Interessante esta entrevista com o professor Wilson Cano, da Unicamp. Ele toca nas questões corretas: a falta de competitividade da nossa indústria, a ausência da inovação, o "financeirismo" dos dirigentes industriais e, mais importante, a valorização do real e os juros elevados.
Constato, apenas, que ele fica em geral nas constatações gerais e nas reclamações mais comuns, e não chega a propor alguma política significativa ou medidas substanciais para superar os problemas que ele mesmo detectou.
Desses problemas. ele retira uma grande conclusão de ordem geral, a de que é preciso mudar a política econômica, tese geral dividida em vários elementos subsequentes: controlar o comércio exterior, restringir o ingresso de capitais, desvalorizar a moeda e abaixar os juros.
Em nenhum momento ele diz como fazer isso sem os efeitos negativos que cada uma das medidas assumiria individualmente, caso fossem implementadas.
Ele tampouco toca nas causas reais que causam os problemas detectados.
Quais sejam: o excesso de gastos públicos, o déficit nominal, a despoupança estatal, o baixo investimento causado pelo crowding-out do Estado, a excessiva tributação e os juros elevados causados pelos requerimentos de financiamento do Estado, cujos níveis redundam, obvia e necessariamente, na atração de capitais, quaisquer capitais, de todos os tipos, cores e volumes.
Surpreendente que um economista desenvolvimentista não consiga chegar a uma conclusão tão singela quanto esta...
Deve ser miopia...
Paulo Roberto de Almeida
Entrevista: WILSON CANO, ECONOMISTA
Brasil se desindustrializa e canta como cigarra a música da China
ELEONORA DE LUCENA
Folha de S.Paulo, 12/06/2011
PESSIMISTA, PROFESSOR DA UNICAMP PREVÊ FIM DE "FARRA DAS COMMODITIES" E RECLAMA DA AUSÊNCIA DE UMA ELITE INDUSTRIAL E DE UM GOVERNO MAIS "NACIONALISTA" NO PAÍS
SÃO PAULO - A desindustrialização no Brasil avança. O país está regredindo. Não basta ter uma política industrial. É preciso mexer no câmbio e reduzir muito os juros. O diagnóstico é do economista Wilson Cano, 73.
Nacionalista e admirador de Celso Furtado, Cano tem sua vida acadêmica ligada à história da Unicamp. Doutor e livre-docente em economia, hoje aposentado, ele é professor voluntário na Universidade.
Autor de diversos livros sobre desenvolvimento industrial, Cano está pessimista. Sente falta de empresários com visão estratégica e critica o modelo que "está exterminando o futuro", diz. Prevê o fim da farra dos altos preços das commodities, já que a China constrói novas fontes de abastecimento. Para ele, o Brasil erra como uma cigarra que canta com música chinesa.
Folha - Está ocorrendo desindustrialização?
Wilson Cano - O termo tem dois sentidos. No primeiro é um fenômeno que se vê com naturalidade: é a diminuição da proporção da renda e do produto gerado pela indústria no PIB geral.
Isso ocorre em sociedades que já atingiram um padrão de produção e de consumo, onde a urbanização é praticamente total e a diversificação de serviços é extraordinária. Nesses locais é normal aceitar que o peso da indústria no PIB esteja reduzido a 20%, como se aplica aos países da Europa Ocidental e aos EUA.
No mau sentido da palavra, desindustrialização significa uma precoce diminuição da presença da indústria num país em que ainda há muita coisa a fazer em termos de industrialização, como é o caso do Brasil.
Como explicar isso?
Nos anos 1980 o peso da indústria de transformação no PIB era de 33%. Hoje é de 16%. Tínhamos toda uma frente por desenvolver: espacial, petroquímica, química fina, informática, eletrônica, fármacos.
Entretanto estamos há 31 anos em crise. Nos 80 veio a crise da dívida. Depois o neoliberalismo com um crescimento medíocre, até 2003.
De 2004 para cá estamos vivendo um processo ilusório, em parte, porque estamos crescendo sem investimento. Estamos crescendo pelo consumo, pelo crédito. E a situação no mercado internacional que é excepcional, com os elevados preços de produtos primários.
O sr. escreveu recentemente que as políticas cambial e de juros podem ser exterminadoras do futuro. Como explica essa afirmação?
A relação manufaturados/exportações totais chegou a atingir 59% e hoje está na casa dos 40%. Se olharmos as estruturas produtivas e exportadoras segundo o grau de intensidade tecnológica estamos regredindo. Estamos na contramão da história econômica.
Há a questão do déficit comercial de produtos industrializados.
Ele é enorme e crescente. Principalmente em dois compartimentos: o automobilístico -que paradoxalmente é o que recebe o maior número de favores do Estado- e setor eletrônico, mostrando claramente as perdas que a nossa indústria vem sofrendo.
Quão grave é o processo?
Tínhamos homens como [Abraham] Kasinski, [José] de ponta, moderna. Um Mindlin (1914-2010), que eram dois baluartes da indústria teve que vender a fábrica para os americanos. O outro vendeu e se transformou em montador de motocicletas em Manaus e acabou vendendo para os chineses.
Há coisas que são irreversíveis. Como quando se destrói segmentos da elite industrial brasileira. Eram homens que sabiam o que significa uma indústria nacional.
Onde está a visão estratégica?
A estratégia deles é ganhar dinheiro lá fora pegando o dinheiro do BNDES para matar boi nos EUA. Os empresários estão preocupados em ganhar dinheiro com dólar barato. Fazem negócio lá fora ou simplesmente aplicam no sistema financeiro. Com essa taxa de juros, quem tem o dinheiro aplica no mercado financeiro sem ter que se preocupar com trabalhador, processo produtivo, imposto.
E o que deve ser feito?
O próprio ministro do Desenvolvimento disse a empresários que não tem jeito. Parece ser um governo conformista. O nacionalismo está meio fora de moda.
Isso compromete o futuro?
Sim, porque estamos cantando como uma cigarra. Estamos cantando com a música chinesa. Cantando por exportar galinha e soja e minério de ferro. Mas isso nunca deu futuro a ninguém. As lideranças aceitam que é muito bom ficar exportando essas coisas, mas esquecem da regressão industrial.
A farra das commodities vai acabar?
A China está abrindo frentes de produção na África e na América Latina para a produção de minério e de petróleo, grãos, carne. Estão buscando novas fontes abastecedoras. A China sabe que não pode continuar crescendo a 10% e pagando o preço que está pagando por essas matérias-primas.
Isso vai resultar em queda no preço das commodities no longo prazo?
Sim, sem dúvida.
O governo deveria controlar mais os capitais externos?
Há várias formas de controle sobre o fluxo internacional de capital. Estamos vendo uma anormalidade com esse dólar. O governo não tem feito muita coisa, porque para fazer alguma coisa teria que alterar profundamente esse modelo econômico.
Mas o país não está menos vulnerável?
Estamos cantando que diminuímos a nossa vulnerabilidade externa porque temos reservas internacionais de U$ 300 bilhões e a dívida externa pública diminuiu. Mas a privada aumentou. Temos reservas, mas temos mais de U$ 350 bilhões de investimento estrangeiro em carteira que podem rapidamente se mobilizar e sair do país.
Quais deveriam ser os principais pontos da política industrial que o governo está preparando?
Investir, inclusive em ciência e tecnologia nos setores de ponta que não conseguimos avançar na passagem dos anos 1980, notadamente fármacos e microeletrônica, em especial chips.
Eliminar a guerra fiscal e reformular a Zona Franca de Manaus. Rever profundamente a nossa política de comércio exterior.
Basta ter uma política industrial se câmbio e juros continuarem como estão?
Com a atual política econômica, nenhuma política industrial terá sentido. Não foi assim com as políticas dos países desenvolvidos, em especial todas as asiáticas.
O sr. fala que é preciso investir, inovar, exportar e financiar tudo isso. Qual sua receita para o governo?
Há que ter vontade política e consciência crítica para alterar o modelo macroeconômico. É preciso baixar os juros, mas para isso não podemos conviver com esse câmbio. É uma camisa de força.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 13 de junho de 2011
A frase da semana - Ideli Salvatti sobre as diferencas entre homens e mulheres
Estou plenamente satisfeito com as definições da preclara nova ministra das relações institucionais. Agora eu sei, de fato, quais são as diferenças de gênero, e sei que as mulheres são superiores aos homens, em qualquer quesito que pudermos conceber...
Agora eu sei, por exemplo, que os homens não conseguem fazer coisas diferentes ao mesmo tempo (só fazemos coisas iguais em tempos diferentes), como tampouco sabemos fazer várias coisas de forma diferente: fazemos tudo igual.
O homem é um ser repetitivo e invariável.
Ufa, isso me deixa mais tranquilo.
Eu pensava que fosse um retardado ou coisa assim, já que não consigo acompanhar o desempenho de todas as mulheres que conheço.
Ainda bem que a ministra me esclareceu que isso é de nascença...
Paulo Roberto de Almeida
Os homens não têm o direito de se assustar com mulher (risos). Eles sabem muito bem, até porque todos eles respeitam suas respectivas mães, que mulher tem essa sensibilidade, quando precisa ser dura é dura, quando precisa ser carinhosa é carinhosa. Diferentemente de boa parte dos homens, conseguimos não só fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo, como também fazemos de forma diferente várias coisas.
Ideli Salvatti, ministra das relações institucionais (deveria ser ministro das relações entre gêneros)
Agora eu sei, por exemplo, que os homens não conseguem fazer coisas diferentes ao mesmo tempo (só fazemos coisas iguais em tempos diferentes), como tampouco sabemos fazer várias coisas de forma diferente: fazemos tudo igual.
O homem é um ser repetitivo e invariável.
Ufa, isso me deixa mais tranquilo.
Eu pensava que fosse um retardado ou coisa assim, já que não consigo acompanhar o desempenho de todas as mulheres que conheço.
Ainda bem que a ministra me esclareceu que isso é de nascença...
Paulo Roberto de Almeida
Os homens não têm o direito de se assustar com mulher (risos). Eles sabem muito bem, até porque todos eles respeitam suas respectivas mães, que mulher tem essa sensibilidade, quando precisa ser dura é dura, quando precisa ser carinhosa é carinhosa. Diferentemente de boa parte dos homens, conseguimos não só fazer várias coisas diferentes ao mesmo tempo, como também fazemos de forma diferente várias coisas.
Ideli Salvatti, ministra das relações institucionais (deveria ser ministro das relações entre gêneros)
A cigarra e o gafanhoto: a versao classica e a brasileira...
Um leitor de posts antigos, recuperou esta história, que ainda tem o seu sabor, a despeito de ser de cinco anos atrás.
Acho que nada mudou, o que vocês acham?
Segue a história e os comentários...
10 MARÇO 2006
254) Fábulas fabulosas: a versão clássica e a brasileira...
Uma variação da célebre fábula da cigarra e da formiga, adaptada para o nosso ambiente, trocando cigarra por gafonhoto e contrastando a versão clássica com uma outra, mais adaptada às circunstâncias atuais do Brasil...
A FORMIGA E O GAFANHOTO
A Versão Clássica:
Era uma vez, uma formiga que trabalhava duro, de sol a sol. Construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava.
O gafanhoto viu aquilo e pensou: -Que idiota!
E passava o tempo todo dando gargalhadas, cantando e dançando. Assim passou todo verão... Ao chegar o inverno, enquanto a formiga estava aquecida e bem alimentada,o gafanhoto, que não tinha abrigo nem comida, morreu de fome.
MORAL DA ESTÓRIA:
Trabalhe duro! Seja previdente e responsável.
Versão Brasileira:
Era uma vez, uma formiga que trabalhava duro, no sol escaldante de verão, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava.
O gafanhoto pensou:
-Que idiota! E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca.
Ao chegar o inverno, o gafanhoto, tremendo de frio, armou uma barraca de lona na entrada da toca da formiga e convocou toda a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações!
- Por que é permitido à formiga, uma toca aquecida e boa alimentação, enquanto os gafanhotos estão expostos ao frio e morrendo de fome ?
Todos da imprensa compareceram à entrevista : (SBT, BAND, ZERO HORA,JORNAL DO BRASIL, ESTADÃO, REDE GLOBO, CBN e outros).
Tiraram muitas fotos do gafanhoto trêmulo de frio e com sinais de desnutrição!
As imagens dramáticas na televisão, mostraram um gafanhoto em deplorável condição, sentado num banquinho, debaixo de uma barraca plástico preto...
E, mais adiante, mostraram a formiga, em sua toca confortável, com uma mesa farta e variada!
O canalha do Datena apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando o gafanhoto cambaleante!
O povo brasileiro fica perplexo e chocado com o contraste!
A BBC de Londres, manda ao Brasil, uma equipe para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede para toda a Europa!
A CBS, nos EUA, interrompe uma entrevista coletiva sobre as ações no Iraque, antes da entrega do Oscar, para mostrar como anda a cidadania dos gafanhotos brasileiros...
A notícia recebe apoio imediato do PT, com a ressalva de que os recursos devem ser dirigidos ao programa Fome Zero do governo Lula...
E, cogita uma Emenda Constitucional, que se aumente os impostos para as formigas e ainda obriga as comunidades a promoverem a integração social dos gafanhotos.
A formiga, multada por supostamente não entregar sua quota de folhas verdes ao Ministério das Folhas e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que foram apurados retroativamente, pede falência!
A Câmara Federal instala uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas.
O Ministério das Folhas nomeia uma comissão de auditores fiscais, suspeitando que as formigas tenham desviado recursos do FF5( folhas frescas nº 5 do Banco Central ) e suspeitas de lavar folhas.
O gafanhoto decide invadir a toca da formiga e lá acampa!
A formiga, pede ajuda da polícia e esta informa que não dispõe de efetivo para atender ocorrências desta natureza, e, que também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confronto com os SEM TOCAS, não pode atuar.
A formiga entra na justiça para obter a reintegração da toca, mas,o pedido é negado! O juiz invocou um novo ramo do direito, "O ECONÔMICO“, e sentencia que a formiga não provou a produtividade da Toca!
O Ministério da Reforma Agrária desapropria a Toca da Formiga, por não cumprir sua função social e a entrega ao friorento e desnutrido gafanhoto...
O Ministério da Justiça examinando exemplares do Jornal Última Hora, descobriu que o gafanhoto foi preso no passado, por promover algumas greves, assaltos e seqüestros (crimes políticos)...
e conseguiu sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos com direito à indenização federal e pensão vitalícia!
Agora, começa novamente o verão, as formigas trabalham e os gafanhotos cantam e dançam...
MORAL?
Você decide!
POSTED BY PAULO R. DE ALMEIDA AT 3:57 PM
3 COMMENTS:
André Gomes said...
Hehe, essa é muito boa. De fato, nenhuma fábula clássica poderia se adequar ao Brasil...
SÁBADO, MARÇO 11, 2006 8:18:00 PM
JM said...
É fábula brasileira? Então as formigas e os gafanhotos viveram séculos de abismo sócio-econômico, não é?
DOMINGO, MARÇO 12, 2006 8:40:00 PM
Encontro Literário said...
Que besteira! No Brasil quem trabalha é que não tem nada, ou o minimo. o trabalho acaba com a essência do homem, que vive sua vida em função de enriquecer o patrão que te tempo para dançar e rir da cara dos outros.
Acorda!
E olha o mundo de frente, pq senso comum é veneno.
Acho que nada mudou, o que vocês acham?
Segue a história e os comentários...
10 MARÇO 2006
254) Fábulas fabulosas: a versão clássica e a brasileira...
Uma variação da célebre fábula da cigarra e da formiga, adaptada para o nosso ambiente, trocando cigarra por gafonhoto e contrastando a versão clássica com uma outra, mais adaptada às circunstâncias atuais do Brasil...
A FORMIGA E O GAFANHOTO
A Versão Clássica:
Era uma vez, uma formiga que trabalhava duro, de sol a sol. Construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava.
O gafanhoto viu aquilo e pensou: -Que idiota!
E passava o tempo todo dando gargalhadas, cantando e dançando. Assim passou todo verão... Ao chegar o inverno, enquanto a formiga estava aquecida e bem alimentada,o gafanhoto, que não tinha abrigo nem comida, morreu de fome.
MORAL DA ESTÓRIA:
Trabalhe duro! Seja previdente e responsável.
Versão Brasileira:
Era uma vez, uma formiga que trabalhava duro, no sol escaldante de verão, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava.
O gafanhoto pensou:
-Que idiota! E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca.
Ao chegar o inverno, o gafanhoto, tremendo de frio, armou uma barraca de lona na entrada da toca da formiga e convocou toda a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações!
- Por que é permitido à formiga, uma toca aquecida e boa alimentação, enquanto os gafanhotos estão expostos ao frio e morrendo de fome ?
Todos da imprensa compareceram à entrevista : (SBT, BAND, ZERO HORA,JORNAL DO BRASIL, ESTADÃO, REDE GLOBO, CBN e outros).
Tiraram muitas fotos do gafanhoto trêmulo de frio e com sinais de desnutrição!
As imagens dramáticas na televisão, mostraram um gafanhoto em deplorável condição, sentado num banquinho, debaixo de uma barraca plástico preto...
E, mais adiante, mostraram a formiga, em sua toca confortável, com uma mesa farta e variada!
O canalha do Datena apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando o gafanhoto cambaleante!
O povo brasileiro fica perplexo e chocado com o contraste!
A BBC de Londres, manda ao Brasil, uma equipe para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede para toda a Europa!
A CBS, nos EUA, interrompe uma entrevista coletiva sobre as ações no Iraque, antes da entrega do Oscar, para mostrar como anda a cidadania dos gafanhotos brasileiros...
A notícia recebe apoio imediato do PT, com a ressalva de que os recursos devem ser dirigidos ao programa Fome Zero do governo Lula...
E, cogita uma Emenda Constitucional, que se aumente os impostos para as formigas e ainda obriga as comunidades a promoverem a integração social dos gafanhotos.
A formiga, multada por supostamente não entregar sua quota de folhas verdes ao Ministério das Folhas e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que foram apurados retroativamente, pede falência!
A Câmara Federal instala uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas.
O Ministério das Folhas nomeia uma comissão de auditores fiscais, suspeitando que as formigas tenham desviado recursos do FF5( folhas frescas nº 5 do Banco Central ) e suspeitas de lavar folhas.
O gafanhoto decide invadir a toca da formiga e lá acampa!
A formiga, pede ajuda da polícia e esta informa que não dispõe de efetivo para atender ocorrências desta natureza, e, que também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confronto com os SEM TOCAS, não pode atuar.
A formiga entra na justiça para obter a reintegração da toca, mas,o pedido é negado! O juiz invocou um novo ramo do direito, "O ECONÔMICO“, e sentencia que a formiga não provou a produtividade da Toca!
O Ministério da Reforma Agrária desapropria a Toca da Formiga, por não cumprir sua função social e a entrega ao friorento e desnutrido gafanhoto...
O Ministério da Justiça examinando exemplares do Jornal Última Hora, descobriu que o gafanhoto foi preso no passado, por promover algumas greves, assaltos e seqüestros (crimes políticos)...
e conseguiu sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos com direito à indenização federal e pensão vitalícia!
Agora, começa novamente o verão, as formigas trabalham e os gafanhotos cantam e dançam...
MORAL?
Você decide!
POSTED BY PAULO R. DE ALMEIDA AT 3:57 PM
3 COMMENTS:
André Gomes said...
Hehe, essa é muito boa. De fato, nenhuma fábula clássica poderia se adequar ao Brasil...
SÁBADO, MARÇO 11, 2006 8:18:00 PM
JM said...
É fábula brasileira? Então as formigas e os gafanhotos viveram séculos de abismo sócio-econômico, não é?
DOMINGO, MARÇO 12, 2006 8:40:00 PM
Encontro Literário said...
Que besteira! No Brasil quem trabalha é que não tem nada, ou o minimo. o trabalho acaba com a essência do homem, que vive sua vida em função de enriquecer o patrão que te tempo para dançar e rir da cara dos outros.
Acorda!
E olha o mundo de frente, pq senso comum é veneno.
domingo, 12 de junho de 2011
Caso Battisti: desconformidade expressa em mensagem a Embaixada da Italia no Brasil
Ratifico, concordo e subscrevo (não poderia ser mais enfático, não é mesmo?) inteiramente, integralmente, totalmente (agora estou sendo redundante, mas acho que é preciso) as palavras deste manifestante solitário que se solidariza com a Itália num momento de inadimplência oficial do Brasil em relação ao tratado solenemente firmado no plano bilateral para extradição.
Mensagem à Embaixada Italiana
Posted Blog do Klauber, 12 Jun 2011 07:42 AM PDT
Exmo Sr. Embaixador
Como cidadão brasileiro, venho ao Sr manifestar minha total inconformidade e minhas extremas vergonha e tristeza com o que as autoridades brasileira têm protagonizado com relação ao caso Cesare Battisti, consciente de que a cumplicidade ideológica tem se sobrepujado ao império das leis, da justiça, do direito, da dor dos familiares das vítimas deste assassino cruel e da indignação legítima do povo italiano e até mesmo dos brasileiros de bem.
Seria uma benevolente concessão desta instituição que se dignasse a transmitir à nação italiana as vozes de repúdio que afloram deste solo, tal como esta que envio.
Respeitosamente,
Klauber Cristofen Pires
Mande a sua para o e-Email: ambasciata.brasilia@esteri.it
Mensagem à Embaixada Italiana
Posted Blog do Klauber, 12 Jun 2011 07:42 AM PDT
Exmo Sr. Embaixador
Como cidadão brasileiro, venho ao Sr manifestar minha total inconformidade e minhas extremas vergonha e tristeza com o que as autoridades brasileira têm protagonizado com relação ao caso Cesare Battisti, consciente de que a cumplicidade ideológica tem se sobrepujado ao império das leis, da justiça, do direito, da dor dos familiares das vítimas deste assassino cruel e da indignação legítima do povo italiano e até mesmo dos brasileiros de bem.
Seria uma benevolente concessão desta instituição que se dignasse a transmitir à nação italiana as vozes de repúdio que afloram deste solo, tal como esta que envio.
Respeitosamente,
Klauber Cristofen Pires
Mande a sua para o e-Email: ambasciata.brasilia@esteri.it
sábado, 11 de junho de 2011
Governo (des)controla ingresso de capital estrangeiro...
E vai continuar tentando...
Incrível esse governo: ele precisa de dinheiro, já que gasta mais do que arrecada.
Para isso paga juros mais elevados do que os existentes no mercado, em qualquer mercado, em qualquer lugar do mundo.
Depois ele reclama que está entrando dinheiro demais.
Para reduzir um pouco o ingresso desse dinheiro "estrangeiro" -- mas muito pode ser dinheiro brasileiro depositado no exterior, também -- ele introduziu (esse é o termo) um imposto de 6% de IOF sobre os capitais de curto prazo, mas isentou o IED (investimento estrangeiro direto), pois se trata de um capital a rigor bem vindo, já que dirigido aos setores produtivos.
Agora o governo descobre que parte desse IED pode não ser IED e sim "capital especulativo".
Não seria mais fácil o governo reduzir os juros?
Os empresários parariam de reclamar, e os investidores externos viriam em menor número, só IED mesmo, pois os capitais "especulativos" procurariam paragens mais benéficas.
Por que o governo não reduz os juros?
Ah, vão dizer que com juros mais baixos, ele não conseguiria se financiar no mercado e aí ficaria sem dinheiro para pagar suas obrigações.
Ué, uai, por que o governo não reduz os seus gastos?
Não seria tudo mais simples se o governo fizesse como cada um de nós? Quando estamos sem dinheiro, deixamos de ir a restaurantes, trocar de carro, comprar roupas, sapatos, bolsas, etc...
Por que o governo não faz o mesmo?
Essa é a pergunta de UM MILHÃO DE DÓLARES...
A resposta não vale um centavo de dólar...
Paulo Roberto de Almeida
Governo faz pente-fino sobre aplicação externa
O Estado de S. Paulo, 11 de junho de 2011
SÃO PAULO - O governo resolveu olhar com lupa o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) diante das suspeitas de que investidores poderiam estar usando essa porta de entrada para fazer outras aplicações e fugir do pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A preocupação já existia desde o início do ano, quando a alíquota do tributo foi elevada. Mas a equipe econômica resolveu desenvolver mecanismos mais fortes de rastreamento, para saber para onde, efetivamente, o dinheiro está indo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está empenhado em acompanhar esses movimentos de perto para fechar as brechas para ingresso de capitais de curto prazo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Para isso, ele escalou alguns técnicos para olharem com muita atenção os dados do IED.
A Receita Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) devem participar do esforço. A avaliação interna é que as portas de entrada de capital especulativo estão diminuindo, mas o mercado acaba criando mecanismos para burlar a tributação. "O jogo é esse. Vamos continuar fechando as brechas. Ninguém está dormindo", disse uma fonte do governo.
Embora o Banco Central (BC) negue publicamente que tenha identificado que a conta de IED esteja sendo usada para fazer investimento em renda fixa e variável, a área técnica do banco também está reforçando os controles e o monitoramento.
Incrível esse governo: ele precisa de dinheiro, já que gasta mais do que arrecada.
Para isso paga juros mais elevados do que os existentes no mercado, em qualquer mercado, em qualquer lugar do mundo.
Depois ele reclama que está entrando dinheiro demais.
Para reduzir um pouco o ingresso desse dinheiro "estrangeiro" -- mas muito pode ser dinheiro brasileiro depositado no exterior, também -- ele introduziu (esse é o termo) um imposto de 6% de IOF sobre os capitais de curto prazo, mas isentou o IED (investimento estrangeiro direto), pois se trata de um capital a rigor bem vindo, já que dirigido aos setores produtivos.
Agora o governo descobre que parte desse IED pode não ser IED e sim "capital especulativo".
Não seria mais fácil o governo reduzir os juros?
Os empresários parariam de reclamar, e os investidores externos viriam em menor número, só IED mesmo, pois os capitais "especulativos" procurariam paragens mais benéficas.
Por que o governo não reduz os juros?
Ah, vão dizer que com juros mais baixos, ele não conseguiria se financiar no mercado e aí ficaria sem dinheiro para pagar suas obrigações.
Ué, uai, por que o governo não reduz os seus gastos?
Não seria tudo mais simples se o governo fizesse como cada um de nós? Quando estamos sem dinheiro, deixamos de ir a restaurantes, trocar de carro, comprar roupas, sapatos, bolsas, etc...
Por que o governo não faz o mesmo?
Essa é a pergunta de UM MILHÃO DE DÓLARES...
A resposta não vale um centavo de dólar...
Paulo Roberto de Almeida
Governo faz pente-fino sobre aplicação externa
O Estado de S. Paulo, 11 de junho de 2011
SÃO PAULO - O governo resolveu olhar com lupa o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) diante das suspeitas de que investidores poderiam estar usando essa porta de entrada para fazer outras aplicações e fugir do pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A preocupação já existia desde o início do ano, quando a alíquota do tributo foi elevada. Mas a equipe econômica resolveu desenvolver mecanismos mais fortes de rastreamento, para saber para onde, efetivamente, o dinheiro está indo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está empenhado em acompanhar esses movimentos de perto para fechar as brechas para ingresso de capitais de curto prazo, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Para isso, ele escalou alguns técnicos para olharem com muita atenção os dados do IED.
A Receita Federal e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) devem participar do esforço. A avaliação interna é que as portas de entrada de capital especulativo estão diminuindo, mas o mercado acaba criando mecanismos para burlar a tributação. "O jogo é esse. Vamos continuar fechando as brechas. Ninguém está dormindo", disse uma fonte do governo.
Embora o Banco Central (BC) negue publicamente que tenha identificado que a conta de IED esteja sendo usada para fazer investimento em renda fixa e variável, a área técnica do banco também está reforçando os controles e o monitoramento.
Deterioracao das contas publicas (confirmado agora...)
Desde muito tempo eu venho alertando para a crescente deterioração das contas públicas, sem que eu manipule nenhuma estatística oficial ou dados comparativos com base em séries históricas continuadas. Se tratava de uma mera impressão, fundamentada apenas no que leio na imprensa todos os dias, nas orientações que constato em termos de investimentos e de gastos correntes com o próprio Estado. Ou seja, algo inteiramente subjetivo, mas ainda assim embasado em certa percepção da realidade, com base numa observação prima facie.
Por certo tempo acreditei que o governo Lula estava deixando uma bomba-relógio fiscal para o seu sucessor, qualquer que fosse ele (no caso ela, agora). Essa era outra impressão, baseada numa leitura provavelmente equivocada dos processos e mecanismos econômicos.
Bem, minha percepção está provada agora, como se pode constatar pela leitura da matéria abaixo, mas não existe essa bomba-relógio fiscal, ou seja, algo que vai explodir de repente.
O que existe são areias movediças, ou uma zona pantanosa, na qual nós vamos afundando a cada dia. Um dia, teremos a água pelo queixo e aí já será tarde para reclamar.
Eu continuarei na minha função de Cassandra, alertando para a caminhada em direção ao abismo...
Paulo Roberto de Almeida
Investimentos do governo federal têm queda real de 4,1%
Fernando Dantas
O Estado de S.Paulo, 11 de junho de 2011
Ao mesmo tempo, as despesas de pessoal subiram mais nos cinco primeiros meses de 2011 do que em 2010
SÃO PAULO - O ajuste fiscal nos primeiros cinco meses do ano, que de fato foi expressivo, baseou-se numa desaceleração drástica dos investimentos, que tiveram queda real de cerca de 4% de janeiro a maio, comparado a igual período de 2010. Ao mesmo tempo, as despesas de pessoal subiram mais nos cinco primeiros meses de 2011 do que em 2010, comparando-se a igual período do ano anterior. Na Previdência, o gasto real estimado cresceu 3,9% (menos da metade da expansão ocorrida de janeiro a maio de 2010), mas sem aumento real das aposentadorias.
Para o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que calculou esses números, "esse padrão de ajuste é claramente insustentável, porque os investimentos terão de voltar a crescer, e o salário mínimo será reajustado em 14% em 2012, puxando os gastos da Previdência".
De janeiro a maio de 2011, a despesa do governo federal (inclui os três Poderes e o Ministério Público, mas exclui estatais)atingiu R$ 284,5 bilhões, com um avanço em termos reais (descontada a inflação) de 3,4% ante igual período de 2010. "Houve de fato uma freada forte, e a despesa total está crescendo abaixo do PIB", diz Almeida. Em 2010, no mesmo período, a despesa real cresceu 13% ante 2009.
A reviravolta mais dramática em 2011 foi nos investimentos do governo federal, que a presidente Dilma Rousseff sempre disse que iria preservar. Eles atingiram R$ 17,2 bilhões de janeiro a maio, com queda real de 4,1% (R$ 733 milhões) ante igual período de 2010. De janeiro a maio de 2010, o investimento havia dado um salto real de 72%, ante igual período de 2009.
"Essa contenção dos investimentos não tem como continuar por muito tempo, com Copa, Olimpíada, carência de infraestrutura e necessidade de elevar a taxa de investimento para 23% do PIB, para se ter um crescimento sustentável perto de 5% ao ano", avalia Almeida.
Por outro lado, ele reconhece que houve avanços notáveis no custeio, que atingiu R$ 80,8 bilhões de janeiro a maio, com crescimento real de apenas 2,5% ante 2010, comparado com 20% em igual período do ano anterior (comparado a 2009).
No mesmo critério, foi expressiva a redução do ritmo de expansão das despesas da Previdência, estimado por Almeida em 3,9% de janeiro a maio - menos da metade dos 8,8% dos cinco primeiros meses de 2010 (sempre em relação a igual período do ano anterior). O custeio foi de R$ 80,8 bilhões de janeiro a maio, e a estimativa do gasto de Previdência foi de R$ 109,7 bilhões.
Para calcular esses números, Almeida usou dados oficiais do Tesouro até abril, e extraiu os dados já fechados de maio do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) para investimentos, custeio e pessoal. No caso da Previdência, cuja extração do Siafi é mais complicada, ele optou por uma estimativa que considera conservadora, extrapolando para maio a média de janeiro a março. Ele excluiu abril, por ser um mês em que houve pagamentos de sentenças judiciais pela Previdência de mais de R$ 3 bilhões.
Por certo tempo acreditei que o governo Lula estava deixando uma bomba-relógio fiscal para o seu sucessor, qualquer que fosse ele (no caso ela, agora). Essa era outra impressão, baseada numa leitura provavelmente equivocada dos processos e mecanismos econômicos.
Bem, minha percepção está provada agora, como se pode constatar pela leitura da matéria abaixo, mas não existe essa bomba-relógio fiscal, ou seja, algo que vai explodir de repente.
O que existe são areias movediças, ou uma zona pantanosa, na qual nós vamos afundando a cada dia. Um dia, teremos a água pelo queixo e aí já será tarde para reclamar.
Eu continuarei na minha função de Cassandra, alertando para a caminhada em direção ao abismo...
Paulo Roberto de Almeida
Investimentos do governo federal têm queda real de 4,1%
Fernando Dantas
O Estado de S.Paulo, 11 de junho de 2011
Ao mesmo tempo, as despesas de pessoal subiram mais nos cinco primeiros meses de 2011 do que em 2010
SÃO PAULO - O ajuste fiscal nos primeiros cinco meses do ano, que de fato foi expressivo, baseou-se numa desaceleração drástica dos investimentos, que tiveram queda real de cerca de 4% de janeiro a maio, comparado a igual período de 2010. Ao mesmo tempo, as despesas de pessoal subiram mais nos cinco primeiros meses de 2011 do que em 2010, comparando-se a igual período do ano anterior. Na Previdência, o gasto real estimado cresceu 3,9% (menos da metade da expansão ocorrida de janeiro a maio de 2010), mas sem aumento real das aposentadorias.
Para o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que calculou esses números, "esse padrão de ajuste é claramente insustentável, porque os investimentos terão de voltar a crescer, e o salário mínimo será reajustado em 14% em 2012, puxando os gastos da Previdência".
De janeiro a maio de 2011, a despesa do governo federal (inclui os três Poderes e o Ministério Público, mas exclui estatais)atingiu R$ 284,5 bilhões, com um avanço em termos reais (descontada a inflação) de 3,4% ante igual período de 2010. "Houve de fato uma freada forte, e a despesa total está crescendo abaixo do PIB", diz Almeida. Em 2010, no mesmo período, a despesa real cresceu 13% ante 2009.
A reviravolta mais dramática em 2011 foi nos investimentos do governo federal, que a presidente Dilma Rousseff sempre disse que iria preservar. Eles atingiram R$ 17,2 bilhões de janeiro a maio, com queda real de 4,1% (R$ 733 milhões) ante igual período de 2010. De janeiro a maio de 2010, o investimento havia dado um salto real de 72%, ante igual período de 2009.
"Essa contenção dos investimentos não tem como continuar por muito tempo, com Copa, Olimpíada, carência de infraestrutura e necessidade de elevar a taxa de investimento para 23% do PIB, para se ter um crescimento sustentável perto de 5% ao ano", avalia Almeida.
Por outro lado, ele reconhece que houve avanços notáveis no custeio, que atingiu R$ 80,8 bilhões de janeiro a maio, com crescimento real de apenas 2,5% ante 2010, comparado com 20% em igual período do ano anterior (comparado a 2009).
No mesmo critério, foi expressiva a redução do ritmo de expansão das despesas da Previdência, estimado por Almeida em 3,9% de janeiro a maio - menos da metade dos 8,8% dos cinco primeiros meses de 2010 (sempre em relação a igual período do ano anterior). O custeio foi de R$ 80,8 bilhões de janeiro a maio, e a estimativa do gasto de Previdência foi de R$ 109,7 bilhões.
Para calcular esses números, Almeida usou dados oficiais do Tesouro até abril, e extraiu os dados já fechados de maio do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) para investimentos, custeio e pessoal. No caso da Previdência, cuja extração do Siafi é mais complicada, ele optou por uma estimativa que considera conservadora, extrapolando para maio a média de janeiro a março. Ele excluiu abril, por ser um mês em que houve pagamentos de sentenças judiciais pela Previdência de mais de R$ 3 bilhões.
Da imoralidade fundamental na coisa publica
Do que se deduz da matéria abaixo, metade opinião, metade informação (mas esta é fundamental), o ministro extraordinário para assuntos ordinários só caiu porque a opinião pública, consultada discretamente pelo Palácio do Planalto, considerou que o tal ministro tinha extrapolado suas funções, para assumir, digamos assim, atividades extra-curriculares pelo menos obscuras e altamente lucrativas.
Se não fosse isso, a depender da presidente, do ex-presidente, do Procurador (!?) Geral (?!!!) da República (!), de todos os demais ministros, da classe política em geral e de metade do PT (apenas por razões de lutas clânicas, claro), ele continuaria exercendo seus talentos nas horas oficiais, nas horas vagas e nas horas extras, em triplo expediente de tarefas pouco republicanas.
O que mais me chocou na sua queda, e no momento da transmissão do cargo, foi vê-lo aplaudido como se fosse um herói da causa pública, e não um bandido que merecesse ser processado, como se ele tivesse sido expelido da cadeira palaciana por algum desentendimento qualquer, por intriga política, por injustiça da justiça (se houvesse), e não pelas trapaças que fez.
Inacreditável política brasileira, onde a imoralidade é a norma, onde a falta de ética é a ética fundamental desse pessoal. Roubar é preciso, pois faz parte dos comportamentos. Eis a nossa República.
Paulo Roberto de Almeida
CASA CIVIL
A linha muda numa tarde de domingo
Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 11/06/2011
Como uma pesquisa qualitativa derrubou o ministro, as surpresas de Temer e Lula, e o adeus ao 'Paloccinho'.
A visita de Hugo Chávez, presidente da Venezuela e financiador das FARC, ao Palácio do Planalto, há uma semana, não poderia ser pior momento para o então chefe da Casa Civil, e um acinte para o país inteiro ao ouvir o recado incentivador dele para um sorridente Antonio Palocci: “Fuerza! Fuerza!”. É o que diria Chávez a um brasileiro assalariado que não ganha R$ 6 milhões em poucas semanas para comprar um senhor apartamento?
Palocci é uma infeliz vítima dele mesmo, de sua ambição demasiada e da inescrupulosa vontade de esquecer que, apesar de o Brasil ser o que é, há avanços – principalmente contra a impunidade. E a população, junto à imprensa, está atenta. Não foi a oposição quem derrubou Palocci – Senadores e deputados adversários a cada dia mais se vendem às benesses de um bom relacionamento com o PT. Não foi a Justiça quem o defenestrou do cargo – o procurador-geral da República se fingiu de cego e não achou nada. Se a situação dependesse da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, dos opositores camaradas (nem todos, mas a maioria calou-se) e da Justiça, Palocci estaria agora no cargo rindo de tudo isso. Foi o povo quem o derrubou. O povo aliado à imprensa.
Não é uma tese, é um fato. Aqui uma revelação que confirma isso. Palocci soube que cairia no domingo (5) à tarde, quando recebeu o telefonema da chefe, direto do Palácio da Alvorada, com voz embargada porém decidida, “não dá mais”. A linha ficou muda por instantes. À sua frente, Dilma tinha o tracking (resultados de pesquisas qualitativas feitas com grupo de cidadãos selecionados) feito pela empresa que assessora o Palácio. Um baita resultado negativo. Os que assistiram à entrevista que se dizia “salvadora” e elucidativa do ministro na TV Globo não acreditaram em nada, ficou tudo pior para eles. Foi com base nessa pesquisa que Dilma decidiu tirar o subordinado.
Até terça-feira à noite, quando Palocci anunciava oficialmente sua saída através de uma nota oficial, muito aconteceu. O vice-presidente Michel Temer saiu bufando do gabinete da presidente ao saber por ela da troca de Palocci por Gleisi Hoffmann. Não fora consultado para nada. Do outro lado da linha numa ligação, Lula soltava seu desabafo incomodado, não gostara da indicação de Gleisi (por ele, Palocci ficava até o fim). Esses dois eventos deixaram claro o que muitos tinham em dúvida: Dilma manda ou não no seu governo. Agora, sim, manda, imprimi sua marca.
Dilma tomou uma decisão dura, para ela mesma. Palocci continuará rico, com um bom saldo na conta por suas consultorias, e em algum lugar do país. A Dilma, fica um grande vazio no Palácio do Planalto. Palocci era a sua base diária de percepção de poder e de política. Ela não fazia uma reunião sem a presença dele.
No dia da despedida oficial de Palocci, após palmas, Dilma soltou para um aliado: “Ai meu Deus, perdi meu Paloccinho”.
Mas o país ganhou. Pela moralidade. Por ora. Falta muito o que alcançar nesse quesito.
Se não fosse isso, a depender da presidente, do ex-presidente, do Procurador (!?) Geral (?!!!) da República (!), de todos os demais ministros, da classe política em geral e de metade do PT (apenas por razões de lutas clânicas, claro), ele continuaria exercendo seus talentos nas horas oficiais, nas horas vagas e nas horas extras, em triplo expediente de tarefas pouco republicanas.
O que mais me chocou na sua queda, e no momento da transmissão do cargo, foi vê-lo aplaudido como se fosse um herói da causa pública, e não um bandido que merecesse ser processado, como se ele tivesse sido expelido da cadeira palaciana por algum desentendimento qualquer, por intriga política, por injustiça da justiça (se houvesse), e não pelas trapaças que fez.
Inacreditável política brasileira, onde a imoralidade é a norma, onde a falta de ética é a ética fundamental desse pessoal. Roubar é preciso, pois faz parte dos comportamentos. Eis a nossa República.
Paulo Roberto de Almeida
CASA CIVIL
A linha muda numa tarde de domingo
Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 11/06/2011
Como uma pesquisa qualitativa derrubou o ministro, as surpresas de Temer e Lula, e o adeus ao 'Paloccinho'.
A visita de Hugo Chávez, presidente da Venezuela e financiador das FARC, ao Palácio do Planalto, há uma semana, não poderia ser pior momento para o então chefe da Casa Civil, e um acinte para o país inteiro ao ouvir o recado incentivador dele para um sorridente Antonio Palocci: “Fuerza! Fuerza!”. É o que diria Chávez a um brasileiro assalariado que não ganha R$ 6 milhões em poucas semanas para comprar um senhor apartamento?
Palocci é uma infeliz vítima dele mesmo, de sua ambição demasiada e da inescrupulosa vontade de esquecer que, apesar de o Brasil ser o que é, há avanços – principalmente contra a impunidade. E a população, junto à imprensa, está atenta. Não foi a oposição quem derrubou Palocci – Senadores e deputados adversários a cada dia mais se vendem às benesses de um bom relacionamento com o PT. Não foi a Justiça quem o defenestrou do cargo – o procurador-geral da República se fingiu de cego e não achou nada. Se a situação dependesse da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, dos opositores camaradas (nem todos, mas a maioria calou-se) e da Justiça, Palocci estaria agora no cargo rindo de tudo isso. Foi o povo quem o derrubou. O povo aliado à imprensa.
Não é uma tese, é um fato. Aqui uma revelação que confirma isso. Palocci soube que cairia no domingo (5) à tarde, quando recebeu o telefonema da chefe, direto do Palácio da Alvorada, com voz embargada porém decidida, “não dá mais”. A linha ficou muda por instantes. À sua frente, Dilma tinha o tracking (resultados de pesquisas qualitativas feitas com grupo de cidadãos selecionados) feito pela empresa que assessora o Palácio. Um baita resultado negativo. Os que assistiram à entrevista que se dizia “salvadora” e elucidativa do ministro na TV Globo não acreditaram em nada, ficou tudo pior para eles. Foi com base nessa pesquisa que Dilma decidiu tirar o subordinado.
Até terça-feira à noite, quando Palocci anunciava oficialmente sua saída através de uma nota oficial, muito aconteceu. O vice-presidente Michel Temer saiu bufando do gabinete da presidente ao saber por ela da troca de Palocci por Gleisi Hoffmann. Não fora consultado para nada. Do outro lado da linha numa ligação, Lula soltava seu desabafo incomodado, não gostara da indicação de Gleisi (por ele, Palocci ficava até o fim). Esses dois eventos deixaram claro o que muitos tinham em dúvida: Dilma manda ou não no seu governo. Agora, sim, manda, imprimi sua marca.
Dilma tomou uma decisão dura, para ela mesma. Palocci continuará rico, com um bom saldo na conta por suas consultorias, e em algum lugar do país. A Dilma, fica um grande vazio no Palácio do Planalto. Palocci era a sua base diária de percepção de poder e de política. Ela não fazia uma reunião sem a presença dele.
No dia da despedida oficial de Palocci, após palmas, Dilma soltou para um aliado: “Ai meu Deus, perdi meu Paloccinho”.
Mas o país ganhou. Pela moralidade. Por ora. Falta muito o que alcançar nesse quesito.
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