -- Vol. 17, No. 1
Fall 2002 -- Vol. 16, No. 4
Summer 2002 -- Vol. 16, No. 3
Spring 2002 -- Vol. 16, No. 2
Winter 2002 -- Vol. 16, No. 1
Fall 2001 -- Vol. 15, No. 4
Summer 2001 -- Vol. 15, No. 3
Spring 2001 -- Vol. 15, No. 2
Winter 2001 -- Vol. 15, No. 1
Fall 2000 -- Vol. 14, No. 4
Summer 2000 -- Vol. 14, No. 3
Spring 2000 -- Vol. 14, No. 2
Winter 2000 -- Vol. 14, No. 1
Fall 1999 -- Vol. 13, No. 4
Summer 1999 -- Vol. 13, No. 3
Spring 1999 -- Vol. 13, No. 2
Winter 1999 -- Vol. 13, No. 1
Note: pre-1999 articles (below) are available for AEA members only!
Fall 1998 -- Vol. 12, No. 4
Summer 1998 -- Vol. 12, No. 3
Spring 1998 -- Vol. 12, No. 2
Winter 1998 -- Vol. 12, No. 1
The Journal of Economic Perspectives
Online issues of the Journal of Economic Perspectives published since 1999 are now publicly accessible at no charge, compliments of the American Economic Association.
Journal of Economic Perspectives
Previous Issues
Spring 2010 -- Vol. 24, No. 2
Winter 2010 -- Vol. 24, No. 1
Fall 2009 -- Vol. 23, No. 4
Summer 2009 -- Vol. 23, No. 3
Spring 2009 -- Vol. 23, No. 2
Winter 2009 -- Vol. 23, No. 1
Fall 2008 -- Vol. 22, No. 4
Summer 2008 -- Vol. 22, No. 3
Spring 2008 -- Vol. 22, No. 2
Winter 2008 -- Vol. 22, No. 1
Fall 2007 -- Vol. 21, No. 4
Summer 2007 -- Vol. 21, No. 3
Spring 2007 -- Vol. 21, No. 2
Winter 2007 -- Vol. 21, No. 1
Fall 2006 -- Vol. 20, No. 4
Summer 2006 -- Vol. 20, No. 3
Spring 2006 -- Vol. 20, No. 2
Winter 2006 -- Vol. 20, No. 1
Fall 2005 -- Vol. 19, No. 4
Summer 2005 -- Vol. 19, No. 3
Spring 2005 -- Vol. 19, No. 2
Winter 2005 -- Vol. 19, No. 1
Fall 2004 -- Vol. 18, No. 4
Summer 2004 -- Vol. 18, No. 3
Spring 2004 -- Vol. 18, No. 2
Winter 2004 -- Vol. 18, No. 1
Fall 2003 -- Vol. 17, No. 4
Summer 2003 -- Vol. 17, No. 3
Spring 2003 -- Vol. 17, No. 2
Winter 2003 -- Vol. 17, No. 1
Fall 2002 -- Vol. 16, No. 4
Summer 2002 -- Vol. 16, No. 3
Spring 2002 -- Vol. 16, No. 2
Winter 2002 -- Vol. 16, No. 1
Fall 2001 -- Vol. 15, No. 4
Summer 2001 -- Vol. 15, No. 3
Spring 2001 -- Vol. 15, No. 2
Winter 2001 -- Vol. 15, No. 1
Fall 2000 -- Vol. 14, No. 4
Summer 2000 -- Vol. 14, No. 3
Spring 2000 -- Vol. 14, No. 2
Winter 2000 -- Vol. 14, No. 1
Fall 1999 -- Vol. 13, No. 4
Summer 1999 -- Vol. 13, No. 3
Spring 1999 -- Vol. 13, No. 2
Winter 1999 -- Vol. 13, No. 1
Note: pre-1999 articles (below) are available for AEA members only!
Fall 1998 -- Vol. 12, No. 4
Summer 1998 -- Vol. 12, No. 3
Spring 1998 -- Vol. 12, No. 2
Winter 1998 -- Vol. 12, No. 1
A frase do seculo: George Bernard Shaw
A government which robs Peter to pay Paul, can always count on the support of Paul
George Bernard Shaw
Regimes democráticos por vezes conseguem se perverter, a ponto de se inviabilizarem. Isso ocorreu na Alemanha de Weimar, que aliás era um governo improvisado, caótico, numa nação que nunca tinha conhecido, de verdade, um sistema democrático. Isso ocorreu no Japão, um país feudal, que talvez nunca deixou de ser feudal.
Isso ocorreu na Itália, outro país caótico, muito fragmentado regionalmente, sem uma clara liderança política capaz de conduzir um processo de reforma e de modernização das instituições públicas, como aliás já se desperava Maquiavel mais de 400 anos antes.
Isso vem ocorrendo na América Latina, sociedades desiguais que produzem facilmente líderes populistas que prometem soluções milagre aos pobres e acabam contribuindo para a deterioração do funcionamento da democracia, quando não são eles mesmos a sabotá-la diretamente.
Talvez o Brasil não esteja imune ao fenômeno...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 27.06.2010)
George Bernard Shaw
Regimes democráticos por vezes conseguem se perverter, a ponto de se inviabilizarem. Isso ocorreu na Alemanha de Weimar, que aliás era um governo improvisado, caótico, numa nação que nunca tinha conhecido, de verdade, um sistema democrático. Isso ocorreu no Japão, um país feudal, que talvez nunca deixou de ser feudal.
Isso ocorreu na Itália, outro país caótico, muito fragmentado regionalmente, sem uma clara liderança política capaz de conduzir um processo de reforma e de modernização das instituições públicas, como aliás já se desperava Maquiavel mais de 400 anos antes.
Isso vem ocorrendo na América Latina, sociedades desiguais que produzem facilmente líderes populistas que prometem soluções milagre aos pobres e acabam contribuindo para a deterioração do funcionamento da democracia, quando não são eles mesmos a sabotá-la diretamente.
Talvez o Brasil não esteja imune ao fenômeno...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 27.06.2010)
Indicadores economicos: series historicas do Brasil
Quem quiser acompanhar a economia brasileira, desde 1990 até a atualidade, em 23 indicadores interativos e com cruzamento de dados, clique neste link, patrocinado pela revista Veja:
ECONOMIA BRASILEIRA
http://veja.abril.com.br/infograficos/infografico_economia.shtml
ECONOMIA BRASILEIRA
http://veja.abril.com.br/infograficos/infografico_economia.shtml
Brasil-Iran-EUA: um triangulo pouco amoroso
A coisa tem tudo para dar errado: ameaça degringolar num festival de acusações mútuas, possibilidade de retaliações cruzadas e deterioração geral das relações bilaterais.
Mal comparando, creio que foram mexer num vespeiro: algumas pessoas podem sair picadas. Não foi por falta de aviso...
Paulo Roberto de Almeida
Em recado a Brasil, texto de sanções dos EUA ao Irã inclui menção a etanol
Por Patrícia Campos Mello (corresponde em Washington)
Estado de São Paulo, 26.06.2010
A lei de sanções contra o Irã, aprovada pelo Congresso americano quinta-feira, inclui pela primeira vez restrições à venda de etanol a Teerã, em um claro recado para o governo brasileiro. Enterrada no meio do texto do projeto de lei de 41 páginas, que deve ser assinada pelo presidente Barack Obama nos próximos dias, há uma ordem explícita para que o governo americano monitore as exportações de etanol para o Irã.
Segundo o texto, o presidente americano fica obrigado a entregar um relatório para o Congresso 90 dias após a publicação da lei de sanções, sobre os investimentos no setor de energia do Irã, que incluam “uma estimativa do volume de recursos energéticos, incluindo etanol, que o Irã importou durante o período”, além de uma “lista de todos os projetos, investimentos e parcerias fora do Irã que envolvam entidades iranianas em parceria com entidades de outros países, incluindo identificação das entidades dos outros países.” Isso vai valer para qualquer negócio feito a partir de janeiro de 2006
Durante deliberações que levaram à provação do projeto de lei no Legislativo, o deputado democrata Eliot Engel, líder da Subcomissão de Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes, deixou claro que o texto tinha endereço certo.
“Quero manifestar meu apoio à seção 110 da lei, que exige um relatório sobre exportações de energia para o Irã; Os EUA e o Brasil são os maiores produtores de etanol do mundo e fiquei feliz de ouvir dos produtores brasileiros que eles não têm planos de fornecer etanol para o Irã”, disse Engel. “É por isso que a lei é importante, precisamos continuar monitorando essa área, já que exportações de etanol podem enfraquecer as sanções contra o setor de energia do Irã.”
Segundo uma fonte do Congresso, o estabelecimento do relatório é o primeiro passo para uma emenda que pode incluir o etanol na lista dos produtos cuja venda para o Irã estará proibida.
Desta forma, se a Petrobras resolvesse revender etanol brasileiro para os iranianos, poderia ser alvo de retaliação de Washington. Procurada pelo Estado, a estatal brasileira, por intermédio de sua assessoria, assegurou não ter planos imediatos de negociar o produto com o Irã.
“Sem discriminar”
O governo americano já havia indicado claramente que se opõe ao possível interesse brasileiro de fornecer etanol para os iranianos. “Qualquer iniciativa que burle as sanções prejudica nosso objetivo, então não é uma boa ideia”, disse um alto funcionário da Casa Branca ao Estado.
Diferentemente do reforço das medidas unilaterais que os EUA pretendem impor ao Irã, nas sanções aprovadas pela ONU - apesar da oposição de Brasil e Turquia - não há restrição explícita ao setor energético ou ao etanol.
O Congresso americano havia aceitado o pedido do presidente Obama para adiar a votação de sua lei unilateral de sanções até que a ONU aprovasse sua iniciativa. Agora, Obama deve sancionar o projeto, transformando-o em lei.
Na época, o governo brasileiro afirmou foi explícito: “Não vamos discriminar ninguém na hora de exportar etanol. Vamos exportar etanol para qualquer país que queira, nossa prioridade é abrir mercados”, tinha declarado, no início do mês, uma fonte do governo.
A possibilidade de o Brasil suprir parte das necessidades de combustível do Irã com etanol foi levantada pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, em visita a Teerã, em abril.
Jorge afirmou que o Irã está interessado em comprar etanol brasileiro, por causa dos problemas que enfrenta para comprar gasolina diante dos bloqueios comerciais que sofre. Mas os empresários brasileiros afirmam não ter intenção de correr o risco de ser sancionados pelos EUA.
Assim como a assessoria da Petrobrás, Adhemar Altieri, porta-voz da Unica, entidade que representa os produtores de etanol, disse que não há projeto nem de curto nem de longo prazo para exportar etanol para o Irã.
Para entender
As sanções aprovadas na quinta-feira pelo Congresso americano são ações unilaterais, aplicadas apenas pelos EUA - diferentemente das medidas multilaterais adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU, no dia 9, que devem ser seguidas por todos os membros da organização. As punições contra nas Nações Unidas são mais brandas porque, para aprová-las, era preciso o apoio de chineses e russos, que têm interesses comerciais e são contra medidas muito duras contra Teerã. Um caso semelhante ocorreu com o regime do apartheid, na África do Sul. A ONU adotou suas primeiras sanções contra os segregacionistas nos anos 60. As medidas, porém, eram amenas e foram facilmente burladas pelo governo branco. O sistema de segregação racial só começou a ruir anos 80, depois que EUA e Grã-Bretanha adotaram duras sanções unilaterais contra a África do Sul.
Mal comparando, creio que foram mexer num vespeiro: algumas pessoas podem sair picadas. Não foi por falta de aviso...
Paulo Roberto de Almeida
Em recado a Brasil, texto de sanções dos EUA ao Irã inclui menção a etanol
Por Patrícia Campos Mello (corresponde em Washington)
Estado de São Paulo, 26.06.2010
A lei de sanções contra o Irã, aprovada pelo Congresso americano quinta-feira, inclui pela primeira vez restrições à venda de etanol a Teerã, em um claro recado para o governo brasileiro. Enterrada no meio do texto do projeto de lei de 41 páginas, que deve ser assinada pelo presidente Barack Obama nos próximos dias, há uma ordem explícita para que o governo americano monitore as exportações de etanol para o Irã.
Segundo o texto, o presidente americano fica obrigado a entregar um relatório para o Congresso 90 dias após a publicação da lei de sanções, sobre os investimentos no setor de energia do Irã, que incluam “uma estimativa do volume de recursos energéticos, incluindo etanol, que o Irã importou durante o período”, além de uma “lista de todos os projetos, investimentos e parcerias fora do Irã que envolvam entidades iranianas em parceria com entidades de outros países, incluindo identificação das entidades dos outros países.” Isso vai valer para qualquer negócio feito a partir de janeiro de 2006
Durante deliberações que levaram à provação do projeto de lei no Legislativo, o deputado democrata Eliot Engel, líder da Subcomissão de Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes, deixou claro que o texto tinha endereço certo.
“Quero manifestar meu apoio à seção 110 da lei, que exige um relatório sobre exportações de energia para o Irã; Os EUA e o Brasil são os maiores produtores de etanol do mundo e fiquei feliz de ouvir dos produtores brasileiros que eles não têm planos de fornecer etanol para o Irã”, disse Engel. “É por isso que a lei é importante, precisamos continuar monitorando essa área, já que exportações de etanol podem enfraquecer as sanções contra o setor de energia do Irã.”
Segundo uma fonte do Congresso, o estabelecimento do relatório é o primeiro passo para uma emenda que pode incluir o etanol na lista dos produtos cuja venda para o Irã estará proibida.
Desta forma, se a Petrobras resolvesse revender etanol brasileiro para os iranianos, poderia ser alvo de retaliação de Washington. Procurada pelo Estado, a estatal brasileira, por intermédio de sua assessoria, assegurou não ter planos imediatos de negociar o produto com o Irã.
“Sem discriminar”
O governo americano já havia indicado claramente que se opõe ao possível interesse brasileiro de fornecer etanol para os iranianos. “Qualquer iniciativa que burle as sanções prejudica nosso objetivo, então não é uma boa ideia”, disse um alto funcionário da Casa Branca ao Estado.
Diferentemente do reforço das medidas unilaterais que os EUA pretendem impor ao Irã, nas sanções aprovadas pela ONU - apesar da oposição de Brasil e Turquia - não há restrição explícita ao setor energético ou ao etanol.
O Congresso americano havia aceitado o pedido do presidente Obama para adiar a votação de sua lei unilateral de sanções até que a ONU aprovasse sua iniciativa. Agora, Obama deve sancionar o projeto, transformando-o em lei.
Na época, o governo brasileiro afirmou foi explícito: “Não vamos discriminar ninguém na hora de exportar etanol. Vamos exportar etanol para qualquer país que queira, nossa prioridade é abrir mercados”, tinha declarado, no início do mês, uma fonte do governo.
A possibilidade de o Brasil suprir parte das necessidades de combustível do Irã com etanol foi levantada pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, em visita a Teerã, em abril.
Jorge afirmou que o Irã está interessado em comprar etanol brasileiro, por causa dos problemas que enfrenta para comprar gasolina diante dos bloqueios comerciais que sofre. Mas os empresários brasileiros afirmam não ter intenção de correr o risco de ser sancionados pelos EUA.
Assim como a assessoria da Petrobrás, Adhemar Altieri, porta-voz da Unica, entidade que representa os produtores de etanol, disse que não há projeto nem de curto nem de longo prazo para exportar etanol para o Irã.
Para entender
As sanções aprovadas na quinta-feira pelo Congresso americano são ações unilaterais, aplicadas apenas pelos EUA - diferentemente das medidas multilaterais adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU, no dia 9, que devem ser seguidas por todos os membros da organização. As punições contra nas Nações Unidas são mais brandas porque, para aprová-las, era preciso o apoio de chineses e russos, que têm interesses comerciais e são contra medidas muito duras contra Teerã. Um caso semelhante ocorreu com o regime do apartheid, na África do Sul. A ONU adotou suas primeiras sanções contra os segregacionistas nos anos 60. As medidas, porém, eram amenas e foram facilmente burladas pelo governo branco. O sistema de segregação racial só começou a ruir anos 80, depois que EUA e Grã-Bretanha adotaram duras sanções unilaterais contra a África do Sul.
Pausa para a Copa, ou melhor, para o futebol...
Não torço para NENHUMA seleção, nem mesmo para a seleção brasileira, a não ser que ela jogue bem, o que não é o caso até aqui (e duvido que venha a ser).
Eu torço apenas para o bom futebol, o futebol com arte, técnica, graça e lealdade, nessa ordem, ou em qualquer outra que se desejar.
Detesto o futebol engessado, as caneladas, os golpes baixos, as trapaças, as vuvuzelas, as patriotadas e outras bobagens associadas.
Os jogadores de seleção, hoje em dia, são perfeitos mercenários. Jogam por dinheiro, e nada mais. Impossível torcer por mercenários.
Fico com o futebol em estado puro, que está cada vez mais raro.
Fico com a seleção que exibir o melhor futebol, qualquer que seja o país...
Eu torço apenas para o bom futebol, o futebol com arte, técnica, graça e lealdade, nessa ordem, ou em qualquer outra que se desejar.
Detesto o futebol engessado, as caneladas, os golpes baixos, as trapaças, as vuvuzelas, as patriotadas e outras bobagens associadas.
Os jogadores de seleção, hoje em dia, são perfeitos mercenários. Jogam por dinheiro, e nada mais. Impossível torcer por mercenários.
Fico com o futebol em estado puro, que está cada vez mais raro.
Fico com a seleção que exibir o melhor futebol, qualquer que seja o país...
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histórica e comparativa Paulo Roberto de Almeida 5136. “A Paz como Projeto e Potência”, Brasília...
-
Alternâncias e conformismo na diplomacia brasileira Paulo Roberto de Almeida Em democracias vibrantes, com alternância de poder, a polític...
-
Minha preparação prévia a um seminário sobre a ordem global, na UnB: 5152. “ A desordem mundial gerada por dois impérios, contemplados por...
-
Mais recente trabalho publicado: 1609. “Política externa e diplomacia do Brasil: convergências e dissonâncias em perspectiva histórica”. P...