domingo, 26 de junho de 2011

Nova homenagem a Paulo Renato Souza: Simon Schwartzman

Do blog do Simon Schwartzman:

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Paulo Renato de Souza
Simon Education, 26/06/2011

Paulo Renato de Souza, 1945-2011

Ministro da Educação nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato fica na história como o responsável por duas das principais revoluções na educação pública do país, a institucionalização dos sistemas de avaliação da educação brasileira em todos os níveis, através do INEP, e o Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental, o FUNDEF, transformado depois em FUNDEB, que garantiu que os recursos constitucionais destinados à educação fossem efetivamente utilizados para isto.
Paulo Renato teve também uma grande frustração, que foi quase não ter conseguido mexer na educação superior pública. O episodio mais lembrado desta história foi a recusa em nomear o candidato que encabeçava a lista de indicados pela UFRJ para o cargo de reitor, partindo da premissa de que esta indicação não poderia ser simplesmente uma decisão corporativa da instituição, mas deveria tomar em conta o fato de que se tratava de uma universidade financiada com recursos públicos e que deveria responder também às políticas mais gerais de um governo legitimamente eleito, o que gerou uma greve prolongada e fortemente politizada. Tentou tornar as universidades mais autônomas e responsáveis pela gestão de seus recursos, pela implantação de orçamentos globais associados a metas de desempenho, projeto que não prosperou; criou o Exame Nacional de Cursos, o Provão, que pela primeira vez produziu dados sobre a qualidade dos cursos superiores no país, mexeu com o ensino privado, mas não chegou a afetar o setor público; e foi responsável pela criação da Gratificação de Estímulo à Docencia, a GED, uma tentativa de vincular a remuneração dos professores ao número de aulas dadas, melhorando a desastrosa relação professor / aluno nas universidades públicas, que acabou sendo incorporada aos salários. No período de retração econômica ao final dos anos 90, manteve estáveis os gastos públicos com o ensino superior, tendo sido acusado por isto de responsável pelo ”arrocho salarial” dos professores.
De lá para cá, como antes dele, ninguém ousou cobrar nada das universidades federais. Depois, com o crescimento da economia, os salários aumentaram, os cargos se multiplicaram, e novas universidades foram sendo criadas. As disputas desapareceram e, com elas, a tentativa de fazer com que estas instituições definissem com clareza suas metas e cumprissem efetivamente as finalidades para as quais foram criadas.
Paulo Renato fez do Ministério da Educação uma agência efetiva de políticas públicas voltada para os interesses do país, e não uma simples lugar de distribuição de benefícios para sua clientela. Sucedeu em muitas coisas, não conseguiu outras, mas abriu caminhos e apontou direções que precisam ser retomadas.

A grande depressao de 1946 (que nao existiu) - Keynesianos vs Austriacos

Um artigo que me foi recomendado pelo Gabriel Oliva (estudante de economia baiano, na FEA-USP), apreciador da Escola Austríaca de Economia:

"The Great Depression of 1946", Richard K. Vedder and Lowell Gallaway
The Review of Austrian Economics, vol. 5, n. 2, 1991, p. 3-32
link: http://econstories.tv/wp-content/uploads/2011/05/The-Great-Depression-of-1946.pdf

Transcrevo a mensagem do Gabriel e recomendo a leitura do artigo acima:

- Os economistas keynesianos na época em que a guerra estava terminando estavam todos fazendo previsões catastróficas sobre o que aconteceria com a economia americana depois de terminada a 2ª Guerra Mundial. Eles diziam que haveria uma profunda depressão econômica. O Hayek foi um dos poucos nessa época que falava que isso tudo era uma bobagem. Tem um trabalho interessante que fala sobre isso com o título irônico de "The Great Depression of 1946" disponível nesse link: http://econstories.tv/wp-content/uploads/2011/05/The-Great-Depression-of-1946.pdf

-Hayek, e o seu mentor Mises, foram um dos pouquíssimos economistas que previram a Grande Depressão de 1929. Em Fevereiro de 1929, Hayek escreveu: "O boom entrará em colapso nos próximos meses". No verão do mesmo ano, Mises rejeitou um alto posto num dos bancos mais importantes da Europa, com a justificativa de que "...uma grande recessão está chegando e eu não quero que o meu nome esteja de alguma forma relacionado a ela". Na minha opinião, a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, desenvolvida exatamente por Mises e Hayek, é a única que consegue explicar de forma satisfatória a ocorrência desse fenômeno. Sobre essa teoria, eu recomendo o seguinte artigo do prof. Ubiratan Iorio (UERJ): http://www.ubirataniorio.org/teoria.pdf

(...)
-Não existe tal coisa como uma "teologia" do liberalismo. A retratação dos liberais como sendo "fundamentalistas" de livre-mercado é quase sempre feita por gente que não entende absolutamente nada dos pensadores liberais, principalmente os economistas. Existem diversas teorias extremamente sérias que embasam a defesa das liberdade providas por estudiosos de várias matizes econômicas como a Escola Austríaca, a Escola de Chicago, a Escola da Escolha Pública e a Escola das Expectativas Racionais, entre outras. Quem fala que a defesa do liberalismo econômico só pode ser feita através de uma profissão de fé no livre mercado demonstra que desconhece completamente as teorias desenvolvidas por essas Escolas Econômicas.

Voilà, c'est tout dit!
Paulo Roberto de Almeida

De volta a uma vergonha nacional: o caso Battisti (Ferreira Gullar)

Razões que a razão desconhece
FERREIRA GULLAR
Folha de S.Paulo, 26/06/2011

Afinal, quem é Cesare Battisti para merecer o amparo especial de nossas autoridades e instituições?

O CASO Cesare Battisti parece exigir reflexão, tal o impacto que causou a decisão do Supremo Tribunal Federal ao confirmar a do presidente Lula, negando-lhe a extradição.
Como se sabe, a extradição foi pedida pelo governo italiano, conforme os termos do tratado assinado pelos dois países. Battisti havia sido condenado, na Itália, à pena de prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas.
De acordo com aquele tratado, a extradição pode ser negada em caso de crime político. Sucede que os homicídios por ele cometidos se caracterizavam como crimes comuns, o que foi reconhecido pelo STF, em 2009, autorizando sua extradição para a Itália. No entanto, nessa mesma ocasião, admitiu caber ao presidente da República consumar ou não a extradição.
Pois bem, Lula ficou com o processo até o último dia de seu governo para, só no derradeiro momento, negar a extradição do italiano. A todos nós surpreendeu o ato do presidente da República, contrariando uma decisão de alta corte de Justiça do país. Em que se funda tal arbítrio, se aquela corte reconheceu que os crimes cometidos justificavam o pedido de extradição?
A principal alegação do procurador-geral de Justiça foi que Battisti, se devolvido a seu país, estaria sujeito a tratamento arbitrário e vingativo, argumento destituído de lógica, uma vez que a Itália vive sob regime democrático. O mais incompreensível de tudo isso é que o STF, ao apreciar a decisão de Lula, contrária a seu julgamento anterior, voltou atrás, aceitou a permanência de Battisti no Brasil e mandou soltá-lo.
Acresce o fato de que, tendo entrado clandestinamente no Brasil portando documentos falsos, não pode ser aceito como visitante legal ou imigrante. Tampouco pode ser admitido como refugiado político, já que não foi nessa condição que entrou no país. Teria que ser expulso, mas, como esta é a terra do jeitinho, logo um jeito se deu para legalizar-lhe a situação à margem da lei.
Mas, afinal de contas, quem é de fato Cesare Battisti, para merecer o amparo especial de nossas autoridades e instituições? O que faz dele um personagem importante a ponto de levar o presidente da República e o STF a porem em risco nossas relações com um país cujo povo faz parte de nossa história?
Cesare Battisti, depois de militar no Partido Comunista Italiano, dele se afastou para ingressar em organizações que desejavam chegar ao poder pelas armas. Praticou atentados, assaltou cidadãos e terminou condenado a seis anos de prisão.
Na cadeia, conheceu o teórico de uma organização terrorista, chamada Proletários Armados pelo Comunismo. Isso no final da década de 1970, quando a Itália vivia sob regime democrático e quando qualquer cidadão poderia candidatar-se e disputar o poder pelo voto.
Mas aqueles "revolucionários" -que não tinham voto algum e, por isso, jamais chegariam ao poder democraticamente- queriam alcançá-lo pela força das armas. Como também não eram mais que um pequeno grupo de cretinos sectários, voltaram-se para os atentados e assaltos, a fim de roubar o dinheiro dos cidadãos e comprar armas.
Foi assim que Battisti matou quatro pessoas: uma porque a considerava fascista; outra que era chofer da penitenciária onde estivera preso, e as outras duas -um joalheiro e um açougueiro-, para lhes roubar dinheiro.
O resultado dessa série de atos criminosos e irresponsáveis foi a prisão de seus autores e o fim da tal organização. Battisti então fugiu para a França, de onde, ao ter sua extradição decretada, fugiu para o Brasil. Foi então que escreveu um livro onde dizia renunciar à conquista do poder pela violência e passou a usar esse argumento para não pagar pelos crimes cometidos.
Mas de que vale essa renúncia feita depois que sua organização havia sido desmantelada pela repressão e ele mesmo já não podia viver em seu país? Iria fazer revolução armada na França ou no Brasil? E a vida das pessoas que ele matou, quem paga por ela? Com a palavra o ex-presidente Lula e os ministros do STF, que lhe garantiram a impunidade.
Resumo da ópera: o cara matou quatro pessoas inocentes, foi condenado à prisão perpétua, fugiu, entrou no Brasil ilegalmente mas, ainda assim, obteve o apoio de nossas autoridades para aqui viver livre e impune.

Um inimigo do governo, que horror -- sempre vendo o lado ruim das coisas

Esse jornalista não tem jeito e não tem equilíbrio: em tudo ele vê uma coisa ruim do governo (ou várias coisas ruins ao mesmo tempo).
Vai ser pessimista assim lá em... Pasárgada!

Petista venceu disputa para a FAO. Pior para a FAO!
Reinaldo Azevedo, 26/06/2011

Posso até decepcionar alguns amigos e admiradores com certas opiniões que tenho. Acontece com freqüência. Como não penso por bloco — isto é, rejeito idéias que vêm em pacotes —-, muitos me esperam mais conservador onde posso ser um tanto ousado; outros cobram alguma ousadia onde me mostro inamovível, e assim vai… Costumo pensar cada coisa em sua natureza. Jamais me obrigo a gostar do que não gosto para que não me achem “incoerente”. Mas me desviei um pouco. Eu queria dizer o seguinte: posso até decepcionar alguns amigos e/ou admiradores às vezes. Mas jamais decepcionarei um petralha! Nunca! Eles não gostarem de mim é um imperativo ético… para mim!!! Por que isso?

O petista José Graziano venceu a disputa para o cargo de diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). E lá veio a petralhada: “Quero ver você falar mal disso também…” Como??? “Disso também???” Mas essa é uma das tarefas mais fáceis que tenho. Graziano responde por um estonteante fracasso do governo Lula: o Fome Zero. Quem ainda se lembra daquela patacoada? Durante quase um ano, o Apedeuta insistiu na sua “revolução”. E acabou fazendo o que os petistas sempre fazem: copiar tucano. Juntou todos os programas sociais do governo Fernando Henrique Cardoso no Bolsa Família.

Eu posso provar o que digo, entendem? No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semi-árido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não! Segue em vermelho.

Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.

Voltei
Viram só? Para Lula, o Bolsa Família tirava do pobre a vontade de plantar macaxeira. O Fome Zero era uma bagunça sem solução. Assim, no dia 20 de outubro de 2003, o Apedeuta, segundo quem os programas de renda geravam vagabundos, editou uma Medida Provisória criando o Bolsa Família, que juntava, entre outros programas, o Bolsa Escola (criada por Paulo Renato) e o Programa Nacional de Renda Mínima, criado por Serra no Ministério da Saúde. Não acreditem em mim. Acreditem no texto da MP, de que segue um trecho:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde - “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Isso quer dizer que o programa de Graziano tinha ido para a cucuia. E daí? Os estrangeiros não sabem disso, e o Brasil fez uma campanha intensa, opondo um tantinho os países pobres contra o ricos — e se fazendo representante dos pobres, claro. Por 92 votos a 88, Graziano venceu Miguel Ángel Moratinos, ex-ministro de Relações Exteriores da Espanha. Para sorte dos países que dependem da FAO, torço sinceramente para que ele não demonstre naquele organismo a incompetência comprovada que demonstrou no Brasil.

Primeira vitória em meio a derrotas
Eu estou entre aqueles que não vêem grandes avanços de conteúdo na política externa brasileira. Por enquanto, acho que a diferença é mais de retórica, de estilo, o que não deixa de ser, vá lá, uma manifestação positiva. O fato é que o Brasil obteve a primeira vitória na disputa por um organismo multilateral em nove anos de petismo, o que dá prova da incompetência do Itamaraty nesse tempo. Abaixo, a listinha que vocês conhecem com as derrotas e as besteiras feitas pelo ministério. Volto para encerrar:

LISTA DE BESTEIRAS E DERROTAS DE CELSO AMORIM:

NOME PARA A OMC
Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!! Culpa do Itamaraty, não de Seixas Corrêa.

OMC DE NOVO
O Brasil indicou Ellen Gracie em 2009. Perdeu de novo. Culpa do Itamaraty, não de Gracie.

NOME PARA O BID
Também em 2005, o Brasil tentou João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil - do Mercosul, apenas um: a Argentina. Culpa do Itamaraty, não de Sayad.

ONU
O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.

CHINA
O Brasil concedeu à China o status de “economia de mercado”, o que é uma piada, em troca de um possível apoio daquele país à ampliação do número de vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A China topou, levou o que queria e passou a lutar… contra a ampliação do conselho. Chineses fazem negócos há uns cinco mil anos, os petistas, há apenas 30…

DITADURAS ÁRABES
Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio.

CÚPULA DE ANÕES
Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância… No Irã, agora, ele tentou ser rival de Barack Obama…

ISRAEL E SUDÃO
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur - mais de 300 mil mortos! Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.

UNESCO
Amorim apoiou para o comando da Unesco o egípcio anti-semita e potencial queimador de livros Farouk Hosni. Ganhou a búlgara Irina Bukova. Para endossar o nome de Hosni, Amorim desprezou o brasileiro Márcio Barbosa, que contaria com o apoio tranqüilo dos Estados unidos e dos países europeus. Chutou um brasileiro, apoiou um egípcio, e venceu uma búlgara.

HONDURAS
O Brasil apoiou o golpista Manuel Zelaya e incentivou, na prática, uma tentativa de guerra civil no país. Perdeu! Honduras realizou eleições limpas e democráticas. Lula não reconheceu o governo.

AMÉRICA DO SUL
Países sul-americanos pintam e bordam com o Brasil. Evo Morales, o índio de araque, nos tomou a Petrobras, incentivado por Hugo Chávez, que o Brasil trata como uma democrata irretocável. Como paga, promove a entrada do Beiçola de Caracas no Mercosul. Quem está segurando o ingresso, por enquanto, é o Parlamento… paraguaio! A Argentina impõe barreiras comerciais à vontade. E o Brasil compreende. O Paraguai decidiu rasgar o contrato de Itaipu. E o Equador já chegou a seqüestrar brasileiros. Mas somos muito compreensivos. Atitudes hostis, na América Latina, até agora, só com a democracia colombiana. Chamam a isso “pragmatismo”.

CUBA, PRESOS E BANDIDOS
Lula visitou Cuba, de novo, no meio da crise provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata. Comparou os presos políticos que fazem greve de fome a bandidos comuns do Brasil.

IRÃ, PROTESTOS E FUTEBOL
Antes do apoio explícito ao programa nuclear e do vexame de agora, já havia demonstrado suas simpatias por Ahmadinejad e comparado os protestos das oposições contra as fraudes eleitorais à reclamação de uma torcida cujo time perde um jogo.

Encerro
A coisa não deixa de ter sua graça. De todos os candidatos que o Brasil apresentou para disputar cargos em organismos multilaterais, Graziano é, sem dúvida, o pior, uma vez que é de incompetência comprovada. E foi justamente com ele que venceu.

Pronto! A petralhada não tem por que se decepcionar!

Minha modesta homenagem a um batalhador da educacao - Paulo Renato Souza

Morreu um ex-ministro da educação, Paulo Renato Souza, com quem me encontrei uma única vez na vida (minha e dele): quando ele passou por Washington, em 2002, para uma reunião de coordenação com seu colega americano, num esforço de ampliar a cooperação universitária e de pesquisas entre instituições do Brasil e dos EUA na área da educação superior, sendo que um dos resultados é convênio FIPSE-CAPES, que me parece ainda hoje operacional.
Isto para dizer que o conheci pouco, quase nada, embora sempre tenha lido sobre ele e sobre sua obra nessa área, desde a fase em que ele era reitor da UniCamp (e já enfrentava as greves das máfias sindicais de professores e funcionários).
Ou seja, não estou habilitado a falar sobre ele, e não pretendo escrever nada de significativo de minha parte, pois não pertenço a essa esfera e não tenho competência para argumentar a respeito, embora eu esteja na área, como professor "intrometido" e me interesse muito, claro, até me angustio, pela situação lamentável (que não é culpa dele) da educação no Brasil.
Como ouvi ou li, de relance, comentários pavorosos de energúmenos sobre o ex-ministro -- por exemplo, a de que ele pretendia "vender" a educação do Brasil para o Banco Mundial, ou de que foi ele, enquanto secretário da educação em SP que "retirou o Piauí de um livro escolar -- creio que cabe restabelecer um pouco da verdade dos fatos sobre a obra do ministro.
Faço-o utilizando um post de um conhecido jornalista, que foi a única matéria que encontrei que não se contentou com os elogios habituais -- muita hipocrisia, como sempre -- mas que se dedicou a reunir números e dados objetivos.
Quem tiver argumentos objetivos, também, pode escrever. Dispenso elogios ou ofensas.
Paulo Roberto de Almeida

O trabalho exemplar de Paulo Renato e a máquina petista de moer reputações
Reinaldo Azevedo, 26/06/2011

Falei com Paulo Renato a última, e pela última, vez na festa de aniversário de Fernando Henrique Cardoso, no dia 10, na Sala São Paulo. Era um homem inteligente, um formulador de políticas públicas e um operador competente. Eu o provoquei: “Ministro, o senhor também acha que ler um livro antes de matar pessoas é moralmente superior a matá-las sem ler?” Eu fazia uma alusão, obviamente, ao atual ocupante do Ministério da Educação, Fernando Haddad, que havia se saído com essa pérola em depoimento numa comissão do Senado. Elegante, discreto, Paulo Renato sorriu: “Ô, Reinaldo, eu acho que ele se atrapalhou; certamente não quis dizer aquilo…” Provoquei mais um pouco: “Tucanos sempre tentando fazer um petista parecer melhor do que é; já os petistas, com vocês, fazem o contrário…” Ele assentiu, mas só um pouquinho: “É, talvez você tenha razão…” E falamos por algum tempo sobre outros assuntos, especialmente sobre o homenageado da noite.

É isto: morre Paulo Renato Souza, um homem público notável, cuja obra foi incansavelmente vilipendiada pelos petistas, e as notas de condolências da presidente Dilma Rousseff e de Haddad podem fazer justiça tardia a seu trabalho, mas não têm força para apagar da história a tentativa de desconstruir o trabalho que ele comandou ao longo de oito anos no MEC e, mais recentemente, como titular da secretaria de Educação do governo de São Paulo, na gestão José Serra.

Como ministro de FHC, Paulo Renato comandou a universalização do ensino básico, criou o Enem, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional de Cursos, apelidado de “provão” — depois chamado de Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). O “provão” teve, nos primeiros anos de aplicação, papel fundamental na qualificação das universidades públicas e privadas. O exame foi bastante descaracterizado pela gestão petista.

Paulo Renato também foi decisivo para a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), em 1996. Para não variar, os petistas combateram bravamente o fundo e, atenção!, votaram contra a sua criação, o que é um escândalo, uma das muitas indignidades do partido. No poder, o que fizeram os petistas? Rebatizaram o Fundef, passando a chamá-lo “Fundeb” (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), sob o pretexto de que passaria a atender também ao ensino médio.

Na campanha eleitoral do ano passado, esta mesma Dilma que reconhece agora o trabalho de Paulo Renato — num tributo que o vício presta à virtude como expressão clara da hipocrisia — afirmava que o fundo era obra do… PT!!! Coube também a Paulo Renato transformar o Bolsa Escola, experiência iniciada em Campinas pelo prefeito tucano José Roberto Magalhães Teixeira, num programa de alcance nacional. Ele foi incorporado depois pelo Bolsa Família. Vale dizer: o governo Lula inventou o Fundeb, que já existia; inventou o Bolsa Família, que já existia; inventou o Enade, que já existia; inventou o Luz Para Todos, que já existia; inventou até a política econômica, que também já existia!!!

O PT é, em suma, o maior inventor de obras alheias da história!

Secretário de Educação
Na Secretaria de Educação de São Paulo, na gestão Serra, coube a Paulo Renato aprofundar o sistema de promoção do professorado por mérito, estabelecer um currículo mínimo e criar a Escola do Professor, para a qualificação da mão-de-obra. Mais uma vez, o PT, por meio de seu braço sindical, a Apeoesp, tentou sabotar a qualidade, mas o programa se consolidou, e São Paulo viu melhorar seu desempenho nos exames nacionais. Paulo Renato, reitero, não era apenas um bom formulador de políticas públicas: também era um executivo competente, qualidades que já tinha evidenciado como reitor da Unicamp.

Como homenagem à verdade e, no caso, a seu trabalho, cumpre lembrar alguns números, publicados aqui em dois posts em agosto do ano passado:

1 - Lula afirma por aí ter criado 13 universidades federais. É mentira! Com boa vontade, pode-se afirmar que criou apenas seis; com rigor, quatro. Por quê? A maioria das instituições que ele chama “novas universidades” nasceu de meros rearranjos de instituições, marcados por desmembramentos e fusões. Algumas universidades “criadas” ainda estão no papel. E isso, que é um fato, está espelhado nos números, que são do Ministério da Educação;

2 - Poucos sabem, certa imprensa não diz, mas o fato é que a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula;

3 - Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008);

4 - Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%;

5 - Sabem o que cresceu para valer no governo Lula? As vagas ociosas em razão de um planejamento porco. Eu provo: em 2003, as federais tiveram 84.341 formandos; em 2008, 84.036;

6 - O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008;

7 - Sim, há mesmo a preocupação de exibir números gordos. Isso faz com que a expansão das federais, dada como se vê acima, se faça à matroca. Erguem-se escolas sem preocupação com a qualidade e as condições de funcionamento, o que leva os estudantes a desistir do curso. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.

8 - Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina “companheira”. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período;

9 - No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.

10 - Cresceu o número de analfabetos no país sob o governo Lula - e eu não estou fazendo graça ou uma variante do trocadilho. Os números estão estampados no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. No governo FHC, a redução do número de analfabetos avançou num ritmo de 0,5% ao ano; na primeira metade do governo Lula, já caiu a 0,35% - E FOI DE APENAS 0,1% ENTRE 2007 E 2008. Sabem o que isso significa? Crescimento do número absoluto de analfabetos no país. Fernando Haddad sabe que isso é verdade, não sabe? O combate ao analfabetismo é uma responsabilidade federal. Em 2003, o próprio governo lançou o programa “Brasil Alfabetizado” como estandarte de sua política educacional. Uma dinheirama foi transferida para as ONGs sem resultado - isso a imprensa noticiou. O MEC foi deixando a coisa de lado e acabou passando a tarefa aos municípios, com os resultados pífios que se vêem.

Encerro
Muitos tucanos, por delicadeza, tornam os petistas melhores do que são. Não sou tucano. Pretendo tratá-los apenas com justiça. A justiça que sempre negaram a Paulo Renato Souza. Uma hora essa mistificação acaba, e terá início o resgate também do trabalho dos vivos.

Aprendizado na acao - Claudio Moura Castro (OESP)

Aulas de recuperação
Claudio de Moura Castro
O Estado de S.Paulo, 26 de junho de 2011

Escolas públicas de BH usam com sucesso o método 'action learning', que é reunir grupos com dificuldades parecidas para se ajudarem

Após a 2ª Guerra Mundial, as minas de carvão inglesas foram nacionalizadas. Tempos depois, o presidente da estatal notou que algumas delas produziam pouco, apesar de semelhantes a outras muito eficazes. Como não encontrava as razões da diferença, resolveu consultar um amigo, do tempo em que eram colegas na Universidade de Cambridge.

Foi então conversar com Reginald Revans, aluno do Barão de Rutherford (Prêmio Nobel) no celebrado Cavendish Lab, onde se doutorou em astrofísica. Só que Revans achou pouca graça em ficar vigiando estrelas e preferiu enveredar para os campos então virgens da administração (se fosse no Brasil, não deixariam um astrofísico ensinar administração, pois tem o diploma errado!). Contando com sua competência nos novos interesses, o amigo queria que desvendasse os mistérios das minas de carvão.

Após uma longa explicação veio a pergunta: "Reggie, você pode descobrir por que essa mina funciona e a outra não?" Responde o astrofísico: "Só daqui a três meses". O executivo insistiu, mas a resposta permanecia a mesma, precisava de três meses. Impaciente, pergunta o que ele ia fazer de tão importante nesse tempo. "Ora, se é para entender de carvão, tenho que passar pelo menos três meses trabalhando nas profundezas de uma mina."

Como havia sido atleta olímpico, aguentou o regime da pá e picareta nas galerias abafadas. Passados os três meses, com muitos calos nas mãos, dá-se um novo encontro e vem a inevitável pergunta: "O que há de errado com aquela mina?" A resposta é cristalina: "Não sei e não vou saber. Mas já sei como resolver o seu problema. Quem sabe das minas são os capatazes e mineiros que lá trabalham por décadas. Vamos criar reuniões periódicas entre os da mina boa e os da ruim. Eles saberão decifrar o problema e encontrar a solução".

Estava então criado o método do action learning (que não tem tradução estabelecida para o português). É baseado na ideia de gerar condições favoráveis aos que vivem o problema no seu cotidiano para que possam encontrar soluções. De fato, ninguém conhece tão bem as dificuldades. Portanto, é deles que virão as melhores soluções .

Afogadas no círculo vicioso do seu cotidiano, as pessoas apenas sentem o enguiço, mas não chegam a defini-lo com precisão e, ainda menos, têm a disposição para resolvê-lo. O método do action learning consiste em criar condições materiais e psicológicas para que essas mesmas pessoas se dediquem com otimismo a enfrentar os problemas que as cercam. Um elemento crítico no método é a interação de pessoas de origens diferentes, mas que convivem com dificuldades semelhantes. Uns ajudam os outros, com estímulos e conhecimentos tácitos daquele assunto. Ao longo do tempo, o método se sofistica, sendo usado nas condições mais variadas, em empresas, hospitais e polícia.

Faz uns cinco anos, a Associação Comercial de Minas Gerais decide fazer alguma coisa em benefício da educação. Junta-se a ela a Fundamig (a fundação das fundações empresariais de Minas) e mais a Amcham, todas sob a liderança de Evando Neiva e Antônio Carlos Cabral. Cria-se então a Conspiração Mineira pela Educação, alusiva à tentativa de independência, em 1789. Decorridos mais de dois séculos, a nova Conspiração é ainda a busca da liberdade, mas desta vez, pelo caminho do bom ensino. Marca seu lançamento a Carta do Caminho, fazendo jogo de palavras com a de Pero Vaz de Caminha.

Diante da iniciativa, o então vice-governador sugeriu que o trabalho inicial se concentrasse na região do Serra Verde, no norte de Belo Horizonte. Trata-se de uma área socialmente problemática e contígua ao Centro Administrativo, em plena construção naquele momento.

Mas o que fazer para ajudar as 70 e tantas escolas da região, algumas delas em áreas conflagradas? Começamos ouvindo oito diretoras recitarem as mazelas de suas escolas. A desgraceira não era pouca, aliás, de educação quase nada se falou.

Veio-me então a lembrança de Revans, que havia conhecido na Europa na década de 80 (ocasião em que me fez a narrativa acima). Action learning em Belo Horizonte? Apesar de desconhecida, a ideia foi festejada. Mas o desfecho inicial me assustou, pois fiquei encarregado de encontrar alguma pessoa que soubesse aplicar o método. Na verdade, jamais soube de action learning no Brasil.

Como todos que se veem sem inspiração, entro no Google. No Brasil, só encontro duas referências: um evento em que se mencionava o termo e uma grande consultora internacional que sabia aplicar (Caliper). Apesar de intimidado pelas perspectiva de honorários semelhantes aos que cobra da Gerdau, escrevi para a empresa. A resposta veio logo, mostrando interesse. Nesse momento, já antecipava o embaraço diante de um orçamento muitas vezes maior do que uma iniciativa filantrópica poderia enfrentar. Mas escrevi assim mesmo, explicando o escopo do trabalho.

Minha surpresa não poderia haver sido maior quando chegou a resposta. Um escocês chamado George Brough ofereceu-se para fazer o trabalho, como sua contribuição voluntária, sem cobrar, desde que tivesse passagens para vir de Curitiba. Trazê-lo a cada 15 dias era financeiramente viável.

Reunimos umas 50 diretoras e explicamos o método. George disse que cada diretora deveria identificar o problema mais sério que encontrava na sua escola e gostaria de enfrentar. Obviamente, ninguém entendeu muito. A perplexidade foi geral e, ao acabar o encontro, já antecipava um desastre de maiores dimensões. A reunião seguinte tampouco foi alvissareira, apesar da fleuma e tranquilidade do escocês. "É assim mesmo, sempre começa parecendo que não vai dar certo."

E ele tinha razão. As diretoras escolheram cinco temas, todos relevantes: falta de motivação dos alunos, falta de motivação dos professores, integração família/escola, pacificação da escola e desempenho dos alunos (indicadores de aprendizagem). Os grupos com interesses comuns foram formados, com reuniões quinzenais, incluindo lanchinho no intervalo. Tudo sob a batuta do nosso George.

Passa o tempo, o trabalho toma corpo e, um par de anos depois, começam a aparecer os resultados. Cada escola tomava suas providências, inventava modas e seguia em frente, sempre trocando figurinhas com as outras que lidavam com o mesmo problema. Um questionário permitiu uma avaliação inicial do que estava sendo feito e dos primeiros resultados.

Apesar de baseados em impressões e apreciações subjetivas, dava para ver que haviam crescido muito as teias formadas com parceiros fora da escola, como igrejas, ONGs e instituições da sociedade civil. Curiosamente, uma contagem simples das instituições externas mostrou que a Polícia Militar era a parceira mais frequente (talvez por ser adorada pelas diretoras). Multiplicavam-se as iniciativas e projetinhos com alunos (do tipo Cantinho de Leitura e outros).

Progressivamente, de encontros em um clube, as reuniões passam para um revezamento entre escolas. Isso corresponde à criação de um Fórum de Diretores. A escola da vez se prepara para a visita das diretoras e ensaiam-se os alunos para mostrar o que estão fazendo. A diretora e professores preparam PowerPoints sobre suas iniciativas. O evento é uma grande festa, terminando com uma mesa de salgados e doces (ao que parece, comer é essencial para o êxito). A próxima reunião será a 36ª. Nada mau para uma iniciativa que parecia capenga no primeiro dia e custou a arribar.

Chama atenção o custo modestíssimo de criar e fazer andar esse grande circo: lanchinho, algum transporte e pouco mais. Obviamente, não há custos para o trabalho voluntário de das lideranças (se cobrados, seriam altíssimos, considerando serem executivos bem-sucedidos) e nem dos muitos programas oferecidos por dezenas de parceiros dos três setores (lembremo-nos, a Conspiração é uma aliança intersetorial do Estado, da iniciativa privada e do Terceiro Setor).

No bojo do action learning, muitas atividades paralelas vão aparecendo. Frequentemente há conferências por pessoas de fora, criando variedade e abrindo uma janela para o mundo. Houve um claro interesse dos organizadores em universalizar os conhecimentos sobre sistemas nacionais e estaduais de avaliação (Prova Brasil, Ideb, Pro-Alfa, Proeb). Em uma escola, amadurece um programa bem-sucedido de promover lideranças dentre os alunos (é parte do programa do Instituto Unibanco). Há também concursos de redação para premiar alunos nos quais os vencedores ganham um dia de visita ao museu de arte contemporânea do Inhotim.

Sob todos os pontos de vista, podíamos ver que se tratava de uma iniciativa bem-sucedida. Tinha variedade e uma participação crescente das escolas (de 50 escolas no primeiro Fórum, para mais de 100 nos dias que correm, além de centenas de observadores que acompanham os encontros). Mais importante, os encontros viraram uma rotina bem-vinda para as equipes das escolas.

Mas faltava um elemento crucial. As avaliações disponíveis eram subjetivas e qualitativas. Todos achavam que estava "dando certo". Mas e os números? E as avaliações externas? Obviamente, só com o transcurso do tempo cria-se o intervalo necessário para comparar dois momentos usando o mesmo instrumento de avaliação.

Hoje isso já aconteceu. Em 2007, a média nacional do Ideb era de 3,4, enquanto a média das escolas da Conspiração era de 4,4. Em 2009, o Ideb nacional passou a 3,6, enquanto as escolas da Conspiração atingiram 5,3. É um salto muito grande, tomando como comparação a evolução do Brasil nesse indicador.

São resultados muito impressionantes. Naturalmente, nem tudo se deve à Conspiração Mineira ou ao action learning. Mas é que não houve tantas iniciativas afora essas. Portanto, é apropriado atribuir pelo menos boa parte dos resultados ao que fizeram os "conspiradores".

Nomes, definições e detalhes das formas de intervenção não interessam muito. As lições mais importantes vêm do espírito do método. Quando começamos, qualquer um dos responsáveis pela iniciativa poderia haver trazido a sua considerável experiência para sugerir às escolas como deveriam proceder. É isso que se faz com muita frequência. Mas, felizmente, nem identificamos os problemas e nem prescrevemos as soluções. Em vez disso, começamos perguntando aos diretores quais eram as dificuldades que os afligiam. Em seguida, criamos as condições materiais e emocionais para que trabalhassem conjuntamente na sua solução. Esse é o espírito do action learning. Deu certo! Thank you, Professor Revans. Thank you, George Brough.

CLÁUDIO DE MOURA CASTRO É DOUTOR EM ECONOMIA E PESQUISADOR EM EDUCAÇÃO, ASSOCIADO AO GRUPO POSITIVO. NO CASO DA CONSPIRAÇÃO, VEM ATUANDO COMO ASSESSOR TÉCNICO, SUGERINDO ATIVIDADES E PROGRAMAS, MAS NÃO ENTRANDO DIRETAMENTE NA SUA IMPLEMENTAÇÃO.

Duas homenagens, duas falacias academicas, dois trabalhos futuros...

Acabo de escrever o 15. exercício da série falácias acadêmicas, desta vez dedicado ao "modo repetitivo de produção", ou seja, a vulgarização sem sentido do marxismo vulgarizado. Vou publicar no mês que vêm, depois de uma boa revisão.
No momento, encontro mais dois motivos para escrever novos trabalhos sobre as falácias acadêmicas mais comuns, presentes em nossas universidades.
Se eu me atrevo a buscar as razões teóricas e as raízes intelectuais do atraso brasileiro -- que como sempre digo, antes de ser material, é mental -- eu as encontro em diversas personalidades celebradas continuamente, e que de verdade buscaram a melhoria do Brasil, mas pelas vias erradas, fazendo diagnósticos equivocados e receitando prescrições pouco adequadas, quando não totalmente erradas, para "curar" os maiores problemas brasileiros: a falta de educação de seu povo, e a baixa inserção de sua economia nos circuitos capitalistas.
Paulo Freire e Milton Santos são dois desses patriotas equivocados.
O fato de que eles estejam sendo homenageados como grandes homens e brilhantes intelectuais só me faz prenunciar a persistência do atraso mental e do retardo material.
Pena, o Brasil poderia ser melhor do que é, se tivesse intelectuais mais realistas e menos ideológicos.
Vou fazer dois ensaios sobre as falácias de cada um deles.
Paulo Roberto de Almeida

PT na Câmara dos Deputados
Informes da Liderança do PT
INF 4738, Ano XX, Segunda-feira, 27 junho de 2011

Câmara homenageia educador Paulo Freire

Numa iniciativa do deputado Fernando Ferro (PT-PE), a Câmara realiza sessão solene hoje, às 10h, em homenagem ao educador e filósofo Paulo Freire, que, se estivesse vivo, completaria 90 anos em 2011.

De acordo com Fernando Ferro, Paulo Freire deu significado à leitura. “Com seu método revolucionário de alfabetização foi, de forma articulada, com método, rigor científico, compromisso social e político, o primeiro neste país a enfrentar o flagelo da ignorância e da falta de oportunidade. Com sua vontade e seu propósito, Freire não apenas ensinou a ler as letras do alfabeto, mas deu significado à leitura, uma função social”, ressaltou.

Paulo Freire, acrescentou o parlamentar petista, “chamou homens e mulheres que não tinham nenhuma esperança de participar ativamente da dinâmica cívica, por falta total de informação, para uma situação de protagonismo social”.

Segundo Fernando Ferro, Paulo Freire foi além. “Ensinou a escrever, formando senso crítico, estimulando a formação da opinião e a criticidade. É a partir desse movimento, que o Brasil percebe a necessidade de se criar uma política de combate ao analfabetismo. Ele mesmo dizia que a escolarização era um forte elemento para a formação da consciência do cidadão.

Então, é importante reforçar a importância deste homem para a concretização do processo democrático brasileiro”, destacou Fernando Ferro.

Milton Santos será homenageado amanhã na Câmara

O intelectual, pesquisador, político, jornalista e geógrafo Milton Santos, que completou 10 anos de morte no dia 24 de junho, será homenageado pelo Congresso Nacional. A sessão em homenagem a um dos mais importantes intelectuais da história do Brasil será realizada amanhã, às 10h, no plenário da Câmara dos Deputados.

A sessão requerida pelo deputado Luiz Alberto (PT-BA) tem como objetivo realçar a importância de Milton Santos para a sociedade brasileira. Será uma forma de repercutir no parlamento as contribuições do geógrafo ao País. Milton Santos dedicou toda a sua obra ao entendimento das supra e sobre-estruturas formativas das desigualdades entre os homens e as sociedades ao redor do mundo.

A mesa da sessão será composta pelo governador da Bahia, Jaques Wagner; pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; pelo ministro da Educação, Fernando Haddad; pelo presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araújo; pelo ministro das Relações Exteriores, Antônio de Aguiar Patriota; pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; e pelos reitores das Universidades de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior; do Recôncavo, Paulo Gabriel Nacif; e da Bahia, Dora Leal Rosa.

Representações diplomáticas dos países onde Milton Santos atuou como professor, pesquisador e consultor, no período de 1964 a 1978, também marcarão presença na sessão solene: França, Portugal, Espanha, Tanzânia, Guiné Bissau, Senegal, Costa do Marfim, Mali, Nigéria, África do Sul, Japão, Venezuela, Costa Rica, México, Canadá e Estados Unidos

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Addendum em 30/06/2011:

O post acima foi reproduzido (sem que eu soubesse, mas fui avisado pelo inefável e indispensável Google Reader) no Orkut, por algum leitor de me blog cuja identidade ou motivações desconheço.
Está neste link: http://www.orkut.com.br/CommMsgs?cmm=2078498&tid=5622279960502882176&start=1
O fórum se chama "Repúdio à ignorância política" e tem 69.885 membros, o que não é pouca coisa, convenhamos (mas desconheço se todos leem cada um dos posts).

Mas isso é o de menos. O interessante (e eu digo interessante num sentido altamente "interessante", ou seja, sociológico) é ler os comentários feitos em seguida, o que é revelador do que pensam (ou do que não pensam, justamente) alguns dos nossos jovens estudantes, acadêmicos (talvez até alguns professores) a respeito da educação brasileira. Só posso constatar alguma confusão mental, alguma vontade de confrontar, sem procurar argumentos substantivos: apenas frases, reações, parece que tudo é uma maravilha e que nossa educação é um problema para extra-terrestres.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo
up up up

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Pena, o Brasil poderia ser melhor do que é, se tivesse intelectuais
mais realistas e menos ideológicos. (2)

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Todos os ditos educadores no Brasil podem ser considerados os Reis da Bosta porque conseguiram fazer a pior coisa educacional do mundo.
medalha de ouro absoluta pela incompetencia.

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Nelson Rodrigues já dizia.
O sectário do Mises sofre da SINDROME DE VIRA-LATAS

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Milton Santos e Paulo Freire são reconhecidos MUNDIALMENTE, mas a patuléia tupiniquim não gosta. Deve ser pelos sobrenomes...rs

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Milton Santos e Paulo Freire são referências MUNDIAIS.
Servem para o MUNDO, mas não servem para o Brasil?
Vai entender!

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Paulo Freire e seu legado (video)
http://www.youtube.com/watch?v=kaaG1wTBdNM

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
A depender desses "entendidos" do Miserê, no Brasil de hoje, só o Olavo de carvalho,
Nelson Motta, Jabor e esse tal de diplomata são geniais.
Esse COLABOSTA cola cada uma...
tsc.. tsc...

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Paulo Roberto de Almeida precisa comer muito feijao com arroz e tutano para chegar ao nivel de Paulo Freire ou Milton Santos,qto mais criticar a obra dos dois.

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