Dixit...
Problemas de espaço
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou Três Coisas..., 19/02/2013
Conversa no sábado, com um colega já reformado, numa loja do Chiado.
- Como é que você resolveu o problema dos livros a mais, no seu regresso definitivo a Lisboa?
- Nem me fale! Foi um inferno! Não houve espaço para todos eles. Tive de fazer uma seleção.
- É que eu estou num sufoco. Tenho milhares de livros em caixotes, num armazém. Ainda não sei bem como vou proceder.
Comentário irónico da mulher desse meu colega:
- Vocês nem se dão conta do lugar onde estamos a ter esta conversa. Depois queixem-se...
Estávamos a comprar livros na Bertrand.
=======
E muitos dos meus ficaram em caixotes, ao sair do Brasil, pois já não havia lugar nas estantes nas quais os acomodei às, pressas, nas vésperas da partida...
Estou tratando de adquirir mais alguns, nesta minha estada nos EUA, onde as ofertas são irresistíveis, em qualidade e preço...
Onde vou parar?
Numa biblioteca...
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
A blogueira e os mercenarios, 2: o ovo da serpente...
Esses rapazes aliciados, talvez pagos (mas não creio, certamente crentes na sua verdade), estão mostrando um face cubana, venezuelana, talvez argentina, que ainda não conhecíamos no Brasil: o ódio político, a intolerância com quem não pensa como eles, a sabujice a uma causa totalitária, o que é, como escrito, acima, o ovo da serpente totalitária.
Ampliando um pouco, se trata do totalitarismo soviético, que os companheiros cubanos conhecem bem, infelizmente. Eu vi isso, quando visitava os socialismos reais (e surreais), nos anos 1970 e início dos 1980, antes de Gorbachev. Depois acabou, pelos menos na maior parte deles. Sobraram algumas ex-satrapias soviéticas onde o mesmo esquema de intimidação permanece, e certamente dois lugares miséraveis nas antípodas, Cuba e Coreia do Norte, onde o totalitarismo bolchevista viceja plenamente.
O que leva rapazes de classe média no Brasil a se tornarem serviçais de uma causa totalitária?
O que os leva a servir de bucha de canhão de ditaduras miseráveis?
Apenas eles podem responder.
Reproduzo apenas duas frases do post dessa blogueira hostilizada pelos novos bárbaros:
Ellos querían lincharme, yo conversar. Ellos respondían a órdenes, yo soy un alma libre.
É isso, os novos bárbaros ofendem a sua própria inteligência, se é que possuem alguma. Se converteram em autômatos de uma causa deplorável.
Mas, pelo menos, no Brasil, são livres para fazê-lo, assim como adotar uma atitude absolutamente contrária: homenagear o conservadorismo, a religião, o liberalismo, enfim, coisas de direita, tudo o que eles quiserem fazer, podem fazer, por enquanto.
Se e quando os companheiros totalitários assumissem o poder, só poderíamos atuar numa única direção.
Esses rapazes, apesar de idiotas, são livres. Pelo menos isso. Em Cuba não seriam...
Paulo Roberto de Almeida
Ampliando um pouco, se trata do totalitarismo soviético, que os companheiros cubanos conhecem bem, infelizmente. Eu vi isso, quando visitava os socialismos reais (e surreais), nos anos 1970 e início dos 1980, antes de Gorbachev. Depois acabou, pelos menos na maior parte deles. Sobraram algumas ex-satrapias soviéticas onde o mesmo esquema de intimidação permanece, e certamente dois lugares miséraveis nas antípodas, Cuba e Coreia do Norte, onde o totalitarismo bolchevista viceja plenamente.
O que leva rapazes de classe média no Brasil a se tornarem serviçais de uma causa totalitária?
O que os leva a servir de bucha de canhão de ditaduras miseráveis?
Apenas eles podem responder.
Reproduzo apenas duas frases do post dessa blogueira hostilizada pelos novos bárbaros:
Ellos querían lincharme, yo conversar. Ellos respondían a órdenes, yo soy un alma libre.
É isso, os novos bárbaros ofendem a sua própria inteligência, se é que possuem alguma. Se converteram em autômatos de uma causa deplorável.
Mas, pelo menos, no Brasil, são livres para fazê-lo, assim como adotar uma atitude absolutamente contrária: homenagear o conservadorismo, a religião, o liberalismo, enfim, coisas de direita, tudo o que eles quiserem fazer, podem fazer, por enquanto.
Se e quando os companheiros totalitários assumissem o poder, só poderíamos atuar numa única direção.
Esses rapazes, apesar de idiotas, são livres. Pelo menos isso. Em Cuba não seriam...
Paulo Roberto de Almeida
Quizás ustedes no lo saben –porque no todo se
cuenta en un blog- pero el primer acto de repudio que vi en mi vida fue
cuando sólo tenía cinco años. El revuelo en el solar llamó la atención
de las dos niñas que éramos mi hermana y yo. Nos asomamos a la reja del
estrecho pasillo para mirar hacia el piso de abajo. La gente gritaba y
levantaba el puño alrededor de la puerta de una vecina. Con tan poca
edad no tenía la menor idea de qué pasaba. Es más, ahora cuando rememoro
lo ocurrido apenas tengo el recuerdo del frío de la baranda entre mis
dedos y un destello muy breve de los que vociferaban. Años después pude
armar aquel calidoscopio de evocaciones infantiles y supe que había sido
testigo de la violencia desatada contra quienes querían emigrar por el
puerto del Mariel.
Pues bien, desde aquel entonces he vivido de cerca
varios actos de repudio. Ya sea como víctima, observadora o periodista…
nunca –vale la pena aclararlo- como victimaria. Recuerdo uno
especialmente violento que experimenté junto a las Damas de Blanco,
donde las hordas de la intolerancia nos escupieron, empujaron y hasta
halaron los pelos. Pero lo de anoche, fue inédito para mi. El piquete de
extremistas que impidió la proyección del filme de Dado Galvao en Feria
de Santana, era algo más que una suma de adeptos incondicionales al
gobierno cubano. Todos tenían, por ejemplo, el mismo documento -impreso
en colores- con una sarta de mentiras sobre mi persona, tan maniqueas
como fáciles de rebatir en una simple conversación. Repetían un guión
idéntico y manido, sin tener la menor intención de escuchar la réplica
que yo pudiera darles. Gritaban, interrumpían, en un momento se pusieron
violentos y de vez en cuando lanzaban un coro de consignas de esas que
ya no se dicen ni en Cuba.
Sin embargo, con la ayuda del Senador Eduardo
Suplicy y la calma ante las adversidades que me caracteriza, logramos
comenzar a hablar. Resumen: sólo sabían chillar y repetir las mismas
frases, como autómatas programados. ¡Así que la reunión fue de lo más
interesante! Ellos tenían las venas del cuello hinchadas, yo esbozaba
una sonrisa. Ellos me hacían ataques personales, yo llevaba la discusión
al plano de Cuba que siempre será más importante que esta humilde
servidora. Ellos querían lincharme, yo conversar. Ellos respondían a
órdenes, yo soy un alma libre. Al final de la noche me sentía como
después de una batalla contra los demonios del mismo extremismo que
atizó los actos de repudio de aquel año ochenta en Cuba. La diferencia
es que esta vez yo conocía el mecanismo que fomenta estas actitudes, yo
podía ver el largo brazo que los mueve desde la Plaza de la Revolución
en La Habana.
Miseria da educacao no Brasil: a industria da aprovacao
Comentários recebidos de um leitor deste blog, a partir de material de imprensa:
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Ensino - Atualizando post
Gilrikardo disse: em maio de 2012 comentei os números do ensino, o comparativo entre os desempenho do RS frente à SC, transcrito abaixo. Hoje, fevereiro 2013, volto para acrescentar que descobri mais uma forma de manipular os índices de desempenho dos alunos. "É para chorar!". Numa sala, quando a professora "PRECISA" mostrar desempenho da turma cujos estudantes mesclam-se entre péssimos, ruins, sofríveis, suficientes, bons, ótimos, apela para a "fórmula mágica" de aplicar as PROVAS para duplas de alunos determinados por ela. Assim pega o pior ao lado do melhor, devem resolver a prova juntos e obterão a mesma nota... e o índice de desempenho e aprovação será "desonestamente" alterado para mais. Esse é o ensino do nosso Brasil. Argh! (Cá com meus botões, isso é invenção de algum político, quem mais teria estômago para tal)
Os números do ensino médio
18 de maio de 2012 | 3h 06
O Estado de S.Paulo
Os últimos números do Ministério da Educação (MEC) revelam que, em 2011, o índice de reprovação na rede pública e privada de ensino médio foi de 13,1% - o maior dos últimos 13 anos. Em 2010, foi de 12,5%. Os alunos reprovados não conseguem ler, escrever e calcular com o mínimo de aptidão, tendo ingressado no ensino médio com nível de conhecimento equivalente ao da 5.ª série do ensino fundamental.
O Estado com o maior índice de reprovados foi o Rio Grande do Sul - 20,7% dos alunos. Em segundo lugar aparecem, empatados, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com índice de 18,%, seguidos pelo Espírito Santo (18,4%) e Mato Grosso (18,2%). A rede municipal de ensino médio na região urbana de Belém, no Estado do Pará, foi a que apresentou o maior índice de reprovação do País (62,5%), seguida pela rede federal na zona rural de Mato Grosso do Sul (40,3%). No Estado de São Paulo, o índice pulou de 11% para 15,4%, entre 2010 e 2011.
Os Estados com os menores índices de reprovação foram Amazonas (6%), Ceará (6,7%), Santa Catarina (7,5%), Paraíba (7,7%) e Rio Grande do Norte (8%). Os indicadores também mostram que 9,6% dos estudantes da rede pública e privada de ensino médio abandonaram a escola - em 2010, a taxa foi de 10,3%; em 2009, ela foi de 11,5%; e em 2008, de 12,8%.
Gilrikardo disse: Vou me ater somente a dois índices em virtude de estar "familiarmente" ligado a eles e assim, com um certo conhecimento de causa, ser capaz de construir uma opinião. O Rio Grande do Sul obteve o maior índice de reprovação (20,7%), estado onde tive minha formação até o segundo grau, considero tal índice uma vitória da ética e da honestidade, pois deve ser verdade, para mim uma prova de que os professores não se renderam às "pressões" políticas para alterarem o quadro. Fato oposto ao que ocorre com o índice de Santa Catarina (7,5%) entre os menores do Brasil. OUSO apostar que tal número é uma MENTIRA deslavada, pois aqui, pessoas que acompanham de perto o ensino já pecerceberam que aluno algum reprova,,, existe uma verdadeira "INDÚSTRIA" de aprovação escolar com intuitos politiqueiros e eleitoreiros. Esses índices só servem para comprovar a facilidade que existe em se manipular estatísticas. Minha vida pertence a estes dois estados irmãos, RS e SC, e a realidade por aqui não justifica um disparate tão significativo entre 7,5 e 20,7 pontos percentuais apresentado em tal estudo. É... realmente, educação não é o nosso forte.
Uma politica externa covarde, antinacional, submissa, acanhada, enfim, perversa...
Calma, calma, não estou falando da política externa altiva, soberana, autônoma, não submissa, focada inteiramente nos altos interesses nacionais, que existe, felizmente, graças aos que estão aí, desde 2003. Ufa!, fomos salvos.
Pois saibam todos os diplomatas ainda ativos, mas que tiveram a infelicidade de trabalhar antes da era gloriosa, redentora, soberana, etc., etc., etc., que eles antes não tinham condições de ser altivos, soberanos, nacionalistas, etc., etc., etc., pois serviam a interesses poderosos, interessados em mante-los submissos aos interesses estrangeiros, ao FMI, ao imperialismo, servindo apenas aos objetivos de lucro de grandes grupos não comprometidos com a nossa felicidade.
Não sei se eles se sentem ofendidos pelas palavras do ex-SG, que implica justamente isto, por definição contrária. Se tudo isso que é sintetizado pelo ex-SG como tendo acontecido a partir de 2003, então é porque antes se fazia tudo ao contrário, entenderam?
Eu não me sinto ofendido, pois sei que tudo isso é conversa mole, para comemorar os dez anos do poder glorioso, e não me sinto atingido por esse tipo de discurso maniqueista, deformado, distorcido, enviesado, ou simplesmente mentiroso.
Apenas exerço o meu direito de velar pela honestidade do discurso político em face dos fatos, o que não parece ser uma característica do entrevistado. Quando uma versão histórica ofende os fatos, é preciso que todos aqueles que tem um pouco de dignidade intelectual, venham apontar os erros e as distorções, e defender um patrimônio de trabalho que não pertence apenas a uma tribo de sectários e mentirosos profissionais.
Independentemente de matizes na política externa conduzida no Brasil nas últimas décadas, já tivemos épocas em que esse tipo de deformação não era recebida com o silêncio que hoje parece se abater sobre o debate público. A passividade com esse tipo de distorção pode significar ou inação e conformismo, mas no limite pode representar cumplicidade, talvez até por oportunismo e submissão.
Paulo Roberto de Almeida
Pois saibam todos os diplomatas ainda ativos, mas que tiveram a infelicidade de trabalhar antes da era gloriosa, redentora, soberana, etc., etc., etc., que eles antes não tinham condições de ser altivos, soberanos, nacionalistas, etc., etc., etc., pois serviam a interesses poderosos, interessados em mante-los submissos aos interesses estrangeiros, ao FMI, ao imperialismo, servindo apenas aos objetivos de lucro de grandes grupos não comprometidos com a nossa felicidade.
Não sei se eles se sentem ofendidos pelas palavras do ex-SG, que implica justamente isto, por definição contrária. Se tudo isso que é sintetizado pelo ex-SG como tendo acontecido a partir de 2003, então é porque antes se fazia tudo ao contrário, entenderam?
Eu não me sinto ofendido, pois sei que tudo isso é conversa mole, para comemorar os dez anos do poder glorioso, e não me sinto atingido por esse tipo de discurso maniqueista, deformado, distorcido, enviesado, ou simplesmente mentiroso.
Apenas exerço o meu direito de velar pela honestidade do discurso político em face dos fatos, o que não parece ser uma característica do entrevistado. Quando uma versão histórica ofende os fatos, é preciso que todos aqueles que tem um pouco de dignidade intelectual, venham apontar os erros e as distorções, e defender um patrimônio de trabalho que não pertence apenas a uma tribo de sectários e mentirosos profissionais.
Independentemente de matizes na política externa conduzida no Brasil nas últimas décadas, já tivemos épocas em que esse tipo de deformação não era recebida com o silêncio que hoje parece se abater sobre o debate público. A passividade com esse tipo de distorção pode significar ou inação e conformismo, mas no limite pode representar cumplicidade, talvez até por oportunismo e submissão.
Paulo Roberto de Almeida
Site do PT, 18/02/13 - 16h18
“A reação da
oposição conservadora, de direita, existe porque interesses poderosos estão
sendo contrariados", afirma o embaixador.
A política
externa brasileira sofreu uma guinada a partir do governo do PT. Desde 2003 o
Brasil passou a implementar uma política altiva e soberana, com foco nos
interesses nacionais, abandonando a postura subalterna aos interesses externos,
em especial dos Estados Unidos, como ocorria no governo do PSDB (1995-2002).
Essas mudanças foram abordadas pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães,
secretário-geral do Itamaraty durante o governo Lula, em entrevista ao PT na
Câmara. “A reação da oposição conservadora, de direita, existe porque
interesses poderosos estão sendo contrariados.”, disse. Ele falou também sobre
temas como China, reação da oposição conservadora, “crise” capitalista etc.
Veja um resumo da entrevista.
Oposição
conservadora
Ao tomar
posse, o presidente Lula afirmou que daria prioridade às relações do Brasil com
os países da América do Sul, bem como daria ênfase também às relações com os
países africanos.
A política
externa anterior privilegiava as relações com os Estados Unidos de forma muito
intensa e subalterna. O presidente FHC praticamente não visitou os países
africanos.
No início do
governo Lula os EUA prepararam a invasão do Iraque – uma invasão que procuravam
justificar com documentos falsos, apresentados na tribuna da ONU pelo
Secretário de Defesa norte-americano– e o Brasil se opôs a essa invasão,
inclusive buscando se articular com França e Alemanha para que isso não
ocorresse.
No caso da
Alca (Área de Livre Comércio das Américas), o governo anterior dizia,
retoricamente, “vamos negociar e, no final, se não for bom, nós não aceitamos”.
Isso não existe. Nas negociações internacionais, se você negocia é porque está
chegando ao entendimento.
Outro
exemplo foi a reunião dos países árabes com os países da América do Sul, que
gerou uma irritação enorme na direita brasileira porque isso irritava o governo
norte-americano.
E esses são
apenas alguns poucos exemplos de ações contrárias à orientação da política
externa anterior. A reação da oposição conservadora, de direita, existe porque
interesses poderosos estão sendo contrariados.
Relação com
“fortes” e “fracos”
O centro da
política externa brasileira é a América do Sul. Há uma enorme assimetria entre
esses países – de território, de recursos naturais, de população e de
capacidade produtiva – e isso torna muito delicadas as relações com os
vizinhos. O presidente Lula sempre fez questão de dizer que o Brasil tinha
relações de parceria com os países vizinhos, não de liderança. São relações
caracterizadas pela generosidade, pelo reconhecimento de que o Brasil tem uma
responsabilidade maior no processo de desenvolvimento da América do Sul, que
nos interessa econômica e politicamente.
Durante todo
o governo do presidente Lula houve grande reação dos partidos de direita,
conservadores, reacionários, tradicionais, como se o Brasil devesse ter
atitudes agressivas com os países vizinhos. No entanto, o que ocorreu foi
justamente o contrário. Acertamos todas as questões relativas à Bolívia e a
mesma coisa ocorreu com o Paraguai.
No governo
Lula o Brasil decidiu realizar uma contribuição voluntária de 500 milhões de dólares
ao Focem [Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional
do Mercosul], que tem a ver com a redução das assimetrias, para a construção da
linha de transmissão entre Itaipu e Assunção. Isso permitirá o desenvolvimento
industrial do Paraguai e terá um impacto positivo para nós, mas foi criticado
pela direita brasileira.
Outro
indicador da mudança da política exterior é o fato de que os presidentes da
América do Sul, quando eleitos, em vez de visitar os EUA , vêm visitar o
Brasil. Isso não é à toa, significa o interesse nas relações políticas e
econômicas com o Brasil, coisa que antes não ocorria.
Economia
A política
externa do Brasil no governo do presidente Lula sofreu uma inflexão muito
grande. Isso ocorreu nos mais diferentes campos de atuação do Brasil no
exterior e se refletiu, por exemplo, na extraordinária ampliação do comércio
com os países da América do Sul e, sobretudo, do Mercosul. E isso tem a ver com
a produção industrial brasileira. As nossas exportações para esses países são,
principalmente, de produtos industriais.
A ampliação
e diversificação dessas relações comerciais, junto com o esforço para construir
a infraestrutura dos países vizinhos, como a estrada bioceânica no Peru, a
construção da linha de transmissão entre Itaipu e Assunção, o financiamento de
gasodutos na Argentina, de estradas na Bolívia, tudo isso é importante e
resulta em contratos com empresas brasileiras, o que significa empregos para as
pessoas no Brasil.
Mercosul
social
Pouco se
fala disso, mas um trabalhador que trabalha em qualquer país do Mercosul pode
acumular o tempo de serviço dele para fins de previdência social. E qualquer
cidadão do Mercosul que venha morar fora do seu país de origem, após dois anos
pode pedir a residência permanente. Com isso ele passa a ter todos os
benefícios civis. Esses e outros são acordos importantes que beneficiam toda a
população do Mercosul.
Defesa
O Conselho
de Defesa Sul-Americano é um órgão muito importante no qual militares e civis
dos países da América do Sul podem cooperar e aumentar o intercâmbio para
treinamento de oficiais, e cria a possibilidade, no longo e médio prazo, de
criarmos uma indústria de defesa dos países sul-americanos, para que as forças
armadas desses países se abasteçam dentro da própria região. Isso, obviamente,
contraria interesses muito fortes.
China X
Brasil
Na China
está se processando desde 1979 para cá um fenômeno extraordinário, com uma
enorme migração de capital e de tecnologia proveniente dos países ocidentais.
Isso transformou a estrutura da economia chinesa, que já havia, aliás, passado
por transformações com governos anteriores, que criaram uma infraestrutura
física, elevaram os níveis de educação da população e assim por diante.
Então esse
processo – com taxas de crescimento em média de 10% ao ano – torna a China a
segunda maior potência econômica, o principal país exportador e segundo maior
importador do mundo. Isso tem um impacto grande nas economias americana,
brasileira, na asiática e européia.
Esse novo
pólo de crescimento capitalista tem uma característica: a China não tem os
recursos naturais suficientes para este ritmo de crescimento. Mesmo com esse
ritmo de crescimento médio de 10% ao ano, cerca de 900 milhões de chineses
ainda estão fora da economia moderna. Então é um país que tem escassez de
minérios e se torna um grande importador de todos os produtos necessários à
indústria. Ao mesmo tempo, boa parte do seu território é desértico e
montanhoso, o que gera uma concentração populacional muito grande na costa e na
região leste. Além disso, eles têm problemas de água e de poluição, inclusive
nos lençóis freáticos.
Em relação
ao Brasil, são grandes importadores de minério de ferro e de soja, que vai,
principalmente, para a alimentação do gado chinês, especialmente suíno. Então a
China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em poucos anos, com
superávit para nós. As exportações da China, vale destacar, não prejudicam
apenas a indústria brasileira, mas também a dos Estados Unidos e a da Europa.
Mas, ao mesmo tempo em que prejudicam a indústria, atraem capital para o setor
primário, porque os investidores brasileiros e estrangeiros sabem que, se forem
investir na indústria no Brasil, enfrentarão uma concorrência externa muito
forte, principalmente da China, então a perspectiva de lucro é menor. Enquanto
que, se forem investir na mineração ou na agricultura, sabem que têm,
inclusive, o mercado chinês.
Também há o
efeito no setor cambial, que também afeta o setor industrial, há o efeito de concentração
de renda, por uma razão óbvia, pois tanto a mineração quanto a agricultura de
exportação empregam pouca mão de obra, então esses enormes lucros que decorrem
da exportação de produtos primários são altamente concentrados.
“Crise”
capitalista
O sistema
capitalista em geral não está em crise. O que está em crise são os centros
tradicionais do capitalismo. A China é um sistema capitalista, assim como a
Índia e o Brasil.
Os centros
tradicionais sofrem com a competição e também porque os seus capitalistas foram
investir na China, em vez de gerarem emprego nos Estados Unidos e na Europa,
porque na China a margem de lucro é maior.
Do ponto de
vista de uma empresa multinacional, é mais barato produzir na China – e depois
exportar para os seus países de origem e para outros países.
E como
também no Brasil a perspectiva de lucro é muito grande, isso tem atraído massas
de investimento enormes e tem causado uma enorme penetração do capital
estrangeiro, especialmente no setor de serviços, como na saúde, no comércio
varejista, na educação e noutros, o que tem causado uma transformação na
estrutura da propriedade da economia no Brasil.
A blogueira e os mercenarios
Leio a seguinte materia num dos jornais brasileiros:
Não, não vou falar sobre a blogueira, pois não tenho competência para tanto, não tenho vontade, e meu blog não se destina a este tipo de comentário.
Apenas observo o seguinte:
Cuba já não desperta as paixões de antigamente.
Vinte mercenários? Isso foi tudo o que os simpatizantes de Cuba conseguiram arregimentar para protestar contra essa blogueira?
A ditadura cubana já teve maiores apoios no Brasil...
Agora imaginemos o seguinte:
Suponhamos que um jornalista de direita, como um desses que escreve para o Partido da Imprensa Golpista, tenha desembarcado em Cuba, a convite de grupos de direitos humanos, que o foram acolher no aeroporto, com saudações efusivas, e gritos de apoio, enfim, um pouco como fizeram os mercenários do Recife, apenas que num sentido contrário, entenderam?
Os mercenários puderam agir livremente, neste país que ainda dispõe de liberdade para tanto, o que não é o caso de Cuba,
Imaginemos, pois, que o governo cubano, para preservar a paz social e a boa ordem em Cuba, resolvesse reprimir a manifestação, e deter o jornalista em questão, acusando-o de fomentar protestos ilegais, o que não é muito distante da realidade que acontece em Cuba.
As autoridades cubanas, sob pretexto de preservar a paz social, detém o jornalista em questão e depois o reenvia de volta ao Brasil no primeiro voo disponível.
O que faria o governo brasileiro?
Elevaria um protesto diplomático contra o governo cubano?
Convocaria o seu embaixador em Brasília para dar explicações quanto ao gesto prepotente, inamistoso e arbitrário?
Ou não faria nada, diferente do que fez no caso da blogueira, quando participou de reunião na embaixada de Cuba para preparar uma "boa" recepção para a referida blogueira?
Perguntas, perguntas, perguntas...
Paulo Roberto de Almeida
A blogueira e ativista política cubana Yoani Sánchez foi recebida com protesto por um grupo de cerca de 20 pessoas no aeroporto internacional de Recife, na madrugada desta segunda-feira.
Não, não vou falar sobre a blogueira, pois não tenho competência para tanto, não tenho vontade, e meu blog não se destina a este tipo de comentário.
Apenas observo o seguinte:
Cuba já não desperta as paixões de antigamente.
Vinte mercenários? Isso foi tudo o que os simpatizantes de Cuba conseguiram arregimentar para protestar contra essa blogueira?
A ditadura cubana já teve maiores apoios no Brasil...
Agora imaginemos o seguinte:
Suponhamos que um jornalista de direita, como um desses que escreve para o Partido da Imprensa Golpista, tenha desembarcado em Cuba, a convite de grupos de direitos humanos, que o foram acolher no aeroporto, com saudações efusivas, e gritos de apoio, enfim, um pouco como fizeram os mercenários do Recife, apenas que num sentido contrário, entenderam?
Os mercenários puderam agir livremente, neste país que ainda dispõe de liberdade para tanto, o que não é o caso de Cuba,
Imaginemos, pois, que o governo cubano, para preservar a paz social e a boa ordem em Cuba, resolvesse reprimir a manifestação, e deter o jornalista em questão, acusando-o de fomentar protestos ilegais, o que não é muito distante da realidade que acontece em Cuba.
As autoridades cubanas, sob pretexto de preservar a paz social, detém o jornalista em questão e depois o reenvia de volta ao Brasil no primeiro voo disponível.
O que faria o governo brasileiro?
Elevaria um protesto diplomático contra o governo cubano?
Convocaria o seu embaixador em Brasília para dar explicações quanto ao gesto prepotente, inamistoso e arbitrário?
Ou não faria nada, diferente do que fez no caso da blogueira, quando participou de reunião na embaixada de Cuba para preparar uma "boa" recepção para a referida blogueira?
Perguntas, perguntas, perguntas...
Paulo Roberto de Almeida
Hackers de kepi verde e coturno preto: esperado...
Nada mais natural: exércitos atrasados procuram piratear quem está na frente:
SPECIAL REPORT
New York Times, Monday, February 18, 2013 10:02 PM EST
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Europa: depois da "vaca louca", o cavalo contaminado...
Enfim, tudo isso não merece nenhum comentário de minha parte, pois não sou especialista em nada do que se refere à cadeia alimentar de quadrúpedes e bípedes, em qualquer continente. Minhas preocupações são outras, de políticas econômicas e de recursos públicos.
Então pergunto: o BNDES precisaria ser sócio dessa megaempresa brasileira de carnes, que tem filiais e que efetuou compras de outras empresas em várias partes do mundo?
Claro que não, mas ela só´o fez, justamente, para ajudar a coitadinha da empresa a se tornar uma gigante do setor?
Isso é boa utilização dos recursos públicos?
Um Congresso atuante poderia indagar e responder, mas creio que não o fará...
Paulo Roberto de Almeida
A empresa suíça Nestlé anunciou nesta segunda-feira que decidiu recolher das prateleiras dois produtos refrigerados cujos testes deram positivo para a presença de carne de cavalo. As duas massas em questão, o Buitoni Beef Ravioli e o Beef Tortellini, são vendidas na Espanha e na Itália, informou a companhia por meio de comunicado. “Quando informações sobre a fraude na embalagem de alimentos emergiu no Reino Unido, reforçamos os testes em produtos e matérias primas que usamos na Europa. E estamos, agora, suspendendo as entregas de produtos fornecidos pela empresa alemã H.J. Schypke, que é subcontratada de um de nossos fornecedores, a JBS Toledo N.V”, informou a Nestlé.
Então pergunto: o BNDES precisaria ser sócio dessa megaempresa brasileira de carnes, que tem filiais e que efetuou compras de outras empresas em várias partes do mundo?
Claro que não, mas ela só´o fez, justamente, para ajudar a coitadinha da empresa a se tornar uma gigante do setor?
Isso é boa utilização dos recursos públicos?
Um Congresso atuante poderia indagar e responder, mas creio que não o fará...
Paulo Roberto de Almeida
Ana Clara Costa
VEJA.com, 18/02/2013
A empresa suíça Nestlé anunciou nesta segunda-feira que decidiu recolher das prateleiras dois produtos refrigerados cujos testes deram positivo para a presença de carne de cavalo. As duas massas em questão, o Buitoni Beef Ravioli e o Beef Tortellini, são vendidas na Espanha e na Itália, informou a companhia por meio de comunicado. “Quando informações sobre a fraude na embalagem de alimentos emergiu no Reino Unido, reforçamos os testes em produtos e matérias primas que usamos na Europa. E estamos, agora, suspendendo as entregas de produtos fornecidos pela empresa alemã H.J. Schypke, que é subcontratada de um de nossos fornecedores, a JBS Toledo N.V”, informou a Nestlé.
Segundo a Nestlé, testes apontaram a presença de mais de 1% de DNA de cavalo nos dois produtos que são fornecidos pela JBS Toledo, subsidiária belga do grupo brasileiro JBS. A empresa suíça confirmou que a carne vendida pela JBS é proveniente do fornecedor alemão H.J. Schypke. O nível de 1% foi estabelecido pela Food Safety Agency (FSA), a agência estatal britânica que lidera as investigações sobre a adulteração dos produtos, como porcentual de referência que indica se um produto sofreu fraude ou não.
A empresa suíça também avisou que vetou a comercializadação de uma de suas lasanhas congeladas (Lasagnes à la Bolognaise Gourmandes), que é vendida especificamente ao mercado corporativo na França. “Estamos melhorando nosso programa de controle de qualidade por meio da execução de novos testes de DNA em carnes antes do processo de produção na Europa”, disse a Nestlé.
Na última semana, o presidente da Nestlé, Paul Bulcke, afirmou ao jornal britânico Financial Times que o escândalo da carne de cavalo não havia afetado a empresa diretamente. “Nós controlamos nossos fornecedores cuidadosamente, e é lógico que quando algo como isso (o escândalo da carne de cavalo) acontece, intensificamos nossos processos. Mas o que tem a nossa marca não foi afetado”, afirmou o executivo.
A JBS Toledo é a subsidiária belga do grupo brasileiro JBS, presidido por Wesley Batista, com atuação focada no oeste europeu. A aquisição ocorreu em agosto de 2010, por 11 milhões de euros. A JBS Toledo tem forte presença no fornecimento de carne processada e cozida para mais de 100 clientes na Europa, sobretudo restaurantes, cozinhas industriais e grandes marcas de alimentos, como a Nestlé. Procurada pela reportagem do site de VEJA, a empresa brasileira não havia retornado o pedido de entrevista até a publicação desta reportagem.
O grupo JBS é o maior fabricante de carne processada do mundo, com receita líquida da ordem de 75 bilhões de reais em 2012, segundo estimou o próprio Batista ao jornal Valor Econômico, em dezembro do ano passado. O BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é dono de 23% do grupo JBS.
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