quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Continuando a mentir e a manipular os dados da realidade: um "academico" sectario...

Atenção: estou respondendo a um fraudador da realidade e a um mentiroso contumaz
Paulo Roberto de Almeida

Este blog se destina, precipuamente, ao debate de ideias, como esclarecido acima, se possível inteligentes, como também alertado.
De vez em quando, porém, somos levados a comentar ideias "desinteligentes", quando não estúpidas, ou então mentiras deliberadas, quando elas assumem tal proporção de publicidade nestes meios que são os nossos, que correm o risco de deformar os dados da realidade, pela manipulação deliberadamente falsa da história passada, o que pode induzir ao erro muitos jovens que não dispõem da informação correta ou do instrumental analítico para se precaverem contra os muitos fraudadores que pululam em nossas universidades (em constante processo de deterioração, como já escrevi aqui).

Pois bem, como este blog também tem essas funções didáticas, de esclarecimento e de instrução aos mais jovens, vou me permitir abusar da paciência de vocês -- eu sei que é chato lidar com mentirosos, mas por vezes é necessário fazê-lo -- para responder e continuar desmantelando as ideias falsas, os erros deliberados e as fraudes declaradas com que me deparo ocasionalmente.
É inacreditável que esse tipo de mentira com os dados da realidade passe impune na academia, o que apenas revela a degradação moral, o total desregramento ético a que estamos assistindo nos últimos anos, certamente a marca registrada dos nossos tempos.

A história é a seguinte: eu havia lido uma "Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso" -- supostamente entre colegas sociólogos, mas na verdade de um acadêmico mentiroso a um ex-presidente -- que apresentou tal deformação dos dados da realidade, contra o Plano Real, contra as políticas econômicas do período FHC, contra os simples dados da realidade, que me senti obrigado a comentar as afirmações mais deliberadamente falsas, os dados mais obviamente fraudados. Deixei de lado os "argumentos" de natureza subjetiva, pois existem sempre interpretações diferentes de itinerários econômicos, para me concentrar apenas no que era falso, no que era fraude, no que era desinformação factual, no que ia contra os dados da história recente.
Meu post é este aqui:


Distorcendo estatisticas e deformando a historia: um academico mentiroso

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Não preciso dizer que não enviei ao mentiroso em questão, mas simplesmente o postei neste blog. Um dos leitores deste meu post, pretendendo fazer um favor ao acadêmico que não merece esse nome, compareceu com um "comentário" neste post, tentando oferecer, como ele disse, um "contraponto ao [que eu afirmei]... para os leitores deste [meu] blog" . Ele o fez, porém, de forma anônima, sem dizer, aproveitando um outro comentário que o acadêmico mentiroso fez em seu blog tentando responder a questionamentos de um outro leitor, confuso quanto aos "dados" e "argumentos" propostos pelo próprio acadêmico mentiroso.
Sinceramente, eu volto a dizer que não entendo como, num país democrático como o nosso, tantas pessoas, em lugar de debater abertamente, escolher postar comentários como "Anônimos", o que não entendo e me parece uma contradição nos termos. Quem tem ideias próprias e acha seus argumentos sólidos, basta expô-los e assumir responsabilidade pelo que escreve. (Enfim, as pessoas são livres para continuar escrevendo como "anônimas" no meu blog, mas eu também sou livre para julgar se esses comentários merecem ou não ser publicados; em princípio, anônimos já começam com uma prevenção "contra", da minha parte).

Em todo caso, para retirar esse "comentário anônimo subscrito" de uma simples "nota de rodapé", pouco vista ou lida pelos visitantes e frequentadores deste blog, decidi transcrevê-lo por inteiro aqui, o que faço in fine, antecedendo-o, porém, de novos comentários de minha parte, já que as novas afirmações do acadêmico  mentiroso merecem novos comentários de minha parte. É o que faço agora.


Continuando a desmantelar inverdades e fraudes deliberadas:
(Para fins de identificação, faço as seguintes distinções: Acadêmico Mentiroso = AM; Paulo Roberto de Almeida = PRA)

AM: Eu não disse que o plano real não derrubou a inflação e sim que se situou dentro de uma tendência deflacionária da economia mundial.
PRA: Não disse explicitamente que o Plano Real (com maiúsculas, pois que já faz parte da história econômica destepaiz), mas queria sim dizer, indiretamente, que a derrubada da inflação no Brasil teve a ver com uma fantástica "tendência deflacionária da economia mundial".
Desafio o acadêmico mentiroso a provar que havia essa tal de "tendência deflacionária da economia mundial", com base em dados, em números verificáveis. Está lançado o repto.
Se ele quiser, que aproveite a dica que eu lhe dei, e vá ver os números. Estão aqui, nesta tabela insuspeita pois que construída a partir dos dados oficiais dos institutos de estatística nacionais de cada um dos países, reponderados, quando é o caso, por "number crunchers" isentos como são os da OCDE.
Este é o link: http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/1999/01/data/#top.
O AM (acadêmico mentiroso) delira, obviamente, pois TODOS, rigorosamente todos os países avançados (que na época ainda eram responsáveis por mais de 60% do PIB mundial) tinham inflações abaixo de 5%, geralmente entre 2 e 4%.
Apenas o Japão apresentava tendências deflacionárias ANTES e portanto não pode ter influenciado NENHUMA tendência deflacionária no começo dos anos 1990, como escreve AM.
O que ele repete é simplesmente uma MENTIRA, uma fraude completa, só explicada pelo seu desejo obsessivo, doentio, de diminuir o Plano Real, que ele confunde com "tendência deflacionária".

Ora, QUANDO um plano concebido e arquitetado para desmantelar todo o aparato da indexação generalizada num país -- este nosso infeliz país, convivendo com taxas de inflação de 500% ao ano -- e para TROCAR A MOEDA, todo o meio circulante, e fazer várias outras coisas mais, pode ser identificado com uma "tendência deflacionária mundial"???!!!
Isso é simplesmente delírio completo, uma fraude consumada, uma desinformação que o AM não hesita em perpetrar mais uma vez.
Não por acaso um dos comentaristas em seu blog escreveu o seguinte:
"Puxa, O Plano Real não foi o responsável pela derrubada da inflação?
Hiperinflação mundial ? Eu lembro, era 230% na Holanda, 317% no Canadá, 86% na Inglaterra, 477% no Chile e 118% na França.
Aí, por razões conjunturais mundiais, todas caíram abaixo de 10%, como em uma epidemia. Devo ser o Eremildo (personagem do golpista Elio Gaspari).
"
Ou seja, o AM se submete a gozações de quem conhece os números e não deixa passar em branco essa deformação completa por parte de quem só sabe mentir.
Não vou me dar ao trabalho de transcrever os dados reais das taxas de inflação no mundo. O AM pode fazer isso nos documentos que figuram em meu link.

AM: TODOS os países terminaram com a inflação neste período e não fizeram um plano real.
PRA: MENTIRA. A maior parte dos países responsáveis já tinham cuidado da inflação desde a primeira metade dos anos 1980, depois que os impactos do primeiro e do segundo choques do petróleo (1973-74 e 1979-1980) conseguiram ser absorvidos por MEDIDAS MONETARISTAS, de um lado (isto é, aumento da taxa de juros) e de AJUSTE ESTRUTURAL, por outro lado (isto é, reconversão produtiva num sentido de fazer a base industrial trabalhar com menor conteúdo de petróleo, o que foi obtido de maneira notável, AUMENTO de PREÇOS dos combustíveis, e uma série de outras medidas no setor real da economia).
É simplesmente ridículo dizer que TODOS os países "terminaram com a inflação" -- vejam bem, no começo dos anos 1990, o que é simplesmente ERRADO -- e o fizeram não através, NOTEM, "de um plano real", como se os países fizessem revoluções em sua macroeconomia assim, todos os dias, ou ao sabor da conjuntura.
Decerto esse AM deve imaginar que os responsáveis econômicos de TODOS os países devam decidir algo deste gênero: "Vejamos, será que vamos fazer um 'plano real' (sic) agora, ou vamos deixar para depois? Não, plano real não!; é um estelionato eleitoral; vamos esperar uma tendência deflacionária mundial e aí, muito melhor, a gente não precisa fazer nenhum esforço, é só navegar na crista da onda das tendências deflacionárias mundiais e, zut, voilà, está feito o serviço. Vamos deixar esses 'planos reais' para esses coitados do Brasil..."
O que o AM está dizendo simplesmente não faz sentido e NÃO BATE COM A REALIDADE. Ou seja, trata-se de um fraudador contumaz e repetido. Ele pretende ofender a nossa inteligência e se contrapor aos dados da realidade.

AM: "Contudo, ao manter a moeda sobre valorizada e ao não tomar medidas estruturais contra a inflação e sobretudo ao elevar absurdamente os juros, a equipe econômica manteve a nossa inflação entre as mais altas do mundo."
PRA: MENTIRA mais uma vez. O Plano Real não manteve a moeda sobrevalorizada e não pretendia fazer isso. Não sei se o AM sabe disso, mas a primeira versão do Plano Real previa um forte ajuste fiscal -- o que era desejável, necessário e mesmo indispensável, em visto do descontrole dos gastos públicos e do total irrealismo dos orçamentos públicos até então -- o que não foi feito por oposição do presidente Itamar Franco, que não queria ajustes fortes que seriam, necessariamente, temporariamente recessivos. TODO plano de ajuste estrutural, em TODO o mundo, possui um componente recessivo, até porque se tem de quebrar a espinha da realimentação inflacionária. O Brasil foi o ÚNICO país no mundo que efetuou todo um processo de estabilização sem QUALQUER EFEITO RECESSIVO.
Ora, o preço pelo não ajuste é a necessidade de se manter taxas de juros mais elevadas. Foram essas taxas de juros que foram responsáveis pela sobrevalorização do real -- que teve sua paridade estabelecida, mas não fixada, no mesmo nível do dólar, em julho de 1994 -- ao atrairem fluxos de capitais. Em economia não existem medidas que produzam efeitos em uma única direção: se a escolha foi por um ajuste SEM RECESSÃO, então o preço a pagar são juros altos.
Por outro lado, a sobrevalorização do real, temporária como foi, serviu para diminuir mais rapidamente a inflação, esta sim, o principal inimigo dos pobres. Com uma taxa de câmbio "desvalorizada" como preferem esses economistas simplórios, o resultado teria sido um ritmo menor de queda na inflação.
Concluo disso, que os economistas que proclamam, a exemplo do AM, que a moeda deveria ter sido desvalorizada -- por meios compulsórios entenda-se, pois essa gente adora controlar tudo -- são a favor da inflação, a favor de que os pobres sofram mais um pouco.
Ora, o Plano Real foi a mais fantástica redistribuição de renda que se fez na história econômica do Brasil, ao permitir a eliminação rápida do imposto inflacionário, aquele que mais atinge os pobres.
Somos levados a concluir, assim, que o AM e seus amigos são contra os pobres e amigos da inflação.
Dispenso-me de comentar o resto da frase do AM, pois ele não parece entender de economia monetária, ao fazer uma conexão direta entre juros altos e inflação alta: qualquer economista principiante, mesmo os mais renitentes keynesianos, sabe que alta de juros faz diminuir a inflação, não o contrário.
Isso apenas prova o quão pobre, eu diria miserável, é o "raciossímio" econômico do AM.

AM: "Trata-se de comparar a inflação do período FHC com a inflação de todos os outros países. E a nossa inflação foi mais de 5 vezes mais alta que os casos mais bem sucedidos."
PRA: O AM talvez não saiba mas pelo menos um terço da inflação no Brasil é "encomendada" pelo Estado, ao manter tarifas para certos serviços públicos e contratos com concessionárias indexados ao índice de inflação oficial. E por que se fez isso, em lugar de simplesmente desindexar toda a economia?
Porque ao fazer o Plano Real, num patamar de hiperinflação de 2.700% ao ano (ou mais, mas neutralizada em parte pelos mecanismos generalizados de correção monetária), não se tinha certeza de que tudo iria funcionar, e assim uma parte da economia continuou a funcionar com preços revistos e corrigidos.
O outro fator, obviamente, era o descontrole das contas públicas e a total orgia de gastos nos estados e municípios, que tiveram de ser primeiro contornados com as renegociações de dívidas estaduais e municipais de 1995 a 1998 -- o que custou os olhos da cara à União -- e depois tentativamente engessados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, lei que os amigos e aliados do AM tentaram barrar no Supremo Tribunal Federal.
O AM tampouco lembra que a União trocou todas as dívidas estaduais e municipais por títulos federais, assumindo um pesado encargo de juros, e limitando os pagamentos dos devedores por títulos de menor taxa de juros, a 30 anos, mas com a obrigação de comprometer certo percentual dos orçamentos (de 10 a 15% segundo os casos) com o seu repagamento (o que é o mínimo que se poderia esperar).
Em conexão com isso, a acusação de que o governo FHC aumentou enormemente a dívida pública, SEM CONSIDERAR esse prêmio feito aos estados e munícipios, é de uma enorme má-fé, na verdade de um mau-caratismo impressionante.
O governo FHC colocou as contas públicas em ordem, restabeleceu a verdade dos orçamentos, reduziu a inflação para níveis civilizados, e o AM vem colocar em dúvida tudo isso? É preciso muita desfaçatez para deformar assim os dados da história.

AM: "Que teoria econômica pode considerar uma baixa inflação uma alta de preços 5 vezes maior que a do resto da economia mundial?"
PRA: O AM não sabe escrever, pois sua frase acima não faz nenhum sentido. Em primeiro lugar, porque não há nenhuma teoria econômica envolvida e sim medidas de política econômica. No caso, as metas de inflação estabelecidas em 1999, para dar uma perspectiva referencial de preços aos agentes econômicos. A inflação em 1998 já se situou abaixo de 3%, e poderia estar nesse patamar atualmente, se os amigos e aliados do AM não insistissem em MANTER O PATAMAR EM 4,5%, quando o Conselho Monetário Nacional poderia ter estabelecido uma meta menor. Se o AM quiser, posso transcrever diversas declarações do atual Ministro da Fazenda, antes e DEPOIS de assumir o cargo, em que ele se pronuncia CONTRA um patamar mais baixo para a meta de inflação.
O Brasil tem, sim, uma inflação duas a três vezes maior (não cinco) superior à médias mundiais (mas apenas duas vezes maior que a dos países emergentes). Isso se deve exclusivamente aos gastos públicos excessivos, à permissividade fiscal, todas de responsabilidade dos amigos do AM.

Fico por aqui, pois os argumentos do AM são tão pobres que me constrange ter de aulas de economia, e pior, LIÇÕES DE HISTÓRIA a um acadêmico que não merece esse nome.
Confesso que sinto vergonha pela academia brasileira e tenho pena dos alunos desse fraudador contumaz e desse mentiroso sectário.

Termino dizendo que em nenhum momento coloquei este "debate" no âmbito das eleições e dos candidatos. Não tenho nenhum e não estou tratando aqui de suas plataformas econômicas futuras.
Eu estava apenas interessado em restabelecer a VERDADE DOS FATOS, e recolocar a história em seu devido lugar.
Não tenho nenhuma ilusão de que o AM venha a se retratar por suas afirmações fraudulentas.
Mas isso faz parte do caráter dessa gente.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 28.10.2010)


Comentário transcrito por um "anônimo visitante", em nome, ou a favor, do acadêmico mentiroso em meu post supra-citado
Palavras do Acadêmico Mentiroso:
"Eu não disse que o plano real não derrubou a inflação e sim que se situou dentro de uma tendência deflacionária da economia mundial. TODOS os paises terminaram com a inflação neste período e não fizeram um plano real. Contudo, ao manter a moeda sobre valorizada e ao não tomar medidas estruturais contra a inflação e sobretudo ao elevar absurdamente os juros, a equipe econômica manteve a nossa inflação entre as mais altas do mundo. Não se trata de comparar a inflação do período Fernando Henrique com a fase que, em entrevista para os 40 anos do CEBRAP, Serra chamou de “superinflação” para distinguir de uma tendência ao crescimento infinito da inflação que seria considerada uma ”hiperinflação”. Trata-se de comparar a inflação do período FHC com a inflação de todos os outros paises. E a nossa inflação foi mais de 5 vezes mais alta que os casos mais bem sucedidos. Dizer que isto é sectarismo ou má analise econômica é demonstrar um delírio teórico insensato. Que teoria econômica pode considerar uma baixa inflação uma alta de preços 5 vezes maior que a do resto da economia mundial? É elementar exceto para quem está com a mente obliterada por uma propaganda absurda."  http://theotoniodossantos.blogspot.com/2010/10/o-debate-sobre-carta-aberta-fernando.html

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Meu novo livro: quase saindo do forno: Globalizando

Bem, já bati o martelo quanto à ilustração da capa, que não deverá, portanto, mudar. Mas, meu mais recente livro ainda não está pronto, pois ainda falta ser impresso.
Em todo caso, já corrigi as provas e ele deverá estar pronto em pouco tempo mais.
Os interessados em seu conteúdo e prefácio, podem consultar este link.

Transcrevo aqui, seu sumário:


Paulo Roberto de Almeida:
Globalizando: Ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, xx+272p.; ISBN: 978-85-375-0875-6 

Uma compilação de ensaios recentes e mais antigos sobre a questão central das relações econômicas internacionais contemporâneas.

Sumário:
À maneira de prefácio:
O altermundialismo, uma enfermidade infantil da globalização


Parte I
Globalização
1. O Brasil e os primeiros 500 anos de globalização capitalista
2. Contra a corrente: treze idéias fora do lugar sobre as relações internacionais
3. A globalização e as desigualdades: quais as evidências?
4. Três vivas ao processo de globalização: crescimento, pobreza e desigualdade
5. Distribuição mundial da renda: evidências desmentem concentração e divergência
6. O Brasil e os impactos econômicos e sociais da globalização
7. Globalização perversa e políticas econômicas nacionais: um contraponto

Parte II
Antiglobalização
8. Contra a anti-globalização: Contradições, insuficiências e impasses do movimento
9. A globalização e seus descontentes: um roteiro sintético dos equívocos
10. A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo
11. Fórum Social Mundial: nove objetivos gerais e alguns grandes equívocos
12. Um outro Fórum Social Mundial é possível… (aliás, é até mesmo necessário)
13. Fórum Social Mundial 2008: menos transpiração, mais inspiração, por favor...
14. Fórum Surreal Mundial: pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores
15. Uma previsão marxista...

16. Perguntas impertinentes a um amigo anti-globalizador
17. Fórum Social Mundial 2010, uma década de embromaçãoÀ guisa de conclusão:
Se, nouvelle manière (ou as qualidades do homem na globalização)

Obras de Paulo Roberto de Almeida

Pausa para aulas de "portugueis"... ou para simples divertimento (voces escolhem)

Não sei, e confesso que hesito, quanto a opção a ser assinalada acima.
Em todo caso, são momentos de puro enlevo gramatical, exemplo de oratória, sintaxe bizarra, whatever...

http://www.youtube.com/watch?v=bSBO-XLZRoc

(desculpem manter segredo, mas o segredo é a alma do negócio, dizem alguns...)

Minha posicao sobre o voto nulo - Paulo R. Almeida


Contra o Voto Nulo: meus critérios de escolha

Paulo Roberto Almeida

Existe uma controvérsia pairando sobre as comunicações que circulam na internet nessas épocas eleitorais: a do voto nulo, justificado ou não “filosoficamente”. Provavelmente, existe mais de uma controvérsia eleitoral, mas esta é a que me foi dado examinar e me pronunciar recentemente sobre ela, talvez de modo superficial e ligeiro (o que quer dizer exatamente a mesma coisa, mais passons). Sem pretender possuir a posição “correta” – que simplesmente não existe em se tratando de escolhas políticas, embora existam, sim, posições erradas, absoluta e relativamente, nessa área, e elas tem a ver com a diminuição do “grau” de democracia no sistema político – gostaria de me manifestar a respeito de forma mais clara do que já o fiz até agora.

Existem basicamente três formas de “não” escolher qualquer candidato, para qualquer cargo, nas eleições: a abstenção, o voto nulo ou o voto em branco. A única diferença entre o voto nulo e o voto em branco, em face da maquineta de votação, é que a dita cuja contempla um botão branco, para o voto idem. Suponho que os que pretendem anular seu voto teclem outros números, admitindo-se que a máquina aceite, e confirmem esse número “errado”. Seria então um voto nulo. Num caso, como no outro, se trata de uma “não escolha”, assim como a de não comparecer no local de votação no dia marcado. Essas são, portanto, as formas de anular o seu voto: votando “errado”, deixando em branco, ou deixando de comparecer. Votou nulo ou em branco, ou deixou de votar, pronto: está feita a recusa de participação numa escolha solicitada (na verdade, requerida, exigida, porque o voto é obrigatório no Brasil).
Os que são indiferentes à política ou ao governo, qualquer governo, os que “não agüentam” mentiras de políticos (e algumas são realmente difíceis de engolir), aqueles que simplesmente não se interessam pelas mensagens dos partidos e dos candidatos, os que, finalmente, são preguiçosos demais para se deslocar no dia das eleições, simplesmente exercem o seu direito democrático de “não escolher”. Eles não costumam ficar preocupados com isso: simplesmente desligam essa “área cerebral” e seguem em frente, nas suas vidinhas pacatas e desinteressadas. Poucos se dão ao trabalho de justificar a “não escolha”. Melhor não se comover com o assunto, ponto.
Diferente é a situação de acadêmicos ou pretensos intelectuais, que pretendem justificar a sua não escolha mediante elegantes construções, com citações de frases de escritores, argumentos sobre o caráter de manada das “massas votantes”, alegações quanto às fraudes deliberadas cometidas pelos partidos, enfim, um sem número de escusas para sustentar a posição em favor do voto nulo ou abstenção. Este meu texto está, portanto, dirigido aos que assim praticam a não escolha com tentativa de justificação. Como considero tal posição “absurda”, vou também me manifestar a respeito, com argumentos que espero sejam racionais e contra-argumentáveis.

Para todos os efeitos práticos, abstenção, voto nulo ou branco se confundem nos seus resultados futuros: o cidadão votante, o contribuinte pagador de impostos se exime de fazer uma escolha entre os representantes – legisladores ou executivos – que decidirão como será gasto o seu dinheiro – recolhido por tributos compulsórios – nos projetos e obras votados nas assembléias e parlamento e implementados pelos poderes executivos. Esta é, se ouso resumir, a essência de minha contrariedade contra todas essas formas de invalidar o seu voto, a sua escolha, a sua decisão de eleitor.
Devo também dizer, preliminarmente, que sou contra o voto obrigatório. Este deve ser um direito, não uma obrigação, pois o que prima, para mim, é a liberdade do indivíduo, não a imposição do Estado. Reconheço que essa posição pelo voto livre pode parecer contraditória com a postura de considerar “absurda” a não manifestação de preferências por ocasião do escrutínio, já que a não obrigatoriedade estimularia, e muito, a abstenção, como observamos nos países nos quais o voto é um direito, não uma obrigação (cerca de metade, apenas, da população americana habilitada a votar comparece nas eleições gerais a presidente, ao que parece; os “patriotas” brasileiros enchem o peito de orgulho, ao mencionar nosso número de votantes, o que me parece sumamente ridículo, pois a democracia americana é tão vigorosa, em suas bases, que dispensa, justamente, esse tipo de participação “federal”).

Pois bem, o que eu teria a dizer contra o voto nulo, em branco ou a abstenção? Os que assim procedem costumam alegar o seguinte: “o meu voto não faz diferença nenhuma, pois se trata de apenas um voto, no meio de milhões de outros votos, e não é ele que vai determinar quem será eleito para a presidência”. Eu diria, de imediato, que faz, sim, uma enorme diferença, e não apenas para presidente, pois qualquer forma de abstenção ou “nulificação” do voto atinge muito mais o corpo representativo da nação, ou seja, parlamentos e assembléias sub-nacionais. A grande diferença está expressa diretamente no próprio ato: o agente social, o votante, o cidadão contribuinte se exime de expressar uma opinião, a sua opinião sobre os candidatos em liça. Trata-se, obviamente, de uma decisão puramente individual, totalmente legítima no plano individual, mas carregada de consequências práticas no plano social, no âmbito nacional, no futuro da comunidade nacional. Elaboro um pouco mais a esse respeito.
O ato de não votar, ou de votar nulo ou em branco, significa, simplesmente, que o indivíduo “não votante” será necessariamente representado por alguém, obrigatoriamente e inapelavelmente, mesmo que o “não votante” não faça absolutamente nada e sequer se interesse pelo processo legislativo ou pelos mecanismos de decisão em curso nos executivos locais ou nacional. Esse representante “eleito” – e ele o é também pelo “não voto”, pois o número de válidos determinará o chamado quociente eleitoral para o cálculo das bancadas proporcionais – terá legitimidade para impulsionar políticas com as quais o “não votante” eventualmente possa não estar de acordo, ou a que ele resolutamente se opõe: digamos, entregar dinheiro público a banqueiros falidos, a capitalistas protecionistas ou a invasores de terras, quando não a mafiosos sindicais.
Se o “não votante” se eximiu de expressar o seu voto contrário a um representante qualquer que pode decidir por qualquer das ações acima, é evidente que o “representante não escolhido” possui, sim, a faculdade de influenciar a vida do “não votante” contra a vontade deste (ou melhor, com a sua “colaboração”). Contra o argumento pouco filosófico de que “um voto não faz a diferença” podemos confirmar que faz, sim, enorme diferença, que é a de eleger ou deixar de eleger alguém que pode se aproximar, que seja minimamente, de nossas posições, contra aqueles que delas se afastam deliberadamente, ou que defendem políticas que rechaçamos absolutamente.
Em qualquer hipótese, a renúncia de ação por parte do “não votante” pode redundar numa usurpação de representação por parte do representante efetivamente eleito, aquele que vai decidir para onde vai o meu, o seu, o nosso dinheiro. Ela é, me parece uma “solução” de menor democracia do que a participação, ainda que a contragosto, do cidadão eleitor. Gostaria de compreender a posição daqueles que julgam ser muito complicado ou aborrecido penetrar nos detalhes das posições de cada candidato sobre cada tema de interesse cidadão, ou coletivo. Mas eu sou daqueles que não renunciam a uma única parcela de responsabilidade na comunidade política. E que não me venham falar de “indivíduos” que não gostam de ser misturados ou confundidos com a massa: todos nós vivemos em coletividade, todos nós somos parte da “massa”, qualquer que seja ela.

Pois bem, venho agora aos critérios de escolha, pois o assunto foi veiculado em comentário a um dos meus posts – aquele em que protesto contra o manifesto desonesto dos reitores das universidades públicas em favor da candidata oficial (mas eu protestaria igual se o manifesto fosse em favor do candidato da oposição) – que, aparentemente, chamou a atenção de alguns jovens universitários (ver aqui). Como me perguntou um desses jovens, leitor desse meu post: “Gostaria de saber então qual argumento é válido para declarar o voto neste ou naquele candidato.”
Eu diria o seguinte: o voto em qualquer candidato é válido, mas eu o faria acompanhar da seguinte nota de caução. Toda e qualquer escolha, eleitoral ou não, precisa ser feita de forma consciente quanto aos efeitos e consequências dessa nossa escolha, devemos sempre tentar visualizar as implicações de nossa escolha e examinar seu impacto futuro em nossas vidas e no itinerário provável de nossa comunidade.
Suspeito, ou suponho, que todos desejem viver num país “normal”, ou seja: com prosperidade, segurança, livre de corrupção, desenvolvido, organizadinho, limpinho, agradável, de preferência com altos salários e trabalho garantido, educação e saúde abundantes e a preços abordáveis – se possível gratuitos – e com plena liberdade de informação, de circulação, de expressão, sem envolvimento em confusões externas e vivendo num ambiente de paz interna (estou sendo muito exigente ou utópico?). Se queremos tudo isso, e temos o direito de pelo menos aspirar a algumas dessas coisas em nossas vidas, vamos ter de fazer algo para obter todos esses “direitos”.
Uma das maiores utopias – e inconsequências – da Constituição brasileira está, justamente, em prometer todo esse mundo de bondades róseas, sem jamais dizer como tudo isso poderá ser obtido. Existe até um senador – que eu respeito no plano individual, mas que nesse particular considero um perfeito idiota – que pretende colocar na Constituição o “direito à felicidade”, como se isso fosse fazer qualquer diferença no plano instrumental, ou prático. A constituição é cheia de direitos e quase nenhum dever; ou melhor, todos os direitos são dos cidadãos, todos os deveres são do Estado, essa entidade impessoal que segundo alguns deveria ser uma “mãezona” a zelar pela felicidade de todos e cada um: “A educação (ou saúde) é um direito dos cidadãos e um dever do Estado...”, assim reza a Constituição em diversas passagens. Faltou dizer quem vai pagar por tudo isso, onde está a produtividade (uma palavra que não existe ali) que vai sustentar esse mundo de benesses infinitas.
Independentemente, porém, de como serão resolvidas essas questões, está claro, pelo menos aos meus olhos, que os que prometem sempre tudo isso e um pouco mais estão incorrendo nessa terrível falácia constitucional que consiste em jogar com promessas futuras sem jamais dizer quem pagará por tudo isso. A demagogia eleitoral é o pior pecado que pode existir em qualquer época ou lugar. A inconsistência no uso do dinheiro público é o segundo pior pecado político que pode existir numa comunidade de cidadãos conscientes.
Por isso mesmo, meu simples critério eleitoral é o enfrentamento destas simples verdades: prometeu isto, diga de onde vai sair o dinheiro, quem vai sustentar, como serão aplicados os recursos e que benefícios esperados advirão dessa escolha, e não de outras? Em economia – e tudo se resume, em última instância, a uma questão de economia, como queria o velho barbudo – sempre existem alternativas, mas as escolhas sempre são políticas, independentemente de seus fundamentos econômicos.
O cidadão que vota nulo, ou branco, ou que se exime de escolher, está, pura e simplesmente, jogando o seu dinheiro no lixo. Ou melhor: entregando-o a alguém “mais esperto”, que saberá utilizá-lo em função de seus próprios critérios preferenciais. Sabemos que os “mais espertos” não são necessariamente os mais honestos e confiáveis, pois eles geralmente se utilizam da mentira e da mistificação para conseguir cargos políticos. Em resumo, votar consciente é votar inteligente. Renunciar a isso é não só um absurdo, como evidencia uma atitude pouco inteligente. Desculpem-me os “filosoficamente” a favor do voto nulo, mas é isto o que penso.
Boas escolhas a todos, ou corrigindo-me: a escolha “menos pior” possível.

Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 2215: 27-28.10.2010

Contra a mentira e a manipulacao - Ruth Rocha

Sempre admirei a Ruth Rocha (que não era do meu tempo de menino, mas foi do tempo dos meus filhos): eu comprava seus livros para ler para as crianças pequenas, geralmente na hora de dormir.
Uma grande escritora e uma grande personalidade. Gostaria de ter o dom que ela tem para escrever de forma simples e descomplicada. Infelizmente não tenho, e meus leitores são obrigados a conviver com a minha prolixidade horrível no estilo da escrita, frases longas demais, apostos, complementos, enfim, esses monstros metafisicos que poluem o meu texto e fazem alguns leitores desistir de me ler.
O que vou fazer? Eu não nasci Ruth Rocha e não aprendi a escrever como ela. Ruim para mim.
No meio do meu caminho, tinha várias pedras, claro, mas também tinha uma coisa chamada Escola Paulista de Sociologia, que comecei a ler desde muito cedo. Aí, infelizmente, fiquei com esse jeito florestânico de escrever que é uma praga de construção verbal, um estilo horrendo e prolixo, justamente.
Mais, passons.
Não comecei a escrever este post para falar de estilos literários.
Atualmente andamos mal de estilos, com um sujeitinho que polui o ambiente com suas frases estropiadas e seu estilo que não tem nem nome: é dele só, e espero que nos livremos rapidamente, pois já não aguento mais ler ou ouvir esse estilo se espalhando nas minhas notícias.
Mais, passons, à nouveau...

O que eu queria era simplesmente transcrever um texto da Ruth Rocha, que achei digno e necessário. Elegante, educado, mas firme e decidido.
Ela está nesse jogo por algo maior do que a escolha de um (ou uma) candidato(a). Ela pretende, como eu, simplesmente defender a verdade, ser contra as manipulações da história, e ser independente.
Comme il faut...
Paulo Roberto de Almeida

Carta à candidata Dilma
Ruth Rocha

Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.

Acho que todos sabem do que estou falando.

O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem...”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!

Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.

Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.

É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.

O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.

E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.

Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.

1) desprezo ao culto à personalidade;

2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...

3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.

Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.

SP, 25/10/2010

Ruth Rocha, escritora
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

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Addendum (necessário), mas emprestado de um colega de lista:

Entrei no blog do Noblat, para ler os comentários sobre a carta da Ruth Rocha, e fiquei estarrecido. Apesar de não ter lido todos (já são mais de 100), constatei que há dezenas de comentários destratando a Ruth Rocha como se ela fosse uma bandida por se queixar do uso indevido de sua assinatura. As pessoas perderam completamente a noção do que é certo, do que é decência. Antigamente, um peão de fazenda analfabeto sabia que não se pode agir assim com alguém, atentando contra a sua vontade, tanto que palavra dada era documento. Hoje, depois de meio século de pregação esquerdizante, a honradez individual foi assassinada — só existe a tal "ética" do grupo, de quem grita mais alto. O problema do Brasil já não é mais político — é civilizacional. Estamos chafurdando na barbárie.

Comento eu (PRA):
De fato, eu também me dou ao hábito, que me toma um tempo indevido em face de minhas leituras e outras obrigações, de ler comentários de leitores, cartas de leitores nos jornais impressos, ou mensagens enviadas no seguimento de uma coluna ou matéria postada num site ou blog.
Confesso que fico estarrecido. As cartas em jornais são filtradas, e portanto evitam a linguagem chula, as expressões ofensivas, os exemplos mais deletérios de paixões incontidas. Já não é o caso das mensagens não moderadas dessas matérias de jornal ou colunas assinadas em blogs: é inacreditável como a educação se degradou no Brasil.
Além de palavrões escabrosos, que apenas revelam a indigência mental de seus autores, existem argumentos tão raivosamente enviesados que me confirmam, sim, que o Brasil está irremediavelmente dividido entre os a favor ou contra este ou aquele candidato. A violência verbal é tamanha que me faz imaginar um desses enfrentamentos reais, caso a oportunidade se apresente, similar às brigas de gangues de torcidas organizadas de futebol, um exemplo supremo de que, como naqueles países dominados por tribos fanatizadas por alguma crença qualquer, também temos nossos energúmenos para provocar mortes e destruição.
Infelizmente, parece que vamos continuar descendo na escala da civilização, o que é triste, muito triste.
PRA (28.10.2010)

Pausa para o cinema: Back to the Future, again...

Um dos meus filmes preferidos...agora numa caixa em BlueRay, e DVD, of course:

Bonus Points: DVD Reviews

Going 'Back to the Future' again, after 25 years


Back to the Future
"Back to the Future" on Blu-ray: The 88 miles-per-hour saga makes its high-def debut in honors of its 25th anniversary. (Universal PIctures)
Washington Post Staff Writer
Tuesday, October 26, 2010; 10:09 AM
Most of us didn't learn what we know about time travel from physicists or the writings of H.G. Wells. We learned it all from "Back to the Future," the 1985 blockbuster that introduced us to flying DeLoreans, flux capacitors and the plucky Marty McFly (Michael J. Fox) , a wannabe rock guitarist who inadvertently befriends the teenage versions of his parents after zooming back to 1955.
As further proof that time (and time travel stories) inevitably marches on, the much-beloved Robert Zemeckis movie celebrates its 25th anniversary this year, a milestone that Universal has commemorated with the release of "Back to the Future: The 25th Anniversary Trilogy," a DVD ($49.98) and Blu-ray ($79.98) set that includes the original "Future," the pair of less compelling sequels it spawned and a wealth of bonus material that reveals many of the behind-the-scenes secrets involved in crafting this complex franchise. (And before you ask, no, it's not possible to purchase each of these releases individually. If you want "Back to the Future I," you've got to take II and III as well.)
The extra that has garnered the most attention from the "Future" fan base is the newly included, never-before-seen footage of Eric Stoltz, the actor who was originally cast as Marty and completed a substantial portion of the film before being fired because, as director Zemeckis explains, his comic sensibilities didn't suit the material. During a new six-part documentary about the trilogy, we finally get to see Stoltz in character and appearing in scenes that eventually were reshot with Fox, who ultimately catapulted to mega-fame as a result of his work in the film. The clips, which leaked online before the box set even released, are fascinating but far too brief. Perhaps out of respect for the actor, the DVD doesn't include any of Stoltz's scenes in their entirety with audio, so we never get a feel for what he may have brought to the role.
That said, the documentary -- one of a only few new extras included among the multitude of deleted scenes, outtakes, featurettes and commentary tracks that appeared on previous "Back to the Future" releases -- does an excellent job of exploring the evolution of the franchise. In addition to the glimpses of Stoltz, the doc touches on other elements that were ultimately abandoned (the time-traveling DeLorean came dangerously close to being a time-traveling refrigerator), "Back to the Future's" cultural impact (Ronald Reagan? Huge fan!) and explains why some actors from the first movie didn't make the journey to the second two. (The filmmakers note that Crispin Glover, who doesn't appear in the special features, got sliced out of the ensuing films because the actor made unreasonable demands, including asking for a sizeable raise. "That is the reason George McFly is a tombstone in Part II," says co-writer and producer Bob Gale.)
It's a thorough, highly watchable making-of that that will please "Future" fans and provides the primary attraction in this collection, although there are a couple of other reasons to consider purchasing it. One is the never-before-seen look at the original, storyboarded version of the movie's climax, in which Marty and Doc Brown rely on an explosion at a nuclear test facility -- rather than the power of a lightning bolt -- to get the jolt of energy needed to speed back to 1985. The other is the enhanced experience that, on Blu-ray, comes from watching the films in high-def. The movies, making their debut in the format, all look sharper and come with improved functionality that makes it possible to toggle between commentaries and pop-up trivia tracks with seamless ease. Ultimately, though, it's the enduring affection for these films that will motivate fans to buy. Despite the elements that date the "Back to the Future" franchise as a product of the '80s (see jokes about Pepsi Free and all those Huey Lewis and the News songs) the movies, especially the original, continue to charm because -- like Frank Capra's "It's a Wonderful Life," whose small town of Bedford Falls clearly serves as a model for "Future's" Hill Valley -- they force their characters to ask whether, if given the chance, they would radically alter their own lives. The conclusions Marty McFly and Doc Brown reach may differ somewhat from those of George Bailey. But their values -- which stress the importance of pursuing one's ambitions without losing an appreciation for home and family -- are remarkably similar. And, the era-jumping powers of that tricked-out DeLorean aside, remarkably timeless.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estupidez nacional: existe algum limite a sua expansao?

Quando eu tomo conhecimento de notícias assim, eu me questiono se o Brasil não está involuindo mentalmente. OK, sem pretender ser grosseiro, mas sendo, eu me pergunto se esses juízes do RS não estão contribuindo ativamente para o aumento da estupidez nacional.
Ou seja: acabou a responsabilidade individual. Agora, qualquer coisa que aconteça, a responsabilidade sempre é do Estado, da empresa, da coletividade. O "pobre" do indivíduo precisa ser assistido, compensado, indenizado, quase diríamos que ele precisa de um constante serviço de baby-sitter por parte do Estado, para não fazer nenhuma bobagem contra ele mesmo.
Acho que caminhamos rapidamente para o, se já não estamos no, subdesenvolvimento mental.
Paulo Roberto de Almeida

Gerente de lanchonete que engordou no trabalho deve ser indenizado
Consultor Jurídico, 26.10.2010
Uma franquia de uma rede internacional de fast food está obrigada a indenizar um ex-gerente que engordou mais de 30 quilos durante os 12 anos em que trabalhou para a empresa. A decisão unânime é da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul. Os desembargadores confirmaram parcialmente a sentença do primeiro grau. Apenas reduziram o valor da indenização de R$ 48 mil para R$ 30 mil por danos morais. Cabe recurso.
De acordo com os autos, o empregado entrou na lanchonete pesando entre 70 e 75 kg e saiu com 105 kg. Para a 3ª Turma do TRT gaúcho, a franquia contribuiu para que o autor chegasse ao quadro de "Obeso 2", resultando em problemas de saúde. Conforme o desembargador João Ghisleni Filho, relator do acórdão, as provas indicaram que o ex-gerente era obrigado a degustar produtos da lanchonete - alimentos reconhecidamente calóricos, como hambúrguer, batata frita, refrigerante e sorvetes.
Além disso, no horário de intervalo, a empresa fornecia um lanche composto de hambúrguer, batatas fritas e refrigerante. De acordo com testemunhas, na loja em que o autor trabalhou a maior parte do tempo, a lanchonete não permitia a troca deste lanche por dinheiro ou vale-refeição.
O relator reconheceu que fatores genéticos e o sedentarismo possivelmente também foram causas da obesidade. Porém, na sua opinião, isso não exime a responsabilidade da empresa. "Mesmo que a adoção de alimentação saudável fosse uma escolha do reclamante, havia imposição para que fossem consumidos os produtos da reclamada como a refeição no intervalo intrajornada e, ainda, para degustação, mesmo que eventualmente, ou duas vezes ao dia, como se extrai da prova", afirma o acórdão. 

Com informações da Assessoria de Imprensa do TRT-RS.
R.O. 0010000-21.2009.5.04.0030
Revista Consultor Jurídico, 26 de outubro de 2010

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