Opinião
Um silêncio covarde
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo, 09/102010
Brasil se cala novamente a respeito da proteção dos direitos humanos, agora no Prêmio Nobel da Paz
QUE ENSURDECEDOR - e triste - silêncio do governo brasileiro em relação à concessão do Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo.
Nem precisava manifestar "grande alegria", tal como o fez, no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se referir a idêntico prêmio para seu colega Barack Obama.
O Itamaraty alega que chefe de Estado premiado é uma coisa, dissidente é outra. É claro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas parece-me muito mais digno manifestar alegria pela premiação de quem luta pelos direitos humanos do que pela do presidente de um país que estava -e continua- envolvido em duas guerras.
Para tornar ainda mais moral e eticamente inaceitável o silêncio, há o fato de que, na mensagem a Obama, Lula mencionara Martin Luther King e "sua luta pelos direitos civis". Ora, Liu também luta pelos direitos civis. Não merece idêntico respeito?
Convém lembrar também que o governo estaria obrigado até constitucionalmente a manifestar-se, posto que o artigo 4 da Constituição cita a "prevalência dos direitos humanos" entre os princípios a serem utilizados pelo Brasil em suas relações internacionais.
De que tem medo o governo Lula quando se trata de violações aos direitos humanos que envolvem ditaduras?
Os Estados Unidos mantêm com os chineses relações intensas, obtiveram deles até a aprovação das sanções ao Irã, gesto a que o Brasil se recusou.
Ainda assim, na mensagem que emitiu a propósito do Nobel para Liu, Obama ousou pedir ao governo chinês que "solte o sr. Liu o mais depressa possível".
Já o Brasil pediu ao Irã que libertasse a francesa Clotilde Reiss e, mais recentemente, uma americana, até por pedido do Departamento de Estado. Nem por isso, o Irã rompeu relações com o Brasil. Que custo teria já nem digo pedir a libertação de Liu mas, ao menos, soltar uma nota parabenizando-o?
Depois, as autoridades brasileiras resmungam quando o país é criticado por seu silêncio na questão de direitos humanos ou, pior ainda, por dar, mais de uma vez, a impressão de que apoia a repressão aos dissidentes no Irã ou em Cuba.
Crítica, de resto, feita até por acadêmicos que, no conjunto da obra, aplaudem a atuação da diplomacia brasileira.
Direitos humanos, convém repetir até a morte, não é uma questão interna de cada país. É universal.
Como pode um governo que paga indenizações a vítimas de uma ditadura - como, de resto, é justo que o faça- silenciar ante vítimas de outras ditaduras?
Apenas em nome dos negócios com a China? Não é eticamente aceitável, mas, ainda que o fosse, convém anotar cálculos de Kevin P. Gallagher, professor associado de Relações Internacionais da Boston University: para ele, 30% das exportações brasileiras de manufaturados estão sob ameaça direta da produção chinesa, pelo avanço desta nos mercados da América Latina e do Caribe, e mais 54% sob ameaça indireta, que é quando a fatia de mercado da produção latino-americana aumenta a um ritmo inferior ao da China.
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Brasília silencia; Garcia "torcia por Morales"
SIMONE IGLESIAS - DE BRASÍLIA
Folha de S. Paulo, 9/10/2010
O Itamaraty e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva silenciaram ontem sobre a escolha do dissidente chinês Liu Xiaobo para o Prêmio Nobel da Paz.
Até o fechamento desta edição, nenhuma nota ou comunicado oficial haviam sido divulgados pelo Ministério de Relações Exteriores e pelo Planalto; Lula e o chanceler Celso Amorim não fizeram comentários públicos.
Já o assessor especial para Assuntos Internacionais do governo, Marco Aurélio Garcia, disse desconhecer o dissidente chinês e que estava torcendo por outra pessoa.
"Não tenho a menor informação sobre ele. O meu candidato era outro, o presidente [da Bolívia] Evo Morales", disse Garcia.
Morales está sendo criticado na Bolívia por ter sancionado lei que define punições econômicas e até o fechamento de veículos de comunicação que publiquem conteúdo que seja considerado racista pelo governo.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Socialismo Agrario do seculo 21: ultimas noticias do front...
Estamos falando da Venezuela, claro; de qual outro país poderia ser?
Nenhum outro país neste mundo (sorry detentor do copyright), nunca antes neste século (ops, esta é forçada), nenhum outro Estado minimamente organizado (mas existem muitos desorganizados), nenhuma outra direção política minimamente racional (mas todos tem direito de ser ilógicos em algum momento da vida), enfim, em nenhum outro lugar conhecido no planeta Terra, temos algum líder empenhado em construir o tal de socialismo agrário, que é uma variante, claro, do velho socialismo estatista do século 20, aplicado à produção primária.
Olhando para o que sobrou de socialismo no mundo, temos o seguinte: a ilha-prisão do mar do Caribe está ativamente empenhado em restabelecer as atividades privadas para estimular a produção (acho que vai dar errado no esquema atual, mas a intenção é mesmo a de desmantelar o socialismo agrário, justamente); o imenso gulag norte-coreano, onde o caro lider se empenha em regimes de emagrecimento forçados de sua população há muito tempo. Acho que não sobrou nada de experimentos em matéria de socialismo agrário. Ou quase...
Só poderia ser a terra do inefável coronel de boné e camiseta vermelha...
Um grande professor de economia, como tenho repetido aqui: tudo o que ele recomenda como organização produtiva, distribuição de produtos, repartição de renda, é para ser feito al revés, pois se trata simplesmente do maior professor de economia ao contrário que já conhecemos nos anais da história econômica mundial.
Seguem, pois, duas postagens sobre o tal de socialismo agrário, com um único comentário meu: nem segurança alimentar, nem abastecimento suficiente, nem racionalidade produtiva, nem satisfação dos consumidores, nada disso será assegurado aos venezuelanos como resultado do socialismo agrário sendo aplicado pelo coronel de Caracas.
Não sou de fazer previsões, pois isto é coisa de astrólogos e outros adivinhos. Mas neste caso ouso prever a decadência agrícola, a perda de equipamentos, o desabastecimento alimentar, mais inflação, mais crise, mais tragédias, enfim...
Lineas de Chávez n. 92
(...)
Lo digo en voz alta y clara: nada está por encima de los sagrados intereses de la Patria. Recuerdo aquellas palabras que escribiera Martí en 1873: “La Patria es comunidad de intereses, unidad de tradiciones, unidad de fines, fusión dulcísima y consoladora de amores y esperanzas”. Y nosotros queremos y estamos decididos a hacer vivas esas palabras.
Hago esta reflexión necesaria, a propósito de la decisión que asumimos el domingo pasado de expropiar a la compañía trasnacional Agroisleña, ya que algunos sectores se empeñan en tergiversar la medida con espurias motivaciones políticas.
El pueblo está consciente de los enormes esfuerzos que venimos realizando no sólo para hacer justicia en la tenencia de la tierra, sino también para conquistar nuestra soberanía alimentaria. Por todo ello, teníamos que impedir a toda costa que el oligopolio Agroisleña siguiera extorsionando a nuestros campesinos con sus precios y con el elevado interés de sus créditos, amén de imponernos un paquete agrotóxico y ecocida trasnacional que deteriora nuestros suelos con productos de alta incidencia ambiental. Tenemos, entonces, que esta empresa ejemplificaba todas las perversiones del capitalismo.
En varias ocasiones se les advirtió de la necesidad de acoplarse a los planes implementados por el Gobierno nacional, sin que estos llamados fuesen atendidos. Procedimos a expropiar por razones de interés nacional.
La nacionalización de Agroisleña va a contribuir tanto en el abaratamiento de los alimentos, y con ello a la disminución de la inflación, como a la salvaguarda ecológica de nuestros suelos.
Tengamos presente lo que bien señala el destacado agroecólogo venezolano Miguel Ángel Núñez: Agroisleña tiene numerosos pasivos sociales, labores y ambientales. En realidad y en verdad al nacionalizarla estamos comenzando a saldar una deuda histórica con el campo venezolano.
Quiero desde aquí expresarles a todas y todos los trabajadores de Agroisleña, que este Gobierno se hace responsable, como se ha responsabilizado siempre, de su estabilidad laboral y de la garantía de todos sus beneficios contemplados en nuestras leyes: contamos con ustedes para que la empresa crezca y rinda sus mejores dividendos al servicio del pueblo trabajador.
Agroisleña es ahora propiedad popular, propiedad patria. Y ese es precisamente el nuevo nombre que le damos desde ahora: Agropatria.
Sepan los latifundistas que se acabó este oligopolio del que tanto se beneficiaron: ahora es cuando la Revolución agraria va a acelerarse.
Digámoslo con el General Zamora:
“Tierras y Hombres Libres”
“Venceremos”
Hugo Chávez Frías / (Domingo 10/10/2010)
============
Presidente Chávez destaca que recuperación de tierras consolidará socialismo agrario
La recuperación de tierras consolidará el socialismo agrario en el país y permitirá convertir a Venezuela en una potencia agrícola, destacó este domingo el presidente de la República, Hugo Chávez Frías.
“Estamos golpeando la dictadura de los latifundistas. No debe quedar ni un hueso sano del viejo latifundio, hay que consolidar el socialismo y la democracia agraria”, sostuvo el jefe de Estado, durante la transmisión del Aló, Presidente número 364, realizado en el Proyecto Agrario Socialista Río Tiznados, estado Guárico.
El Presidente insistió en la necesidad de continuar rescatando tierras en todo el país para consolidar el socialismo económico y producir los alimentos que requiere el pueblo venezolano.
Chávez solicitó a los gobernadores de cada entidad, sobre todo la llanera, y también a la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), unirse a esta tarea, hacer recorridos y donde se encuentre un latifundio reportarlo.
“Una de las tareas de las Fuerzas Armadas en Los Llanos es hacer reconocimiento terrestre aéreo, donde vean un latifundio, repórtenlo, y si ven que pasa mucho tiempo y no hay acciones me llaman directo a mi. Latifundio que haya, latifundio que vamos a tomar, para entregarlo liberado al pueblo”, enfatizó el mandatario.
Refirió que el latifundio es el gran culpable de la pobreza de los campos y que para revertir esta situación es necesario seguir rescatando tierras.
Chávez realizó un recorrido por el Complejo Agroindustrial Manuel Ibarra en la sabana de Guárico, que cuenta con 9 silos para almacenar el maíz que allí se produzca, y una capacidad cada uno de 3.800 toneladas, para un total de 34 mil 200 toneladas.
Dicho complejo está operando desde la semana pasada y ha recibido, hasta ahora, 400 toneladas de las unidades de producción social de la zona.
Asimismo, cuenta con una planta propia para la generación de energía, que suministra aproximadamente unos 2000 mil amperios. De este total se consume apenas la mitad (1000 amperios).
La estructura del complejo es de procedencia y tecnología italiana, en tanto que la maquinaria fue adquirida a través de un convenio con la República Popular de China, informó el ministro del Poder Popular para la Agricultura y Tierras, Juan Carlos Loyo.
AVN / 03 de octubre de 2010
============
Addendum (pequenas notícias sobre a atualidade venezuelana, apenas chamadas):
Venezuela: Chávez anuncia una ley orgánica para ocupar tierras urbanizables
El presidente venezolano, Hugo Chávez, anunció que presentará ante la Asamblea Nacional una ley orgánica que le permitirá al Gobierno “regularizar tierras urbanas” destinadas a la construcción de viviendas.
El Análisis de Infolatam, por Leonardo Vera
Salarios, consumo y votos: ¿Por qué Chávez está perdiendo el respaldo electoral?
(Especial para Infolatam).- “… la economía venezolana no genera ya incrementos de ingresos suficientes para compensar tasas de inflación de 30% anual. En este ambiente, el consumo privado en términos reales se ha desplomado y en los últimos ocho trimestres ha crecido a una tasa promedio interanual de -1,2%. Una decisiva restricción en los ingresos ha conducido a este dramático ajuste. Esta es la pérdida de bienestar que para bien o para mal los venezolanos hipervaloran hoy día. El chavismo no ha permanecido inerte frente a esta realidad. Su desarrollada intuición para conocer el mercado político local le ha advertido la importancia que tiene mitigar los efectos de esta caída en el ingreso real de su clientela”.
Venezuela: Chávez anuncia que la expropiada Agroisleña se llamará Agropatria
El análisis, por Marta Colomina (El Universal)
La hiel de la “victoria”
“…Como no pudo convencer a nadie de su inexistente “victoria” el 26S, Chávez acelera su venganza contra todos los venezolanos, sean burgueses, proletarios o pobres de solemnidad…Chávez “radicaliza su socialismo”, es decir, el comunismo, como dijera Fidel a calzón quitao, y estatiza febrilmente las empresas y fincas agrícolas que aún quedan en pie…El último golpe constitucional que nos conduce al desabastecimiento y hambre colectivos, es la toma salvaje de la empresa Agroisleña”. (El Universal. Venezuela)
Nenhum outro país neste mundo (sorry detentor do copyright), nunca antes neste século (ops, esta é forçada), nenhum outro Estado minimamente organizado (mas existem muitos desorganizados), nenhuma outra direção política minimamente racional (mas todos tem direito de ser ilógicos em algum momento da vida), enfim, em nenhum outro lugar conhecido no planeta Terra, temos algum líder empenhado em construir o tal de socialismo agrário, que é uma variante, claro, do velho socialismo estatista do século 20, aplicado à produção primária.
Olhando para o que sobrou de socialismo no mundo, temos o seguinte: a ilha-prisão do mar do Caribe está ativamente empenhado em restabelecer as atividades privadas para estimular a produção (acho que vai dar errado no esquema atual, mas a intenção é mesmo a de desmantelar o socialismo agrário, justamente); o imenso gulag norte-coreano, onde o caro lider se empenha em regimes de emagrecimento forçados de sua população há muito tempo. Acho que não sobrou nada de experimentos em matéria de socialismo agrário. Ou quase...
Só poderia ser a terra do inefável coronel de boné e camiseta vermelha...
Um grande professor de economia, como tenho repetido aqui: tudo o que ele recomenda como organização produtiva, distribuição de produtos, repartição de renda, é para ser feito al revés, pois se trata simplesmente do maior professor de economia ao contrário que já conhecemos nos anais da história econômica mundial.
Seguem, pois, duas postagens sobre o tal de socialismo agrário, com um único comentário meu: nem segurança alimentar, nem abastecimento suficiente, nem racionalidade produtiva, nem satisfação dos consumidores, nada disso será assegurado aos venezuelanos como resultado do socialismo agrário sendo aplicado pelo coronel de Caracas.
Não sou de fazer previsões, pois isto é coisa de astrólogos e outros adivinhos. Mas neste caso ouso prever a decadência agrícola, a perda de equipamentos, o desabastecimento alimentar, mais inflação, mais crise, mais tragédias, enfim...
Lineas de Chávez n. 92
(...)
Lo digo en voz alta y clara: nada está por encima de los sagrados intereses de la Patria. Recuerdo aquellas palabras que escribiera Martí en 1873: “La Patria es comunidad de intereses, unidad de tradiciones, unidad de fines, fusión dulcísima y consoladora de amores y esperanzas”. Y nosotros queremos y estamos decididos a hacer vivas esas palabras.
Hago esta reflexión necesaria, a propósito de la decisión que asumimos el domingo pasado de expropiar a la compañía trasnacional Agroisleña, ya que algunos sectores se empeñan en tergiversar la medida con espurias motivaciones políticas.
El pueblo está consciente de los enormes esfuerzos que venimos realizando no sólo para hacer justicia en la tenencia de la tierra, sino también para conquistar nuestra soberanía alimentaria. Por todo ello, teníamos que impedir a toda costa que el oligopolio Agroisleña siguiera extorsionando a nuestros campesinos con sus precios y con el elevado interés de sus créditos, amén de imponernos un paquete agrotóxico y ecocida trasnacional que deteriora nuestros suelos con productos de alta incidencia ambiental. Tenemos, entonces, que esta empresa ejemplificaba todas las perversiones del capitalismo.
En varias ocasiones se les advirtió de la necesidad de acoplarse a los planes implementados por el Gobierno nacional, sin que estos llamados fuesen atendidos. Procedimos a expropiar por razones de interés nacional.
La nacionalización de Agroisleña va a contribuir tanto en el abaratamiento de los alimentos, y con ello a la disminución de la inflación, como a la salvaguarda ecológica de nuestros suelos.
Tengamos presente lo que bien señala el destacado agroecólogo venezolano Miguel Ángel Núñez: Agroisleña tiene numerosos pasivos sociales, labores y ambientales. En realidad y en verdad al nacionalizarla estamos comenzando a saldar una deuda histórica con el campo venezolano.
Quiero desde aquí expresarles a todas y todos los trabajadores de Agroisleña, que este Gobierno se hace responsable, como se ha responsabilizado siempre, de su estabilidad laboral y de la garantía de todos sus beneficios contemplados en nuestras leyes: contamos con ustedes para que la empresa crezca y rinda sus mejores dividendos al servicio del pueblo trabajador.
Agroisleña es ahora propiedad popular, propiedad patria. Y ese es precisamente el nuevo nombre que le damos desde ahora: Agropatria.
Sepan los latifundistas que se acabó este oligopolio del que tanto se beneficiaron: ahora es cuando la Revolución agraria va a acelerarse.
Digámoslo con el General Zamora:
“Tierras y Hombres Libres”
“Venceremos”
Hugo Chávez Frías / (Domingo 10/10/2010)
============
Presidente Chávez destaca que recuperación de tierras consolidará socialismo agrario
La recuperación de tierras consolidará el socialismo agrario en el país y permitirá convertir a Venezuela en una potencia agrícola, destacó este domingo el presidente de la República, Hugo Chávez Frías.
“Estamos golpeando la dictadura de los latifundistas. No debe quedar ni un hueso sano del viejo latifundio, hay que consolidar el socialismo y la democracia agraria”, sostuvo el jefe de Estado, durante la transmisión del Aló, Presidente número 364, realizado en el Proyecto Agrario Socialista Río Tiznados, estado Guárico.
El Presidente insistió en la necesidad de continuar rescatando tierras en todo el país para consolidar el socialismo económico y producir los alimentos que requiere el pueblo venezolano.
Chávez solicitó a los gobernadores de cada entidad, sobre todo la llanera, y también a la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), unirse a esta tarea, hacer recorridos y donde se encuentre un latifundio reportarlo.
“Una de las tareas de las Fuerzas Armadas en Los Llanos es hacer reconocimiento terrestre aéreo, donde vean un latifundio, repórtenlo, y si ven que pasa mucho tiempo y no hay acciones me llaman directo a mi. Latifundio que haya, latifundio que vamos a tomar, para entregarlo liberado al pueblo”, enfatizó el mandatario.
Refirió que el latifundio es el gran culpable de la pobreza de los campos y que para revertir esta situación es necesario seguir rescatando tierras.
Chávez realizó un recorrido por el Complejo Agroindustrial Manuel Ibarra en la sabana de Guárico, que cuenta con 9 silos para almacenar el maíz que allí se produzca, y una capacidad cada uno de 3.800 toneladas, para un total de 34 mil 200 toneladas.
Dicho complejo está operando desde la semana pasada y ha recibido, hasta ahora, 400 toneladas de las unidades de producción social de la zona.
Asimismo, cuenta con una planta propia para la generación de energía, que suministra aproximadamente unos 2000 mil amperios. De este total se consume apenas la mitad (1000 amperios).
La estructura del complejo es de procedencia y tecnología italiana, en tanto que la maquinaria fue adquirida a través de un convenio con la República Popular de China, informó el ministro del Poder Popular para la Agricultura y Tierras, Juan Carlos Loyo.
AVN / 03 de octubre de 2010
============
Addendum (pequenas notícias sobre a atualidade venezuelana, apenas chamadas):
Venezuela: Chávez anuncia una ley orgánica para ocupar tierras urbanizables
El presidente venezolano, Hugo Chávez, anunció que presentará ante la Asamblea Nacional una ley orgánica que le permitirá al Gobierno “regularizar tierras urbanas” destinadas a la construcción de viviendas.
El Análisis de Infolatam, por Leonardo Vera
Salarios, consumo y votos: ¿Por qué Chávez está perdiendo el respaldo electoral?
(Especial para Infolatam).- “… la economía venezolana no genera ya incrementos de ingresos suficientes para compensar tasas de inflación de 30% anual. En este ambiente, el consumo privado en términos reales se ha desplomado y en los últimos ocho trimestres ha crecido a una tasa promedio interanual de -1,2%. Una decisiva restricción en los ingresos ha conducido a este dramático ajuste. Esta es la pérdida de bienestar que para bien o para mal los venezolanos hipervaloran hoy día. El chavismo no ha permanecido inerte frente a esta realidad. Su desarrollada intuición para conocer el mercado político local le ha advertido la importancia que tiene mitigar los efectos de esta caída en el ingreso real de su clientela”.
Venezuela: Chávez anuncia que la expropiada Agroisleña se llamará Agropatria
El análisis, por Marta Colomina (El Universal)
La hiel de la “victoria”
“…Como no pudo convencer a nadie de su inexistente “victoria” el 26S, Chávez acelera su venganza contra todos los venezolanos, sean burgueses, proletarios o pobres de solemnidad…Chávez “radicaliza su socialismo”, es decir, el comunismo, como dijera Fidel a calzón quitao, y estatiza febrilmente las empresas y fincas agrícolas que aún quedan en pie…El último golpe constitucional que nos conduce al desabastecimiento y hambre colectivos, es la toma salvaje de la empresa Agroisleña”. (El Universal. Venezuela)
domingo, 10 de outubro de 2010
Ultimas noticias do Big Brother: para quando uma nota?
Primeiro as notícias, não sem antes registrar, mais uma vez, o tremendo equívoco das agências de imprensa ao classificar o chinês como um "dissidente": não se trata de um dissidente, e sim de um ativista, absolutamente em conformidade com a Constituição chinesa (que proclama todas as liberdades fundamentais) e com os principais instrumentos internacionais de direitos humanos ratificados pela China. Se alguém é dissidente, nessa história, é o governo chinês.
Mas, vamos à matéria.
Paulo Roberto de Almeida
Las autoridades chinas no permiten a la esposa del flamante Nobel de la Paz abandonar su apartamento en Pekín
AGENCIAS - Pekín - 10/10/2010
Retenida la esposa del Nobel Liu Xiaobo tras verle en prisión
España se suma a última hora a la demanda de excarcelación del disidente Liu
Las autoridades chinas retienen a Liu Xia, la esposa del flamente Nobel de la Paz chino Liu Xiaobo, en el interior de su apartamento en Pekín, según han informado las organizaciones Freedom Now y Human Rights in China. Liu Xia, que ha acudido hoy a la cárcel donse permanece reo su esposo desde 11 años por pedir al régimen democracia, no puede recibir la visita ni de sus familiares y amigos ni de los medios de comunicación. Liu Xia viajó custodiada hasta el penal de la provincia de Liaoning para comunicar al líder disidente chino la concesión del premio, según informaron los familiares.
La ONG Freedom Now ha denunciado en una nota que Liu Xia no puede tampoco usar su teléfono móvil. Esta organización ha detallado además que el premiado ha recibido la noticia de su galardón entre lágrimas y se lo ha dedicado a "los mártires de Tiananmen". Human Rights in China, ONG que habla de "arresto domiciliario", ha detallado que tras abandonar la prisión, Liu Xia fue seguida hasta su domicilio por agentes de seguridad. Según la información que la propia Lui Xia ha hecho llegar a la organización, tanto su móvil como el de su hermano han sido interferidos. Liu Xia ha pedido a los medios de comunicación que den noticia sobre su arresto domiciliario.
El hermano pequeño del galardonado, Liu Xiaoxuan, ha confirmado a sus allegados que el matrimonio se reunió esta mañana, según el diario taiwanés Ziyou Shibao (The Liberty Times). La ONG Centro de Información de Derechos Humanos y Democracia de China, con sede en Hong Kong, ha dicho también citando a familiares de los Liu que éstos se han reunido en la mañana de hoy "en un lugar secreto", lo que confirma informaciones previas.
Cita "en un lugar secreto"
Según esta fuente, Liu Xia y su hermano acordaron con las autoridades un encuentro en la prisión de Jinzhou con el disidente en la tarde del viernes, cuando se supo que Liu Xiaobo era el nuevo receptor del premio Nobel de la Paz y la esposa abandonó Pekín custodiada por la policía china. Los familiares han informado de que, según el acuerdo, Liu Xiaobo fue escoltado fuera de la prisión ayer, sábado, por la noche, y el matrimonio se pudo reunir esta mañana "en un lugar secreto".
El acceso a la prisión de Jinzhou está cortado desde ayer por la mañana, y algunos de los periodistas que han intentado acercarse fueron detenidos y obligados a abandonar la localidad. El régimen chino recibió con un rechazo frontal la concesión del Nobel de la Paz a Liu Xiaobo, al que considera un "delincuente" por reunir hace dos años 300 firmas para pedir la aplicación de los derechos fundamentales recogidos en la Constitución china.
Pekín ha censurado casi toda la información concerniente al Nobel en la prensa china, ha detenido a decenas de disidentes y amigos del matrimonio, y llamado a consultas al embajador noruego en la capital para expresar su enfado por el premio.
===========
Agora um comentário: eu conheço um governo, desses bastante ativos, que, ao menor sinal de convulsão em qualquer canto do planeta, sempre emite uma daquelas notas vasadas na mais pura linguagem diplomática, nas quais pede, com toda seriedade requerida pelos dramáticos acontecimentos em curso, comedimento das partes, respeito aos direitos humanos, sentido de justiça, preocupação com a violação de direitos fundamentais, enfim, o bullshit habitual, em diplomatês costumeiro. Estamos aguardando essa nota...
PRA
Mas, vamos à matéria.
Paulo Roberto de Almeida
Las autoridades chinas no permiten a la esposa del flamante Nobel de la Paz abandonar su apartamento en Pekín
AGENCIAS - Pekín - 10/10/2010
Retenida la esposa del Nobel Liu Xiaobo tras verle en prisión
España se suma a última hora a la demanda de excarcelación del disidente Liu
Las autoridades chinas retienen a Liu Xia, la esposa del flamente Nobel de la Paz chino Liu Xiaobo, en el interior de su apartamento en Pekín, según han informado las organizaciones Freedom Now y Human Rights in China. Liu Xia, que ha acudido hoy a la cárcel donse permanece reo su esposo desde 11 años por pedir al régimen democracia, no puede recibir la visita ni de sus familiares y amigos ni de los medios de comunicación. Liu Xia viajó custodiada hasta el penal de la provincia de Liaoning para comunicar al líder disidente chino la concesión del premio, según informaron los familiares.
La ONG Freedom Now ha denunciado en una nota que Liu Xia no puede tampoco usar su teléfono móvil. Esta organización ha detallado además que el premiado ha recibido la noticia de su galardón entre lágrimas y se lo ha dedicado a "los mártires de Tiananmen". Human Rights in China, ONG que habla de "arresto domiciliario", ha detallado que tras abandonar la prisión, Liu Xia fue seguida hasta su domicilio por agentes de seguridad. Según la información que la propia Lui Xia ha hecho llegar a la organización, tanto su móvil como el de su hermano han sido interferidos. Liu Xia ha pedido a los medios de comunicación que den noticia sobre su arresto domiciliario.
El hermano pequeño del galardonado, Liu Xiaoxuan, ha confirmado a sus allegados que el matrimonio se reunió esta mañana, según el diario taiwanés Ziyou Shibao (The Liberty Times). La ONG Centro de Información de Derechos Humanos y Democracia de China, con sede en Hong Kong, ha dicho también citando a familiares de los Liu que éstos se han reunido en la mañana de hoy "en un lugar secreto", lo que confirma informaciones previas.
Cita "en un lugar secreto"
Según esta fuente, Liu Xia y su hermano acordaron con las autoridades un encuentro en la prisión de Jinzhou con el disidente en la tarde del viernes, cuando se supo que Liu Xiaobo era el nuevo receptor del premio Nobel de la Paz y la esposa abandonó Pekín custodiada por la policía china. Los familiares han informado de que, según el acuerdo, Liu Xiaobo fue escoltado fuera de la prisión ayer, sábado, por la noche, y el matrimonio se pudo reunir esta mañana "en un lugar secreto".
El acceso a la prisión de Jinzhou está cortado desde ayer por la mañana, y algunos de los periodistas que han intentado acercarse fueron detenidos y obligados a abandonar la localidad. El régimen chino recibió con un rechazo frontal la concesión del Nobel de la Paz a Liu Xiaobo, al que considera un "delincuente" por reunir hace dos años 300 firmas para pedir la aplicación de los derechos fundamentales recogidos en la Constitución china.
Pekín ha censurado casi toda la información concerniente al Nobel en la prensa china, ha detenido a decenas de disidentes y amigos del matrimonio, y llamado a consultas al embajador noruego en la capital para expresar su enfado por el premio.
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Agora um comentário: eu conheço um governo, desses bastante ativos, que, ao menor sinal de convulsão em qualquer canto do planeta, sempre emite uma daquelas notas vasadas na mais pura linguagem diplomática, nas quais pede, com toda seriedade requerida pelos dramáticos acontecimentos em curso, comedimento das partes, respeito aos direitos humanos, sentido de justiça, preocupação com a violação de direitos fundamentais, enfim, o bullshit habitual, em diplomatês costumeiro. Estamos aguardando essa nota...
PRA
Brasil faz chantagem internacional com o Vaticano?
Muita estranha esta matéria de imprensa, sem ainda confirmação oficial (que obviamente não virá), mas que, se correta, configuraria um desses casos de ameaças entre mafiosos (sendo que o Vaticano poderia até ser considerado uma espécie de Santa Máfia, no bom sentido da palavra claro, o que não é o caso de todo mundo...).
Paulo Roberto de Almeida
Lula amenaza revisar acuerdo con el Vaticano por caso Rousseff
BRASILIA, 07 Oct. 10 / 05:42 pm (ACI)
La agencia italiana ANSA informó que el secretario personal del Presidente Luiz Lula da Silva, Gilberto Carvalho, dijo a la cúpula de la Iglesia que si continúan los cuestionamientos contra la candidata Dilma Rousseff – debido a su postura favorable al aborto – puede ser revisado el acuerdo firmado con el Vaticano.
ANSA, que recoge una noticia de Valor Económico, señaló que Carvalho se reunió con miembros de la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil y les comunicó que el gobierno puede volver a discutir el acuerdo que contempla el apoyo a escuelas católicas y otros beneficios.
Lula revisaría el acuerdo firmado por él mismo y el Papa Benedicto XVI en 2007 en Brasil, y ratificado en 2009 en el Vaticano, tras lo cual fue aprobado por el Congreso, donde fue cuestionado por congresistas evangélicos.
Copyright © ACI Prensa
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A retificação, ou desmentido, acabou chegando:
Brasil desmente ameaça de rever acordo do Vaticano
Luiza Damé e Gerson Camarotti
O Globo, 09/10/10
Notícia mencionava encontro de Gilberto Carvalho com bispos
O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, negou ontem que tenha se reunido com integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ameaçado revisar o acordo entre o Brasil e o Vaticano, caso não cessassem os ataques à presidenciável petista, Dilma Rousseff.
Ele afirmou que essa “é mais uma acusação mentirosa devido ao processo eleitoral”.
O secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Dimas Lara Barbosa, também negou o encontro e a suposta ameaça.
Por meio da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho repudiou a notícia — publicada por agências internacionais — e qualquer tentativa de criar uma situação de atrito entre o governo e a Igreja Católica. Ele disse ainda que o acordo foi aprovado pelo Congresso e não tem relação com a campanha eleitoral.
Para Marco Aurélio Garcia, estão fazendo terrorismo O acordo foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Bento XVI, em 2008, e regulamenta aspectos jurídicos da Igreja Católica no país, incluindo isenções fiscais, liberdade de credos e ensino religioso nas escolas públicas.
Ao GLOBO, dom Dimas foi enfático ao negar que o chefe de gabinete tenha feito qualquer ameaça: — Eu não recebi nada a esse respeito. Fiquei surpreso com a notícia. Não houve ameaça.
Isso seria a última coisa que alguém anunciaria em plena campanha presidencial. Eu diria que esse seria um tiro no pé — disse.
Amigo de Gilberto, o secretáriogeral da CNBB informa que desde que começou a eleição não se encontrou com o chefe de gabinete. Foi Gilberto quem escreveu o perfil de Dimas, quando o bispo foi considerado pela “Época” um dos cem brasileiros mais influentes em 2009.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que os acordos internacionais têm a chamada cláusula de denúncia, mas que o governo não tem qualquer intenção de revisar o tratado. Marco Aurélio disse que o Estado é laico e deve ser preservado dessa forma: — Isso que estão fazendo se chama terrorismo. E é muito grave porque fere o sentimento religioso da sociedade e introduz uma coisa que não temos aqui no Brasil, que é a divisão religiosa.
Ontem, a Catholic News Agency publicou em seu site que o Brasil ameaçava rever acordos com o Vaticano se a candidata do PT continuasse a ser pressionada sobre a questão do aborto. O texto citava uma nota da agência de notícias italiana Ansa, que por sua vez remetia ao “Valor Econômico”.
Paulo Roberto de Almeida
Lula amenaza revisar acuerdo con el Vaticano por caso Rousseff
BRASILIA, 07 Oct. 10 / 05:42 pm (ACI)
La agencia italiana ANSA informó que el secretario personal del Presidente Luiz Lula da Silva, Gilberto Carvalho, dijo a la cúpula de la Iglesia que si continúan los cuestionamientos contra la candidata Dilma Rousseff – debido a su postura favorable al aborto – puede ser revisado el acuerdo firmado con el Vaticano.
ANSA, que recoge una noticia de Valor Económico, señaló que Carvalho se reunió con miembros de la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil y les comunicó que el gobierno puede volver a discutir el acuerdo que contempla el apoyo a escuelas católicas y otros beneficios.
Lula revisaría el acuerdo firmado por él mismo y el Papa Benedicto XVI en 2007 en Brasil, y ratificado en 2009 en el Vaticano, tras lo cual fue aprobado por el Congreso, donde fue cuestionado por congresistas evangélicos.
Copyright © ACI Prensa
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A retificação, ou desmentido, acabou chegando:
Brasil desmente ameaça de rever acordo do Vaticano
Luiza Damé e Gerson Camarotti
O Globo, 09/10/10
Notícia mencionava encontro de Gilberto Carvalho com bispos
O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, negou ontem que tenha se reunido com integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ameaçado revisar o acordo entre o Brasil e o Vaticano, caso não cessassem os ataques à presidenciável petista, Dilma Rousseff.
Ele afirmou que essa “é mais uma acusação mentirosa devido ao processo eleitoral”.
O secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Dimas Lara Barbosa, também negou o encontro e a suposta ameaça.
Por meio da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho repudiou a notícia — publicada por agências internacionais — e qualquer tentativa de criar uma situação de atrito entre o governo e a Igreja Católica. Ele disse ainda que o acordo foi aprovado pelo Congresso e não tem relação com a campanha eleitoral.
Para Marco Aurélio Garcia, estão fazendo terrorismo O acordo foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Bento XVI, em 2008, e regulamenta aspectos jurídicos da Igreja Católica no país, incluindo isenções fiscais, liberdade de credos e ensino religioso nas escolas públicas.
Ao GLOBO, dom Dimas foi enfático ao negar que o chefe de gabinete tenha feito qualquer ameaça: — Eu não recebi nada a esse respeito. Fiquei surpreso com a notícia. Não houve ameaça.
Isso seria a última coisa que alguém anunciaria em plena campanha presidencial. Eu diria que esse seria um tiro no pé — disse.
Amigo de Gilberto, o secretáriogeral da CNBB informa que desde que começou a eleição não se encontrou com o chefe de gabinete. Foi Gilberto quem escreveu o perfil de Dimas, quando o bispo foi considerado pela “Época” um dos cem brasileiros mais influentes em 2009.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que os acordos internacionais têm a chamada cláusula de denúncia, mas que o governo não tem qualquer intenção de revisar o tratado. Marco Aurélio disse que o Estado é laico e deve ser preservado dessa forma: — Isso que estão fazendo se chama terrorismo. E é muito grave porque fere o sentimento religioso da sociedade e introduz uma coisa que não temos aqui no Brasil, que é a divisão religiosa.
Ontem, a Catholic News Agency publicou em seu site que o Brasil ameaçava rever acordos com o Vaticano se a candidata do PT continuasse a ser pressionada sobre a questão do aborto. O texto citava uma nota da agência de notícias italiana Ansa, que por sua vez remetia ao “Valor Econômico”.
Narcisismo na pesquisa: apenas verificando as fontes
Eu estou terminando de revisar um "velho" (2003) Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil, que organizei quando ainda estava trabalhando em Washington. Estou, mais exatamente, verificando todas as fontes e links de sítios de pesquisa e de materiais de referência, com respeito ao Brasil nos EUA. Isso inclui, portanto, não apenas os materiais do NARA (National Archives and Records Administration), mas fontes importantes, como a Library of Congress, que edita, anualmente, o Handbook of Latin American Studies, um importante diretório de estudos sobre a região.
Apenas como teste sobre a eficiência dos instrumentos de busca dessa publicação, coloquei meu próprio nome para um search rápido (neste link: http://lcweb2.loc.gov/cgi-bin/query), e deu o que vai abaixo:
Handbook of Latin American Studies
Search Results:
34 Items containing the exact phrase Almeida Paulo Roberto .
2 Items containing all of the words: Almeida Paulo Roberto .
464 Items containing one or more of the words: Almeida Paulo Roberto
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Items containing the exact phrase Almeida Paulo Roberto .
1. Almeida. A formação da diplomacia econômica do Brasil.
2. Almeida. Brasil y el Mercosur de cara al TLC.
3. Almeida. Brazil and the future of Mercosur:dilemmas and options.
4. Almeida. A diplomacia financeira do Brasil no Império.
5. Almeida. O Brasil e a diplomacia do tráfico, 1810-1850.
6. Almeida. A estrutura constitucional das relações internacionais...
7. Almeida. Uma política externa engajada:a diplomacia do governo L...
8. Almeida. Relações internacionais do Brasil:ensaio de síntese s...
9. de Almeida. As relações econômicas internacionais do Brasil do...
10. Almeida. Uma nova "arquitetura" diplomática?:interpretações di...
11. Almeida. O Brasil e o multilateralismo econômico /Paulo Roberto ...
12. Almeida. Internacionlismo proletario no cone sul:a experiência i...
13. Almeida. Une histoire du Brésil :pour comprendre le Brésil cont...
14. Almeida. Formação da diplomacia econômica no Brasil:as relaç...
15. Almeida. O Brasil e o Mercosur em face do NAFTA.
16. Almeida. Estudos de relações internacionais do Brasil:etapas de...
17. Almeida. A economia da política externa:a ordem internacional e ...
18. Pour comprendre le Brésil de Lula /Denis Rolland et Joëlle Chass...
19. Almeida. O legado do Barão:Rio Branco e a moderna diplomacia bra...
20. Almeida. Relações internacionais do Brasil:introdução metodol...
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Items 21 through 40 of 500
21. Almeida. O estudo das relações internacionais do Brasil.
22. Almeida. MERCOSUR y la Unión Europea:de la cooperación a la aso...
23. Almeida. Os primeiros anos do século XXI:o Brasil e as relaçõe...
24. Almeida. Relações internacionais e política externa do Brasil:...
25. Almeida. A política internacional do Partido dos Trabalhadores:d...
26. Almeida. Os partidos políticos nas relações internacionais do ...
27. Almeida. Relações internacionais e política externa do Brasil:...
28. Almeida. O Mercosul no contexto regional e internacional.
29. Almeida. Propiedade intelectual:os novos desafios para a América...
30. Almeida. Mercosul:antecedentes, desenvolvimento e crise; uma aval...
31. Almeida. O Brasil e a construção da ordem econômica internacio...
32. Almeida. MERCOSUR, ALCA y Brasil:una evaluación política sobre ...
33. Envisioning Brazil:a guide to Brazilian studies in the United Stat...
34. O Brasil dos brasilianistas:um guia dos estudos sobre o Brasil nos...
(depois seguem os itens em que meu nome aparece ocasionalmente, ou sob outros nomes)
Abrindo um item ao acaso, o que se tem é a ficha da obra em questão, a exemplo desta, relativa ao meu primeiro livro publicado, informando que esta informação foi publicada no HLAS n. 55:
Item 28 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O Mercosul no contexto regional e internacional. São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993. 204 p.:. bibl.. 22 cm..
Annotation: Useful general work on Mercosul written during the transitional phase. Discusses founding, basic structures, and provisions, as well as challenges faced. Places Mercosul in the context of the preceding Argentina-Brazil Integration program and broader trade agreements, such as the General Agreement on Tariffs and Trade and the Latin American Free Trade Area.
Subjects:
Mercosur
General Agreement on Tariffs and Trade (GATT)
Economic Integration--South America
Trade Policy--South America
LC Call No: HC165.A43 1993
LC Control No: 94831192
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. [199]-204).)
HLAS Volume: 55 HLAS Item#: bi 94009586
HLAS Editor/Code: birch six
Um outro livro meu, recebeu esta avaliação generosa do resenhista, que desconheço quem seja:
Item 23 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 283 p.:. bibl..
Annotation: This prolific author, a Brazilian diplomat, surveys the country's stances in international relations post-Cold War and post- 9/11. Using perspectives in international political economics, the work links historical developments with systemic forces shaping Brazil's foreign relations in the new century.
Subjects:
International Economic Relations--Brazil
Brazil--Foreign relations--1985-
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A45 2002
LC Control No: 2005344459
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 275-283).)
HLAS Volume: 63 HLAS Item#: bi2006001865
HLAS Editor/Code: Costa stu
Já esta ficha, igualmente generosa, foi preparada por um acadêmico de minhas relações, Scott Tollefson, que colaborou com um capítulo sobre a produção brasilianista em relações internacionais do Brasil no livro que organizei com Marshall Eakin sobre os brasilianistas (Envisioning Brazil, também generosamente apreciado por outro colaborador):
Item 21 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O estudo das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Unimarco Editora, 1999. 299 p.:. bibl..
Annotation: Insightful and thorough review of the study of Brazil's international relations, both in Brazil and abroad. Much more than a reference book, it is essential reading. Chap. 4 focuses on Brazilian contributions to the literature and is especially noteworthy.
Subjects:
International Relations--Brazil
International Relations--Research
Brazil--Foreign relations.
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A44 1999
LC Control No: 99886260
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 255-299).)
HLAS Volume: 61 HLAS Item#: bi2002000568
HLAS Editor/Code: Tollefson stu
Organizados esses americanos. Gostaria que tivéssemos instituições semelhantes, mas acredito que ainda estamos a anos-luz desse tipo de realização. Nossas universidades e instituições públicas de pesquisa são muito lentas e muito preguiçosas...
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2. Almeida. Brasil y el Mercosur de cara al TLC.
3. Almeida. Brazil and the future of Mercosur:dilemmas and options.
4. Almeida. A diplomacia financeira do Brasil no Império.
5. Almeida. O Brasil e a diplomacia do tráfico, 1810-1850.
6. Almeida. A estrutura constitucional das relações internacionais...
7. Almeida. Uma política externa engajada:a diplomacia do governo L...
8. Almeida. Relações internacionais do Brasil:ensaio de síntese s...
9. de Almeida. As relações econômicas internacionais do Brasil do...
10. Almeida. Uma nova "arquitetura" diplomática?:interpretações di...
11. Almeida. O Brasil e o multilateralismo econômico /Paulo Roberto ...
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25. Almeida. A política internacional do Partido dos Trabalhadores:d...
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Abrindo um item ao acaso, o que se tem é a ficha da obra em questão, a exemplo desta, relativa ao meu primeiro livro publicado, informando que esta informação foi publicada no HLAS n. 55:
Item 28 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O Mercosul no contexto regional e internacional. São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993. 204 p.:. bibl.. 22 cm..
Annotation: Useful general work on Mercosul written during the transitional phase. Discusses founding, basic structures, and provisions, as well as challenges faced. Places Mercosul in the context of the preceding Argentina-Brazil Integration program and broader trade agreements, such as the General Agreement on Tariffs and Trade and the Latin American Free Trade Area.
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Mercosur
General Agreement on Tariffs and Trade (GATT)
Economic Integration--South America
Trade Policy--South America
LC Call No: HC165.A43 1993
LC Control No: 94831192
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. [199]-204).)
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Um outro livro meu, recebeu esta avaliação generosa do resenhista, que desconheço quem seja:
Item 23 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 283 p.:. bibl..
Annotation: This prolific author, a Brazilian diplomat, surveys the country's stances in international relations post-Cold War and post- 9/11. Using perspectives in international political economics, the work links historical developments with systemic forces shaping Brazil's foreign relations in the new century.
Subjects:
International Economic Relations--Brazil
Brazil--Foreign relations--1985-
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A45 2002
LC Control No: 2005344459
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 275-283).)
HLAS Volume: 63 HLAS Item#: bi2006001865
HLAS Editor/Code: Costa stu
Já esta ficha, igualmente generosa, foi preparada por um acadêmico de minhas relações, Scott Tollefson, que colaborou com um capítulo sobre a produção brasilianista em relações internacionais do Brasil no livro que organizei com Marshall Eakin sobre os brasilianistas (Envisioning Brazil, também generosamente apreciado por outro colaborador):
Item 21 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O estudo das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Unimarco Editora, 1999. 299 p.:. bibl..
Annotation: Insightful and thorough review of the study of Brazil's international relations, both in Brazil and abroad. Much more than a reference book, it is essential reading. Chap. 4 focuses on Brazilian contributions to the literature and is especially noteworthy.
Subjects:
International Relations--Brazil
International Relations--Research
Brazil--Foreign relations.
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A44 1999
LC Control No: 99886260
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 255-299).)
HLAS Volume: 61 HLAS Item#: bi2002000568
HLAS Editor/Code: Tollefson stu
Organizados esses americanos. Gostaria que tivéssemos instituições semelhantes, mas acredito que ainda estamos a anos-luz desse tipo de realização. Nossas universidades e instituições públicas de pesquisa são muito lentas e muito preguiçosas...
A Petrobras a servico da politica (da má politica, quero dizer)
A manipulação política da Petrobras: minhas explicações (fundamentadas)
Paulo Roberto de Almeida (10.10.2010)
Meu post anterior, que deveria ser uma simples transcrição do sério editorial do Estadão sobre a perda de valor patrimonial da Petrobras em função de sua manipulação pelo presidente da república,acabou se estendendo nos comentários condenatórios da ação do dito cujo, mais pelo lado das invectivas do que pelo lado das explicações.
Muitos leitores poderão, portanto, ter pensado assim: "ah, esse gajo [eu] é contra a Petrobras estatal, ele pretende vê-la privatizada, por isso diz essas coisas; ele é contra estatais em geral e a Petrobras em particular; pior, é contra o presidente da república, que quer preservar uma estatal num setor estratégico como o petróleo".
Certo? É o que pensaram vários de vocês?
Errado, eu digo, e me disponho aqui a dar algumas explicações sobre como eu vejo a (má) utilização da Petrobras pelo presidente da república, um ignorante em economia, um primário em gestão empresarial e, no entanto, presidente da república (uma coisa não impede a outra; já tivemos outros ignaros na presidência, e países ao lado tem jumentos).
Já escrevi alguma coisa sobre o petróleo, assim que me dispenso de retomar aqui meus argumentos sobre a essencialidade e o caráter estratégico dessa commodity. Ponto.
Desde 1997, a Petrobras foi levada a atuar como empresa, o que ela deveria ter feito desde a origem, e não fez, pois foi utilizada politicamente -- e para fins de política econômica -- por vários governos. Pois bem: desde que ganhou uma gestão isenta, profissional, isolada da política, a Petrobras cresceu, tremendamente, e se tornou a grande companhia que é hoje, isso num ambiente em que, pesem as mudanças no sentido da liberalização, as regras do jogo ainda são distorcidas, em função do enorme poder oligopolista dessa companhia, que de certa forma consegue "fixar" os preços de mercado, mesmo o mercado sendo teoricamente livre. Mas, sabemos que de fato não existe concorrência e que mesmo as distribuidoras privadas são obrigadas a seguir a Petrobras em seus preços.
Pois bem: todo mundo deve se lembrar - e se não se lembrarem eu me encarrego disso -- que depois de se ter convertido em companhia "comercial" -- parece óbvio mas não é -- a Petrobras disse que seguiria os preços do mercado internacional como referência para sua contabilidade interna, refletindo, portanto, no preço da gasolina ofertada internamente os altos e baixos dos mercados internacionais.
Isso de fato ocorreu, mas com algumas distorções, pois num mercado ainda oligopolista como esse, o preço dos combustíveis tem grande impacto nos índices de inflação.
Todo mundo também deve se lembrar que nas eleições de 2006, o governo fez pressão para que a Petrobras não aumentasse os preços internos, isso a despeito do enorme aumento do preço do barril nos mercados internacionais. Ele foi de 25 dólares em 2002 a mais de 140 dólares em 2006-2007, descendo um pouco depois disso. Todo mundo deve estar lembrado disso, mas aqui não houve alteração no preço da gasolina, durante a campanha eleitoral, o que deve ter gerado perdas para a Petrobras, ou pelo menos uma contabilidade distorcida.
Depois das eleições o preço subiu, subiu muito, e quando o petróleo despencou para menos de 60 dólares o barris, o preço interno não se moveu.
Conclusão: o brasileiro paga hoje uma das gasolinas mais caras do mundo, porque o governo resolveu "capitalizar" a Petrobras, que retem assim o dinheiro que deveria estar sendo "devolvido" aos consumidores.
Em qualquer hipótese, os preços no Brasil há muito deixaram de refletir as flutuações dos mercados internacionais (como aliás ocorre em países surrealistas no plano econômico como Venezuela e Irã).
Preços alinhados com os mercados internacionais são essenciais para refletir as verdadeiras condições econômicas em curso, para sinalizar aos investidores onde colocar o seu dinheiro, para estimular o uso de energias alternativas, enfim, por simples racionalidade econômica.
Se o governo mantem preços artificialmente baixos durante muito tempo, dá prejuizos à companhia, subsidia indevidamente a classe média que usa carro e estimula além da conta o consumo de um bem relativamente raro.
Se o governo por outro lado mantém preços absurdamente elevados, como faz agora, ele está extorquindo os consumidores, encarecendo o processo produtivo das empresas nacionais, fazendo-as menos competitivas no plano internacional.
Enfim, num ou noutro caso, ele deforma completamente as regras do jogo econômico e distorce as condições sob as quais uma empresa faz seus cálculos microeconômicos.
Existem muitas outras razões para a manipulação da Petrobras, algumas até de natureza mafiosa -- como o financiamento de sindicatos e de ONGs partidárias -- todas elas lamentáveis no plano da ética, da racionalidade econômica, da simples gestão administrativa.
Por essas e outras razões, os investidores internacionais -- que não são bobos ou mal informados como a média dos brasileiros (e isso não é preconceito, mas a simples realidade) -- tem desinvestido de ações da Petrobras, o que provocou a enorme queda revelada naquele editorial do Estadão.
Infelizmente, o Brasil tem primários conduzindo a sua economia e influenciando decisões importantes para o dia-a-dia dos contribuintes. Infelizmente somos reféns de ignaros em economia, se não formos objetos de chantagem de gente sem escrúpulos na gestão macroeconômica.
Infelizmente o Brasil não tem administradores nacionais à altura de suas responsabilidades, infelizmente não temos estadistas no comando da nação.
Paulo Roberto de Almeida
(10.10.2010)
Paulo Roberto de Almeida (10.10.2010)
Meu post anterior, que deveria ser uma simples transcrição do sério editorial do Estadão sobre a perda de valor patrimonial da Petrobras em função de sua manipulação pelo presidente da república,acabou se estendendo nos comentários condenatórios da ação do dito cujo, mais pelo lado das invectivas do que pelo lado das explicações.
Muitos leitores poderão, portanto, ter pensado assim: "ah, esse gajo [eu] é contra a Petrobras estatal, ele pretende vê-la privatizada, por isso diz essas coisas; ele é contra estatais em geral e a Petrobras em particular; pior, é contra o presidente da república, que quer preservar uma estatal num setor estratégico como o petróleo".
Certo? É o que pensaram vários de vocês?
Errado, eu digo, e me disponho aqui a dar algumas explicações sobre como eu vejo a (má) utilização da Petrobras pelo presidente da república, um ignorante em economia, um primário em gestão empresarial e, no entanto, presidente da república (uma coisa não impede a outra; já tivemos outros ignaros na presidência, e países ao lado tem jumentos).
Já escrevi alguma coisa sobre o petróleo, assim que me dispenso de retomar aqui meus argumentos sobre a essencialidade e o caráter estratégico dessa commodity. Ponto.
Desde 1997, a Petrobras foi levada a atuar como empresa, o que ela deveria ter feito desde a origem, e não fez, pois foi utilizada politicamente -- e para fins de política econômica -- por vários governos. Pois bem: desde que ganhou uma gestão isenta, profissional, isolada da política, a Petrobras cresceu, tremendamente, e se tornou a grande companhia que é hoje, isso num ambiente em que, pesem as mudanças no sentido da liberalização, as regras do jogo ainda são distorcidas, em função do enorme poder oligopolista dessa companhia, que de certa forma consegue "fixar" os preços de mercado, mesmo o mercado sendo teoricamente livre. Mas, sabemos que de fato não existe concorrência e que mesmo as distribuidoras privadas são obrigadas a seguir a Petrobras em seus preços.
Pois bem: todo mundo deve se lembrar - e se não se lembrarem eu me encarrego disso -- que depois de se ter convertido em companhia "comercial" -- parece óbvio mas não é -- a Petrobras disse que seguiria os preços do mercado internacional como referência para sua contabilidade interna, refletindo, portanto, no preço da gasolina ofertada internamente os altos e baixos dos mercados internacionais.
Isso de fato ocorreu, mas com algumas distorções, pois num mercado ainda oligopolista como esse, o preço dos combustíveis tem grande impacto nos índices de inflação.
Todo mundo também deve se lembrar que nas eleições de 2006, o governo fez pressão para que a Petrobras não aumentasse os preços internos, isso a despeito do enorme aumento do preço do barril nos mercados internacionais. Ele foi de 25 dólares em 2002 a mais de 140 dólares em 2006-2007, descendo um pouco depois disso. Todo mundo deve estar lembrado disso, mas aqui não houve alteração no preço da gasolina, durante a campanha eleitoral, o que deve ter gerado perdas para a Petrobras, ou pelo menos uma contabilidade distorcida.
Depois das eleições o preço subiu, subiu muito, e quando o petróleo despencou para menos de 60 dólares o barris, o preço interno não se moveu.
Conclusão: o brasileiro paga hoje uma das gasolinas mais caras do mundo, porque o governo resolveu "capitalizar" a Petrobras, que retem assim o dinheiro que deveria estar sendo "devolvido" aos consumidores.
Em qualquer hipótese, os preços no Brasil há muito deixaram de refletir as flutuações dos mercados internacionais (como aliás ocorre em países surrealistas no plano econômico como Venezuela e Irã).
Preços alinhados com os mercados internacionais são essenciais para refletir as verdadeiras condições econômicas em curso, para sinalizar aos investidores onde colocar o seu dinheiro, para estimular o uso de energias alternativas, enfim, por simples racionalidade econômica.
Se o governo mantem preços artificialmente baixos durante muito tempo, dá prejuizos à companhia, subsidia indevidamente a classe média que usa carro e estimula além da conta o consumo de um bem relativamente raro.
Se o governo por outro lado mantém preços absurdamente elevados, como faz agora, ele está extorquindo os consumidores, encarecendo o processo produtivo das empresas nacionais, fazendo-as menos competitivas no plano internacional.
Enfim, num ou noutro caso, ele deforma completamente as regras do jogo econômico e distorce as condições sob as quais uma empresa faz seus cálculos microeconômicos.
Existem muitas outras razões para a manipulação da Petrobras, algumas até de natureza mafiosa -- como o financiamento de sindicatos e de ONGs partidárias -- todas elas lamentáveis no plano da ética, da racionalidade econômica, da simples gestão administrativa.
Por essas e outras razões, os investidores internacionais -- que não são bobos ou mal informados como a média dos brasileiros (e isso não é preconceito, mas a simples realidade) -- tem desinvestido de ações da Petrobras, o que provocou a enorme queda revelada naquele editorial do Estadão.
Infelizmente, o Brasil tem primários conduzindo a sua economia e influenciando decisões importantes para o dia-a-dia dos contribuintes. Infelizmente somos reféns de ignaros em economia, se não formos objetos de chantagem de gente sem escrúpulos na gestão macroeconômica.
Infelizmente o Brasil não tem administradores nacionais à altura de suas responsabilidades, infelizmente não temos estadistas no comando da nação.
Paulo Roberto de Almeida
(10.10.2010)
O desmantelamento do Estado e a destruicao da Petrobras
Eu poderia começar este comentário por uma frase de efeito, do tipo:
"Eu acuso o presidente da República de desmantelar as instituições brasileiras!"
ou
"Eu acuso o presidente da República de destruir a Petrobras!"
Poderia, mas não vou fazê-lo. Inclusive porque já o fiz, venho fazendo, desde sempre.
Não porque me considere seu inimigo pessoal, ou ideológico. Não, longe disso.
Não me considero nada do presidente da República (que deveria ser escrita com r minúsculo, tanto ela vem sendo diminuída).
Sou apenas um cidadão observador da realidade.
E nem acionista da Petrobras eu sou, para vir aqui em defesa de seus interesses enquanto companhia, ou em defesa dos interesses de seus acionistas, que são milhões, brasileiros e estrangeiros, espalhados pelo mundo, ricos e pobres, geralmente classe média, alguns especuladores pelo meio (como é normal no mercado acionário), mas no cômputo global pessoas normais, como eu e você, que simplesmente acham que investir em ações de uma grande e prometedora companhia é um bom negócio pessoal, para rentabilizar seus ativos e transformar uma pequena poupança num bom redimento para o futuro. Sim, a maior parte dos acionistas quer apenas ganhar algum dinheiro.
Se depender do presidente da República vão perder, pelo menos por agora.
Sim, eu acuso o presidente da República de ser um desmantelador sistemático de instituições, do Estado em particular -- o que vem fazendo desde o primeiro dia que assumiu a presidência do brasil (tudo em minúsculas) -- e da Petrobras, nesta caso específico, ao lado de várias outras empresas, públicas e privadas.
Ele as vem destruindo em primeiro lugar pelo seu poder corruptor, em segundo lugar por se pretender administrador e gestor, na verdade dono das estatais, dando ordens às companhias como se elas estivesse a seu serviço e da sua máfia particular.
Eu acuso o presidente da república -- pronto: me entusiasmei com o mote, dito por um professor de harvard (sinto Harvard) que o acusou de ser o mais corrupto da história do brasil, e que depois se colocou sabujamente a seu serviço -- de simplesmente destruir a petrobras (e outras companhias) pelas suas intervenções sistemáticas em decisões que deveriam ser puramente empresarias, mercantis, econômicas, pautadas unicamente pela lógica de mercado e das regras da boa microeconomia.
Eu acuso o presidente da república de solapar a soberania do brasil, ao determinar que a petrobras construisse uma refinaria no estado de pernambuco (sorry Pernambuco) em cooperação com a PDVSA da Venezuela, apenas porque o chávez, esse coronel de opereta fascista, decidiu que a refinaria tinha de ser feita ali, e em nenhum outro lugar mais. Essa decisão foi aliás tomada, servilmente, pela então ministra de minas e energia, que hoje é candidata à infeliz presidência do brasil.
Esse presidente dessa república que aí está pretende ser dono da petrobras, e a conduz a tomar decisões políticas, e de má qualidade, o que ela não faria se tivesse pleno domínio sobre sua gestão, como deve ocorrer com qualquer companhia.
Eu acuso o presidente da república de ser nefasto aos interesses nacionais.
Pronto, acho que já disse o que tinha a dizer, hoje.
Deixo vocês agora com esse editorial impecável do Estadão, que dá as razões do meu desabafo.
Desabafo que, como já disse, não tem nada a ver com o valor de mercado das ações da Petrobras. Trata-se apenas de um desabafo moral, em face de uma situação absurda que estamos vivendo, e que a maioria dos brasileiros, mesmo os políticos, não percebem como essencialmente negativa para o Brasil. Pobre Brasil!
Paulo Roberto de Almeida
A politização da Petrobrás
Editorial - Estado de S.Paulo
Domingo, 10 de outubro de 2010
Depois da “maior capitalização da história”, a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, perdeu R$ 28,4 bilhões de valor de mercado em apenas três dias, encolhendo 7,5% nesse período. Na sexta-feira, suas ações ganharam algum impulso, depois de bater no nível mais baixo em um ano e meio. A onda de vendas foi apenas um “ajuste de carteira”, segundo seu presidente, José Sérgio Gabrielli. “É normal as ações subirem e descerem”, ponderou o ministro da Fazenda e presidente do conselho da estatal, Guido Mantega. A empresa, acrescentou, está mais forte do que nunca e sua capitalização foi “reconhecida mundialmente como importante”. Nenhuma das duas explicações é para ser levada a sério. Oscilações dessa amplitude não são normais no dia a dia nem são meros ajustes de carteira. O problema da Petrobrás é o mesmo de antes da capitalização: uma perigosa subordinação aos interesses políticos de um governo centralizador e voluntarista.
Os investidores foram confrontados durante a semana com duas novidades importantes. Uma delas foi a avaliação negativa divulgada por seis bancos. Diluição de lucros e perspectiva de baixo retorno foram os problemas apontados. A outra foi o rumor sobre irregularidades na administração da empresa.
Este segundo fator seria muito menos importante, se o mercado reconhecesse a gestão da Petrobrás como essencialmente profissional e voltada para objetivos empresariais. Mas esse não é o caso. Há meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou publicamente haver mandado a estatal investir em refinarias no Nordeste. Esses investimentos, segundo ele, não teriam ocorrido, se a decisão dependesse da avaliação dos diretores da companhia. Nos últimos dias, o presidente da República voltou a alardear sua intervenção.
A Petrobrás, disse ele na quinta-feira, deixou de ser uma caixa-preta e converteu-se numa caixa branca, ou quase, durante seu governo. Ele teria apontado um fato positivo, se mencionasse apenas o aumento da transparência - discutível, na verdade. Mas foi além disso e se vangloriou, mais uma vez, de mandar na empresa: “A gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.”
“A gente decide” é mais que uma expressão singela. É uma confirmação - mais uma - do estilo centralizador e voluntarista do presidente da República. Não só de um estilo, mas de uma mentalidade. Ele age e fala como se as diretorias das estatais fossem apenas extensões de seu gabinete e não tivessem compromissos com milhões de acionistas. “A gente sabe” e “a gente decide”. Ele, de fato, foi além disso. Tentou interferir também na gestão de grandes empresas privatizadas, como a Embraer e a Vale, como se coubesse ao presidente da República orientar as políticas de pessoal e de investimentos dessas companhias.
Esse jogo de interferências não tem sido apenas econômico e administrativo. O envolvimento do presidente da República tem sido sobretudo político e, muitas vezes, político-eleitoral. “A Petrobrás também está no segundo turno”, disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, ao comentar a inauguração antecipada, na quinta-feira, da Plataforma P-57. Antes da votação de domingo, o evento estava previsto para dezembro.
Também a capitalização da Petrobrás foi politizada, o que complicou o processo. O leilão ocorreu quase no fim do prazo previsto, porque o governo foi incapaz de cuidar do problema com critérios essencialmente econômicos e administrativos. Sua insistência em ampliar a participação do Estado na Petrobrás dificultou a fixação do preço dos 5 bilhões de barris cedidos à empresa pela União. O preço médio foi estabelecido, afinal, por um processo nunca explicado de forma satisfatória, até porque não passa de suposição o volume das jazidas envolvidas no negócio.
A confusão e a insegurança criadas por esse processo politizado afetaram duramente o mercado. O valor da Petrobrás encolheu cerca de 30%, enquanto a empresa, o governo e a Agência Nacional do Petróleo se enrolavam nas dificuldades políticas da capitalização. A empresa continua sob os efeitos de uma gestão politizada e, por isso, vulnerável a rumores e escândalos. O mercado refletiu, nos últimos dias, essa vulnerabilidade.
"Eu acuso o presidente da República de desmantelar as instituições brasileiras!"
ou
"Eu acuso o presidente da República de destruir a Petrobras!"
Poderia, mas não vou fazê-lo. Inclusive porque já o fiz, venho fazendo, desde sempre.
Não porque me considere seu inimigo pessoal, ou ideológico. Não, longe disso.
Não me considero nada do presidente da República (que deveria ser escrita com r minúsculo, tanto ela vem sendo diminuída).
Sou apenas um cidadão observador da realidade.
E nem acionista da Petrobras eu sou, para vir aqui em defesa de seus interesses enquanto companhia, ou em defesa dos interesses de seus acionistas, que são milhões, brasileiros e estrangeiros, espalhados pelo mundo, ricos e pobres, geralmente classe média, alguns especuladores pelo meio (como é normal no mercado acionário), mas no cômputo global pessoas normais, como eu e você, que simplesmente acham que investir em ações de uma grande e prometedora companhia é um bom negócio pessoal, para rentabilizar seus ativos e transformar uma pequena poupança num bom redimento para o futuro. Sim, a maior parte dos acionistas quer apenas ganhar algum dinheiro.
Se depender do presidente da República vão perder, pelo menos por agora.
Sim, eu acuso o presidente da República de ser um desmantelador sistemático de instituições, do Estado em particular -- o que vem fazendo desde o primeiro dia que assumiu a presidência do brasil (tudo em minúsculas) -- e da Petrobras, nesta caso específico, ao lado de várias outras empresas, públicas e privadas.
Ele as vem destruindo em primeiro lugar pelo seu poder corruptor, em segundo lugar por se pretender administrador e gestor, na verdade dono das estatais, dando ordens às companhias como se elas estivesse a seu serviço e da sua máfia particular.
Eu acuso o presidente da república -- pronto: me entusiasmei com o mote, dito por um professor de harvard (sinto Harvard) que o acusou de ser o mais corrupto da história do brasil, e que depois se colocou sabujamente a seu serviço -- de simplesmente destruir a petrobras (e outras companhias) pelas suas intervenções sistemáticas em decisões que deveriam ser puramente empresarias, mercantis, econômicas, pautadas unicamente pela lógica de mercado e das regras da boa microeconomia.
Eu acuso o presidente da república de solapar a soberania do brasil, ao determinar que a petrobras construisse uma refinaria no estado de pernambuco (sorry Pernambuco) em cooperação com a PDVSA da Venezuela, apenas porque o chávez, esse coronel de opereta fascista, decidiu que a refinaria tinha de ser feita ali, e em nenhum outro lugar mais. Essa decisão foi aliás tomada, servilmente, pela então ministra de minas e energia, que hoje é candidata à infeliz presidência do brasil.
Esse presidente dessa república que aí está pretende ser dono da petrobras, e a conduz a tomar decisões políticas, e de má qualidade, o que ela não faria se tivesse pleno domínio sobre sua gestão, como deve ocorrer com qualquer companhia.
Eu acuso o presidente da república de ser nefasto aos interesses nacionais.
Pronto, acho que já disse o que tinha a dizer, hoje.
Deixo vocês agora com esse editorial impecável do Estadão, que dá as razões do meu desabafo.
Desabafo que, como já disse, não tem nada a ver com o valor de mercado das ações da Petrobras. Trata-se apenas de um desabafo moral, em face de uma situação absurda que estamos vivendo, e que a maioria dos brasileiros, mesmo os políticos, não percebem como essencialmente negativa para o Brasil. Pobre Brasil!
Paulo Roberto de Almeida
A politização da Petrobrás
Editorial - Estado de S.Paulo
Domingo, 10 de outubro de 2010
Depois da “maior capitalização da história”, a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, perdeu R$ 28,4 bilhões de valor de mercado em apenas três dias, encolhendo 7,5% nesse período. Na sexta-feira, suas ações ganharam algum impulso, depois de bater no nível mais baixo em um ano e meio. A onda de vendas foi apenas um “ajuste de carteira”, segundo seu presidente, José Sérgio Gabrielli. “É normal as ações subirem e descerem”, ponderou o ministro da Fazenda e presidente do conselho da estatal, Guido Mantega. A empresa, acrescentou, está mais forte do que nunca e sua capitalização foi “reconhecida mundialmente como importante”. Nenhuma das duas explicações é para ser levada a sério. Oscilações dessa amplitude não são normais no dia a dia nem são meros ajustes de carteira. O problema da Petrobrás é o mesmo de antes da capitalização: uma perigosa subordinação aos interesses políticos de um governo centralizador e voluntarista.
Os investidores foram confrontados durante a semana com duas novidades importantes. Uma delas foi a avaliação negativa divulgada por seis bancos. Diluição de lucros e perspectiva de baixo retorno foram os problemas apontados. A outra foi o rumor sobre irregularidades na administração da empresa.
Este segundo fator seria muito menos importante, se o mercado reconhecesse a gestão da Petrobrás como essencialmente profissional e voltada para objetivos empresariais. Mas esse não é o caso. Há meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou publicamente haver mandado a estatal investir em refinarias no Nordeste. Esses investimentos, segundo ele, não teriam ocorrido, se a decisão dependesse da avaliação dos diretores da companhia. Nos últimos dias, o presidente da República voltou a alardear sua intervenção.
A Petrobrás, disse ele na quinta-feira, deixou de ser uma caixa-preta e converteu-se numa caixa branca, ou quase, durante seu governo. Ele teria apontado um fato positivo, se mencionasse apenas o aumento da transparência - discutível, na verdade. Mas foi além disso e se vangloriou, mais uma vez, de mandar na empresa: “A gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.”
“A gente decide” é mais que uma expressão singela. É uma confirmação - mais uma - do estilo centralizador e voluntarista do presidente da República. Não só de um estilo, mas de uma mentalidade. Ele age e fala como se as diretorias das estatais fossem apenas extensões de seu gabinete e não tivessem compromissos com milhões de acionistas. “A gente sabe” e “a gente decide”. Ele, de fato, foi além disso. Tentou interferir também na gestão de grandes empresas privatizadas, como a Embraer e a Vale, como se coubesse ao presidente da República orientar as políticas de pessoal e de investimentos dessas companhias.
Esse jogo de interferências não tem sido apenas econômico e administrativo. O envolvimento do presidente da República tem sido sobretudo político e, muitas vezes, político-eleitoral. “A Petrobrás também está no segundo turno”, disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, ao comentar a inauguração antecipada, na quinta-feira, da Plataforma P-57. Antes da votação de domingo, o evento estava previsto para dezembro.
Também a capitalização da Petrobrás foi politizada, o que complicou o processo. O leilão ocorreu quase no fim do prazo previsto, porque o governo foi incapaz de cuidar do problema com critérios essencialmente econômicos e administrativos. Sua insistência em ampliar a participação do Estado na Petrobrás dificultou a fixação do preço dos 5 bilhões de barris cedidos à empresa pela União. O preço médio foi estabelecido, afinal, por um processo nunca explicado de forma satisfatória, até porque não passa de suposição o volume das jazidas envolvidas no negócio.
A confusão e a insegurança criadas por esse processo politizado afetaram duramente o mercado. O valor da Petrobrás encolheu cerca de 30%, enquanto a empresa, o governo e a Agência Nacional do Petróleo se enrolavam nas dificuldades políticas da capitalização. A empresa continua sob os efeitos de uma gestão politizada e, por isso, vulnerável a rumores e escândalos. O mercado refletiu, nos últimos dias, essa vulnerabilidade.
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