Certo, vamos acreditar: o Banco Central tem plena autonomia operacional para perseguir a meta central da inflação, estacionada em 4,5% desde pelo menos 5 anos, o que é uma incongruência, pois governos que se respeitam devem sempre perseguir inflação mais baixa. É, aliás, uma violência contra os brasileiros, que dispõem de um governo que não persegue níveis mundiais de inflação, e sim prefere retirar-lhes parte de seu poder de compra.
Quando (uma única vez, em 2007), o BC "entregou" uma inflação no centro da meta e o seu presidente pretendia trazere ssa meta para 4% ou talvez até menos, os outros dois ministros foram contra, não se sabe bem porque (talvez eles gostem de retirar poder de compra aos mais pobres, e fazê-los sofrer um pouquinho).
Agora o governo acaba de ratificar esse mesma meta, com tolerância superior (2%) para 2013, o que confirmar que ele pretende continuar a roubar os brasileiros.
Se o BC de fato possui autonomia operacional, parece que não dispõe de nenhum "poder opinativo" sobre a política fiscal (que continua na gastança irresponsável), nem sobre a política de endividamento (que continua a maquiar os dados dessas transações obscuras entre Tesouro, BNDES e outras agências pouco santas...
Acho que estamos condenados a aguentar um governo que zomba da nossa cara, ao dizer que pretende continuar roubando 5% a cada ano de nosso poder de compra...
Paulo Roberto de Almeida
Tombini e o status do BC
Editorial - O Estado de S.Paulo
21 de junho de 2011
Afinal, a presidente Dilma Rousseff interfere ou não na política monetária? É preciso esclarecer esse ponto, para saber se o Banco Central (BC) continua desfrutando da autonomia de fato garantida nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante dessa questão, o presidente do BC, Alexandre Tombini, deu uma resposta ambígua. "A presidente dá o comando", disse ele, e esse comando, acrescentou, tem sido para o governo levar a inflação ao centro da meta. Ele enfrentou a pergunta numa longa entrevista ao Estado publicada no domingo. Adiante, na mesma entrevista, ele mencionou mais de uma vez a autonomia exercida pela instituição. As decisões sobre juros, afirmou, são tomadas livremente pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Mas a dúvida permanece, apesar de suas palavras. O BC é mesmo autônomo, em termos práticos, ou apenas combate a inflação, como tem combatido, porque essa é a orientação do Palácio do Planalto?
Ao ressaltar a harmonia com o Ministério da Fazenda - tão ampla quanto na administração anterior, segundo ele -, o presidente Tombini pode ter sido apenas diplomático. Com a mesma diplomacia ele poderia ter-se eximido de comentar a execução da política fiscal. Mas foi além e mencionou uma "estratégia de governo, de moderação do crédito e de ajuste fiscal e monetário". No entanto, o superávit primário obtido nas contas do governo, até agora, resultou menos do corte de gastos que do aumento da arrecadação. O próprio BC apontou na última Ata do Copom, como lembrou o entrevistado, incertezas quanto à desaceleração da economia. Apesar disso, ele classificou a transferência de mais R$ 30 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social como compatível com a moderação do crédito. O repasse previsto, acrescentou, era de R$ 55 bilhões. Mas isso torna justificável o repasse autorizado, especialmente quando se considera a dívida bruta do Tesouro?
Resta torcer para que toda essa demonstração de boa vontade seja um grande exercício de diplomacia. Na maior parte da entrevista, o presidente do BC apresentou respostas mais previsíveis, reafirmando a prioridade atribuída à contenção da alta de preços. Os instrumentos de política, assegurou, são ajustados para levar a inflação ao centro da meta, 4.5%. A intenção, bem conhecida e por ele reafirmada, é atingir aquele ponto até o fim de 2012.
Quanto a isso, nenhuma novidade. Em outras ocasiões, o BC adotou estratégia semelhante. No primeiro trimestre de 2011, a inflação chegou a 2,44%. Para cumprir a meta anual seria preciso conter em 2% a inflação dos nove meses seguintes. Não seria razoável o custo dessa política.
É possível atingir a meta no prazo previsto - até o fim de 2012 - e manter a economia em crescimento, embora bem menor que em 2010. Mas o BC deve cuidar prioritariamente dos preços e da estabilidade financeira. Crescimento econômico entra nas considerações depois de garantida a meta de inflação. É importante esse esclarecimento.
O mandato do BC americano combina dois objetivos, a estabilidade monetária e a defesa do nível de emprego. Há quem defenda mandato semelhante para o BC brasileiro, mas a mudança agora seria prematura. Nos Estados Unidos, a meta de inflação tem ficado em torno de 2%. Alcançar esse ponto tem sido a prioridade da política monetária. No Brasil, a meta central de 4,5%, muito alta pelos padrões internacionais, mantém-se há anos. A margem de variação, com o limite superior fixado em 6,5%, é um claro indício de tolerância à inflação.
Perguntou-se, na entrevista, se já há condições, no Brasil, para se perseguir um objetivo mais ambicioso. O assunto será discutido em duas semanas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O presidente Tombini preferiu não responder. Qualquer declaração, afirmou, prejudicaria a decisão. O CMN é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC. Isso explica a manutenção, por vários anos, da meta de 4,5%. O BC só tem sido autônomo para perseguir a meta, não para fixá-la. E até essa autonomia tem sido posta em dúvida. Isso é mau, quando a autoridade monetária pretende influenciar as expectativas.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 21 de junho de 2011
A Revolucao Russa: vinte anos depois (2) - Paulo Roberto de Almeida
Transcrevo abaixo artigo que escrevi em 1986, e que permaneceu inédito até hoje, por falta de veículo onde o publicar.
Não altero uma linha, uma palavra sequer...
Paulo Roberto de Almeida
A Próxima Revolução Russa
Paulo Roberto de Almeida
Movement for Socialist Renewal: Manifesto for a new USSR
The Guardian, August 3, 1986, pp. 9-11
A recente divulgação, no exterior, do manifesto do “Movimento de Renovação Socialista”, supostamente de “oposição clandestina” ao Partido Comunista da União Soviética, incita a uma série de questões sobre a natureza do texto e a veracidade de seu terrível diagnóstico sobre a situação efetiva da segunda maior potência do planeta. Mais do que tudo, porém, o documento levanta o problema, não de sua autenticidade, mas de sua verdadeira autoria. A informação do jornalista Martin Walker, correspondente em Moscou do The Guardian de Londres, que primeiro o publicou em sua edição de 3 de agosto de 1986, segundo a qual o texto foi elaborado com a participação de altos funcionários do próprio PCUS, foi considerada como correta por alguns especialistas em assuntos soviéticos.
Minha tese é a de que não apenas isso é verdadeiro, como também de que o próprio documento é “oficial”, isto é, que ele foi elaborado pela mais alta cúpula do Partido, senão pelo próprio Gorbatchev, pelo menos sob sua direta inspiração e orientação. Não há, por certo, evidências diretas e comprobatórias dessa “chancela oficial”, mas alguns indícios claros permitem sustentar, ainda que indiretamente, esta afirmação. Muitos deles são substantivos, ou seja derivam do teor mesmo desse “manifesto”, outros são de natureza formal e se prendem a maneira pela qual o documento foi dado a público. A primeira e importante questão foi formulada pelo próprio porta-voz do Ministério das Relações Exteriores soviético, Guenady Guerassimov: “Por que ele foi aparecer agora?”.
A resposta mais simples e direta é esta: para assentar o seu poder e transformar a imensa estrutura carcomida em que se converteu a União Soviética, Gorbatchev precisa enfrentar um potente inimigo: a própria máquina do Partido Comunista. Essa nova revolução terá de ser conduzida nos “corações e mentes” dos russos, antes que se possa tomar de assalto a fortaleza medieval do Estado soviético.
Essa luta é antiga e está ligada a própria história da modernização do País: Pedro, o Grande, e o próprio Lênin enfrentaram, cada qual em seu tempo, o desafio do atraso social e da paralisia estatal. Lênin, aliás, é diretamente invocado pelos autores do manifesto atual, como quando, confrontado às tarefas práticas de dirigir o novo Estado, ele colocava as alternativas oferecidas a Rússia pós-revolucionária: “ou sucumbir ou imitar o exemplo dos países mais avançados e alcançá-los economicamente”.
Andropov pretendeu sacudir a letargia que tinha contaminado o Partido e o aparelho de Estado depois de quinze anos de “brejnevismo” triunfante (que poderia ser definido como a “etapa superior” do burocratismo soviético). A enfermidade e seu rápido passamento impediram-no de balançar o edifício. Gorbatchev parece possuir o que faltou a seu antigo mestre no KGB: tempo e saúde. O novo líder soviético sabe que a simples mudança nos quadros dirigentes não é suficiente para levar adiante a gigantesca tarefa da modernização econômica e social da União Soviética: o remanejamento nos serviços e nas chefias já parece, aliás, ter atingido seus limites operacionais. Trata-se agora de conduzir uma verdadeira revolução conceitual nos sacrossantos princípios organizativos do “comunismo” russo. É para esta verdadeira revolução que aponta a divulgação do manifesto do “Movimento de Renovação Socialista”.
Por que afirmo que esse manifesto é, na verdade, da mais alta cúpula dirigente soviética e não de um suposto grupo de “oposição interna”? Uma análise, ainda que sumária, de suas propostas permite constatar que nenhuma, absolutamente nenhuma, das mudanças nele sugeridas está em contradição com os objetivos abertos ou velados do atual grupo no poder.
A preocupação mais evidente dos “autores” do documento é com o atraso técnico-científico e econômico da sociedade soviética e o enfraquecimento estratégico-militar daí decorrente. Invocando ritualmente, em diversas passagens, o exemplo de Lênin e da NEP de orientação neo-capitalista, o texto sublinha a necessidade de observar-se o funcionamento das “leis econômicas” (não do socialismo, mas de mercado, entenda-se bem), abrindo espaços à autonomia das empresas, à iniciativa individual na agricultura e no comércio e aos princípios do lucro e dos investimentos privados.
Em seu programa econômico, a suposta “oposição socialista” trai candidamente o cordão umbilical que a liga à suprema direção do Estado: “Na esfera econômica, o programa do MRS prevê o dobro da produção industrial nos próximos dois ou três anos e a triplicação da produção agrícola; uma significativa redução na importação de grãos e outros produtos e a provisão de alimentos básicos para toda a população do país; o crescimento do comércio, dos serviços e bens de consumo nacionais para o público, no mesmo padrão dos países civilizados”. Trata-se seguramente da primeira “oposição” de que se ouviu falar na comunidade socialista que tem objetivos produtivistas a curto prazo.
Enfrentando corajosamente a grave crise de legitimidade política do socialismo autoritário, o manifesto é extremamente claro em suas propostas de liberdades civis e de direitos fundamentais: liberdade de imprensa, de expressão, supressão da perseguição política e religiosa e, sacrilégio supremo, possibilidade de criação de organizações políticas alternativas. A reivindicação “burguesa” do pluralismo político é, ainda aqui, considerada como “funcional” para a sobrevivência do sistema: “A competição entre essas organizações para apresentar o melhor programa de ação é do interesse de nossa classe dominante – os trabalhadores, os camponeses e os intelectuais – [e] seria um grande passo no desenvolvimento da democracia soviética, com todos os cidadãos desfrutando de um genuíno governo socialista-democrático”.
O que o programa propõe, portanto, é que o Estado realize, dois ou três séculos depois, a “missão histórica” das revoluções burguesas, instituindo a liberdade política e a democracia formal. O manifesto de “oposição” não poderia, assim, ser mais “situacionista”: mudar a forma da dominação para melhor preservar a continuidade do regime.
É contudo no setor da política externa que a “oposição interna” mais revela seu oficialismo e sua adesão aos princípios fundamentais do imperialismo e do hegemonismo, duas constantes da política internacional russa, czarista ou soviética. Depois de constatar o colapso da “fraternidade socialista” e a perda de autoridade da URSS no próprio campo socialista, o manifesto condena a carta do “terceiro-mundismo”, culpado de não ter obtido “nenhum dividendo político ou econômico” para o país. Mais ainda, o documento critica a diplomacia e a política externa pelas “interpretações errôneas” sobre as causas da tensão mundial, colocando-se totalmente na linha de recente artigo do ex-embaixador soviético nos EUA, Anatoly Dobrinin, publicado na revista Kommunist de junho último. O atual chefe do Departamento Internacional do PCUS tem a audácia de propor um “novo pensamento político”, reconhecendo que a tentativa pode dar lugar “a vivas discussões e a dolorosas divergências”.
O objetivo último dos autores do manifesto – e nisso eles se alinham com a postura atual da diplomacia soviética – parece ser o estabelecimento, via negociações, de um “neo-globalismo”, através do qual as tensões com o imperialismo rival seriam reduzidas e a liderança soviética restabelecida em seu próprio campo. Coerentemente, a “oposição interna” afirma que a adoção de seu programa “aumentará o poderio militar e econômico da URSS e consolidará o sistema socialista mundial”. Em resumo, trata-se do primeiro “samizdat” que padece do incurável mal (russo) do chauvinismo de grande potência.
Não é apenas através dos objetivos propostos que o manifesto da “oposição interna” trai seu oficialismo. Uma análise formal do discurso revela a marca indefectível da terminologia oficial (ou seja, o jargão ortodoxo), o apelo legitimador à autoridade de Lênin (invariavelmente citado no contexto “reformista” de 1921) e o uso adequado de informações estatísticas sobre a URSS e de referências de atualidade política e jornalística internacional (apenas compreensíveis para uma elite ilustrada de burocratas soviéticos).
Todo o manifesto, aliás, só pode ser lido numa perspectiva comparada: a do atraso em relação ao Ocidente. A suposta “oposição clandestina” preocupa-se, por exemplo, com a dívida externa da URSS, “colocando-a em terceiro lugar como nação devedora, atrás somente do Brasil e do México”. Mais ainda: ela adverte para o surgimento de uma oposição armada “podendo visar altos oficiais da KGB”. Não há mais dúvida: trata-se do primeiro manifesto de oposição de orientação abertamente “tecnocrática”, cujos objetivos são, declaradamente, os de reformar o sistema, aumentar-lhe a eficiência, preservar as conquistas da URSS como uma grande potência e, sisntomaticamente, assegurar a sobrevivência física dos próprios dignitários do regime.
Num sistema esclerosado, como é o soviético atualmente, as mudanças propostas pela “oposição clandestina” só podem mesmo ser conduzidas por via revolucionária, ainda que por meio de uma “revolução pelo alto”. As reformas e inovações têm de ser feitas contra a máquina do Partido e para isso é preciso, em primeiro lugar, quebrar-lhe o monopólio e a onipotência.
Se estivéssemos nos tempos de Stalin, a questão da mudança na base social do regime seria equacionada com a substituição física, em escala maciça, dos responsáveis partidários. Nas condições atuais, o remanejamento da máquina burocrática passa por um grande estremecimento nos fundamentos sociais do regime, uma sacudidela capaz de romper a letargia generalizada que tomou conta do corpo social.
O programa parece ser claro: modificar as bases conceituais do sistema, tomar de assalto o aparelho e alterar radicalmente suas regras de funcionamento. A tarefa não pode de forma alguma ser conduzida pelos propagandistas habituais do regime: jornalistas, ativistas partidários, lideranças políticas. Isto por uma razão muito simples: eles não têm mais nenhuma credibilidade, seja ao nível do público em geral, seja no seio da imensa burocracia que vive desfrutando da engrenagem. O caráter “subversivo” da mensagem é, nesse caso, a condição de sua credibilidade e eficácia ulterior.
A própria forma de sua divulgação assume no caso uma função operacional. A exportação “clandestina” do texto, por meio de um jornalista ocidental, nos faz lembrar o episódio do famoso “Relatório Kruschev", em 1956, que marcou o começo da desestalinização. As lideranças soviéticas têm uma longa experiência em se servir da imprensa ocidental para seus objetivos táticos. Veiculado pelas rádios ocidentais dirigidas a URSS, o programa será muito melhor aceito e difundido internamente. Desde há muito que a prática do “samizdat” se faz por meios eletrônicos, sobretudo a cassete individual. A recente tragédia de Chernobyl gerou uma forte comoção social, tendo a liderança mais esclarecida canalizado o protesto para os veículos oficiais de comunicação, imprensa e rádio sobretudo. O caminho está aberto para a conquista da liberdade de expressão pelo público.
Ignazio Silone, um dos primeiros renegados do socialismo e dissidente do Comintern, não estava de todo errado ao prever, nos anos trinta, a natureza do enfrentamento final sob o socialismo: entre comunistas de facções rivais. A próxima revolução russa será, em consequência, uma revolução do Estado contra o Estado, ou seja uma revolução pelo Estado e para o Estado.
Ainda estamos na fase de seleção dos competidores. A “oposição interna” do PCUS, isto é, o próprio Gorbatchev, já escolheu seu campo: o do “socialismo com liberdade”. A próxima etapa deverá assistir à luta entre esses grupos pelo controle da máquina do Estado. O programa do grupo ascendente parece ser claro: recompor as bases do poder soviético pela introdução dos princípios de mercado no sistema econômico. Marx, parafraseando Hegel, dizia que a história se repete, na segunda vez como farsa. Por ironia da história, assistiremos na URSS, setenta anos depois, à vitória da “revolução burguesa” sobre a “revolução proletária”.
[Brasília, 07.07.86]
[Inédito; Relação de Trabalhos n° 129]
129. “A Próxima Revolução Russa”, Brasília, 7 setembro 1986, 5 pp. Artigo sobre o manifesto do grupo dissidente soviético “Movimento de Renovação Socialista”, publicado originalmente por The Guardian Weekly (03.08.86) e, no Brasil, pela Folha de São Paulo (31.08.86). Inédito.
Não altero uma linha, uma palavra sequer...
Paulo Roberto de Almeida
A Próxima Revolução Russa
Paulo Roberto de Almeida
Movement for Socialist Renewal: Manifesto for a new USSR
The Guardian, August 3, 1986, pp. 9-11
A recente divulgação, no exterior, do manifesto do “Movimento de Renovação Socialista”, supostamente de “oposição clandestina” ao Partido Comunista da União Soviética, incita a uma série de questões sobre a natureza do texto e a veracidade de seu terrível diagnóstico sobre a situação efetiva da segunda maior potência do planeta. Mais do que tudo, porém, o documento levanta o problema, não de sua autenticidade, mas de sua verdadeira autoria. A informação do jornalista Martin Walker, correspondente em Moscou do The Guardian de Londres, que primeiro o publicou em sua edição de 3 de agosto de 1986, segundo a qual o texto foi elaborado com a participação de altos funcionários do próprio PCUS, foi considerada como correta por alguns especialistas em assuntos soviéticos.
Minha tese é a de que não apenas isso é verdadeiro, como também de que o próprio documento é “oficial”, isto é, que ele foi elaborado pela mais alta cúpula do Partido, senão pelo próprio Gorbatchev, pelo menos sob sua direta inspiração e orientação. Não há, por certo, evidências diretas e comprobatórias dessa “chancela oficial”, mas alguns indícios claros permitem sustentar, ainda que indiretamente, esta afirmação. Muitos deles são substantivos, ou seja derivam do teor mesmo desse “manifesto”, outros são de natureza formal e se prendem a maneira pela qual o documento foi dado a público. A primeira e importante questão foi formulada pelo próprio porta-voz do Ministério das Relações Exteriores soviético, Guenady Guerassimov: “Por que ele foi aparecer agora?”.
A resposta mais simples e direta é esta: para assentar o seu poder e transformar a imensa estrutura carcomida em que se converteu a União Soviética, Gorbatchev precisa enfrentar um potente inimigo: a própria máquina do Partido Comunista. Essa nova revolução terá de ser conduzida nos “corações e mentes” dos russos, antes que se possa tomar de assalto a fortaleza medieval do Estado soviético.
Essa luta é antiga e está ligada a própria história da modernização do País: Pedro, o Grande, e o próprio Lênin enfrentaram, cada qual em seu tempo, o desafio do atraso social e da paralisia estatal. Lênin, aliás, é diretamente invocado pelos autores do manifesto atual, como quando, confrontado às tarefas práticas de dirigir o novo Estado, ele colocava as alternativas oferecidas a Rússia pós-revolucionária: “ou sucumbir ou imitar o exemplo dos países mais avançados e alcançá-los economicamente”.
Andropov pretendeu sacudir a letargia que tinha contaminado o Partido e o aparelho de Estado depois de quinze anos de “brejnevismo” triunfante (que poderia ser definido como a “etapa superior” do burocratismo soviético). A enfermidade e seu rápido passamento impediram-no de balançar o edifício. Gorbatchev parece possuir o que faltou a seu antigo mestre no KGB: tempo e saúde. O novo líder soviético sabe que a simples mudança nos quadros dirigentes não é suficiente para levar adiante a gigantesca tarefa da modernização econômica e social da União Soviética: o remanejamento nos serviços e nas chefias já parece, aliás, ter atingido seus limites operacionais. Trata-se agora de conduzir uma verdadeira revolução conceitual nos sacrossantos princípios organizativos do “comunismo” russo. É para esta verdadeira revolução que aponta a divulgação do manifesto do “Movimento de Renovação Socialista”.
Por que afirmo que esse manifesto é, na verdade, da mais alta cúpula dirigente soviética e não de um suposto grupo de “oposição interna”? Uma análise, ainda que sumária, de suas propostas permite constatar que nenhuma, absolutamente nenhuma, das mudanças nele sugeridas está em contradição com os objetivos abertos ou velados do atual grupo no poder.
A preocupação mais evidente dos “autores” do documento é com o atraso técnico-científico e econômico da sociedade soviética e o enfraquecimento estratégico-militar daí decorrente. Invocando ritualmente, em diversas passagens, o exemplo de Lênin e da NEP de orientação neo-capitalista, o texto sublinha a necessidade de observar-se o funcionamento das “leis econômicas” (não do socialismo, mas de mercado, entenda-se bem), abrindo espaços à autonomia das empresas, à iniciativa individual na agricultura e no comércio e aos princípios do lucro e dos investimentos privados.
Em seu programa econômico, a suposta “oposição socialista” trai candidamente o cordão umbilical que a liga à suprema direção do Estado: “Na esfera econômica, o programa do MRS prevê o dobro da produção industrial nos próximos dois ou três anos e a triplicação da produção agrícola; uma significativa redução na importação de grãos e outros produtos e a provisão de alimentos básicos para toda a população do país; o crescimento do comércio, dos serviços e bens de consumo nacionais para o público, no mesmo padrão dos países civilizados”. Trata-se seguramente da primeira “oposição” de que se ouviu falar na comunidade socialista que tem objetivos produtivistas a curto prazo.
Enfrentando corajosamente a grave crise de legitimidade política do socialismo autoritário, o manifesto é extremamente claro em suas propostas de liberdades civis e de direitos fundamentais: liberdade de imprensa, de expressão, supressão da perseguição política e religiosa e, sacrilégio supremo, possibilidade de criação de organizações políticas alternativas. A reivindicação “burguesa” do pluralismo político é, ainda aqui, considerada como “funcional” para a sobrevivência do sistema: “A competição entre essas organizações para apresentar o melhor programa de ação é do interesse de nossa classe dominante – os trabalhadores, os camponeses e os intelectuais – [e] seria um grande passo no desenvolvimento da democracia soviética, com todos os cidadãos desfrutando de um genuíno governo socialista-democrático”.
O que o programa propõe, portanto, é que o Estado realize, dois ou três séculos depois, a “missão histórica” das revoluções burguesas, instituindo a liberdade política e a democracia formal. O manifesto de “oposição” não poderia, assim, ser mais “situacionista”: mudar a forma da dominação para melhor preservar a continuidade do regime.
É contudo no setor da política externa que a “oposição interna” mais revela seu oficialismo e sua adesão aos princípios fundamentais do imperialismo e do hegemonismo, duas constantes da política internacional russa, czarista ou soviética. Depois de constatar o colapso da “fraternidade socialista” e a perda de autoridade da URSS no próprio campo socialista, o manifesto condena a carta do “terceiro-mundismo”, culpado de não ter obtido “nenhum dividendo político ou econômico” para o país. Mais ainda, o documento critica a diplomacia e a política externa pelas “interpretações errôneas” sobre as causas da tensão mundial, colocando-se totalmente na linha de recente artigo do ex-embaixador soviético nos EUA, Anatoly Dobrinin, publicado na revista Kommunist de junho último. O atual chefe do Departamento Internacional do PCUS tem a audácia de propor um “novo pensamento político”, reconhecendo que a tentativa pode dar lugar “a vivas discussões e a dolorosas divergências”.
O objetivo último dos autores do manifesto – e nisso eles se alinham com a postura atual da diplomacia soviética – parece ser o estabelecimento, via negociações, de um “neo-globalismo”, através do qual as tensões com o imperialismo rival seriam reduzidas e a liderança soviética restabelecida em seu próprio campo. Coerentemente, a “oposição interna” afirma que a adoção de seu programa “aumentará o poderio militar e econômico da URSS e consolidará o sistema socialista mundial”. Em resumo, trata-se do primeiro “samizdat” que padece do incurável mal (russo) do chauvinismo de grande potência.
Não é apenas através dos objetivos propostos que o manifesto da “oposição interna” trai seu oficialismo. Uma análise formal do discurso revela a marca indefectível da terminologia oficial (ou seja, o jargão ortodoxo), o apelo legitimador à autoridade de Lênin (invariavelmente citado no contexto “reformista” de 1921) e o uso adequado de informações estatísticas sobre a URSS e de referências de atualidade política e jornalística internacional (apenas compreensíveis para uma elite ilustrada de burocratas soviéticos).
Todo o manifesto, aliás, só pode ser lido numa perspectiva comparada: a do atraso em relação ao Ocidente. A suposta “oposição clandestina” preocupa-se, por exemplo, com a dívida externa da URSS, “colocando-a em terceiro lugar como nação devedora, atrás somente do Brasil e do México”. Mais ainda: ela adverte para o surgimento de uma oposição armada “podendo visar altos oficiais da KGB”. Não há mais dúvida: trata-se do primeiro manifesto de oposição de orientação abertamente “tecnocrática”, cujos objetivos são, declaradamente, os de reformar o sistema, aumentar-lhe a eficiência, preservar as conquistas da URSS como uma grande potência e, sisntomaticamente, assegurar a sobrevivência física dos próprios dignitários do regime.
Num sistema esclerosado, como é o soviético atualmente, as mudanças propostas pela “oposição clandestina” só podem mesmo ser conduzidas por via revolucionária, ainda que por meio de uma “revolução pelo alto”. As reformas e inovações têm de ser feitas contra a máquina do Partido e para isso é preciso, em primeiro lugar, quebrar-lhe o monopólio e a onipotência.
Se estivéssemos nos tempos de Stalin, a questão da mudança na base social do regime seria equacionada com a substituição física, em escala maciça, dos responsáveis partidários. Nas condições atuais, o remanejamento da máquina burocrática passa por um grande estremecimento nos fundamentos sociais do regime, uma sacudidela capaz de romper a letargia generalizada que tomou conta do corpo social.
O programa parece ser claro: modificar as bases conceituais do sistema, tomar de assalto o aparelho e alterar radicalmente suas regras de funcionamento. A tarefa não pode de forma alguma ser conduzida pelos propagandistas habituais do regime: jornalistas, ativistas partidários, lideranças políticas. Isto por uma razão muito simples: eles não têm mais nenhuma credibilidade, seja ao nível do público em geral, seja no seio da imensa burocracia que vive desfrutando da engrenagem. O caráter “subversivo” da mensagem é, nesse caso, a condição de sua credibilidade e eficácia ulterior.
A própria forma de sua divulgação assume no caso uma função operacional. A exportação “clandestina” do texto, por meio de um jornalista ocidental, nos faz lembrar o episódio do famoso “Relatório Kruschev", em 1956, que marcou o começo da desestalinização. As lideranças soviéticas têm uma longa experiência em se servir da imprensa ocidental para seus objetivos táticos. Veiculado pelas rádios ocidentais dirigidas a URSS, o programa será muito melhor aceito e difundido internamente. Desde há muito que a prática do “samizdat” se faz por meios eletrônicos, sobretudo a cassete individual. A recente tragédia de Chernobyl gerou uma forte comoção social, tendo a liderança mais esclarecida canalizado o protesto para os veículos oficiais de comunicação, imprensa e rádio sobretudo. O caminho está aberto para a conquista da liberdade de expressão pelo público.
Ignazio Silone, um dos primeiros renegados do socialismo e dissidente do Comintern, não estava de todo errado ao prever, nos anos trinta, a natureza do enfrentamento final sob o socialismo: entre comunistas de facções rivais. A próxima revolução russa será, em consequência, uma revolução do Estado contra o Estado, ou seja uma revolução pelo Estado e para o Estado.
Ainda estamos na fase de seleção dos competidores. A “oposição interna” do PCUS, isto é, o próprio Gorbatchev, já escolheu seu campo: o do “socialismo com liberdade”. A próxima etapa deverá assistir à luta entre esses grupos pelo controle da máquina do Estado. O programa do grupo ascendente parece ser claro: recompor as bases do poder soviético pela introdução dos princípios de mercado no sistema econômico. Marx, parafraseando Hegel, dizia que a história se repete, na segunda vez como farsa. Por ironia da história, assistiremos na URSS, setenta anos depois, à vitória da “revolução burguesa” sobre a “revolução proletária”.
[Brasília, 07.07.86]
[Inédito; Relação de Trabalhos n° 129]
129. “A Próxima Revolução Russa”, Brasília, 7 setembro 1986, 5 pp. Artigo sobre o manifesto do grupo dissidente soviético “Movimento de Renovação Socialista”, publicado originalmente por The Guardian Weekly (03.08.86) e, no Brasil, pela Folha de São Paulo (31.08.86). Inédito.
A Revolucao Russa: vinte anos depois (1) - Foreign Policy
Transcrevo abaixo artigo sobre os 20 anos da revolução que derrocou o socialismo e acabou com a União Soviética, que se pretende revisionista publicada no número corrente da Foreign Policy, e que considero parcialmente correto.
Em post subsequente, direi porque sou crítico desse artigo, com base no que já escrevi quinze anos atrás, neste artigo, até hoje inédito:
129. “A Próxima Revolução Russa”, Brasília, 7 setembro 1986, 5 pp. Artigo sobre o manifesto do grupo dissidente soviético “Movimento de Renovação Socialista”, publicado originalmente em The Guardian Weekly (03.08.86) e, no Brasil, pela Folha de São Paulo (31.08.86). Inédito.
Paulo Roberto de Almeida
Everything You Think You Know About the Collapse of the Soviet Union Is Wrong
*And why it matters today in a new age of revolution.
BY LEON ARON
Foreign Policy, JULY/AUGUST 2011
Every revolution is a surprise. Still, the latest Russian Revolution must be counted among the greatest of surprises. In the years leading up to 1991, virtually no Western expert, scholar, official, or politician foresaw the impending collapse of the Soviet Union, and with it one-party dictatorship, the state-owned economy, and the Kremlin's control over its domestic and Eastern European empires. Neither, with one exception, did Soviet dissidents nor, judging by their memoirs, future revolutionaries themselves. When Mikhail Gorbachev became general secretary of the Communist Party in March 1985, none of his contemporaries anticipated a revolutionary crisis. Although there were disagreements over the size and depth of the Soviet system's problems, no one thought them to be life-threatening, at least not anytime soon.
Whence such strangely universal shortsightedness? The failure of Western experts to anticipate the Soviet Union's collapse may in part be attributed to a sort of historical revisionism -- call it anti-anti-communism -- that tended to exaggerate the Soviet regime's stability and legitimacy. Yet others who could hardly be considered soft on communism were just as puzzled by its demise. One of the architects of the U.S. strategy in the Cold War, George Kennan, wrote that, in reviewing the entire "history of international affairs in the modern era," he found it "hard to think of any event more strange and startling, and at first glance inexplicable, than the sudden and total disintegration and disappearance … of the great power known successively as the Russian Empire and then the Soviet Union." Richard Pipes, perhaps the leading American historian of Russia as well as an advisor to U.S. President Ronald Reagan, called the revolution "unexpected." A collection of essays about the Soviet Union's demise in a special 1993 issue of the conservative National Interest magazine was titled "The Strange Death of Soviet Communism."
Were it easier to understand, this collective lapse in judgment could have been safely consigned to a mental file containing other oddities and caprices of the social sciences, and then forgotten. Yet even today, at a 20-year remove, the assumption that the Soviet Union would continue in its current state, or at most that it would eventually begin a long, drawn-out decline, seems just as rational a conclusion.
Indeed, the Soviet Union in 1985 possessed much of the same natural and human resources that it had 10 years before. Certainly, the standard of living was much lower than in most of Eastern Europe, let alone the West. Shortages, food rationing, long lines in stores, and acute poverty were endemic. But the Soviet Union had known far greater calamities and coped without sacrificing an iota of the state's grip on society and economy, much less surrendering it.
Nor did any key parameter of economic performance prior to 1985 point to a rapidly advancing disaster. From 1981 to 1985 the growth of the country's GDP, though slowing down compared with the 1960s and 1970s, averaged 1.9 percent a year. The same lackadaisical but hardly catastrophic pattern continued through 1989. Budget deficits, which since the French Revolution have been considered among the prominent portents of a coming revolutionary crisis, equaled less than 2 percent of GDP in 1985. Although growing rapidly, the gap remained under 9 percent through 1989 -- a size most economists would find quite manageable.
The sharp drop in oil prices, from $66 a barrel in 1980 to $20 a barrel in 1986 (in 2000 prices) certainly was a heavy blow to Soviet finances. Still, adjusted for inflation, oil was more expensive in the world markets in 1985 than in 1972, and only one-third lower than throughout the 1970s. And at the same time, Soviet incomes increased more than 2 percent in 1985, and inflation-adjusted wages continued to rise in the next five years through 1990 at an average of over 7 percent.
Yes, the stagnation was obvious and worrisome. But as Wesleyan University professor Peter Rutland has pointed out, "Chronic ailments, after all, are not necessarily fatal." Even the leading student of the revolution's economic causes, Anders Åslund, notes that from 1985 to 1987, the situation "was not at all dramatic."
From the regime's point of view, the political circumstances were even less troublesome. After 20 years of relentless suppression of political opposition, virtually all the prominent dissidents had been imprisoned, exiled (as Andrei Sakharov had been since 1980), forced to emigrate, or had died in camps and jails.
There did not seem to be any other signs of a pre-revolutionary crisis either, including the other traditionally assigned cause of state failure -- external pressure. On the contrary, the previous decade was correctly judged to amount "to the realization of all major Soviet military and diplomatic desiderata," as American historian and diplomat Stephen Sestanovich has written. Of course, Afghanistan increasingly looked like a long war, but for a 5-million-strong Soviet military force the losses there were negligible. Indeed, though the enormous financial burden of maintaining an empire was to become a major issue in the post-1987 debates, the cost of the Afghan war itself was hardly crushing: Estimated at $4 billion to $5 billion in 1985, it was an insignificant portion of the Soviet GDP.
Nor was America the catalyzing force. The "Reagan Doctrine" of resisting and, if possible, reversing the Soviet Union's advances in the Third World did put considerable pressure on the perimeter of the empire, in places like Afghanistan, Angola, Nicaragua, and Ethiopia. Yet Soviet difficulties there, too, were far from fatal.
As a precursor to a potentially very costly competition, Reagan's proposed Strategic Defense Initiative indeed was crucial -- but it was far from heralding a military defeat, given that the Kremlin knew very well that effective deployment of space-based defenses was decades away. Similarly, though the 1980 peaceful anti-communist uprising of the Polish workers had been a very disturbing development for Soviet leaders, underscoring the precariousness of their European empire, by 1985 Solidarity looked exhausted. The Soviet Union seemed to have adjusted to undertaking bloody "pacifications" in Eastern Europe every 12 years -- Hungary in 1956, Czechoslovakia in 1968, Poland in 1980 -- without much regard for the world's opinion.
This, in other words, was a Soviet Union at the height of its global power and influence, both in its own view and in the view of the rest of the world. "We tend to forget," historian Adam Ulam would note later, "that in 1985, no government of a major state appeared to be as firmly in power, its policies as clearly set in their course, as that of the USSR."
Certainly, there were plenty of structural reasons -- economic, political, social -- why the Soviet Union should have collapsed as it did, yet they fail to explain fully how it happened when it happened. How, that is, between 1985 and 1989, in the absence of sharply worsening economic, political, demographic, and other structural conditions, did the state and its economic system suddenly begin to be seen as shameful, illegitimate, and intolerable by enough men and women to become doomed?
LIKE VIRTUALLY ALL modern revolutions, the latest Russian one was started by a hesitant liberalization "from above" -- and its rationale extended well beyond the necessity to correct the economy or make the international environment more benign. The core of Gorbachev's enterprise was undeniably idealistic: He wanted to build a more moral Soviet Union.
For though economic betterment was their banner, there is little doubt that Gorbachev and his supporters first set out to right moral, rather than economic, wrongs. Most of what they said publicly in the early days of perestroika now seems no more than an expression of their anguish over the spiritual decline and corrosive effects of the Stalinist past. It was the beginning of a desperate search for answers to the big questions with which every great revolution starts: What is a good, dignified life? What constitutes a just social and economic order? What is a decent and legitimate state? What should such a state's relationship with civil society be?
"A new moral atmosphere is taking shape in the country," Gorbachev told the Central Committee at the January 1987 meeting where he declared glasnost -- openness -- and democratization to be the foundation of his perestroika, or restructuring, of Soviet society. "A reappraisal of values and their creative rethinking is under way." Later, recalling his feeling that "we couldn't go on like that any longer, and we had to change life radically, break away from the past malpractices," he called it his "moral position."
In a 1989 interview, the "godfather of glasnost," Aleksandr Yakovlev, recalled that, returning to the Soviet Union in 1983 after 10 years as the ambassador to Canada, he felt the moment was at hand when people would declare, "Enough! We cannot live like this any longer. Everything must be done in a new way. We must reconsider our concepts, our approaches, our views of the past and our future.… There has come an understanding that it is simply impossible to live as we lived before -- intolerably, humiliatingly."
To Gorbachev's prime minister Nikolai Ryzhkov, the "moral [nravstennoe] state of the society" in 1985 was its "most terrifying" feature:
[We] stole from ourselves, took and gave bribes, lied in the reports, in newspapers, from high podiums, wallowed in our lies, hung medals on one another. And all of this -- from top to bottom and from bottom to top.
Another member of Gorbachev's very small original coterie of liberalizers, Foreign Minister Eduard Shevardnadze, was just as pained by ubiquitous lawlessness and corruption. He recalls telling Gorbachev in the winter of 1984-1985: "Everything is rotten. It has to be changed."
Back in the 1950s, Gorbachev's predecessor Nikita Khrushchev had seen firsthand how precarious was the edifice of the house that Stalin built on terror and lies. But this fifth generation of Soviet leaders was more confident of the regime's resilience. Gorbachev and his group appeared to believe that what was right was also politically manageable. Democratization, Gorbachev declared, was "not a slogan but the essence of perestroika." Many years later he told interviewers:
The Soviet model was defeated not only on the economic and social levels; it was defeated on a cultural level. Our society, our people, the most educated, the most intellectual, rejected that model on the cultural level because it does not respect the man, oppresses him spiritually and politically.
That reforms gave rise to a revolution by 1989 was due largely to another "idealistic" cause: Gorbachev's deep and personal aversion to violence and, hence, his stubborn refusal to resort to mass coercion when the scale and depth of change began to outstrip his original intent. To deploy Stalinist repression even to "preserve the system" would have been a betrayal of his deepest convictions. A witness recalls Gorbachev saying in the late 1980s, "We are told that we should pound the fist on the table," and then clenching his hand in an illustrative fist. "Generally speaking," continued the general secretary, "it could be done. But one does not feel like it."
THE ROLE OF ideas and ideals in bringing about the Russian revolution comes into even sharper relief when we look at what was happening outside the Kremlin. A leading Soviet journalist and later a passionate herald of glasnost, Aleksandr Bovin, wrote in 1988 that the ideals of perestroika had "ripened" amid people's increasing "irritation" at corruption, brazen thievery, lies, and the obstacles in the way of honest work. Anticipations of "substantive changes were in the air," another witness recalled, and they forged an appreciable constituency for radical reforms. Indeed, the expectations that greeted the coming to power of Gorbachev were so strong, and growing, that they shaped his actual policy. Suddenly, ideas themselves became a material, structural factor in the unfolding revolution.
The credibility of official ideology, which in Yakovlev's words, held the entire Soviet political and economic system together "like hoops of steel," was quickly weakening. New perceptions contributed to a change in attitudes toward the regime and "a shift in values." Gradually, the legitimacy of the political arrangements began to be questioned. In an instance of Robert K. Merton's immortal "Thomas theorem" -- "If men define situations as real, they are real in their consequence" -- the actual deterioration of the Soviet economy became consequential only after and because of a fundamental shift in how the regime's performance was perceived and evaluated.
Writing to a Soviet magazine in 1987, a Russian reader called what he saw around him a "radical break [perelom] in consciousness." We know that he was right because Russia's is the first great revolution whose course was charted in public opinion polls almost from the beginning. Already at the end of 1989, the first representative national public opinion survey found overwhelming support for competitive elections and the legalization of parties other than the Soviet Communist Party -- after four generations under a one-party dictatorship and with independent parties still illegal. By mid-1990, more than half those surveyed in a Russian region agreed that "a healthy economy" was more likely if "the government allows individuals to do as they wish." Six months later, an all-Russia poll found 56 percent supporting a rapid or gradual transition to a market economy. Another year passed, and the share of the pro-market respondents increased to 64 percent.
Those who instilled this remarkable "break in consciousness" were no different from those who touched off the other classic revolutions of modern times: writers, journalists, artists. As Alexis de Tocqueville observed, such men and women "help to create that general awareness of dissatisfaction, that solidified public opinion, which … creates effective demand for revolutionary change." Suddenly, "the entire political education" of the nation becomes the "work of its men of letters."
And so it was in Soviet Russia. The lines to newspaper kiosks -- sometimes crowds around the block that formed at six in the morning, with each daily run often sold out in two hours -- and the skyrocketing subscriptions to the leading liberal newspapers and magazines testify to the devastating power of the most celebrated essayists of glasnost, or in Samuel Johnson's phrase, the "teachers of truth": the economist Nikolai Shmelyov; the political philosophers Igor Klyamkin and Alexander Tsypko; brilliant essayists like Vasily Selyunin, Yuri Chernichenko, Igor Vinogradov, and Ales Adamovich; the journalists Yegor Yakovlev, Len Karpinsky, Fedor Burlatsky, and at least two dozen more.
To them, a moral resurrection was essential. This meant not merely an overhaul of the Soviet political and economic systems, not merely an upending of social norms, but a revolution on the individual level: a change in the personal character of the Russian subject. As Mikhail Antonov declared in a seminal 1987 essay, "So What Is Happening to Us?" in the magazine Oktyabr, the people had to be "saved" -- not from external dangers but "most of all from themselves, from the consequences of those demoralizing processes that kill the noblest human qualities." Saved how? By making the nascent liberalization fateful, irreversible -- not Khrushchev's short-lived "thaw," but a climate change. And what would guarantee this irreversibility? Above all, the appearance of a free man who would be "immune to the recurrences of spiritual slavery." The weekly magazine Ogoniok, a key publication of glasnost, wrote in February 1989 that only "man incapable of being a police informer, of betraying, and of lies, no matter in whose or what name, can save us from the re-emergence of a totalitarian state."
The circuitous nature of this reasoning -- to save the people one had to save perestroika, but perestroika could be saved only if it was capable of changing man "from within" -- did not seem to trouble anyone. Those who thought out loud about these matters seemed to assume that the country's salvation through perestroika and the extrication of its people from the spiritual morass were tightly -- perhaps, inextricably -- interwoven, and left it at that. What mattered was reclaiming the people to citizenship from "serfdom" and "slavery." "Enough!" declared Boris Vasiliev, the author of a popular novella of the period about World War II, which was made into an equally well-received film. "Enough lies, enough servility, enough cowardice. Let's remember, finally, that we are all citizens. Proud citizens of a proud nation!"
DELVING INTO THE causes of the French Revolution, de Tocqueville famously noted that regimes overthrown in revolutions tend to be less repressive than the ones preceding them. Why? Because, de Tocqueville surmised, though people "may suffer less," their "sensibility is exacerbated."
As usual, Tocqueville was onto something hugely important. From the Founding Fathers to the Jacobins and Bolsheviks, revolutionaries have fought under essentially the same banner: advancement of human dignity. It is in the search for dignity through liberty and citizenship that glasnost's subversive sensibility lives -- and will continue to live. Just as the pages of Ogoniok and Moskovskie Novosti must take pride of place next to Boris Yeltsin on the tank as symbols of the latest Russian revolution, so should Internet pages in Arabic stand as emblems of the present revolution next to the images of rebellious multitudes in Cairo's Tahrir Square, the Casbah plaza in Tunis, the streets of Benghazi, and the blasted towns of Syria. Languages and political cultures aside, their messages and the feelings they inspired were remarkably similar.
The fruit-seller Mohamed Bouazizi, whose self-immolation set off the Tunisian uprising that began the Arab Spring of 2011, did so "not because he was jobless," a demonstrator in Tunis told an American reporter, but "because he … went to talk to the [local authorities] responsible for his problem and he was beaten -- it was about the government." In Benghazi, the Libyan revolt started with the crowd chanting, "The people want an end to corruption!" In Egypt, the crowds were "all about the self-empowerment of a long-repressed people no longer willing to be afraid, no longer willing to be deprived of their freedom, and no longer willing to be humiliated by their own leaders," New York Times columnist Thomas Friedman reported from Cairo this February. He could have been reporting from Moscow in 1991.
"Dignity Before Bread!" was the slogan of the Tunisian revolution. The Tunisian economy had grown between 2 and 8 percent a year in the two decades preceding the revolt. With high oil prices, Libya on the brink of uprising also enjoyed an economic boom of sorts. Both are reminders that in the modern world, economic progress is not a substitute for the pride and self-respect of citizenship. Unless we remember this well, we will continue to be surprised -- by the "color revolutions" in the post-Soviet world, the Arab Spring, and, sooner or later, an inevitable democratic upheaval in China -- just as we were in Soviet Russia. "The Almighty provided us with such a powerful sense of dignity that we cannot tolerate the denial of our inalienable rights and freedoms, no matter what real or supposed benefits are provided by 'stable' authoritarian regimes," the president of Kyrgyzstan, Roza Otunbayeva, wrote this March. "It is the magic of people, young and old, men and women of different religions and political beliefs, who come together in city squares and announce that enough is enough."
Of course, the magnificent moral impulse, the search for truth and goodness, is only a necessary but not a sufficient condition for the successful remaking of a country. It may be enough to bring down the ancien regime, but not to overcome, in one fell swoop, a deep-seated authoritarian national political culture. The roots of the democratic institutions spawned by morally charged revolutions may prove too shallow to sustain a functioning democracy in a society with precious little tradition of grassroots self-organization and self-rule. This is something that is likely to prove a huge obstacle to the carrying out of the promise of the Arab Spring -- as it has proved in Russia. The Russian moral renaissance was thwarted by the atomization and mistrust bred by 70 years of totalitarianism. And though Gorbachev and Yeltsin dismantled an empire, the legacy of imperial thinking for millions of Russians has since made them receptive to neo-authoritarian Putinism, with its propaganda leitmotifs of "hostile encirclement" and "Russia rising off its knees." Moreover, the enormous national tragedy (and national guilt) of Stalinism has never been fully explored and atoned for, corrupting the entire moral enterprise, just as the glasnost troubadours so passionately warned.
Which is why today's Russia appears once again to be inching toward another perestroika moment. Although the market reforms of the 1990s and today's oil prices have combined to produce historically unprecedented prosperity for millions, the brazen corruption of the ruling elite, new-style censorship, and open disdain for public opinion have spawned alienation and cynicism that are beginning to reach (if not indeed surpass) the level of the early 1980s.
One needs only to spend a few days in Moscow talking to the intelligentsia or, better yet, to take a quick look at the blogs on LiveJournal (Zhivoy Zhurnal), Russia's most popular Internet platform, or at the sites of the top independent and opposition groups to see that the motto of the 1980s -- "We cannot live like this any longer!" -- is becoming an article of faith again. The moral imperative of freedom is reasserting itself, and not just among the limited circles of pro-democracy activists and intellectuals. This February, the Institute of Contemporary Development, a liberal think tank chaired by President Dmitry Medvedev, published what looked like a platform for the 2012 Russian presidential election:
In the past Russia needed liberty to live [better]; it must now have it in order to survive.… The challenge of our times is an overhaul of the system of values, the forging of new consciousness. We cannot build a new country with the old thinking.… The best investment [the state can make in man] is Liberty and the Rule of Law. And respect for man's Dignity.
It was the same intellectual and moral quest for self-respect and pride that, beginning with a merciless moral scrutiny of the country's past and present, within a few short years hollowed out the mighty Soviet state, deprived it of legitimacy, and turned it into a burned-out shell that crumbled in August 1991. The tale of this intellectual and moral journey is an absolutely central story of the 20th century's last great revolution.
Leon Aron is director of Russian studies at the American Enterprise Institute and author of the forthcoming Roads to the Temple: Truth, Memory, Ideas, and Ideals in the Making of the Russian Revolution, 1987-1991.
Em post subsequente, direi porque sou crítico desse artigo, com base no que já escrevi quinze anos atrás, neste artigo, até hoje inédito:
129. “A Próxima Revolução Russa”, Brasília, 7 setembro 1986, 5 pp. Artigo sobre o manifesto do grupo dissidente soviético “Movimento de Renovação Socialista”, publicado originalmente em The Guardian Weekly (03.08.86) e, no Brasil, pela Folha de São Paulo (31.08.86). Inédito.
Paulo Roberto de Almeida
Everything You Think You Know About the Collapse of the Soviet Union Is Wrong
*And why it matters today in a new age of revolution.
BY LEON ARON
Foreign Policy, JULY/AUGUST 2011
Every revolution is a surprise. Still, the latest Russian Revolution must be counted among the greatest of surprises. In the years leading up to 1991, virtually no Western expert, scholar, official, or politician foresaw the impending collapse of the Soviet Union, and with it one-party dictatorship, the state-owned economy, and the Kremlin's control over its domestic and Eastern European empires. Neither, with one exception, did Soviet dissidents nor, judging by their memoirs, future revolutionaries themselves. When Mikhail Gorbachev became general secretary of the Communist Party in March 1985, none of his contemporaries anticipated a revolutionary crisis. Although there were disagreements over the size and depth of the Soviet system's problems, no one thought them to be life-threatening, at least not anytime soon.
Whence such strangely universal shortsightedness? The failure of Western experts to anticipate the Soviet Union's collapse may in part be attributed to a sort of historical revisionism -- call it anti-anti-communism -- that tended to exaggerate the Soviet regime's stability and legitimacy. Yet others who could hardly be considered soft on communism were just as puzzled by its demise. One of the architects of the U.S. strategy in the Cold War, George Kennan, wrote that, in reviewing the entire "history of international affairs in the modern era," he found it "hard to think of any event more strange and startling, and at first glance inexplicable, than the sudden and total disintegration and disappearance … of the great power known successively as the Russian Empire and then the Soviet Union." Richard Pipes, perhaps the leading American historian of Russia as well as an advisor to U.S. President Ronald Reagan, called the revolution "unexpected." A collection of essays about the Soviet Union's demise in a special 1993 issue of the conservative National Interest magazine was titled "The Strange Death of Soviet Communism."
Were it easier to understand, this collective lapse in judgment could have been safely consigned to a mental file containing other oddities and caprices of the social sciences, and then forgotten. Yet even today, at a 20-year remove, the assumption that the Soviet Union would continue in its current state, or at most that it would eventually begin a long, drawn-out decline, seems just as rational a conclusion.
Indeed, the Soviet Union in 1985 possessed much of the same natural and human resources that it had 10 years before. Certainly, the standard of living was much lower than in most of Eastern Europe, let alone the West. Shortages, food rationing, long lines in stores, and acute poverty were endemic. But the Soviet Union had known far greater calamities and coped without sacrificing an iota of the state's grip on society and economy, much less surrendering it.
Nor did any key parameter of economic performance prior to 1985 point to a rapidly advancing disaster. From 1981 to 1985 the growth of the country's GDP, though slowing down compared with the 1960s and 1970s, averaged 1.9 percent a year. The same lackadaisical but hardly catastrophic pattern continued through 1989. Budget deficits, which since the French Revolution have been considered among the prominent portents of a coming revolutionary crisis, equaled less than 2 percent of GDP in 1985. Although growing rapidly, the gap remained under 9 percent through 1989 -- a size most economists would find quite manageable.
The sharp drop in oil prices, from $66 a barrel in 1980 to $20 a barrel in 1986 (in 2000 prices) certainly was a heavy blow to Soviet finances. Still, adjusted for inflation, oil was more expensive in the world markets in 1985 than in 1972, and only one-third lower than throughout the 1970s. And at the same time, Soviet incomes increased more than 2 percent in 1985, and inflation-adjusted wages continued to rise in the next five years through 1990 at an average of over 7 percent.
Yes, the stagnation was obvious and worrisome. But as Wesleyan University professor Peter Rutland has pointed out, "Chronic ailments, after all, are not necessarily fatal." Even the leading student of the revolution's economic causes, Anders Åslund, notes that from 1985 to 1987, the situation "was not at all dramatic."
From the regime's point of view, the political circumstances were even less troublesome. After 20 years of relentless suppression of political opposition, virtually all the prominent dissidents had been imprisoned, exiled (as Andrei Sakharov had been since 1980), forced to emigrate, or had died in camps and jails.
There did not seem to be any other signs of a pre-revolutionary crisis either, including the other traditionally assigned cause of state failure -- external pressure. On the contrary, the previous decade was correctly judged to amount "to the realization of all major Soviet military and diplomatic desiderata," as American historian and diplomat Stephen Sestanovich has written. Of course, Afghanistan increasingly looked like a long war, but for a 5-million-strong Soviet military force the losses there were negligible. Indeed, though the enormous financial burden of maintaining an empire was to become a major issue in the post-1987 debates, the cost of the Afghan war itself was hardly crushing: Estimated at $4 billion to $5 billion in 1985, it was an insignificant portion of the Soviet GDP.
Nor was America the catalyzing force. The "Reagan Doctrine" of resisting and, if possible, reversing the Soviet Union's advances in the Third World did put considerable pressure on the perimeter of the empire, in places like Afghanistan, Angola, Nicaragua, and Ethiopia. Yet Soviet difficulties there, too, were far from fatal.
As a precursor to a potentially very costly competition, Reagan's proposed Strategic Defense Initiative indeed was crucial -- but it was far from heralding a military defeat, given that the Kremlin knew very well that effective deployment of space-based defenses was decades away. Similarly, though the 1980 peaceful anti-communist uprising of the Polish workers had been a very disturbing development for Soviet leaders, underscoring the precariousness of their European empire, by 1985 Solidarity looked exhausted. The Soviet Union seemed to have adjusted to undertaking bloody "pacifications" in Eastern Europe every 12 years -- Hungary in 1956, Czechoslovakia in 1968, Poland in 1980 -- without much regard for the world's opinion.
This, in other words, was a Soviet Union at the height of its global power and influence, both in its own view and in the view of the rest of the world. "We tend to forget," historian Adam Ulam would note later, "that in 1985, no government of a major state appeared to be as firmly in power, its policies as clearly set in their course, as that of the USSR."
Certainly, there were plenty of structural reasons -- economic, political, social -- why the Soviet Union should have collapsed as it did, yet they fail to explain fully how it happened when it happened. How, that is, between 1985 and 1989, in the absence of sharply worsening economic, political, demographic, and other structural conditions, did the state and its economic system suddenly begin to be seen as shameful, illegitimate, and intolerable by enough men and women to become doomed?
LIKE VIRTUALLY ALL modern revolutions, the latest Russian one was started by a hesitant liberalization "from above" -- and its rationale extended well beyond the necessity to correct the economy or make the international environment more benign. The core of Gorbachev's enterprise was undeniably idealistic: He wanted to build a more moral Soviet Union.
For though economic betterment was their banner, there is little doubt that Gorbachev and his supporters first set out to right moral, rather than economic, wrongs. Most of what they said publicly in the early days of perestroika now seems no more than an expression of their anguish over the spiritual decline and corrosive effects of the Stalinist past. It was the beginning of a desperate search for answers to the big questions with which every great revolution starts: What is a good, dignified life? What constitutes a just social and economic order? What is a decent and legitimate state? What should such a state's relationship with civil society be?
"A new moral atmosphere is taking shape in the country," Gorbachev told the Central Committee at the January 1987 meeting where he declared glasnost -- openness -- and democratization to be the foundation of his perestroika, or restructuring, of Soviet society. "A reappraisal of values and their creative rethinking is under way." Later, recalling his feeling that "we couldn't go on like that any longer, and we had to change life radically, break away from the past malpractices," he called it his "moral position."
In a 1989 interview, the "godfather of glasnost," Aleksandr Yakovlev, recalled that, returning to the Soviet Union in 1983 after 10 years as the ambassador to Canada, he felt the moment was at hand when people would declare, "Enough! We cannot live like this any longer. Everything must be done in a new way. We must reconsider our concepts, our approaches, our views of the past and our future.… There has come an understanding that it is simply impossible to live as we lived before -- intolerably, humiliatingly."
To Gorbachev's prime minister Nikolai Ryzhkov, the "moral [nravstennoe] state of the society" in 1985 was its "most terrifying" feature:
[We] stole from ourselves, took and gave bribes, lied in the reports, in newspapers, from high podiums, wallowed in our lies, hung medals on one another. And all of this -- from top to bottom and from bottom to top.
Another member of Gorbachev's very small original coterie of liberalizers, Foreign Minister Eduard Shevardnadze, was just as pained by ubiquitous lawlessness and corruption. He recalls telling Gorbachev in the winter of 1984-1985: "Everything is rotten. It has to be changed."
Back in the 1950s, Gorbachev's predecessor Nikita Khrushchev had seen firsthand how precarious was the edifice of the house that Stalin built on terror and lies. But this fifth generation of Soviet leaders was more confident of the regime's resilience. Gorbachev and his group appeared to believe that what was right was also politically manageable. Democratization, Gorbachev declared, was "not a slogan but the essence of perestroika." Many years later he told interviewers:
The Soviet model was defeated not only on the economic and social levels; it was defeated on a cultural level. Our society, our people, the most educated, the most intellectual, rejected that model on the cultural level because it does not respect the man, oppresses him spiritually and politically.
That reforms gave rise to a revolution by 1989 was due largely to another "idealistic" cause: Gorbachev's deep and personal aversion to violence and, hence, his stubborn refusal to resort to mass coercion when the scale and depth of change began to outstrip his original intent. To deploy Stalinist repression even to "preserve the system" would have been a betrayal of his deepest convictions. A witness recalls Gorbachev saying in the late 1980s, "We are told that we should pound the fist on the table," and then clenching his hand in an illustrative fist. "Generally speaking," continued the general secretary, "it could be done. But one does not feel like it."
THE ROLE OF ideas and ideals in bringing about the Russian revolution comes into even sharper relief when we look at what was happening outside the Kremlin. A leading Soviet journalist and later a passionate herald of glasnost, Aleksandr Bovin, wrote in 1988 that the ideals of perestroika had "ripened" amid people's increasing "irritation" at corruption, brazen thievery, lies, and the obstacles in the way of honest work. Anticipations of "substantive changes were in the air," another witness recalled, and they forged an appreciable constituency for radical reforms. Indeed, the expectations that greeted the coming to power of Gorbachev were so strong, and growing, that they shaped his actual policy. Suddenly, ideas themselves became a material, structural factor in the unfolding revolution.
The credibility of official ideology, which in Yakovlev's words, held the entire Soviet political and economic system together "like hoops of steel," was quickly weakening. New perceptions contributed to a change in attitudes toward the regime and "a shift in values." Gradually, the legitimacy of the political arrangements began to be questioned. In an instance of Robert K. Merton's immortal "Thomas theorem" -- "If men define situations as real, they are real in their consequence" -- the actual deterioration of the Soviet economy became consequential only after and because of a fundamental shift in how the regime's performance was perceived and evaluated.
Writing to a Soviet magazine in 1987, a Russian reader called what he saw around him a "radical break [perelom] in consciousness." We know that he was right because Russia's is the first great revolution whose course was charted in public opinion polls almost from the beginning. Already at the end of 1989, the first representative national public opinion survey found overwhelming support for competitive elections and the legalization of parties other than the Soviet Communist Party -- after four generations under a one-party dictatorship and with independent parties still illegal. By mid-1990, more than half those surveyed in a Russian region agreed that "a healthy economy" was more likely if "the government allows individuals to do as they wish." Six months later, an all-Russia poll found 56 percent supporting a rapid or gradual transition to a market economy. Another year passed, and the share of the pro-market respondents increased to 64 percent.
Those who instilled this remarkable "break in consciousness" were no different from those who touched off the other classic revolutions of modern times: writers, journalists, artists. As Alexis de Tocqueville observed, such men and women "help to create that general awareness of dissatisfaction, that solidified public opinion, which … creates effective demand for revolutionary change." Suddenly, "the entire political education" of the nation becomes the "work of its men of letters."
And so it was in Soviet Russia. The lines to newspaper kiosks -- sometimes crowds around the block that formed at six in the morning, with each daily run often sold out in two hours -- and the skyrocketing subscriptions to the leading liberal newspapers and magazines testify to the devastating power of the most celebrated essayists of glasnost, or in Samuel Johnson's phrase, the "teachers of truth": the economist Nikolai Shmelyov; the political philosophers Igor Klyamkin and Alexander Tsypko; brilliant essayists like Vasily Selyunin, Yuri Chernichenko, Igor Vinogradov, and Ales Adamovich; the journalists Yegor Yakovlev, Len Karpinsky, Fedor Burlatsky, and at least two dozen more.
To them, a moral resurrection was essential. This meant not merely an overhaul of the Soviet political and economic systems, not merely an upending of social norms, but a revolution on the individual level: a change in the personal character of the Russian subject. As Mikhail Antonov declared in a seminal 1987 essay, "So What Is Happening to Us?" in the magazine Oktyabr, the people had to be "saved" -- not from external dangers but "most of all from themselves, from the consequences of those demoralizing processes that kill the noblest human qualities." Saved how? By making the nascent liberalization fateful, irreversible -- not Khrushchev's short-lived "thaw," but a climate change. And what would guarantee this irreversibility? Above all, the appearance of a free man who would be "immune to the recurrences of spiritual slavery." The weekly magazine Ogoniok, a key publication of glasnost, wrote in February 1989 that only "man incapable of being a police informer, of betraying, and of lies, no matter in whose or what name, can save us from the re-emergence of a totalitarian state."
The circuitous nature of this reasoning -- to save the people one had to save perestroika, but perestroika could be saved only if it was capable of changing man "from within" -- did not seem to trouble anyone. Those who thought out loud about these matters seemed to assume that the country's salvation through perestroika and the extrication of its people from the spiritual morass were tightly -- perhaps, inextricably -- interwoven, and left it at that. What mattered was reclaiming the people to citizenship from "serfdom" and "slavery." "Enough!" declared Boris Vasiliev, the author of a popular novella of the period about World War II, which was made into an equally well-received film. "Enough lies, enough servility, enough cowardice. Let's remember, finally, that we are all citizens. Proud citizens of a proud nation!"
DELVING INTO THE causes of the French Revolution, de Tocqueville famously noted that regimes overthrown in revolutions tend to be less repressive than the ones preceding them. Why? Because, de Tocqueville surmised, though people "may suffer less," their "sensibility is exacerbated."
As usual, Tocqueville was onto something hugely important. From the Founding Fathers to the Jacobins and Bolsheviks, revolutionaries have fought under essentially the same banner: advancement of human dignity. It is in the search for dignity through liberty and citizenship that glasnost's subversive sensibility lives -- and will continue to live. Just as the pages of Ogoniok and Moskovskie Novosti must take pride of place next to Boris Yeltsin on the tank as symbols of the latest Russian revolution, so should Internet pages in Arabic stand as emblems of the present revolution next to the images of rebellious multitudes in Cairo's Tahrir Square, the Casbah plaza in Tunis, the streets of Benghazi, and the blasted towns of Syria. Languages and political cultures aside, their messages and the feelings they inspired were remarkably similar.
The fruit-seller Mohamed Bouazizi, whose self-immolation set off the Tunisian uprising that began the Arab Spring of 2011, did so "not because he was jobless," a demonstrator in Tunis told an American reporter, but "because he … went to talk to the [local authorities] responsible for his problem and he was beaten -- it was about the government." In Benghazi, the Libyan revolt started with the crowd chanting, "The people want an end to corruption!" In Egypt, the crowds were "all about the self-empowerment of a long-repressed people no longer willing to be afraid, no longer willing to be deprived of their freedom, and no longer willing to be humiliated by their own leaders," New York Times columnist Thomas Friedman reported from Cairo this February. He could have been reporting from Moscow in 1991.
"Dignity Before Bread!" was the slogan of the Tunisian revolution. The Tunisian economy had grown between 2 and 8 percent a year in the two decades preceding the revolt. With high oil prices, Libya on the brink of uprising also enjoyed an economic boom of sorts. Both are reminders that in the modern world, economic progress is not a substitute for the pride and self-respect of citizenship. Unless we remember this well, we will continue to be surprised -- by the "color revolutions" in the post-Soviet world, the Arab Spring, and, sooner or later, an inevitable democratic upheaval in China -- just as we were in Soviet Russia. "The Almighty provided us with such a powerful sense of dignity that we cannot tolerate the denial of our inalienable rights and freedoms, no matter what real or supposed benefits are provided by 'stable' authoritarian regimes," the president of Kyrgyzstan, Roza Otunbayeva, wrote this March. "It is the magic of people, young and old, men and women of different religions and political beliefs, who come together in city squares and announce that enough is enough."
Of course, the magnificent moral impulse, the search for truth and goodness, is only a necessary but not a sufficient condition for the successful remaking of a country. It may be enough to bring down the ancien regime, but not to overcome, in one fell swoop, a deep-seated authoritarian national political culture. The roots of the democratic institutions spawned by morally charged revolutions may prove too shallow to sustain a functioning democracy in a society with precious little tradition of grassroots self-organization and self-rule. This is something that is likely to prove a huge obstacle to the carrying out of the promise of the Arab Spring -- as it has proved in Russia. The Russian moral renaissance was thwarted by the atomization and mistrust bred by 70 years of totalitarianism. And though Gorbachev and Yeltsin dismantled an empire, the legacy of imperial thinking for millions of Russians has since made them receptive to neo-authoritarian Putinism, with its propaganda leitmotifs of "hostile encirclement" and "Russia rising off its knees." Moreover, the enormous national tragedy (and national guilt) of Stalinism has never been fully explored and atoned for, corrupting the entire moral enterprise, just as the glasnost troubadours so passionately warned.
Which is why today's Russia appears once again to be inching toward another perestroika moment. Although the market reforms of the 1990s and today's oil prices have combined to produce historically unprecedented prosperity for millions, the brazen corruption of the ruling elite, new-style censorship, and open disdain for public opinion have spawned alienation and cynicism that are beginning to reach (if not indeed surpass) the level of the early 1980s.
One needs only to spend a few days in Moscow talking to the intelligentsia or, better yet, to take a quick look at the blogs on LiveJournal (Zhivoy Zhurnal), Russia's most popular Internet platform, or at the sites of the top independent and opposition groups to see that the motto of the 1980s -- "We cannot live like this any longer!" -- is becoming an article of faith again. The moral imperative of freedom is reasserting itself, and not just among the limited circles of pro-democracy activists and intellectuals. This February, the Institute of Contemporary Development, a liberal think tank chaired by President Dmitry Medvedev, published what looked like a platform for the 2012 Russian presidential election:
In the past Russia needed liberty to live [better]; it must now have it in order to survive.… The challenge of our times is an overhaul of the system of values, the forging of new consciousness. We cannot build a new country with the old thinking.… The best investment [the state can make in man] is Liberty and the Rule of Law. And respect for man's Dignity.
It was the same intellectual and moral quest for self-respect and pride that, beginning with a merciless moral scrutiny of the country's past and present, within a few short years hollowed out the mighty Soviet state, deprived it of legitimacy, and turned it into a burned-out shell that crumbled in August 1991. The tale of this intellectual and moral journey is an absolutely central story of the 20th century's last great revolution.
Leon Aron is director of Russian studies at the American Enterprise Institute and author of the forthcoming Roads to the Temple: Truth, Memory, Ideas, and Ideals in the Making of the Russian Revolution, 1987-1991.
Nao intervencao nos assuntos internos de outro pais: esquecimento?
"A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira a senadores do PP que está confiante na reeleição da presidente da Argentina..."
Acredito que nenhum dirigente deveria se pronunciar sobre escolhas político-eleitorais em outros países, sobretudo vizinhos: não cabe, não é conveniente, não se faz, e não é a coisa mais inteligente em matéria de eleições...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma comenta política externa brasileira em almoço com senadores
MÁRCIO FALCÃO
Folha de S.Paulo, 15/06/2011
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira a senadores do PP que está confiante na reeleição da presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Segundo relatos dos parlamentares que foram recebidos em um almoço oferecido no Palácio da Alvorada, a presidente afirmou que a disputa eleitoral no país vizinho está tranquila.
No encontro, a presidente também disse apostar na eleição de José Graziano da Silva à direção geral da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação). Alguns senadores avaliam que a situação de Graziano pode ter perdido força devido à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
A sede da FAO fica em Roma, na Itália. A presidente não demonstrou preocupação com esse fato. O governo e as instituições italianas não aceitam a decisão sobre Battisti, condenado à prisão perpétua no país por quatro assassinatos.
Dilma disse que o governo brasileiro está empenhado na vitória de Graziano, que concorre com candidatos de Indonésia, Iraque, Irã, Áustria e Espanha. O adversário mais forte é o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos.
Dilma também confirmou que deverá ir aos Estados Unidos em setembro, seis meses depois de o presidente norte-americano, Barack Obama, ter visitado Brasília. A presidente deve participar da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York e ainda avalia se terá reuniões bilaterais com Obama.
A senadora Ana Amélia (RS) disse que a presidente apresentou um breve panorama da relação com os países vizinhos e com a América Latina. A senadora afirmou que a presidente deve apresentar nos próximos meses uma política de incentivo para o setor automotivo, favorecendo a competição a países, como a Argentina. As medidas não devem mexer na política de câmbio. "Foi um cenário muito positivo".
O senador Benedito de Lira (AL) disse que a presidente comentou que está satisfeita com a posição internacional do país.
Acredito que nenhum dirigente deveria se pronunciar sobre escolhas político-eleitorais em outros países, sobretudo vizinhos: não cabe, não é conveniente, não se faz, e não é a coisa mais inteligente em matéria de eleições...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma comenta política externa brasileira em almoço com senadores
MÁRCIO FALCÃO
Folha de S.Paulo, 15/06/2011
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira a senadores do PP que está confiante na reeleição da presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Segundo relatos dos parlamentares que foram recebidos em um almoço oferecido no Palácio da Alvorada, a presidente afirmou que a disputa eleitoral no país vizinho está tranquila.
No encontro, a presidente também disse apostar na eleição de José Graziano da Silva à direção geral da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação). Alguns senadores avaliam que a situação de Graziano pode ter perdido força devido à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti.
A sede da FAO fica em Roma, na Itália. A presidente não demonstrou preocupação com esse fato. O governo e as instituições italianas não aceitam a decisão sobre Battisti, condenado à prisão perpétua no país por quatro assassinatos.
Dilma disse que o governo brasileiro está empenhado na vitória de Graziano, que concorre com candidatos de Indonésia, Iraque, Irã, Áustria e Espanha. O adversário mais forte é o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos.
Dilma também confirmou que deverá ir aos Estados Unidos em setembro, seis meses depois de o presidente norte-americano, Barack Obama, ter visitado Brasília. A presidente deve participar da abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York e ainda avalia se terá reuniões bilaterais com Obama.
A senadora Ana Amélia (RS) disse que a presidente apresentou um breve panorama da relação com os países vizinhos e com a América Latina. A senadora afirmou que a presidente deve apresentar nos próximos meses uma política de incentivo para o setor automotivo, favorecendo a competição a países, como a Argentina. As medidas não devem mexer na política de câmbio. "Foi um cenário muito positivo".
O senador Benedito de Lira (AL) disse que a presidente comentou que está satisfeita com a posição internacional do país.
Uma chance ao Partido Novo: novos (e outros) principios na politica
Os que me conhecem, ou os que me leem regularmente (aqui ou em outros espaços e veículos), sabem que eu não sou, nunca fui e não pretendo ser homem de partidos, de seitas, de movimentos.
Sou um homem de causas, de princípios, de valores e de objetivos, apenas isto.
Em outros termos, não pretendo ser homem de partido pois não quero perder minha liberdade de pensamento e de ação, tendo de aderir disciplinadamente a causas coletivas que poderiam, eventualmente, chocar-se com meu livre-arbítrio, com minha individualidade e minha capacidade de agir em defesa de certas causas e princípios com base num julgamento próprio sobre o que venha a ser uma solução de maior racionalidade possível e de melhor eficácia e eficiência no plano das políticas públicas, sem ter de cingir-me a uma carta de princípios ou a diretrizes de ação que permaneçam como referências obrigatórias para os membros do movimento, grupo ou partido.
Simplesmente meu espírito anarquista (no plano das ideias) não combina com o tipo de enquadramento disciplinar que um partido exige e requer de seus membros. Por isso não serei membro de algum, qualquer um.
Isto não quer dizer que eu não possa atuar em defesa de certas causas e objetivos que combinem, mesmo parcialmente, com aquilo que eu imagine ser melhor para o Brasil e sua sociedade.
Acredito, por exemplo, que o Brasil é um "Prometeu acorrentado", um gigante dotado de certa energia (até criativa, por força de seus cidadãos mais ativos) mas que se encontra cingido por um incontável número de amarras e grilhões, a maior parte auto-imposta (pela inconsciência ou baixa educação política da maioria de sua população, ainda dotada da baixa escolarização), mas grande parte também imposta por carreiristas e oportunistas de diversos tipos, que se apossam do poder para servir a causas que não são exatamente aquelas que reputo mais adequadas às necessidades do país. Não pretendo agora fazer um manifesto a respeito de minhas crenças pessoais, que de resto já são suficientemente expostas em vários dos meus textos, e aqui mesmo, resumidas na coluna da direita, e que transcrevo brevemente:
"Minhas preocupações cidadãs voltam-se para os objetivos do desenvolvimento nacional, do progresso social e da inserção internacional do Brasil. Entendo que quatro das condições básicas para que tais objetivos sejam atingidos podem ser resumidas como segue: uma macroeconomia estável, uma microeconomia competitiva, uma alta qualidade dos recursos humanos e abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros."
Por isso mesmo venho hoje expressar meu apoio de princípio -- e com isso demandar também o apoio dos que concordarem com a causa -- a uma iniciativa que reputo honesta, necessária e inadiável. Ela se prende ao que eu designaria como a "causa da reforma no Brasil", por meio da mobilização das energias e vontades de todos os brasileiros insatisfeitos com os rumos -- geralmente lentos, mas por vezes nefastos também -- que tomam e tomaram as políticas públicas no País. Não vou estender-me agora sobre as razões que levam a fazer isto: vou expressar minhas razões e apresentar meus argumentos em outros textos, que serão aqui postados.
No momento apenas gostaria de pedir o apoio de todos os que concordarem com os princípios e objetivos que vão expressos abaixo para viabilizar a existência de um novo partido no Brasil, chamado justamente de Partido Novo, que se pretende um partido sem políticos (pelo menos no começo, como é óbvio).
Seus princípios poderiam ser resumidos em poucas palavras:
ética da responsabilidade, eficiência na causa pública, honestidade intelectual, responsabilidade quanto aos meios e fins, melhor governança possível (tal como eu interpreto seu manifesto e carta de princípios).
Transcrevo abaixo o resumo e algumas notas sobre o que é o que pretende ser o Novo, e apenas digo que ele necessita ainda, nas próximas semanas, de 200 ou 300 mil assinaturas para poder se viabilizar legalmente em vista das eleições municipais do próximo ano, com as quais se apresentará ao imenso público descontente com os rumos do Brasil atual (e ele é formado por dezenas de milhões de eleitores que tentaram algo diferente nas últimas eleições e não conseguiram lograr satisfação).
Não é preciso filiar-se, nem militar pelo Partido Novo (e eu jamais pediria isso aos que me leem), mas é preciso assinar uma ficha de apoio (que se encontra no site do Partido e que pode ser mandada sem custo pelos correios para um desses endereços contratados previamente) e que servirá para cumprir trâmites legais junto à justiça eleitoral.
O que é o Partido Novo e o que ele pretende?
Duas palavras: Gestão e Cidadania
Ver documentos, apresentação, carta de princípios, ficha de apoio:
www.novo.org.br
Por que um partido?
Porque a forma mais eficiente de fazer politica social é por meio do Estado; o que faz a diferença entre os partidos são os lídere no processo de governança.
Por que um novo partido?
Por que existe uma separação entre a sociedade civil, a classe política e o governo.
A união precisa ser feito por um caminho, que é o dos partidos.
Se propõe que exista um novo partido, inicialmente sem políticos.
Hoje existem 27 partidos legalmente registrados no Brasil.
Que tipos de partidos existem no mundo?
Basicamente dois tipos:
Mais governo e mais igualdade -- Menos impostos e mais eficiência
Reino Unido: Labour -- Tories (Conservadores)
Espanha: PSOE -- PP
Itália: Ex-PCI - Populari
Alemanha: SPD -- CDU e CSU
Estados Unidos: Democratas -- Republicanos
No Brasil, diferentemente das outras grandes democracias, existem apenas:
PT -- Nenhum
Fonte: Instituto Análise
Por que uma melhor gestão pública?
O Brasil é um país que tem uma carga fiscal de país avançado, com serviços de país atrasado, ou seja, pagamos tanto quanto os ricos, mas temos uma renda per capita cinco ou seis vezes inferior.
Eis a carga fiscal em alguns países:
Chile: 12,5%; Argentina: 25%; EUA: 30%; Brasil: 37,5; Alemanha: 50 %
Como e por que um Partido Novo?
Partido de ideias, não de pessoas; acredita em renovação dos cargos públicos; os cargos eletivos são oportunidades de prestação de serviço público, não de benefício pessoal; uma gestão partidária separada da gestão pública (importante); dar suporte aos candidatos e aos eleitos.
Os recursos são sempre finitos: governar é definir prioridades e metas.
Estratégia do Novo:
Iniciar atuação pelo poder executivo municipal: partido de resultados, não só de discursos; criar uma marca de qualidade e eficiência na gestão pública; selecionar candidatos competentes; elaborar propostas junto com o candidato; vincular o candidato às suas propostas; dar suporte ao mandatário na execução; fiscalizar e cobrar resultados.
Quem começou o processo?
Novembro 2010: 6 amigos
Fevereiro 2011: 181 fundadores de 10 estados (de 16 a 83 anos; 35 atividades diferentes)
Junho de 2011: 270 mil apoiadores de todo o Brasil
Desafio atual:
Conseguir 500 mil assinaturas em todo o Brasil, mas pelo menos em 9 estados (existem hoje cerca de 300 mil assinaturas, mas elas precisam ser verificadas e certificadas)
O Partido Novo está em campanha, atualmente, para coletar assinaturas, para constituir os diretórios estaduais e municipais em nove estados.
Também pretende criar grupos de discussão para elaborar seu programa de ação.
Pretendo, sem filiar-me, contribuir nesse processo.
Creio que o Brasil precisa, merece...
Paulo Roberto de Almeida
Sou um homem de causas, de princípios, de valores e de objetivos, apenas isto.
Em outros termos, não pretendo ser homem de partido pois não quero perder minha liberdade de pensamento e de ação, tendo de aderir disciplinadamente a causas coletivas que poderiam, eventualmente, chocar-se com meu livre-arbítrio, com minha individualidade e minha capacidade de agir em defesa de certas causas e princípios com base num julgamento próprio sobre o que venha a ser uma solução de maior racionalidade possível e de melhor eficácia e eficiência no plano das políticas públicas, sem ter de cingir-me a uma carta de princípios ou a diretrizes de ação que permaneçam como referências obrigatórias para os membros do movimento, grupo ou partido.
Simplesmente meu espírito anarquista (no plano das ideias) não combina com o tipo de enquadramento disciplinar que um partido exige e requer de seus membros. Por isso não serei membro de algum, qualquer um.
Isto não quer dizer que eu não possa atuar em defesa de certas causas e objetivos que combinem, mesmo parcialmente, com aquilo que eu imagine ser melhor para o Brasil e sua sociedade.
Acredito, por exemplo, que o Brasil é um "Prometeu acorrentado", um gigante dotado de certa energia (até criativa, por força de seus cidadãos mais ativos) mas que se encontra cingido por um incontável número de amarras e grilhões, a maior parte auto-imposta (pela inconsciência ou baixa educação política da maioria de sua população, ainda dotada da baixa escolarização), mas grande parte também imposta por carreiristas e oportunistas de diversos tipos, que se apossam do poder para servir a causas que não são exatamente aquelas que reputo mais adequadas às necessidades do país. Não pretendo agora fazer um manifesto a respeito de minhas crenças pessoais, que de resto já são suficientemente expostas em vários dos meus textos, e aqui mesmo, resumidas na coluna da direita, e que transcrevo brevemente:
"Minhas preocupações cidadãs voltam-se para os objetivos do desenvolvimento nacional, do progresso social e da inserção internacional do Brasil. Entendo que quatro das condições básicas para que tais objetivos sejam atingidos podem ser resumidas como segue: uma macroeconomia estável, uma microeconomia competitiva, uma alta qualidade dos recursos humanos e abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros."
Por isso mesmo venho hoje expressar meu apoio de princípio -- e com isso demandar também o apoio dos que concordarem com a causa -- a uma iniciativa que reputo honesta, necessária e inadiável. Ela se prende ao que eu designaria como a "causa da reforma no Brasil", por meio da mobilização das energias e vontades de todos os brasileiros insatisfeitos com os rumos -- geralmente lentos, mas por vezes nefastos também -- que tomam e tomaram as políticas públicas no País. Não vou estender-me agora sobre as razões que levam a fazer isto: vou expressar minhas razões e apresentar meus argumentos em outros textos, que serão aqui postados.
No momento apenas gostaria de pedir o apoio de todos os que concordarem com os princípios e objetivos que vão expressos abaixo para viabilizar a existência de um novo partido no Brasil, chamado justamente de Partido Novo, que se pretende um partido sem políticos (pelo menos no começo, como é óbvio).
Seus princípios poderiam ser resumidos em poucas palavras:
ética da responsabilidade, eficiência na causa pública, honestidade intelectual, responsabilidade quanto aos meios e fins, melhor governança possível (tal como eu interpreto seu manifesto e carta de princípios).
Transcrevo abaixo o resumo e algumas notas sobre o que é o que pretende ser o Novo, e apenas digo que ele necessita ainda, nas próximas semanas, de 200 ou 300 mil assinaturas para poder se viabilizar legalmente em vista das eleições municipais do próximo ano, com as quais se apresentará ao imenso público descontente com os rumos do Brasil atual (e ele é formado por dezenas de milhões de eleitores que tentaram algo diferente nas últimas eleições e não conseguiram lograr satisfação).
Não é preciso filiar-se, nem militar pelo Partido Novo (e eu jamais pediria isso aos que me leem), mas é preciso assinar uma ficha de apoio (que se encontra no site do Partido e que pode ser mandada sem custo pelos correios para um desses endereços contratados previamente) e que servirá para cumprir trâmites legais junto à justiça eleitoral.
O que é o Partido Novo e o que ele pretende?
Duas palavras: Gestão e Cidadania
Ver documentos, apresentação, carta de princípios, ficha de apoio:
www.novo.org.br
Por que um partido?
Porque a forma mais eficiente de fazer politica social é por meio do Estado; o que faz a diferença entre os partidos são os lídere no processo de governança.
Por que um novo partido?
Por que existe uma separação entre a sociedade civil, a classe política e o governo.
A união precisa ser feito por um caminho, que é o dos partidos.
Se propõe que exista um novo partido, inicialmente sem políticos.
Hoje existem 27 partidos legalmente registrados no Brasil.
Que tipos de partidos existem no mundo?
Basicamente dois tipos:
Mais governo e mais igualdade -- Menos impostos e mais eficiência
Reino Unido: Labour -- Tories (Conservadores)
Espanha: PSOE -- PP
Itália: Ex-PCI - Populari
Alemanha: SPD -- CDU e CSU
Estados Unidos: Democratas -- Republicanos
No Brasil, diferentemente das outras grandes democracias, existem apenas:
PT -- Nenhum
Fonte: Instituto Análise
Por que uma melhor gestão pública?
O Brasil é um país que tem uma carga fiscal de país avançado, com serviços de país atrasado, ou seja, pagamos tanto quanto os ricos, mas temos uma renda per capita cinco ou seis vezes inferior.
Eis a carga fiscal em alguns países:
Chile: 12,5%; Argentina: 25%; EUA: 30%; Brasil: 37,5; Alemanha: 50 %
Como e por que um Partido Novo?
Partido de ideias, não de pessoas; acredita em renovação dos cargos públicos; os cargos eletivos são oportunidades de prestação de serviço público, não de benefício pessoal; uma gestão partidária separada da gestão pública (importante); dar suporte aos candidatos e aos eleitos.
Os recursos são sempre finitos: governar é definir prioridades e metas.
Estratégia do Novo:
Iniciar atuação pelo poder executivo municipal: partido de resultados, não só de discursos; criar uma marca de qualidade e eficiência na gestão pública; selecionar candidatos competentes; elaborar propostas junto com o candidato; vincular o candidato às suas propostas; dar suporte ao mandatário na execução; fiscalizar e cobrar resultados.
Quem começou o processo?
Novembro 2010: 6 amigos
Fevereiro 2011: 181 fundadores de 10 estados (de 16 a 83 anos; 35 atividades diferentes)
Junho de 2011: 270 mil apoiadores de todo o Brasil
Desafio atual:
Conseguir 500 mil assinaturas em todo o Brasil, mas pelo menos em 9 estados (existem hoje cerca de 300 mil assinaturas, mas elas precisam ser verificadas e certificadas)
O Partido Novo está em campanha, atualmente, para coletar assinaturas, para constituir os diretórios estaduais e municipais em nove estados.
Também pretende criar grupos de discussão para elaborar seu programa de ação.
Pretendo, sem filiar-me, contribuir nesse processo.
Creio que o Brasil precisa, merece...
Paulo Roberto de Almeida
E por falar em partidos...: este é da base, mas recebe sem base tambem...
Eu nunca deixarei de me surpreender com a desfaçatez de certas pessoas, que por acaso são políticos, que por acaso são de uma causa nobre -- a promoção da justiça social, da igualdade, da moralidade na coisa pública, do socialismo, enfim -- e que por um acaso, também, ocorrem de serem da base aliada do governo e de viverem às custas do governo, ou seja, de todos nós.
Eu nunca deixarei de expressar meu horror, meu asco, minha repulsa (acrescentem mais algumas expressões negativas, à vontade de cada um) a este tipo de comportamento:
Paulo Roberto de Almeida
Dirigente do PSB leva R$ 280 mil ao deixar cargo
O Estado de São Paulo, 20/06/2011
Amaral recebeu indenização por ter sido oficialmente 'demitido' da diretoria-geral da ACS; no mesmo dia foi nomeado para conselhos da Itaipu e do BNDES.
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, recebeu pelo menos R$ 280 mil dos cofres públicos ao sair em março da diretoria-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS), uma sociedade dos governos do Brasil e da Ucrânia para gerir o principal programa espacial brasileiro, que passa por grave crise financeira. Amaral recebeu esse dinheiro porque conseguiu ser oficialmente "demitido" do cargo.
Em entrevista gravada ao Estado, o dirigente do PSB afirmou que foi ele quem decidiu sair da direção da ACS, ainda durante as eleições 2010. "Eu quis. Pedi e acertei com a presidente Dilma antes do processo eleitoral", afirmou. Ele contou, porém, que negociou com o governo federal para ser demitido. "Eu pedi para ser demitido, todo mundo faz isso. Não posso ser crucificado por isso", afirmou.
A receita da empresa é 100% de origem pública. Por ser uma parceria internacional, seus funcionários são contratados pelas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e têm carteira assinada. Ao ser atendido no desejo de ser demitido, o dirigente do PSB e ex-ministro de Ciência e Tecnologia fez um grande negócio, porque teve direito às indenizações de demissões sem justa causa - os R$ 280 mil foram pagos pela ACS incluindo, por exemplo, os 40% de multa sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esses valores ainda não incluem o saldo do FGTS que Amaral pôde sacar por ter sido demitido.
No mesmo dia da demissão, Amaral foi nomeado para integrar os conselhos da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos salários somam cerca de R$ 25 mil. A chefe de gabinete de Amaral na ACS, Patricia Patriota, filha do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), também conseguiu ser demitida e recebeu cerca de R$ 55 mil.
A assessoria da Presidência disse que não confirma a versão de Amaral sobre o acordo para ser demitido. Informou que a Presidência decidiu por sua saída e que ele "foi exonerado por ter cumprido uma missão e ter encerrado um ciclo na empresa". A ACS, vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, está paralisada. Criada em 2007, já recebeu R$ 218 milhões do governo brasileiro e R$ 98 milhões da Ucrânia num projeto orçado em R$ 1 bilhão.
Cortes - O Estado revelou na quinta-feira que o projeto empacou depois que a presidente Dilma cortou seu orçamento e determinou auditoria nas contas da empresa e na execução da parceria. A exoneração de Amaral foi publicada no dia 28 de março no Diário Oficial da União com as assinaturas da presidente Dilma Rousseff e do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ele ganhava R$ 30 mil mensais. Naquele dia, foram divulgadas as indicações para ele assumir uma vaga na Itaipu e outra no BNDES.
A assessoria de Mercadante disse que ele foi exonerado da ACS pelo governo, mas não sabia que ele receberia a indenização. Em duas entrevistas ao Estado na quinta-feira, Amaral entrou em contradição e acabou contando que a demissão foi um acerto com o governo. Num primeiro momento, quando a reportagem ainda não tinha a confirmação de que ele havia sido demitido, o dirigente do PSB afirmou, na entrevista sobre a crise do programa espacial, que pediu para deixar o cargo de comando do projeto. Após essa entrevista, a ACS confirmou que demitiu Amaral, em cumprimento ao acordo dele com o governo.
Ele então se negou a comentar os valores recebidos sob a alegação de que é um problema dele e da empresa. A ACS se negou a dar mais detalhes sobre a saída de Amaral. Por sua assessoria, argumentou que, embora receba recursos do governo brasileiro, é uma empresa pública internacional e, por isso, tem o direito de não revelar suas despesas internas. Por ser binacional, ela não presta contas a órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU).
Eu nunca deixarei de expressar meu horror, meu asco, minha repulsa (acrescentem mais algumas expressões negativas, à vontade de cada um) a este tipo de comportamento:
Paulo Roberto de Almeida
Dirigente do PSB leva R$ 280 mil ao deixar cargo
O Estado de São Paulo, 20/06/2011
Amaral recebeu indenização por ter sido oficialmente 'demitido' da diretoria-geral da ACS; no mesmo dia foi nomeado para conselhos da Itaipu e do BNDES.
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, recebeu pelo menos R$ 280 mil dos cofres públicos ao sair em março da diretoria-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS), uma sociedade dos governos do Brasil e da Ucrânia para gerir o principal programa espacial brasileiro, que passa por grave crise financeira. Amaral recebeu esse dinheiro porque conseguiu ser oficialmente "demitido" do cargo.
Em entrevista gravada ao Estado, o dirigente do PSB afirmou que foi ele quem decidiu sair da direção da ACS, ainda durante as eleições 2010. "Eu quis. Pedi e acertei com a presidente Dilma antes do processo eleitoral", afirmou. Ele contou, porém, que negociou com o governo federal para ser demitido. "Eu pedi para ser demitido, todo mundo faz isso. Não posso ser crucificado por isso", afirmou.
A receita da empresa é 100% de origem pública. Por ser uma parceria internacional, seus funcionários são contratados pelas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e têm carteira assinada. Ao ser atendido no desejo de ser demitido, o dirigente do PSB e ex-ministro de Ciência e Tecnologia fez um grande negócio, porque teve direito às indenizações de demissões sem justa causa - os R$ 280 mil foram pagos pela ACS incluindo, por exemplo, os 40% de multa sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esses valores ainda não incluem o saldo do FGTS que Amaral pôde sacar por ter sido demitido.
No mesmo dia da demissão, Amaral foi nomeado para integrar os conselhos da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos salários somam cerca de R$ 25 mil. A chefe de gabinete de Amaral na ACS, Patricia Patriota, filha do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), também conseguiu ser demitida e recebeu cerca de R$ 55 mil.
A assessoria da Presidência disse que não confirma a versão de Amaral sobre o acordo para ser demitido. Informou que a Presidência decidiu por sua saída e que ele "foi exonerado por ter cumprido uma missão e ter encerrado um ciclo na empresa". A ACS, vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, está paralisada. Criada em 2007, já recebeu R$ 218 milhões do governo brasileiro e R$ 98 milhões da Ucrânia num projeto orçado em R$ 1 bilhão.
Cortes - O Estado revelou na quinta-feira que o projeto empacou depois que a presidente Dilma cortou seu orçamento e determinou auditoria nas contas da empresa e na execução da parceria. A exoneração de Amaral foi publicada no dia 28 de março no Diário Oficial da União com as assinaturas da presidente Dilma Rousseff e do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ele ganhava R$ 30 mil mensais. Naquele dia, foram divulgadas as indicações para ele assumir uma vaga na Itaipu e outra no BNDES.
A assessoria de Mercadante disse que ele foi exonerado da ACS pelo governo, mas não sabia que ele receberia a indenização. Em duas entrevistas ao Estado na quinta-feira, Amaral entrou em contradição e acabou contando que a demissão foi um acerto com o governo. Num primeiro momento, quando a reportagem ainda não tinha a confirmação de que ele havia sido demitido, o dirigente do PSB afirmou, na entrevista sobre a crise do programa espacial, que pediu para deixar o cargo de comando do projeto. Após essa entrevista, a ACS confirmou que demitiu Amaral, em cumprimento ao acordo dele com o governo.
Ele então se negou a comentar os valores recebidos sob a alegação de que é um problema dele e da empresa. A ACS se negou a dar mais detalhes sobre a saída de Amaral. Por sua assessoria, argumentou que, embora receba recursos do governo brasileiro, é uma empresa pública internacional e, por isso, tem o direito de não revelar suas despesas internas. Por ser binacional, ela não presta contas a órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU).
segunda-feira, 20 de junho de 2011
A maneira etica de fazer politica... (lavando atividades partidarias, literalmente...)
Bem, neste caso também, nunca deixarei de me surpreender com o novo partido da ética (podre) e da moral (torta). Não se pode, aliás, pedir algo a quem não tem a menor ideia do que o conceito significa, e mesmo que soubesse não se importaria o mínimo com sua adequação à realidade.
Como disse alguém, uma mentira revolucionária é muito mais valiosa (e como!) do que uma verdade reacionária...
Paulo Roberto de Almeida
Aloprado confessa: "O PT tentou forjar dossiê contra Serra. Mercadante pagou tudo"
Coluna do jornalista Políbio Braga, 20/06/2011
A oposição decidiu acionar mais uma vez a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, desta vez para enquadrar o ministro Aloísio Mercadante como mandante da quadrilha dos Aloprados, contratada para forjar dossiê contra o ex-governador José Serra.
. A oposição quer a imediata demissão do ministro da Ciência e Tecnologia.
. A Polícia Federal já investigou o caso, confirmou tudo, mas não enquadrou Mercadante.
- Neste final de semana, a revista Veja publicou confissão de um dos membros da quadrilha do PT, o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, que confirmou tudo. Ele confessou que Mercadante encarregou-o de encomendar um dossiê falso contra Serra. Ele contratou para isto os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, que cobraram R$ 1,7 milhão para falsificar documentos e conceder entrevista denunciando falsamente José Serra. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, integrou a quadrilha. O dinheiro saiu do PT e também do bolso do ex-governador Quércia.
CLIQUE AQUI para ler a reportagem de Veja.
No Mato Grosso, o PT forjou dossiê contra a candidata do próprio PT
Muita gente não prestou atenção ao fecho da reportagem deste final de semana de Veja, na qual o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, conta que o PT forjou dossiê para atingir membros do próprio PT, no caso a senadora Serys Slhessarenko, do Mato Grosso.
. O próprio Expedido Veloso contou tudo à própria senadora, anos mais tarde. Serys perdeu a eleição para Blairo Maggi, que foi quem pagou os bandidos do PT. Ela confirmou o caso para a revista Veja.
Como disse alguém, uma mentira revolucionária é muito mais valiosa (e como!) do que uma verdade reacionária...
Paulo Roberto de Almeida
Aloprado confessa: "O PT tentou forjar dossiê contra Serra. Mercadante pagou tudo"
Coluna do jornalista Políbio Braga, 20/06/2011
A oposição decidiu acionar mais uma vez a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, desta vez para enquadrar o ministro Aloísio Mercadante como mandante da quadrilha dos Aloprados, contratada para forjar dossiê contra o ex-governador José Serra.
. A oposição quer a imediata demissão do ministro da Ciência e Tecnologia.
. A Polícia Federal já investigou o caso, confirmou tudo, mas não enquadrou Mercadante.
- Neste final de semana, a revista Veja publicou confissão de um dos membros da quadrilha do PT, o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, que confirmou tudo. Ele confessou que Mercadante encarregou-o de encomendar um dossiê falso contra Serra. Ele contratou para isto os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, que cobraram R$ 1,7 milhão para falsificar documentos e conceder entrevista denunciando falsamente José Serra. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, integrou a quadrilha. O dinheiro saiu do PT e também do bolso do ex-governador Quércia.
CLIQUE AQUI para ler a reportagem de Veja.
No Mato Grosso, o PT forjou dossiê contra a candidata do próprio PT
Muita gente não prestou atenção ao fecho da reportagem deste final de semana de Veja, na qual o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, conta que o PT forjou dossiê para atingir membros do próprio PT, no caso a senadora Serys Slhessarenko, do Mato Grosso.
. O próprio Expedido Veloso contou tudo à própria senadora, anos mais tarde. Serys perdeu a eleição para Blairo Maggi, que foi quem pagou os bandidos do PT. Ela confirmou o caso para a revista Veja.
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