segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Barafunda governamental do Brasil Menor: adivinhem quem vai pagar? (você, cidadao)

Conseguiram piorar o plano

Editorial O Estado de S.Paulo, 13 de agosto de 2012

Há boas colchas de retalhos, feitas com carinho, espírito econômico e atenção ao conjunto, e caricaturas de colchas de retalhos, meros ajuntamentos de pedaços de pano reunidos sem critério e sem preocupação com o resultado geral. Pertencem ao segundo tipo os projetos de lei do Plano Brasil Maior recém-aprovados no Congresso Nacional e resultantes da conversão das Medidas Provisórias (MPs) 563 e 564. O plano original, já muito ruim, era apenas mais uma rodada de incentivos setoriais e de alcance limitado, insuficientes para racionalizar custos e elevar a eficiência geral da economia brasileira. Mas deputados e senadores conseguiram piorar consideravelmente as propostas formuladas pelo Executivo, impondo à presidente Dilma Rousseff o encargo de vetar pelo menos parte das mudanças para reduzir os danos. Os senadores mantiveram várias alterações introduzidas na Câmara, para garantir a aprovação final antes do dia 15, fim do prazo de validade das MPs.
Apesar do nome altissonante, o Plano Brasil Maior é pouco mais que uma tentativa de resposta a uma crise do momento. Por meio da MP 563 o governo propôs a redução de impostos e a desoneração da folha de pessoal de alguns setores. O texto enviado ao Congresso tinha 54 artigos. O projeto de conversão aprovado tem 79. Parlamentares decidiram inflar a proposta original com a distribuição de benefícios a vários setores, sem levar em conta as consequências fiscais de sua iniciativa ou a articulação das medidas. Os encargos incidentes sobre a folha são uma das várias desvantagens da indústria brasileira diante de seus concorrentes. A desoneração parcial passa longe de uma resposta efetiva. Além disso, a aparente renúncia fiscal é compensada com aumento de arrecadação sobre outra base.
A ampliação do número de setores beneficiados, por meio das emendas apresentadas no Congresso, tampouco resolve o problema real. Não se altera o conjunto do sistema de impostos e contribuições e, assim, os novos benefícios são apenas mais uma coleção de remendos. O Executivo tinha um critério, apesar de discutível, ao formular a lista inicial. Os acréscimos foram feitos apenas para atender a pressões de lobbies empresariais. A proposta inicial do governo foi uma caricatura de planejamento. A contribuição dos parlamentares nem essa qualificação merece, porque representou a negação completa de qualquer tipo de plano destinado a promover a transformação da economia.
A MP 563 mistura uma enorme variedade de temas - 27 assuntos sem interconexão, segundo a análise do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O texto se refere a questões tão variadas quanto a desoneração fiscal de setores empresariais, a mudança das regras de licitação para o Sistema Único de Saúde, a inclusão digital nas escolas públicas, o financiamento da prevenção e do tratamento do câncer e a agregação de conteúdo nacional à produção da indústria, entre outras.
O governo propôs na MP 564 a transferência de R$ 45 bilhões do Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), novos recursos para o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e para o Banco da Amazônia (Basa) e subvenções fiscais a alguns setores. Além de ampliar a lista das empresas beneficiadas, os congressistas aumentaram as verbas destinadas aos dois bancos regionais. Além disso, prorrogaram os incentivos fiscais destinados ao Nordeste e à Região Amazônica e acrescentaram mais alguns penduricalhos de ocasião.
Parlamentares deram às MPs o mesmo tratamento atribuído às propostas orçamentárias. Acrescentaram uma porção de emendas para atender a lobbies de empresas e setores e para mostrar serviço às bases eleitorais. A preocupação com miudezas, característica das emendas orçamentárias, comandou a intervenção dos congressistas no texto das MPs. Na versão original, a denominação Plano Brasil Maior já era inadequada, porque havia exagero tanto no substantivo "plano" quanto no adjetivo "maior". A versão produzida no Congresso é ainda mais tacanha e mais difícil de conciliar com as limitações de um orçamento estruturalmente engessado e conjunturalmente afetado pela crise.

Venezuela no Mercosul: sera' possivel? Ver para crer...

Tendo em vista a atual dependência alimentar -- com aumentos de centenas por cento nas importações de todos os tipos de produtos alimentícios -- e as necessárias adaptações da legislação tributárias da Venezuela, para adequá-la aos requisitos do Mercosul, pode-se duvidar, de boa fé, da capacidade desse país fazê-lo em tempo hábil, ou seja, antes de 2035...
Vamos esperar...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela – El Universal, 13/08/2012

Crecen compras de alimentos desde países del Mercosur

Rubros como carne, arroz, café, maíz, arroz y otros vienen de los países socios
ANGIE CONTRERAS C. |  EL UNIVERSAL
 
Las importaciones de alimentos dejaron de ser una medida para compensar el déficit de la producción nacional, agrícola e industrial, y pasaron a ser una política de Estado. Tanto, que el mismo ministro de Alimentación, Carlos Osorio, ha reconocido que la prioridad es llenar los anaqueles así sea con alimentos importados.
 
Contrario a la promesa de soberanía alimentaria, el país se ha vuelto cada vez más depende de las compras externas, que han crecido considerablemente en casi todos los rubros. Las compras de alimentos prioritarios a las naciones que integran el Mercado Común del Sur (Mercosur), Argentina, Brasil Uruguay y Paraguay, han venido en ascenso durante los últimos seis años.
 
Las importaciones de cereales desde estos países se han incrementado en 375,32% entre 2006 y mayo de 2012. Durante los primeros cinco meses de este año, se importaron 393 mil 622 toneladas entre arroz, maíz, sorgo y otros; mientras que seis años atrás las compras se situaban en 82 mil 817 toneladas.
 
El principal exportador ha sido Argentina, que en 2011 vendió a Venezuela 446 mil 21 toneladas de cereales. En seis años las compras desde ese destino han crecido 265,92%, según cifras del Instituto Nacional de Estadísticas (INE).
 
Desde Brasil las compras de cereales crecieron en más de 4.000%, al pasar de 1 mil 445 toneladas en 2006 a 59 mil 802 toneladas en 2012. Hasta mayo de este año, según el INE, las importaciones han aumentado 60,3% en comparación con todo 2011, pues se han comprado 95 mil 865 toneladas respecto a las 59 mil 802 toneladas del año pasado.
 
Las importaciones de estos rubros desde Uruguay se iniciaron en 2008 y continuaron en 2009 y 2011. El INE no reporta compras durante 2010.
 
Paraguay exportó cereales al país en 2010 y 2011, con 39 mil toneladas y 24 mil toneladas, respectivamente.
 
Las importaciones de carne en canal desde los países miembros del Mercosur también dieron un salto de 276,19% en seis años. En este rubro, Brasil lleva la batuta y las compras desde ese país se incrementaron en 261% en el mismo período, reflejan las estadísticas del INE.
 
Desde Argentina las compras de carne en seis años crecieron en 234,38%; desde Paraguay subieron 41,31% desde 2008, y desde Uruguay en más de 3.000% entre mayo 2006 y 2012.
 
Sólo durante los primeros cinco meses de este años las importaciones del rubro desde Argentina y Brasil han superado a las registradas en 2011, en 101% y 6,29% respectivamente.
 
Las compras de animales vivos desde los países miembros del bloque comercial han crecido exponencialmente. De las 38,5 toneladas que se importaban en 2006 se pasó a importar 77 mil 614 toneladas en 2012. En los primeros cinco meses de este año las compras representan 48,77% del total de 2011.
 
El café es otro de los rubros sensibles que requiere importaciones desde los socios del continente. De los países del Mercosur Brasil es el único que exporta café y sus variedades a Venezuela, que desde 2009 -a causa de la depresión de la producción- ha tenido que recurrir a mercados extranjeros para atender la demanda interna.
 
Entre ese año y 2011 las compras de café crecieron 160%, según el INE, y entre enero y mayo de 2012 se han importado desde ese país 4 mil 183 toneladas del grano.
 
Las compras de arroz no se quedan atrás. Igualmente debido al deterioro del aparato productivo interno, desde 2008 Venezuela recurrió a las importaciones desde los países vecinos para atender el consumo de la población. Es así como desde esa fecha las compras externas del rubro se incrementaron en 288,96%, siendo Brasil el principal proveedor.
 
A pesar de este escenario de compras masivas de alimentos desde otros países, el Presidente Hugo Chávez asegura que el 80% de los alimentos que consumen los venezolanos son de producción nacional, y que las importaciones han venido en descenso. Las cifras del INE develan una realidad que contrasta con ese planteamiento.

Venezuela – El Universal, 13/08/2012

Plantean revisión tributaria por el ingreso al Mercosur

Estiman que es necesario reducir cargas parafiscales en el país
 
ENDER MARCANO |  EL UNIVERSAL
 
La adhesión de Venezuela al Mercosur supone la adecuación de una serie de normas y condiciones para estar a la par del resto de los países del bloque. Uno de esos aspectos es el tributario, que necesitaría modificarse para contribuir a la creación de condiciones necesarias para el desarrollo del sector productivo nacional, incentivar las exportaciones y no participar en el grupo como un simple importador.
 
Para Roberta Núñez, abogada de KPMG, desde el sector privado han planteado llevar a cabo una verdadera reforma tributaria "que garantice la capacidad económica de los inversionistas y de las personas naturales". Uno de los principales problemas que tiene Venezuela actualmente, y que ha crecido en los últimos años, es la carga en contribuciones parafiscales que tienen las empresas.
 
El impacto de esta serie de contribuciones no quedan sólo del lado del empresario, sino que se trasladan al consumidor final a través del precio de los bienes o servicios. "Estas cargas agobian al sector privado y a los particulares que se ven afectados por los productos que en cierta forma se encarecen por el impacto fiscal".
 
En torno a este tema agregó que hay dos posiciones. La primera de ellas que busca la armonización de este tipo de cargas fiscales para mitigar el impacto. Mientras que la otra persigue la eliminación total.
 
"Hay quienes dicen que no tienes por qué armonizar contribuciones que son indeseadas en todo sistema tributario, y que la propia experiencia internacional ha dado prueba de ello. Lo que planteo es propender un sistema más eficiente y atractivo para el inversionista y consumidor de a pie para tener un marco propicio que permita establecer las alianzas comerciales que implica la entrada al Mercosur".
 
Mejorar procesos
 
Núñez parte de la idea de que antes de entrar como un participante activo dentro del Mercosur, y adoptar las normas que esto implica, Venezuela "tiene que resolver el problema en casa". Considera que tanto el Seniat como las demás instituciones fiscalizadoras en el país deben ser respetuosas a los procedimientos establecidos en el Código Orgánico Tributario.
 
Recordó que en el caso de la recuperación de los créditos fiscales por concepto del Impuesto al Valor Agregado (IVA) los lapsos son muy largos, entre cuatro y cinco años de espera. "Los que vienen a invertir se preguntan por qué tengo que esperar tanto tiempo para que se me reconozca si la ley establece un lapso más corto, y además esto encarece los bienes y producción de mis servicios", señaló la abogada.
 
Otro de los cambios que sugiere en aras de incentivar las exportaciones es la aplicación de la alícuota de 0% para estos productos y servicios. Indicó que aunque legalmente está establecido que los contribuyentes ordinarios que exporten productos nacionales tendrán derecho a recuperar estos créditos fiscales, esto aplica para bienes "aprovechados en el exterior y existe un consenso en la administración tributaria de que eso es un concepto indeterminado a diferencia de otras legislaciones", por lo cual las autoridades han tendido a no reconocer la alícuota de 0%.
 
Una de las consecuencias de la reducción de esta serie de contribuciones es la menor disponibilidad de recursos en las arcas oficiales.
 
No obstante, considera que se debería revisar "hasta qué punto se justifican las contribuciones parafiscales", y qué tanto no logran cubrir las necesidades públicas el IVA, ISRL y demás mecanismos de financiamiento del Gobierno.

Venezuela no Mercosul (ou Mercosul na Venezuela?): back to the future? - Sergio Leo (Valor)

Curioso: ninguém parece lembrar -- salvo a representante da CNI -- que todo esse exercício já tinha sido conduzido (inutilmente, lembre-se) de 2006 até não se sabe quando (quando os diplomatas e funcionários técnicos se cansaram das tergiversações venezuelanas e simplesmente desistiram). e não deram rigorosamente em nada.
Vão tentar agora um "back to the future" para tentar corrigir o que não foi feito no passado?

Venezuela vacila ao entrar no Mercosul 

Sergio Leo

Valor Econômico, 13/08/2012
 
Enquanto as atenções se voltavam para um factoide criado em torno do presidente paraguaio, Federico Franco, que, em discurso na semana passada, explicitou a tradicional insatisfação do vizinho com os rendimentos de Itaipu, diplomatas e técnicos do governo cuidavam de problema mais relevante: a difícil adaptação da Venezuela para integrar, de fato, o Mercosul. Está em jogo a credibilidade do bloco e a seriedade do novo sócio, que emite sinais contraditórios.
 
Os venezuelanos mostram não ter pressa para conciliar as regras comerciais do país às do bloco do Cone Sul. E o presidente venezuelano, Hugo Chávez, informou à presidente Dilma Rousseff: em campanha eleitoral, evitará definições que possam ser exploradas pela oposição. A oposição, porém, não tem dado muita atenção ao tema, que é mencionado por empresários locais, temerosos da ameaça da competição com brasileiros e argentinos.
 
O Palácio do Planalto abrigou as reticências de Chávez, em troca da garantia de que, passadas as eleições, apressará o ritmo das conversas para a integração da Venezuela.
 
Seria erro de Dilma deixar negociação apenas aos técnicos
 
O governo brasileiro avalia que, se bem-sucedida, a entrada do país tende a favorecer produtos brasileiros em relação a fornecedores tradicionais dos venezuelanos, como a Colômbia. Mas Dilma também não pretende briga com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que considera aliado nos esforços para integração no continente. Ela fala em estreitar os laços comerciais com a Colômbia, embora não mostre ainda uma estratégia clara para isso.
 
Pelo menos dois grandes empresários ouviram, nos últimos dias, do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que o governo quer "a Colômbia no Mercosul". Não é afirmação a ser tomada ao pé da letra: para ser integrante pleno do Mercosul, com quem já tem acordo como Estado associado, a Colômbia teria de adotar a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco e romper o recém-sancionado acordo de livre comércio com os Estados Unidos, algo inimaginável em Bogotá.
 
O que os assessores de Dilma defendem é um esforço para negociar, com os colombianos, maneiras de reforçar a presença do país no Mercosul, de maneira a reduzir os efeitos negativos, para o vizinho caribenho, da incorporação da Venezuela ao Mercosul - e claro, abrir mercado a produtos brasileiros na Colômbia. Negociações para um acordo automotivo com a Colômbia, paralisadas há anos, poderiam ser reanimadas, por exemplo.
 
Além do esforço com a Venezuela, neste ano, outros países sul-americanos merecerão, no máximo, declarações políticas no que se refere ao Mercosul As negociações para incorporar o novo sócio já darão trabalho suficiente aos técnicos. Entre os problemas de competitividade dos venezuelanos, está a moeda sobrevalorizada, que consultorias locais, como a Ecoanalítica, calculam precisar de desvalorização superior a 100% para compensar os aumentos de custos dos últimos anos.
 
Especula-se na Venezuela que o Mercosul poderá servir de pretexto para sancionar uma desvalorização do bolívar após as eleições, ainda que muito abaixo dos 100%. Com uma inflação de 8,6% de janeiro a julho deste ano (quase 20% no periodo de 12 meses), a esquálida indústria venezuelana faz as dificuldades do setor privado brasileiro parecerem cócegas.
 
Some-se o crônico déficit comercial do país e seria fácil prever que os negociadores venezuelanos mostrariam, como já mostraram, a disposição de adiar ao máximo definições necessárias para a integração comercial da Venezuela ao Mercosul.
 
O governo brasileiro gostaria de começar já a troca de informações para facilitar a convergência entre as tarifas de importação da Venezuela e as do Mercosul, mas os venezuelanos só admitem começar a falar em mudanças de tarifas após concluído o esforço para adaptar as regras de classificação venezuelanas à nomenclatura comum do Mercosul, a NCM, usada na administração e estatísticas do comércio do bloco.
 
Pelo ritmo desejado em Caracas, o Brasil chegaria ao fim de sua presidência temporária do Mercosul, neste semestre, sem grande avanço ou definições na integração venezuelana, a não ser a adoção do sistema de classificação de mercadorias do Mercosul.
 
Hoje, em Montevidéu, negociadores do Mercosul se reúnem para discutir um cronograma das negociações com a Venezuela. Segundo informaram diplomatas brasileiros aos técnicos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na semana passada, o Brasil quer realizar reuniões de cinco dias, mensais, até o fim do ano, para garantir avanços nas conversas para adoção da TEC e de outros compromissos do bloco pelos venezuelanos.
 
"Vamos acompanhar de perto o cumprimento do protocolo de adesão pela Venezuela", comentou a gerente-executiva de negociações internacionais da CNI, Soraya Rosar, que ainda lembra das reuniões de negociação com o país, em 2006, canceladas com frequência pela ausência dos venezuelanos. "A burocracia na Venezuela dificulta até conhecer as tarifas aplicadas", nota ela. A CNI vem atualizando os dados comerciais, para orientar as conversas com a equipe de Chávez e espera que não se repita um problema dos anos anteriores, quando, a cada reunião, eram diferentes os representantes do lado venezuelano.
 
Pela experiência passada, e as ainda existentes resistências venezuelanas, seria um erro de Dilma deixar para os técnicos as negociações com a Venezuela, a menos que ela esteja desinteressada dos resultados comerciais possíveis com o novo sócio do Mercosul.
 
Detalhe curioso: como se sabe, a entrada da Venezuela se deu sem a necessária aprovação do Paraguai, suspenso do bloco, acusado de descumprir os compromissos democráticos do Mercosul. Os parlamentares paraguaios ameaçaram votar - contra - o protocolo de adesão da Venezuela, criando um fato consumado, mas voltaram atrás, na semana passada. Adiaram a votação, num sinal de que não pretendem queimar tão cedo as pontes que conduzem o país de volta ao bloco sul-americano.

Greves do funcionalismo: que tal tornar os funcionarios do BC responsaveis? - Rodrigo Constantino

Uma boa proposta...
Paulo Roberto de Almeida

Uma boa ideia no combate à inflação

Estudio fotografico
A inflação, como dizia Milton Friedman, é sempre e em todo lugar um fenômeno monetário. O que isso quer dizer, basicamente, é que a alta generalizada de preços é causada pelo aumento da oferta monetária e creditícia, fazendo com que mais moeda procure a mesma quantidade de bens e serviços. Portanto, a inflação será sempre resultado de uma política deliberada de quem controla a emissão de moeda e o crédito dos bancos.
Ora, esta é justamente a função dos bancos centrais. No site do Banco Central do Brasil, por exemplo, consta em destaque sua missão: “Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. Para tanto, o BCB goza de orçamento bilionário que mantém uma estrutura com mais de 4,5 mil servidores. Todos unidos em torno desta importante missão.
E eis que estes servidores resolvem fazer greve em busca de reposição salarial de 23%! A notícia chegou a ser veiculada no Financial Times. Um dos líderes sindicais disse que não quer aumento de salário, apenas o resgate do seu poder de compra. Mas essa não é exatamente a missão do BCB? Ou seja, ao demandar reposição do poder de compra salarial, não estariam estes servidores confessando que falharam em sua única missão? E ainda querem recompensa por isso?
É algo análogo a um vigia, cuja única missão é proteger uma propriedade, demandar restituição dos objetos que lhe roubaram enquanto a propriedade que ele vigiava era assaltada. A incompetência é premiada. A inflação produzida pelo próprio BCB é problema dos outros; seus funcionários querem indexação!
Muitas foram as tentativas de se criar mecanismos de pesos e contrapesos para evitar os abusos políticos dos bancos centrais, uma vez que o imposto inflacionário é um dos mais tentadores para as autoridades, pois disfarçado. A independência legal do banco central foi uma conquista nesta direção, assim como o regime de metas de inflação. Tudo para criar um meio de responsabilizar a autarquia e blindá-la da captura política.
Mas os resultados não são dos mais animadores. O dólar, desde que o Federal Reserve foi criado em 1913, já perdeu mais de 95% de seu poder de compra frente ao ouro, cuja oferta não pode ser manipulada por banqueiros centrais. Várias bolhas creditícias foram criadas desde então. O fracasso é tão evidente que muitos economistas chegaram a defender o fim dos bancos centrais, com argumentos bastante razoáveis.
Como politicamente esta é uma meta muito distante, quiçá inalcançável, venho defender uma alternativa que parece interessante para alinhar os interesses. Trata-se de uma medida radical, mas necessária para lidar com males radicais. Além de garantir a independência do Banco Central (que ainda é apenas sonho no Brasil) e determinar uma meta de inflação bem reduzida (também é sonho no Brasil, cuja meta é 4,5% com banda que tolera até 6,5% ao ano), que tal congelar o salário de todos os seus servidores?
Se cada funcionário do BCB tiver seu salário fixado em termos nominais por lei, então o staff do banco será o maior interessado em realmente lutar pela preservação do poder de compra da moeda. Em outras palavras, ao transformar o próprio funcionário do banco em um cidadão comum desprotegido do imposto inflacionário, esta lei iria criar automaticamente forte resistência às práticas inflacionárias dentro do banco, que, como já vimos, é aquele que tem o poder de criar inflação.
Fica aqui, então, a minha sugestão para melhorar o combate a esta praga inflacionária, que atualmente corrói mais de 5% do poder de compra da moeda por ano (sem falar do risco de bolha creditícia no país atualmente): tornar o Banco Central independente por lei, com mandato intercalado com a Presidência da República; adotar meta de inflação reduzida, dentro do padrão internacional (em torno de 2% ao ano); e congelar o salário de seus funcionários em termos nominais, para alinhar seus interesses aos nossos, simples mortais.
Não é uma “solução” definitiva, como talvez fosse o caso de um sistema de free banking (há controvérsias, mesmo entre grandes liberais). Mas sem dúvida é um passo a mais na direção correta. Os servidores do Banco Central não têm o direito de se proteger contra a inflação que ajudam a criar, penalizando o restante da população enquanto desfrutam da blindagem da indexação salarial. Eles precisam ficar no mesmo barco que os demais, que todos aqueles que pagam o pato da política inflacionária. Afinal, inflação no bolso dos outros é refresco, né?

Sobre o Autor

avatar Rodrigo Constantino é economista pela PUC-Rio, com MBA de Finanças pelo IBMEC e trabalha no mercado financeiro desde 1997. É articulista e autor de diversos livros, dentre os quais o novo Liberal com orgulho

Os efeitos da seca - Marcos Fava Neves

Os impactos da seca
Marcos Fava Neves
Especial para Brasil Econômico, 13/08/2012, p.3

Este texto tem o objetivo de discutir os prováveis impactos primários e secundários nas integradas cadeias produtivas de alimentos, bioenergia, fibras e outras advindos do fato das secas que atingem a produção norte-americana, principalmente, mas também as produções de Índia, Rússia, Ucrânia e Cazaquistão. Os EUA, principal produtor mundial de grãos enfrentam a maior seca dos últimos 50 anos, que já afetou 37% das propriedades e 43% da área agrícola.
 Continuando a seca, os efeitos podem ser desastrosos em algumas cadeias produtivas, trazendo reflexos para mais de uma safra e inclusive mudanças de planejamento de plantio, de políticas públicas e estratégias privadas nas organizações. São 20 impactos aqui lembrados.
 1 – Num primeiro momento houve grande aumento dos preços da soja e milho, e a partir destes aumentos, as cotações de outros grãos também subiram.
2 – Dependendo do volume de estoques que serão utilizados, seus níveis podem cair a volumes preocupantes, o que pode fazer esta situação de preços perdurar por mais de uma safra.
3 – Os efeitos nos países pobres importadores de comida podem ser devastadores, uma vez que preços de alimentos são diretamente ligados a estabilidade política e os orçamentos para programas assistenciais e os próprios orçamentos das famílias passam a ser insuficientes.
4 – Impacto também nos países de grandes populações de classe média, como China, cada vez maiores importadores de alimentos, que alocarão mais  recursos para importações.
5 – Com maiores preços dos grãos, os impactos nos custos da alimentação animal são grandes, reduzindo as margens das empresas de carnes e lácteos, uma vez que a transferência de preços aos supermercados muitas vezes não é imediata.
6 – O mesmo efeito ocorre com as empresas produtoras de biocombustíveis a partir de grãos, pois com preços de insumos mais altos, as margens são menores.
7 – Se os biocombustíveis aumentarem de preços, há reflexos em seu consumo, migrando para o consumo de petróleo, aumentando as pressões também para que este aumente de preços.
8 – Petróleo aumentando de preços aumentam os custos de produção e de transporte de alimentos, trazendo outro impacto negativo das secas.
9 – O aumento de preços de alimentos nos supermercados vai forçar as empresas de alimentos a cortarem custos, podendo refletir em seus orçamentos para propaganda, embalagem e até inovação, postergando projetos.
10 – Da mesma forma, como o alimento é o último item a ser cortado do orçamento de uma família, devem migrar recursos a serem utilizados em outros mercados, como entretenimento, eletrodomésticos e outros, para o consumo de alimentos.
11 – Produtores não afetados pela seca terão margens significativamente maiores, o que pode trazer valorização de terras e até dar mais velocidade ao processo de concentração existente na agricultura.
12 – Há o risco de se reduzir os mandatos de mistura de biocombustíveis na gasolina em diversos países, mais notadamente nos EUA, onde a pressão de grupos contrários ao etanol é forte para liberar milho para alimentação, o que traria grave impacto as indústrias de etanol, mas seria também uma ameaça ao Brasil, provavelmente a maior.
13 – O uso de mais petróleo e menos biocombustíveis também vai agravar as emissões de carbono, trazendo mais poluição.
14 – Aumento de preços de alimentos traz mudança de hábito de local de consumo, aumentando a venda em supermercados e diminuindo os gastos na alimentação fora do lar (restaurantes)
15 – O hemisfério sul vai ser estimulado a plantar mais soja e milho, interferindo nas áreas de algodão, trigo, cana, girassol, entre outras, o que pode refletir preços maiores em virtude de menores áreas plantadas e consequentemente, menor produção.
16 – Por outro lado, bons preços trarão maiores investimentos em insumos e tecnologia, o que aumentará a produtividade nestas propriedades, contribuindo para repor estoques mundiais mais rapidamente que em condições normais.
17 -  Seguradoras, principalmente nos EUA, terão grande impacto, bem como o orçamento dos Governos. Impacto também em pequenos municípios dependentes da agricultura, que com a seca, perdem importante renda.
18 – A menor produção de cana na Índia pode fazer este país voltar ao mercado comprador de açúcar, ou exportar menos, contribuindo para uma retomada dos preços do açúcar no mercado mundial, beneficiando o Brasil.
19 – Maiores preços de alimentos incentivarão o fortalecimento de programas para reduzir o alto desperdício nas cadeias agroalimentares. Haverá também mais pressão nas empresas de insumos para produção de plantas mais tolerantes às secas.
20 – Os efeitos econômicos nas balanças comerciais, taxas de câmbio e crescimento em diversos países tendem a ser grandes, o que motivará políticas regulatórias de cotas, taxas e outras a disposição de Governos, causando mais distúrbios nas cadeias produtivas integradas.
Aqui estão listados alguns dos possíveis impactos nas intrincadas cadeias produtivas mundiais de alimentos. Alguns pesquisadores têm alertado que estas secas tendem a ser mais frequentes, principalmente nos EUA, o que deve estimular o plantio no hemisfério sul, beneficiando o Brasil. Isto tudo vem junto com o grande crescimento do consumo mundial de alimentos, portanto está armado um quadro preocupante. Definitivamente o assunto da crise alimentar volta às mesas das famílias e das discussões privadas e públicas.

Marcos Fava Neves, PhD.
Professor Titular FEA/USP
Professor of Planning and Strategy
FEARP Business School
University of Sao Paulo - Brazil
www.favaneves.org
============
Addendum:
Programa GloboNews Painel sobre o mesmo tema:

Crise internacional de alimentos pode favorecer o Brasil nas exportações

 
 

Muro de Berlim: neste dia, em 1961 - New York Times

Da seção de história do New York Times. In fine, o que eu já publiquei neste blog sobre o muro de Berlim, inclusive um artigo meu sobre sua queda.

On This Day: August 13

Updated August 12, 2012, 2:28 pm
On Aug. 13, 1961, Berlin was divided as East Germany sealed off the border between the city's eastern and western sectors in order to halt the flight of refugees.

East German Troops Seal Border With West Berlin to Block Refugee Escape



Commuting Ended
Warsaw Pact States Say Allies' Routes Remain Open
By REUTERS
RELATED HEADLINES Fullbright Voices Concern Over Red Move in Berlin
U.S. Arms Build-Up for Berlin Crisis Held Inadequate: Some in the Pentagon Fear NATO Will Not Be Able to Fight Non-Nuclear War
An East Villager's Story of Flight Typified Exodus: Curbs Under Reds' Regime and Work in West Motivated Families Crossing the Border by the Thousands
OTHER HEADLINES Governor to Call Session of Legislature to Remove City Board of Education: Allen Sees 'Crisis': Wants Interim Body Named by Regents, Who Back Plan
Eisenhower Plans a Visit to Help Lefkowitz Drive
Wagner Charges Grandstand Play: Plans to Proceed With Own School Inquiry- Levitt Endorses Session
Capital Worried by Lags in Plans on Race to Moon: Construction of Capsule not Yet Started- Decision on Booster Rocket Awaited
South Vietnamese Reported in Laos: Commandos Said to Combat Infiltrators From North Along Jungle Trails
Senate Vote on Aid Spurs Latin Parley
Cuba to Free Plane, U.S. a Patrol Boat
Population Soars Past 31 Million in East Coast City-Suburb Belt
Berlin, Sunday, Aug. 13- East Germany closed the border early today between East and West Berlin.
East German troops stood guard at the Brandenburg Gate, main crossing point between the Eastern and Western sectors.
The East Berlin City Government banned its citizens from holding jobs in the Western part of the divided city. This will affect tomorrow the thousands of East Berliners who daily commute to work in the Western sector.
The Communists' orders do not affect the Western Allies' access routes to Berlin along the 110-mile passage from West Germany. Especially they do not affect Allied military trains, which are under Soviet jurisdiction.
Action Comes in Night
The quietness of East Berlin's deserted streets was shattered in the early hours of the morning by the screaming of police sirens as police cars, motorcycles and truckloads of police sped through the city.
The action came shortly after publication of a declaration by the Communist Warsaw Pact states that effective controls must be put into force on the borders of West Berlin because of a "perfidious agitation campaign" by the West.
The declaration made it clear these measures were directed at stopping the flow of refugees from East to West through West Berlin. The flow of refugees has recently been reaching 1,700 daily. From 4 P.M. Friday, to 6 P.M. yesterday, 2,662 new arrivals registered in West Berlin's reception camp.
Subways Are Closed
The East Berlin order barring commuters from reaching their jobs in West Berlin said that no East German could cross into the western sector of the city unless he had "a special certificate."
The orders would stand "as long as West Berlin is not changed into a neutral demilitarized free city," the East Germans said.
Elevated trains and subways between the two halves of the divided city were closed; a railroad policeman said he did not know how long the shutdown was for.
The Warsaw Pact declaration was published by the East German press agency A.D.N., but the East German radio, which was broadcasting a late-night jazz program, did not immediately mention it.
The declaration admitted that the proposed measure would "create certain discomforts for the population," but said the blame for this rested squarely on the West.
"Naturally these measures will not affect the valid conditions for traffic and control on the connection routes between West Berlin and West Germany," it added.
The necessity for these "protective measures" would cease to exist as soon as a peace treaty with Germany was signed and "question of strike resolved on this basis," the statement added.
The Warsaw Pact states are the Soviet Union, East Germany, Poland, Czechoslovakia, Rumania, Bulgaria, Hungary and Albania. A week ago, ending a meeting in Moscow they issued a call for a German peace treaty soon. Shortly after 3 A.M., a Reuters reporter who tried to drive through the Brandenburg Gate from East Berlin was told by a policeman: "You are not allowed to go through- we received instructions to this effect about an hour ago."
The closing of the border came after East Berliners had waited nervously yesterday for the Iron Curtain to ring down on refugees escape routes to the West.
Warsaw Pact Statement
The Warsaw Pact powers declaration accused the Western Powers and West Germany of "missing the present traffic position on the West Berlin border to disrupt the economy of the (East) German Democratic Republic."
"In view of the aggressive efforts of the reactionary force of the (West German) Federal Republic and its NATO allies, the declaration said, "the Warsaw Pact states cannot avoid taking the necessary measures themselves to guarantee their safety and above all the safety of the German Democratic Republic.
"The Governments of the Warsaw Pact states the appeal to the People's Chamber (Legislature) and Government of the German Democratic Republic to all workers of the G.D.R. with the proposal to introduce such an order on the West Berlin border that the way is stopped for the agitation campaign against the G.D.R. and a trustworthy guard and effective control be guaranteed around the whole territory of Western Berlin, including its borders with the G.D.R.
"Naturally these measures will not affect the valid conditions for traffic and control on the connection routes between West Berlin and West Germany.
"The Government of the Warsaw Pact states naturally understand that the taking of protective measures on the borders of West Berlin will create certain discomforts for the population. But in view of the existing position the blame for this must be taken exclusively by the Western powers and above all by the Government of the (West German) Federal Republic."

====================


  O que eu já publiquei a respeito, neste blog:
 
30 Jun 2012
Este estava comemorando os 50 anos da construção do muro de Berlim, em agosto de 2011. Vai pelo significado histórico, inclusive porque estive recentemente na Alemanha, visitei Berlim e ainda vi pedaços do muro aqui e ...
08 Abr 2012
A queda do muro de Berlim: livro da Unisul. Um livro do qual participei, tanto na fase de colóquio, quanto de sua feitura editorial. Recomendo, especialmente. Paulo Roberto de Almeida. Vinte anos após a queda do muro de ...
12 Jun 2012
Reagan em Berlim: "Derrube este muro, Mr Gorbachev". Um dia realmente histórico este 12 de Junho de 1987. Dois anos depois, não Gorbachev, mas o povo de Berlim oriental começou a derrubada do muro. Mas é verdade ...
27 Nov 2009
Bem, não tivemos um John Reed na derrubada do muro de Berlim, para relatar, em tom épico, aqueles dias, ou horas, que abalaram o mundo e derrubaram o comunismo (sim, começou ali a derrocada do socialismo real). Mas temos o filho ...
 Elaborei um artigo sobre a questão:
Um outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim, neste link.
Paulo Roberto de Almeida

(tem mais: basta colocar Muro de Berlim no instrumento de busca do blog)

A teoria, na pratica, e' outra... - Ludwig Von Mises

Mind the Theory
by Thorsten Polleit
Mises Daily, August 13, 2012

I.

The saying that things may work nicely in theory, but do not necessarily work in practice is well known.[1] It is typically meant to disparage the importance of theory, suggesting it would be too far removed from practical matters to help in solving the issue at hand.
The Prussian philosopher Immanuel Kant (1724–1804), in his 1793 essay "On the Popular Judgment: 'This May Be True in Theory, But It Does Not Apply in Practice,'" responded to such criticism; in fact, he responded with his essay to criticism leveled against his ethical theory by the philosopher Christian Garve (1742–1798).
Therein, Kant made the point that theory provides "principles of a fairly general nature," or general rules. However, theory does not tell man how to apply it, says Kant. For this, the act of judgment is required:
For a concept of the understanding, which contains the general rule, must be supplemented by an act of judgment whereby the practitioner distinguishes instances where the rule applies from those where it does not.[2]
The Prussian philosopher effectively called for respecting the role theory has for acting man:
No one can pretend to be practically versed in a branch of knowledge and yet treat theory with scorn, without exposing the fact that he is an ignoramus in his subject.[3]
In this methodological work Ludwig von Mises (1881–1973) emphasized the importance of theory for acting man at the most fundamental level, noting that theory and human action are in fact inseparable. Mises writes,
Action is preceded by thinking. Thinking is to deliberate beforehand over future action and to reflect afterwards upon past action. Thinking and acting are inseparable. Every action is always based on a definite idea about causal relations. He who thinks a causal relation thinks a theorem. Action without thinking, practice without theory are unimaginable. The reasoning may be faulty and the theory incorrect; but thinking and theorizing are not lacking in any action. On the other hand thinking is always thinking of a potential action. Even he who thinks of a pure theory assumes that the theory is correct, i.e., that action complying with its content would result in an effect to be expected from its teachings. It is of no relevance for logic whether such action is feasible or not.
With theory being inseparable from human action, the crucial question is this: What is the correct theory? For obvious reason, acting man will be interested in correct theory: "No matter how one looks at it, there is no way in which a false theory can serve a man or a class or the whole of mankind better than a correct theory."[4]

II.

In today's mainstream economics the truth value of a theory is typically tested along the lines of an "if-then hypothesis." For instance, economists test whether a rise in the money supply leads to higher prices, or whether a rise in the money supply causes rising prices — or whether the reverse holds true.
Such a procedure is typical of positivism-empiricism-falsificationism — a methodological approach in economics that must not only be rejected as intellectual confusion;[5] it can also be criticized as being prone to demagogic abuse.
For if one holds the view that nothing can be known (for sure) without testing it (which, by the way, is a contradiction in itself, but this finding shall not be of no further concern here), one must try it to find out.
Once a theory sounds good, or benevolent, enough — such as the theory that a rise in the money supply brings prosperity for all, or the theory that government deficit spending creates new jobs — people will love to see it put into practice.
What is more, under the reign of positivism-empiricism-falsification there is even an economic incentive for spreading theories just for the sake of their political efficacy — even if these theories are false: those who provide credible scientific legitimization to actions pursued by government can typically expect high rewards.
To provide a metaphorical illustration, to make robbery socially accepted, the robber will be willing to share some of his loot with those helping to make his crime acceptable from the viewpoint of his victims.
When it comes to benevolent-sounding economic theories, consider the following examples:
  • The state is indispensable for peace and prosperity; without the state, social chaos, relentless aggression, and misery would result.[6]
  • Money production must be monopolized by the state, for there is no other way to obtain reliable money.
  • Commodity money (gold and silver) is better replaced by fiat money, as only fiat money allows for an adequate increase in the money supply — which, in turn, is necessary for output and employment growth.
  • Capitalism exploits the working class and leads to widespread poverty, war, and imperialism; socialism will maintain peace and raise the standards of living for all.
  • Democracy (majority voting) is the form of political organization respecting individual freedom and property rights, necessary for peaceful cooperation and prosperity.
These examples may suffice to make the point: once theories are considered to be benevolent theories, they can be expected to be put into action; the more benevolent the theory is, the more likely social experimentation gets under way.
However, engaging in social experimentation for alleged truth-finding purposes comes at a high price — at times at a prohibitively high price, as the experimentation with socialism in many countries has made all too clear.

III.

In the field of economics, however, it is possible to decide whether or not theories are correct without having to take recourse to experimenting and testing.
Mises reconstructed the science of economics as the logic of human action, which he termed praxeology. As a priori theory, praxeology allows deducing irrefutable — or apodictic — truths from the irrefutably true axiom of human action.
In Mises's words,
Praxeology is a theoretical and systematic, not a historical, science. Its scope is human action as such, irrespective of all environmental, accidental, and individual circumstances of the concrete acts. Its cognition is purely formal and general without reference to the material content and the particular features of the actual case. It aims at knowledge valid for all instances in which the conditions exactly correspond to those implied in its assumptions and inferences. Its statements and propositions are not derived from experience. They are, like those of logic and mathematics, a priori. They are not subject to verification or falsification on the ground of experience and facts.
Praxeology provides a methodology that allows separating correct economic theories from false economic theories on a priori grounds — that is, without having to engage in social experimentation.
In view of the illustrations given above (without developing the argument at length), we know for sure that the state is not the solution but the root cause of the most severe social conflicts.
From praxeology we also know with certainty that money is a free-market phenomenon; that commodity money, the logical choice of free market action, is sound money; and that the state monopolization of money production brings unsound money.
We also know for sure that an increase in the money supply doesn't make an economy richer; it merely benefits the early receivers of the new money (who are those issuing it) at the expense of those receiving the new money late or not at all.
It can also be deduced from praxeology that socialism leads to great misery, as it is a form of social organization that cannot work; it is bound to fail, and capitalism is the only economically viable form of societal organization.
Finally, it can be shown on the basis of praxeology that democracy is actually — and this may be surprising to the many — incompatible with preserving individual freedom and property rights and thus peaceful cooperation and prosperity.
The power of unmasking and demystifying false economic theories on a priori grounds, that is without having to engage in social experimentation, is certainly one of the most fascinating aspects of the Misesian-oriented Austrian School of economics.
In his introduction to Critique of Pure Reason (1787), Kant title chapter 3, "Philosophy stands in need of a Science which shall Determine the Possibility, Principles, and Extent of Human Knowledge 'a priori.'" For the science of economics, Mises has done just that.
Thorsten Polleit is chief economist of the precious-metals firm Degussa Goldhandel GmbH. He is also an honorary professor at the Frankfurt School of Finance & Management. He is an adjunct scholar of the Ludwig von Mises Institute and was awarded the 2012 O.P. Alford III Prize in Libertarian Scholarship. His website is www.Thorsten-Polleit.com. Send him mail. See Thorsten Polleit's article archives.
You can subscribe to future articles by Thorsten Polleit via this RSS feed.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...