sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Intervencionismo governamental: artigo PRAlmeida

Meu mais recente artigo publicado: 


 Revista Brasileira de Planejamento e Orçamento 
(Brasília: Assecor; vol. 2. N. 2, 2012, p. 211-222; ISSN: 2237-3985; 
Relação de Originais n. 2423.

Legislando em causa propria: prisoes carinhosas...

O deputado federal Domingos Dutra, do PT maranhense, apresentou projeto que cria prisões mais caprichadas: água quente, cosméticos, academia de ginástica, acesso a jornais, rádio e TV a cabo. Os detentos manteriam os direitos políticos. Dutra é boa gente, pensa no bem-estar futuro dos colegas políticos.
(Da coluna política do jornalista Carlos Brickmann, 21/12/2012)

Venezuela: incertezas no pos-Chavez (entrevista PRA)

Um assistente do jornalista Sidney Rezende solicitou-me uma opinião sobre a Venezuela pós-Chávez. Como sempre, jornalistas reduzem tudo o que conseguem em poucas linhas, o que deveria valer para o jornal impresso (não para blogs e sites).
Em todo caso, transcrevo primeiro o que saiu publicado, e logo abaixo, a íntegra do que escrevi, para conferir o que faltou...
Eu não disse, exatamente, que o pós-Chávez seria traumático para a Venezuela. Acho, na verdade, que seria uma boa coisa, um alívio, para todos (menos para os que gostam de ditaduras, como os companheiros), mas que o processo, em si, seria traumático, pois ditadores fascistas costumam dividir o país, e contribuir para o aumento da violência, com brigadas de energúmenos armados. Acho que o potencial de termos mais sofrimento humano, além do desastre econômico é muito grande.  
Paulo Roberto de Almeida
Nesta semana, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, internado em Cuba devido a um câncer na região pélvica, foi vítima de uma infecção pulmonar que agravou seu estado de saúde. O quadro aumentou a possibilidade de Chávez não assumir seu novo mandato no próximo 10 de janeiro e acendeu o debate sobre as consequências de uma possível troca de presidente no país.
Para entender melhor o que pode acontecer não só na Venezuela mas em todo o continente americano caso o atual líder deixe o poder, o SRZD conversou com Paulo Roberto de Almeida, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas e professor do Instituto de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília.
Almeida não tem dúvidas de que uma troca no posto mais alto do executivo venezuelano provocaria grandes transformações no contexto político do continente. "As consequências seriam extremamente significativas para a Venezuela, para os países dependentes dos petrodólares e para os alinhados às suas teses políticas, como Bolívia e Equador", afirma.
O professor ressalta que Chávez representou uma mudança de impacto imensurável em sua nação. "Ele minou as bases do antigo sistema político e o substituiu por um baseado na oposição entre o próprio caudilho e todos os demais", comenta Almeida. "Apesar da linguagem de esquerda, seu governo teve traços fascistas como a exaltação de sua figura, a concentração de poderes do executivo, a transformação ideológica das forças armadas e a constituição de brigadas de milicianos".
Segundo o professor, a saída de Chávez do poder também provocaria uma
reviravolta econômica, já que o socialista intensificou a dependência do petróleo na economia "sem qualquer controle institucional sobre esses recursos, convertidos segundo as preferências pessoais do caudilho", nas palavras do especialista.
Se Hugo Chávez não vier a tomar posse em seu novo mandato, Almeida prevê
uma grande instabilidade no país. "É provável que o grau de anomia política, de desestruturação institucional e mesmo de violência política aumentem. Nenhum país consegue sair impune de um regime de exceção como foi o de Hugo Chávez", declara o professor.
Caso a doença impeça Chávez de se manter no poder, novas eleições seriam convocadas em 30 dias. O candidato da situação seria o atual vice-presidente, Nicolás Maduro. Segundo Paulo Roberto, "ele teria de construir seu comando sobre as forças chavistas e estabelecer sua própria legitimidade política, o que não se baseia apenas em resultados eleitorais, mas em apelo popular, o que não se sabe se ele terá".
Por fim, o professor compara a situação com a de países socialistas que passaram por trocas de comando. "Em outras nações, ou se adotou a solução 'dinástica' ou ocorreram rupturas traumáticas. A China, por exemplo, estabilizou temporariamente o regime cuidando da sucessão em bases colegiais, algo impossível na Venezuela. A ruptura ocorrerá mais cedo ou mais tarde. É só uma questão de tempo", conclui Almeida.
==============

A Venezuela de Chávez no pós-Chávez

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor de Economia Política
no Mestrado e Doutorado do Uniceub (Brasília)
Respostas a questões colocadas por
para site de informações de Sidney Rezende (SRZD)

1) Quais seriam as implicações políticas na Venezuela e no restante do continente americano caso Chávez não possa assumir a presidência no novo mandato?

PRA: Existe inclusive a hipótese de que Hugo Chávez não termine seu atual mandato. Em todo caso, se ele não conseguir tomar posse para um novo mandato presidencial, a partir de 10 de janeiro de 2013, as consequências para a Venezuela seriam extremamente significativas, talvez menos para o resto do continente, embora de grande importância para alguns países dependentes dos petrodólares chavistas, como Cuba, e outros alinhados com suas teses políticas (ditos “bolivarianos”), ou seja, a Bolívia, em primeiro lugar, e de modo bastante significativo, mas talvez o Equador, igualmente. Essas implicações não se resumem à convocação de novas eleições em 30 dias, conforme determina a Constituição por ele mesmo promulgada, mas levarão à completa transformação do panorama político venezuelano, como comentado a seguir.
Do ponto de vista da política e da sociedade venezuelanas, as implicações seriam bem mais relevantes do que a simples sucessão de uma liderança carismática, o que sem dúvida alguma o caudilho militar o foi, dotado de enorme receptividade entre os mais pobres e os militantes de esquerda. Mas o chavismo representou, sobretudo, um conjunto de mudanças de enorme impacto no país, bem mais inclusive do que ditaduras do passado (a de Perez Jimenez, por exemplo, de 1952 a 1958).
O caudilho – que se autodenominou, um pouco abusivamente e arbitrariamente, “bolivariano” – desmantelou completamente as bases do antigo sistema político e o substituiu por um novo, menos baseado na competição livre entre partidos de ideologias diferentes, e bem mais na oposição maniqueísta entre o próprio caudilho (e o seu movimento, depois partido) e todos os demais que não rezavam por sua cartilha, uma mistura de nacionalismo e de marxismo vulgar.  Ele também inaugurou um novo modo de governar, baseado na extrema centralização de decisões em sua própria pessoa (e num número reduzido de áulicos, seguidores e familiares), com impactos significativos sobre a distribuição da principal riqueza do país – os royalties e a venda do petróleo – e sobre o equilíbrio entre os poderes (que de fato cessou de existir). Todas essas mudanças também representaram uma transformação nas bases sociais do regime, uma vez que Chávez alijou completamente os velhos e corruptos oligarcas, mas também a classe média educada, e colocou no aparato do Estado seguidores fieis, que passaram a mobilizar as novas camadas de apoio, basicamente setores subalternos e o enorme contingente de pobres, num país que tinha uma das mais altas rendas per capita do continente (até a desestruturação da economia pelo “socialismo do século 21”).
Curiosamente, a esquerda, venezuelana, continental e mundial, não percebe que Chávez, a despeito de sua linguagem aparentemente de esquerda – feita de invectivas contra o capitalismo, a burguesa, o imperialismo e assemelhados –, criou um regime que pode ser basicamente assimilado ao fascismo mussoliniano e, sob certos aspectos, ao nazismo hitlerista. O fascismo do coronel também está construído com base na exaltação da figura do líder, da extrema concentração de poderes e decisões no executivo – na verdade, no próprio caudilho --, na transformação ideológica das forças armadas e na constituição de brigadas de milicianos devotados – que podem ser equiparados aos antigos camisas negras do fascismo europeu – e na mobilização permanente das massas deseducadas pela completa manipulação dos meios de comunicação e no alijamento destes dos partidos tradicionais, a começar pela oposição política. O fato de que o regime chavista seja bastante identificado com os ideais da revolução cubana – que derivou numa simples tirania personalista – e com alguns slogans aparentemente de esquerda, faz com que muitos observadores, e certamente a própria esquerda, considere o caudilho como um dos seus, quando ele tem, de fato, um DNA fascista claramente expresso no seu perfil mussoliniano. Esta constatação apenas confirma, aliás, que fascismo e socialismo, em lugar de serem opostos, possuem princípios e valores muito semelhantes, senão totalmente coincidentes. O caudilho é o mais próximo exemplo de fascismo latino-americano conhecido nos últimos cinquenta anos no continente, depois do encerramento da experiência peronista em 1955.
Existem, igualmente, enormes implicações econômicas, bem mais para a própria Venezuela do que para outros países, a despeito do fato de que o regime chavista construiu uma rede de “clientes” e dependentes de seus petrodólares. Hugo Chávez, além de desmantelar o antigo sistema político venezuelano, também atingiu profundamente as bases da economia nacional, já anteriormente muito dependente do petróleo, o que foi exacerbado durante o regime chavista, mas sem qualquer controle institucional sobre esses recursos, totalmente convertidos para uso do caudilho, segundo suas preferencias pessoais. Poucos economistas saberiam analisar o orçamento da Venezuela e a contabilidade da PDVSA com bases em critérios normais de contas nacionais ou de normas contábeis aplicadas a empresas, uma vez que o caudilho exerce manipulação sobre todos esses fluxos de recursos. Se em alguma coisa a economia da Venezuela se parece com um regime “socialista”, sem dúvida isso está refletido na enorme penúria de bens de todo gênero no comércio varejista, ademais, e bem mais importante, a estatização dos chamados setores estratégicos da economia, mas também por vezes de simples atividades do terciário que sempre foram privadas. Aqui também o desparecimento do caudilho provocará impacto significativo, pois já não haverá um líder cesarista a decidir sozinho sobre o uso de enormes recursos financeiros como são os da economia petrolífera (ela também bastante diminuída pelo completo descalabro administrativo e a incompetência manifesta que marcaram o regime chavista).

2) Sendo eleito, o atual vice-presidente Nicolas Maduro tenderia a manter a mesma forma de governar de Chávez?

PRA: Se o vice-presidente designado pelo caudilho for eleito, não é seguro que ele consiga manter a unidade das hostes chavistas, seja no PSUV, seja nas forças militares (tanto as das Forças Armadas quanto as da milícias bolivarianas). O que é seguro é que ele jamais conseguiria governar como Chávez, ou seja, manipular completamente todos os poderes e todos os meios de comunicação a seu serviço exclusivo; para isso se requer carisma, por certo, mas também uma vontade férrea para impor sua vontade, dividindo, cooptando e afastando parceiros e aliados, esmagando opositores, concentrando todos os recursos financeiros em suas mãos, e uma série de outras alavancas de poder que apenas o caudilho podia controlar.
Difícil dizer quais seriam as previsões, mas é provável que o grau de anomia política, de desestruturação institucional, e mesmo de violência política aumentem, até o ponto de ruptura e de uma futura “normalização” da qual os contornos exatos estão longe de serem definidos atualmente. Será, em todo caso, uma experiência traumática para a Venezuela, pois nenhum país consegue sair impune de um regime de exceção como foi o de Hugo Chávez, ainda que com aparências formalmente democráticas.
Nicolas Maduro teria de construir seu comando sobre as forças chavistas – o que talvez não seja fácil – e estabelecer sua própria legitimidade política, que não se baseia apenas em resultados eleitorais, mas em apelo popular que não se sabe se ele terá. Ou seja, o potencial de incertezas e de tensões é enorme.

3) E mesmo caso Chávez possa assumir a presidência, a situação no país fica instável devido à doença do presidente estar se agravando?

PRA: Ainda que ele consiga tomar posse em 10 de janeiro de 2013, sua sobrevida física e, sobretudo política, não está assegurada, o que apenas transfere para algumas semanas ou meses além o desenlace que poderia ocorrer atualmente. Talvez o caudilho consiga “institucionalizar o carisma”, o que sempre foi difícil em qualquer regime de tipo autoritário e personalista como o dele. Em alguns países socialistas, se adotou a solução “dinástica” ou familiar, ou ocorreram rupturas traumáticas; a liderança comunista chinesa conseguir estabilizar temporariamente o regime, cuidando da sucessão de líderes em bases colegiais, o que no entanto é impossível em regimes como o castrista ou o chavista. A ruptura ocorrerá, mais cedo ou um pouco mais tarde. É apenas uma questão de tempo...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de dezembro de 2012.

France: the choc of the decadence - NYTimes

O governo francês, a começar pelo seu presidente ultra-hesitante (quase parando), não quer fazer o "choque de competitividade", como recomendado em relatório de empresário que ele mesmo pediu. No lugar do choque, ele prefere um "pacto", ou seja, a mesma conversa mole entre sindicatos, governo e patrões que paralisa a França há mais de meio século.
Vão continuar um belo caminho para a decadência, assim.
Enfim, nós também estamos no mesmo caminho, se querem saber: nada de reforma, apenas alguns ajustes aqui e ali, e a indústria vai para o brejo, na França e no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Challenging France to Do Business Differently

Pool photo by Bertrand Langlois
President François Hollande must find a way to make palatable a shift in French labor practices.
PARIS — Louis Gallois, one of France’s most influential industrialists, knew he was about to make waves for the country’s Socialist president.
Johann Rousselot for the International Herald Tribune
The industrialist Louis Gallois has called for vast changes. 

It was late October, and President François Hollande, faced with an alarming deterioration in the economy, had turned to Mr. Gallois for advice on how to put corporate France on a more competitive footing with the rest of Europe.
Mr. Gallois didn’t sugar-coat the message. His report called for a “competitiveness shock” that would require politicians to curb the “cult of regulation” he said was choking business in France.
The report said that unless France relaxed its notoriously rigid labor market, the country would continue on an industrial decline that had destroyed more than 750,000 jobs in a decade and helped shrink France’s share of exports to the European Union to 9.3 percent, from 12.7 percent, during that period. The report also called for cuts to a broad range of business taxes used to pay for big government and France’s expensive social safety net.
But some wonder whether those measures, even if they can be adopted, would suffice. For them, there is a larger question: Can France be fixed?
While the European crisis has made the French acutely aware of the need to modernize the economy, the country may be running short on time. And there are mixed signals on whether the Hollande government is willing to heed the advice.
As details of the report leaked, the French news media went into a frenzy over whether their country was prepared for such upheaval.
Mr. Hollande quickly provided an answer: a competitiveness “pact” between business and government would better suit French society.
As Mr. Hollande’s finance minister, Pierre Moscovici, hastened to explain, “A shock causes trauma, whereas a pact reassures.”
But many observers say reassurance may no longer be an option.
Even the Germans are alarmed: Behind closed doors, Chancellor Angela Merkel and officials in her entourage are said to be worried that a failure by Mr. Hollande to improve competitiveness could ricochet back to the weakening German economy, further stalling what had long been twin engines of growth for Europe.
“The concern is not just that France could be the next candidate affected by turbulence” from the euro crisis, said Lars P. Feld, an economics professor at the University of Freiburg and an adviser to the German government. “The fear is that it doesn’t manage to cope with the loss of competitiveness and therefore produces little growth or perhaps even stagnation for the next few years,” Mr. Feld said. “And that after that, it could become the new sick man of Europe.”
France still has much working in its favor. Second only to Germany as Europe’s biggest economy, and the fifth-largest in the world, France is a wealthy country with a high savings rate, large foreign direct investment and world-class research and development capabilities.
And the interest rate on French 10-year bonds is only about 2 percent. That is much closer to Germany’s rate than to those of the euro zone’s staggering giants, Italy and Spain, which are above 4 percent and 5 percent respectively, as they struggle to clean up their economies.
Yet, last week the French central bank warned that growth would shrink 0.1 percent in the last three months of 2012, after stagnating for most of the year. Last month Moody’s Investors Service followed Standard & Poor’s in stripping France of its triple-A credit rating, saying the government was failing to ignite competitiveness fast enough.
Meanwhile, an ambitious effort Mr. Hollande began shortly after his election in May to cut the deficit to 3 percent next year from 4.5 percent through tax increases and spending cuts may dampen growth further and ratchet up unemployment, which recently neared 11 percent, twice the rate in Germany.
Taxes on businesses are rising, and a 3 percent dividend tax recently sent money fleeing the country. A plan to lift the capital gains tax to 60 percent from 19 percent sparked a revolt among e-commerce entrepreneurs.
Amid the turmoil, Mr. Hollande seized on the Gallois report. The day after its release, the government announced a €20 billion, or $26.6 billion, payroll tax break for business and endorsed a handful of other recommendations, including trying to compel bosses and union leaders to agree on more labor market flexibility.
Those moves fanned hopes that France might finally be becoming more friendly to business. But the message was soon muddied.
Within a few weeks, Mr. Hollande’s administration was in a showdown with a major employer, the Luxembourg-based steel giant ArcelorMittal, over a plan to cut about 630 jobs at two mothballed blast furnaces at a production complex in Florange. The jobs at issue were but a small fraction of the 20,000 the company employs in France, and the Hollande government’s threat to nationalize the Florange plant over the matter sent a shudder through foreign multinationals doing business in France.
The International Monetary Fund recently urged France to curb government spending, which at 56 percent of output is among the highest levels in the euro zone. Belgium, Denmark and Finland are in a similar range, according to the European data agency Eurostat.
The I.M.F. also called for France to tame bureaucracy, cut taxes and make labor markets more flexible. France’s “significant loss of competitiveness” is the main hurdle to growth and job creation, the fund added, indicating that those problems would very likely grow worse if France “does not adapt.”
Creating the political momentum to achieve that is not easy. Culturally, France and many of its leaders are wedded to the idea that a social safety net — despite its expense — is needed to protect society from the ravages of laissez-faire economics. Economists say a pullback would have to happen to enhance competitiveness, something Mr. Hollande is aware of but has so far treaded lightly around.
In other countries, “people roughly understand what modern economics are about — if you say competitiveness, it’s not a dirty word,” said Pascal Lamy, the director general of the World Trade Organization, who is also a rare member of the French Socialist Party who favors open markets.
The hurdle to modernizing the French economy, he added, is that the state “is still considered a magic wand to cure every illness.”
Meanwhile, Mr. Gallois, a sober but energetic man who was once nicknamed God by his former employees at the French national railroad company for imposing hard decisions, has largely maintained a public silence since releasing his “competitive shock” report — despite being tailed for weeks by news cameras.
Recently, in his first interview since the report’s release, Mr. Gallois, sitting in his gilt-trimmed office in central Paris and wearing the red-cross Légion d’Honneur pin he received for his past business contributions to France, acknowledged that his choice of language posed a challenge to the government. “They did not want to use the word ‘shock,”’ he said. “I was only focused on industrial competitiveness, and they were also focused on employment.”
At least his report, unlike many before it, was not left to gather dust. “For the first time, I had the feeling that people were not trying to put their heads in the sand,” he said. Because of the European crisis, “public opinion was ready to welcome change,” he added; even militant union leaders were ready to listen.
But change can take years in France. While the €20 billion payroll tax credit will help, Mr. Gallois said, France still needs to do much more to make entrepreneurs feel welcome. A thicket of regulation must be cleared, he said, so that more small and midsize firms can grow and create jobs.
A hostile climate between workers and management must also be replaced with dynamic dialogue, he said, as was done in Germany in the mid-2000s, helping turn that country into an industrial powerhouse.
“In France, there is not actually agreement that companies must be competitive to create value,” Mr. Gallois said. “We need to create that consensus first, and after that people can fight over sharing the benefits of competitiveness.”
He paused and looked at a large photo on his wall of an Airbus A380 soaring above the clouds — a symbol of what French industrial might can achieve.
Mr. Gallois’s type of straightforward thinking is relatively common in corporate boardrooms. But getting an entire nation to sign on to a new way of doing business is a challenge.
“People have to understand that France is a special animal,” Mr. Gallois said. “We could be more business-oriented, but only if we ensure justice and fairness for everybody.”

This article has been revised to reflect the following correction:
Correction: December 21, 2012

Because of an editing error, an article on Thursday about a report by Louis Gallois, a prominent French industrialist, that urged actions to improve France’s competitiveness, included outdated information on French regulatory authority. While the government once fixed the price of a baguette, it lost that power several decades ago. It is not the case that it still controls the price of a loaf of bread.

A Literary Ambassador: Ampuero book on political orphans of socalism

A Literary Ambassador

The Wall Street Journal, December 20, 2012
Mexico City

Roberto Ampuero, an exile from the bloody Chilean coup of 1973, had recently arrived in East Germany, a country he thought represented the utopian future. But a German girlfriend soon disabused him of his illusions. In whispered pillow talk, she told him he was an idiot for having gone east when it was every East German's hope to go west.

At the time, Mr. Ampuero was an earnest young Communist, studying Marxist-Leninism at Karl Marx University in Leipzig. He would shortly marry the daughter of Fidel Castro's attorney general, and spend a decade in East Germany and Cuba.
Today, Mr. Ampuero, 59, is the ambassador to Mexico of Chile's center-right government. He is also a best-selling novelist and the creator of Cayetano Brulé, one of Spanish-language crime fiction's most traveled modern private eyes. Now, Riverhead-Penguin has published an English-language translation of his detective novel "The Neruda Case," and plans to publish more of his books.
Mr. Ampuero's life of exile is representative of the experiences of a now-graying generation of idealists who lived through Latin America's heady decades of revolutions, coups and guerrilla wars, only to be shipwrecked on the shoals of history, living Robinson Crusoe-like lives in the wreckage of socialist island paradises. He draws heavily on his own time spent in East Germany, Cuba and Chile to create the characters that populate his books.
Brulé, the neophyte detective in "The Neruda Case," could be a fun-house mirror image of his creator. The detective is a Cuban-American émigré who falls in love with a revolutionary Chilean student he meets in Miami, and follows her to Chile just in time to experience the bloody 1973 coup against socialist President Salvador Allende.
Just before the coup, Brulé takes on his first case on behalf of Pablo Neruda, the Nobel Prize-winning poet and Communist Party politician. In the book, Neruda is dying of cancer and wants to find a loved one who has been missing for decades.
Brulé will travel from Havana to Berlin to La Paz, Bolivia and back to Chile's capital of Santiago before he finds the answer. During the harrowing last hours of the Allende government, as jets strafe the presidential palace, Brulé dodges army patrols scouring Santiago's streets, in an attempt to bring peace of mind to the dying poet.
Chile's coup ended with Mr. Allende's suicide, and the beginning of a military dictatorship under Gen. Augusto Pinochet that lasted until 1990. The coup, and the dark night that followed it, represents for Brulé a "loss of illusion," and a realization of the costs when political dialogue collapses, says Mr. Ampuero. Brulé, he says, "is skeptical of political utopias that produce nightmares."
Mr. Ampuero, who was 20, remembers the coup well. He rushed to his university, where fellow members of the Communist Youth burned their party ID cards. For the next three months, he used his Austin Mini Cooper to ferry militants on the run from safe house to safe house until he himself was spirited out of Chile by an East German agent.
Brulé is a man of the tropics who, lured by romance and revolution, goes to the Andes. His creator, Mr. Ampuero, went in the other direction. Once in East Germany, after he married, he left for Havana, which for many leftists represented a fresh take on their dreams of a revolutionary utopia, unencumbered by Soviet guns and dogma.
But before long, the young Communist became disillusioned, finding Cuba to be a warm-weather version of the same Cold War Stalinism. In Havana, he fell out with fellow Chilean Communist exiles over the persecution of Cuban poet Heberto Padilla, a seminal case which led many leading intellectuals around the world to break with the Castro regime. After four years in Cuba, his options limited by scant travel documents, Mr. Ampuero returned to East Germany. All in all, he spent a decade living under Communist regimes before crossing to West Germany in 1983.
His autobiographical novel "Nuestros Años Verde Olivo," or "Our Olive Green Years," a reference to Cuban military fatigues, chronicled Cuba's reality of scarcity and secret-police paranoia, and became a sensation in Latin America.
The novel, published in 1999, is one of a handful of texts by disillusioned Latin American leftists critical of Cuba and communism in general. "Latin Americans who knew real socialism from the inside or saw how it fell apart, mostly opted for silence," says Mr. Ampuero.
The book put Mr. Ampuero on Havana's black list. "Neither Ampuero or anybody who remotely looks like Ampuero will ever be able to travel to Cuba," the Cuban ambassador in Chile said after the book was published, according to the writer.
Mr. Ampuero's latest novel, which translates as "Salvador Allende's Last Tango," has been on Chile's best-seller list since April. He is in the final edit of another Brulé novel.
A version of this article appeared December 21, 2012, on page D5 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: A Literary Ambassador.

Previsoes imprevisiveis para 2012: prestando contas...

Ahah, ahah!
Ganhei!
Depois de ter postado minhas previsões para 2013, fui verificar o meu desempenho nas previsões de um ano atrás feitas para este belíssimo ano de 2012, o qual, aliás, passei metade fora deste país maravilhoso, e imprevisível.
Desafio qualquer inimigo deste blog (e eles são muitos, talvez dezenas de masoquistas) a apontar qualquer erro meu nas minhas previsões para o ano que vai encerrar-se dentro em pouco.
Ganhei, ganhei!
Se tivesse apostado contra mim mesmo, em algum bookmaker inglês, teria perdido gloriosamente.
Mas se tivesse apostado a favor, teria ganho ingloriosamente, já que ninguém gosta de desgraça, não é mesmo?
Mas, enfim, o que se há de fazer?
O Brasil não ajuda em previsões certeiras, e otimistas...
Em todo caso, seguem as minhas previsões de um ano atrás.
Paulo Roberto de Almeida
-->
Previsões imprevisíveis para 2012

Paulo Roberto de Almeida
Postado no blog Diplomatizzando
2012 vai ser um grande ano, como todos sabem. A começar que é bissexto, assim que teremos um dia a mais para não fazer nada, espichar na praia, ficar na rede, ou pensar em adotar um novo feriado nacional, desses idiotas que o Congresso aprova todo ano, homenageando categorias profissionais, evangélicos ou qualquer heroi da pátria.
Aliás, começamos o ano comemorando -- se é o caso de dizer -- os cem anos da morte de um verdadeiro heroi da pátria, o Barão do Rio Branco, que teve a má sorte de morrer pouco antes do Carnaval de 1912. Como lembra meu amigo e historiador (mas uma coisa não está relacionada à outra) Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos, autor de um excelente "O dia em que adiaram o Carnaval" (Unesp, 2011), o presidente Hermes da Fonseca resolveu adiar o Carnaval, em homenagem ao Barão, de fevereiro para abril. Não deu outra: o povo pulou carnaval duas vezes naquele ano: em fevereiro (que ninguém é de ferro) e em abril também, uma justa homenagem ao Barão (podia ser com "b" minúsculo, pois só tem um).
Bem, uma vez passado o Carnaval, e lembrando que continuaremos atrasados nos preparativos para a Copa, para as Olimpíadas, para os 200 anos de independência, em 2022, e que continuaremos atrasados para quase tudo, bem, como eu dizia, independentemente disso tudo, cabe, como é a tradição, e como é meu hábito, ainda assim registrar a passagem de mais um ano perdido para o futuro do Brasil por meio de previsões otimistas para o ano que se aproxima (ou que se abaterá sobre nós, conforme é sua disposição).
Como sabem muitos, todo final de ano eu faço minhas previsões para o ano que se aproxima, com esta pequena peculiaridade que minhas previsões NÃO SÃO para acontecer, são exatamente de coisas que não têm a mínima chance de se materializarem, de se transformarem em realizações práticas, uma vez que essa coisa de cumprir boas promessas não entra simplesmente nos hábitos nacionais.
Não, não vou prometer coisas simples como emagrecer ou arrumar meus livros, jogar papéis velhos fora, ou escrever aquele livro longamente planejado.
Minhas promessas, ou previsões, são grandiosas, elas atingem nada mais nada menos do que o orgulho nacional, daí a razão de expô-las em público, como faço agora:

1) O governo vai finalmente reduzir as despesas públicas abaixo do crescimento do PIB e da inflação.
2) Os deputados e senadores passarão a trabalhar mais de um dia e meio por semana.
3) Os mesmos deixarão de aumentar seus próprios salários até o limite constitucionalmente estabelecido (mas que representa apenas uma pequena parte do dinheiro que passa pelos gabinetes...).
4) O Brasil vai deixar de ser protecionista.
5) Um ex-presidente vai deixar de subir em palanques reais e virtuais e parar de ofender a inculta e bela.
6) O MST não vai mais invadir terras públicas e fazendas privadas.
7) Os estudantes da Fefelech vão parar de fumar maconha no campus.
8) Juízes vão reconhecer que ganham desproporcionalmente (inversamente) à sua produtividade.
9) Professores vão começar a dar aulas.
10) Um partido de espertos vai parar de fazer conferências nacionais sobre qualquer coisa e parar de pedir a "democratização da mídia."

Por fim, uma promessa pessoal, imprevisível, como tantas outras: prometo que vou parar de escrever besteirol neste blog.
Bom 2012 a todos...
Paulo Roberto de Almeida

Este blog sobreviveu ao fim do mundo, mas...

...talvez não consiga sobreviver ao acúmulo de bobagens que se disseminam rápida e perigosamente por todas as partes do Brasil, e em várias outras partes do mundo, também.

Não tenho medo de catástrofes, mesmo as mais terriveis, mas tenho alergia, horror, terror do besteirol, das estupidezes que vejo, ouço, contemplo um pouco em todos os lados para os quais olho.
Seja na TV, no rádio, nos jornais e revistas, na internet, enfim, por todos os veículos aos quais tenho acesso ou que literalmente "caem" sobre mim todos os dias, tudo o que tenho em volta me deixa preocupado, e me sinto cercado por um exército de bárbaros, seja de qual setor for, do governo, na imprensa, das escolas (inclusive superiores), na TV, tantas são as bobagens repetidas, velhas e novas, que brotam como champignons depois da chuva.
Estou cercado, num quilombo de resistência intelectual contra o besteirol costumeiro que circula no país.
Será que vou ter de pedir socorro, me asilar, virar um eremita?
Paulo Roberto de Almeida

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...