terça-feira, 12 de março de 2013

Os idiotas do ENADE e os cumplices do MECdinossauro... - Carlos Alberto Sardenberg

Minha opinião, mero chute, entre muitos outros que dou, é a de que o Brasil não tem a menor chance de melhorar sua educação, nos próximos 25 anos pelo menos (isso se conseguir consertar o estrago nos próximos dez anos, senão joga tudo isso ainda mais para frente). Ou seja, não há nenhum risco de que a produtividade melhore, de que os trabalhadores se tornem inovadores também, enfim, de que o Brasil cresça um pouco mais rapidamente do que o seu atual passo de cágado (atenção ao acento, revisores).
A idiotice e a desonestidade "inteliquitual" são tão grandes que só se pode antever desastres e mais desastres, pelo futuro previsívil.
Multiplique isso que o jornalista está contando por 10 mil, ou mais...
Paulo Roberto de Almeida


Como selecionar apenas os idiotas no ENADE
 Por Carlos Alberto Sardenberg*

Mesmo com algumas crises financeiras e bolhas, a economia mundial exibe crescimento vigoroso desde os anos 1990, e simplesmente espetacular de 2003 para cá. Diversos fatores se combinaram para isso - estabilidade monetária (inflação dominada, juros baixos), abertura ao comércio externo e à circulação de capitais, tecnologia de informação e telecomunicações, permitindo ganhos de produtividade. Mas há um outro fator histórico, decisivo: a incorporação de dezenas de países ex-socialistas e seus bilhões de habitantes ao capitalismo global.
A enorme capacidade de criar riqueza do capitalismo encontrou locais propícios para se multiplicar. Capitais do mundo todo encontraram novos pólos de investimento. Populações desses países - muitas com alto nível educacional, como as do Leste Europeu - entraram com tudo no modo de produção capitalista, com uma forte vontade de prosperar. Em diversos países se formou uma combinação de mão-de-obra educada, mais barata do que nos centros mundiais e trabalhando em plantas modernas, de alta produtividade.
Mais ainda: muitos países trouxeram novos recursos naturais, como o petróleo e o gás da Rússia e vizinhos, que alimentam a Europa Ocidental. E, sobretudo, bilhões de novos consumidores foram incorporados aos mercados mundiais. Com o crescimento acelerado desses novos capitalistas e o contínuo ganho de renda, os mercados se multiplicaram. (A brasileira Arezzo vai abrir lojas na China para vender sapatos femininos a partir de US$ 150 o par. Para quem? Para as novíssimas classes A e B que crescem naquele país. O consumo de carnes cresce fortemente nesse novo mundo, para alegria dos exportadores brasileiros.)
Na verdade, como notou Alan Greenspan em seu livro A Era da Turbulência, temos o privilégio de acompanhar um evento único: estamos verificando a olho nu, em tempo curto, como se forma esse modo de produção capitalista, processo que, na outra parte do mundo, levou séculos para se consolidar.
Há um único lugar no mundo que está tentando fazer o caminho contrário, para o socialismo. Adivinharam, claro, a América Latina.
Só nesta parte do mundo as idéias socialistas são levadas a sério, na teoria e na prática. No Brasil, temos conseguido escapar de certas experiências, mas fica sempre uma inquietação no ar, pois o pensamento socialista domina as escolas e as faculdades na área de humanas.
O pessoal continua gastando um tempo enorme estudando marxismo e socialismo - história morta. E sou capaz de apostar que nenhuma escola de ciências sociais tem estudos sérios sobre esse fenômeno da introdução do capitalismo em meio mundo.
Um exemplo desse quadro é a última prova do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), do Ministério da Educação.
Os testes não deixam outra possibilidade: se o universitário concorda com a idéia de que a história e a sociedade se movem pelo conflito de classes entre capital e trabalho, como ensina o marxismo, então deve ter tirado nota 10.
Se, ao contrário, o universitário pensa que a liberdade individual, o mercado livre e o direito de propriedade constituem os melhores fundamentos das relações sociais e econômicas, como prova o mundo moderno, esse aluno errou a maior parte das questões.
Se pensa isso e foi esperto, não errou, pois as questões são construídas de tal modo que a "resposta socialista" surge como obviamente correta e a outra, "neoliberal", parece uma estupidez ou uma ingenuidade.
A questão 10, por exemplo, pede uma breve dissertação sobre o papel desempenhado pela mídia nas sociedades democráticas, a partir de três enunciados. Dois deles, um dos quais é uma entrevista de Noam Chomsky, sustentam que a mídia (assim, no geral) é um instrumento das classes dominantes, do capital, para manter a exploração e bloquear, de modo sutil e subliminar, a circulação de "idéias alternativas e contestadoras".
O outro enunciado é maroto. Procura elaborar uma caricatura bonitinha. Diz assim: "A mídia vem cumprindo seu papel de guardiã da ética, protetora do decoro e do Estado de Direito. Assim, os órgãos midiáticos vêm prestando um grande serviço às sociedades, com neutralidade ideológica, com fidelidade à verdade factual, com espírito crítico e com fiscalização do poder onde quer que ele se manifeste."
Nesse quadro, se o aluno entendesse que, nos regimes democráticos, há jornais, revistas, rádios e TVs que procuram relatar os fatos da maneira mais objetiva possível; que a imprensa não-partidária e não-religiosa é induzida a isso pela concorrência e pela competição no livre mercado; que há, sim, imprensa comprometida com a democracia, com a liberdade de opinião e com a vigilância dos governos, sendo isso testado pelo seu público, o melhor a fazer seria evitar essa argumentação, pois o contexto da questão indicava que seria considerada falsa.
Para o Enade, ou a mídia é de uma santidade exemplar, impoluta e infalível; ou não existe a menor liberdade de imprensa e de opinião e a mídia dita democrática é sempre um truque para calar os trabalhadores e suas lideranças.
Quem se lembrou dos ataques de membros do governo e do PT à "mídia golpista" lembrou bem. É essa visão mesmo. Fazer reportagens sobre mensalão e aloprados, criticar a administração lulista e seu partido só pode ser coisa da direita, pois o governo, sendo o deles, necessariamente está certo.
Que o PT diga isso, faz parte do jogo, desde que não tentem, a esse pretexto, melar o jogo. Agora, que o MEC coloque essa visão esquerdista como a verdade, numa prova para milhões de alunos, é lavagem cerebral.
*Carlos Alberto Sardenberg é jornalista. Site: http://www.sardenberg.com.br/

Ainda o aumento do PIB (Producao Interna de Bondadess, com o dinheiro alheio...)

Há um outro aspecto a ser mencionado nesse PIB esquizofrênico do governo, além da já mencionada infração à Lei de Responsabilidade Fiscal, que o governo central se julga liberado para descumprir alegremente. Se trata simplesmente do seguinte: cada vez que o governo resolve fazer uma bondade -- e aí entra também o corte de impostos na eletricidade, o do IPI sobre carros, no passado, e vários outros do mesmo tipo -- é sempre com o dinheiro alheio, nunca com o seu próprio. Ou seja, em lugar de abater contribuições, que costumam ser compulsórias e altas, o governo abate impostos que normalmete entram no prato fiscal do qual se alimentam também estados e municípios, que assim se veem privados de uma parte de suas receitas esperadas.
A demagogia e a publicidade são fortes, neste governo e no passado, e assim vão enganando os incautos e os que querem se deixar enganar, como os companheiros que engolem qualquer coisa...
Paulo Roberto de Almeida

A jogada da cesta básica

12 de março de 2013 | 2h 12
Editorial O Estado de S.Paulo

Só não se diga que ela não avisou ou foi incoerente. Na última sexta-feira, apenas quatro dias depois de dizer - em um daqueles comícios disfarçados de solenidades tão a gosto de seu mentor Lula - que em tempos de campanha "podemos fazer o diabo", a presidente Dilma Rousseff se permitiu uma dupla diabrura eleitoral. Numa bem produzida fala de 11 minutos em cadeia nacional em que apareceu sobriamente trajada de cinza, no lugar do costumeiro vermelho-PT, anunciou a isenção dos impostos federais que incidem sobre os produtos da cesta básica. Plagiou, assim, com a maior naturalidade, uma proposta do PSDB, apoiada pelo DEM e o PPS, que vetara em setembro do ano passado. A oposição, por sua vez, havia aproveitado uma idêntica iniciativa petista - aparentemente desestimulada pelo Planalto -, reproduzindo-a sob a forma de uma emenda acoplada a uma medida provisória em tramitação no Congresso.
Recorde-se, em primeiro lugar, que a presidente, ao liberar o vale-tudo na conquista das urnas, retoricamente fingira preservar disso as ações de governo. Segundo a sua argumentação um tanto tortuosa, titulares de cargos eletivos, ainda quando adversários, deveriam se respeitar, "pois fomos eleitos pelo voto direto". Como se aquelas ações, sobretudo numa campanha sucessória desencadeada com extravagante antecipação por um sôfrego Lula em favor de sua pupila, já não nascessem contaminadas pela gana da reeleição ou, simplesmente, não tivessem sido concebidas em razão disso. "Nunca vi quem está no governo precipitar uma eleição", comenta o ex-presidente Fernando Henrique, "já que atrapalha a governabilidade." Atrapalharia, é o caso de atalhar, se a governabilidade importasse mais, para a dupla Lula-Dilma, do que o crasso cálculo eleitoral. Para eles tanto faz que "tudo que a presidente fizer daqui por diante será atribuído a intenções eleitorais", na observação de Fernando Henrique.
A maioria do eleitorado, decerto acreditam, não está "nem aí" para o achincalhe da governança - desde que isso a faça sentir-se beneficiada. Tampouco sabe, para ficar no exemplo da hora, que poderia estar usufruindo da bondade da cesta básica há seis meses, não fosse o veto eleitoreiro da presidente petista à emenda da oposição nesse sentido. Depois, para salvar a face, ela criou um grupo de trabalho incumbido de apresentar uma alternativa até 31 de dezembro. Por desorientação, incompetência, ou porque o grupo de trabalho não era para valer, o prazo foi descumprido. Mas, diante da escalada da inflação nos dois primeiros meses do ano e, de quebra, para tirar do centro do noticiário político a construção da candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB da base parlamentar do Planalto, Dilma antecipou o anúncio do corte de impostos, previsto inicialmente para o 1.º de Maio, Dia do Trabalho.
A desoneração privará o erário este ano de R$ 5,5 bilhões em receitas. Em 2014 poderá alcançar R$ 7,3 bilhões. Para as contas públicas trata-se de um mais um baque. À falta até mesmo de um indício de intenção do Executivo de cortar os seus enxundiosos gastos, o governo não tem de onde repor os recursos de que acabou de abrir mão - e que se somam a tantos outros fúteis soluços de renúncia fiscal para aquecer o consumo e degelar a atividade industrial. Ainda assim o PIB de 2012 não cresceu nem 1%. Além do mais, a jogada eleitoral constitui uma transgressão da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe a autoridade de promover isenções tributárias sem a prévia definição da fonte de onde virá o dinheiro para cobrir o rombo da receita dispensada.
Na manifestação da sexta-feira, Dilma procurou apresentar a desoneração da cesta básica como uma decisão de impacto sobre a alta do custo de vida, cobrindo-se de créditos por isso. "Não descuido um só momento do controle da inflação", assegurou. Palavras. O retrospecto de 2012 comprova que o governo deixou a inflação avançar antes de sair atabalhoadamente em seu encalço. Se cuidasse dos preços como cuida da reeleição, não teria perdido um semestre inteiro para isentar a cesta básica - só para não dar o braço a torcer à oposição.

Brasil: grande aumento no PIB (Producao Interna de Bobagens...) - Celso Ming

Além desse PIB inesperado, não estamos livres de novos PIBobagens pelos próximos meses. É que a esquizofrenia econômica continua...
Paulo Roberto de Almeida

O efeito bondade

12 de março de 2013 | 2h 10
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
 
As primeiras avaliações sobre o impacto da desoneração de impostos federais da cesta básica sobre a inflação estão prejudicadas. Não há segurança de que essa redução dos custos tributários será mesmo repassada para os preços. Na edição de domingo, esta coluna apresentou uma análise inicial. Há novas observações a fazer.

Até mesmo o atendimento do objetivo principal dessa nova bondade da presidente Dilma Rousseff pode ser contestado. O projeto da desoneração da cesta básica deveria entrar em vigor apenas a 1.º de maio, no contexto das festividades do Dia do Trabalho. Pretendia manter ou até melhorar o apoio popular à atual administração, portanto, mantinha no foco o calendário eleitoral de 2014.

O que precipitou a desoneração anunciada na sexta-feira para ter vigência imediata foi a disparada da inflação. Os números de fevereiro vieram altos demais e bastante disseminados. As projeções apontam para inflação anual da ordem de 6,6%, acima do teto da meta anual (de 6,5%), já incluída aí a margem de tolerância de 2 pontos porcentuais.

A presidente imaginou que a antecipação da desoneração poderia ajudar a conter a inflação, à medida que derrubaria em 0,6% ponto porcentual a inflação anual - conforme cálculos preliminares da área econômica.

Aparentemente a previsão de que houvesse essa queda de preços se baseou no precedente da redução e isenção de impostos federais a veículos e aparelhos domésticos, quando uma certa queda de preços de fato aconteceu. E, ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou os dirigentes de supermercados para assegurar que repassariam a isenção de impostos para os preços ao consumidor. O diabo é que o principal imposto pago pelos supermercados é o ICMS, cobrado pelos Estados.

Sobram dúvidas de que esse repasse acontecerá. Desta vez, o problema não é de falta de demanda nem de excesso de estoques. Ao contrário, a demanda está exacerbada - como o próprio Banco Central vem apontando.

A decisão não contribui para controlar a demanda. É, sim, mais um estímulo ao consumo. Desse ponto de vista, pode ser analisada como uma recaída da política econômica, que parecia entender que o fim das distorções da economia passou a depender mais do empurrão aos investimentos do que ao consumo.

Explicando melhor: caso consiga conter a escalada de preços, a renúncia fiscal (redução da arrecadação) injetará R$ 7,5 bilhões na veia do consumo. Assim, contribuirá para puxar ainda mais a demanda. Se não conseguir eficácia e o repasse não acontecer ou vier apenas em parte, contribuirá somente para reforço do caixa das empresas. Em outras palavras, a isenção de impostos à cesta básica pode se tornar irrelevante enquanto providência destinada a controlar a inflação. E, nessas condições, tende a não ser sentida pela população. Assim também poderá ter efeito limitado inclusive como medida eleitoral.

Sobra sem solução a questão de fundo, que é conter a demanda forte demais. Aparentemente, o quadro pouco mudou do ponto de vista do Banco Central, que terá de combater a inflação com o instrumento disponível: a política monetária. Se a isenção de impostos ajudar a segurar os preços, o aumento dos juros pode ser menor. Talvez seja esse o efeito esperado.

Brasil: um pais que nao perde oportunidade de...

...perder oportunidades, segundo a frase genial de Roberto Campos.
Pois é, é isso aí, como na incapacidade de exportar o que produz...
Paulo Roberto de Almeida
 
Problemas com clima e logística atrapalham venda de soja brasileira para a China

Informa Economics FNP

Canal Rural,  06/03/2013

Segundo analistas, país asiático optou por comprar cerca de 60 toneladas de soja dos Estados Unidos

A demora maior para embarque no Brasil está transferindo parte das compras de soja feitas pela China para os Estados Unidos. De acordo com analistas, o país comprou cerca de 60 toneladas de soja americana, o equivalente a dois navios. O fato é atribuído a problemas como clima e logística.

A produção de soja do Centro-Oeste brasileiro deveria ser a primeira a entrar no mercado, mas as chuvas atrasaram a colheita, e a oferta ficou concentrada na segunda quinzena de fevereiro. Normalmente, a produção desta região chega ao mercado um mês antes. Para piorar a situação, as mudanças nas leis dos motoristas fizeram com que o preço do frete disparasse para os principais portos do país.

- Tem gente lá no Mato Grosso cobrando R$ 350, do Norte de Sorriso para Santos. R$ 350 por tonelada é bastante, dá R$ 20 por saca. As empresas e os próprios caminhoneiros veem que tem oportunidade de ganhar mais, aí aproveitam e sobem o preço mesmo. E quem paga mais tem mais disponibilidade de caminhão, consegue fazer os embarques dos seus navios e fazer as entregas conforme os contratos combinados - diz o analista de mercado Artur Malvasi.

Além dos problemas provocados pelo atraso da colheita, as manifestações dos trabalhadores portuários nos últimos dias atrasaram o carregamento de navios chineses.

- O que acontece é que eles precisam da soja agora, o governo chinês não libera a soja, o Brasil está com a logística precária e eles, com medo do atraso nas entregas, buscam soja da safra velha norte-americana para ter produto agora. Essa demanda é boa para o mundo inteiro, porque ela sustenta preço - fala Malvasi.

Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a compra da soja americana pelos chineses não é motivo de preocupação. Segundo a Anec, o caso é pontual, e o Brasil vai continuar abastecendo o mercado asiático.

- Isso é meramente ocasional, porque o normal agora é comprar do Brasil, já que a nossa safra começa agora. Como há um line up muito grande de navios - são mais de 90 navios esperando em Santos e muito mais de 50 em Paranaguá -, é normal que tenha acontecido isso, uma decisão deles Era apenas dois navios de 50 mil toneladas, em vez de entrar nessa linha e ficar esperando. Não há razão neste momento para preocupação, mesmo porque não há rescisões de contrato ou coisa parecida - comenta Sérgio Mendes, diretor da Anec.

A indústria está confiante. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) acredita que uma possível safra recorde é positiva, porém vai trazer desafios no setor logístico.

- Esse ano vai ser o ano do recorde de safra, essa é a melhor notícia que nos temos, que esta indo super bem. Recorde dos recordes, na soja, no milho. Realmente, a perspectiva é muito boa, com preços excelentes. Em contrapartida, vai ser o ano da logística, vamos ter que ser o mais eficiente possível. Estamos aí transportando 45 milhões de toneladas a mais de grão do que há cinco anos, mas as rodovias são as mesmas. A ferrovia melhorou, mas temos os mesmos portos e os mesmos armazéns - fala Fábio Trigueiro, secretário-geral da Abiove.

O analista de mercado da Informa Economics FNP, Aedson Pereira, diz que a partir de agora, a demanda mundial por grãos volta para a América Latina, mas que o governo brasileiro precisa olhar com mais atenção para a infraestrutura logística do país.

- Nós temos um cenário com produção recorde, então o mundo como um todo, principalmente a China, depende, e muito, dos resultados de oferta que o Brasil tende a apresentar. Issso aí gera até uma oportunidade para o produtor brasileiro vender, fazer novas operações, porque melhora na liquidez de negócios. O Brasil precisa urgentemente de uma nova política voltada para melhorar a infraestrutura em armazenagem, transporte, diminuir a nossa dependência de frete rodoviário, o ferroviário, nos portos, tudo isso visando aumentar a velocidade para atender essa demanda externa que cresce cada vez mais - diz Pereira.
Fonte: Canal Rural

Crescente irrelevancia do Mercosul - Editorial Estadao

Nao foi por falta de aviso, inclusive por parte deste escriba, aliás desde antes de 2003.
De fato, desde 1995, ou seja, desde que foi "consolidado" enquanto União Aduaneira, que o Mercosul só recua, tanto na integração interna, quanto na externa, onde se tornou cada vez mais introvertido e protecionista.
A partir de 2003, a esses fatores de "protecionismo natural", digamos assim, se somaram os fatores ideológicos, de dois governos dotados de economias esquizofrênicas que pretendiam (e conseguiram) fazer rodar para trás a roda da História. Pior: o Brasil conseguiu ajudar a Argentina a desmantelar o Mercosul, com sua política caolha, míope, cega, enviesada, nebulosa (tem mais adjetivos e sinônimos disso tudo?) de apoio a tudo o que os hermanos decidiam, uma política decidida pessoalmente pelo ex-SG do MRE, depois Alto (ou auto?) Representante do Mercosul e ainda hoje influente no setor.
Deu no que tinha de dar: desastre comercial, recuo econômico, mediocridade comercial.
Paulo Roberto de Almeida 

O mundo gira sem o Mercosul

12 de março de 2013 | 2h 13
Editori O Estado de S.Paulo
 
O governo argentino pretende arrancar mais vantagens do Brasil, em mais uma revisão do acordo automotivo assinado em 2000 para acabar em 2005, mas a partir daí prorrogado várias vezes. Em toda prorrogação foram fixados novos benefícios para o lado argentino, por meio de fórmulas calculadas para dispensar aquele sócio de se tornar competitivo. A nova esperteza argentina é mais uma comprovação do erro cometido pelo governo petista, há dez anos, quando optou por um regionalismo ingênuo inspirado em bandeiras terceiro-mundistas.
Na última negociação, o acordo foi estendido até 2013. A partir daí valeriam normas de livre comércio, mas a presidente Cristina Kirchner decidiu mudar o jogo mais uma vez. Comércio aberto está fora da agenda da Casa Rosada. O assunto estava na pauta do encontro bilateral marcado para a semana passada e suspenso por causa da morte do presidente Hugo Chávez.
Desta vez, o governo argentino quer, além da extensão do pacto bilateral, a fabricação, em seu país, de parte dos produtos incluídos no programa brasileiro Inovar-Auto. Em outras palavras, a indústria instalada na Argentina deve ganhar, se Brasília estiver de acordo, uma carona em um programa custeado pelo contribuinte brasileiro. Será uma surpresa se, no fim da história, a presidente Dilma Rousseff recusar mais esse mimo à companheira Cristina Kirchner.
Há vários anos o governo brasileiro vem moldando boa parte de suas decisões estratégicas de acordo com os interesses definidos em Buenos Aires. Foi assim no episódio da suspensão do Paraguai e da admissão da Venezuela como quinto membro do Mercosul. Nas negociações com a União Europeia sempre prevaleceram as restrições argentinas, mesmo quando o Itamaraty se mostrou disposto ao entendimento com os europeus.
Na adiada reunião bilateral com a companheira Cristina Kirchner, a presidente Dilma Rousseff havia se preparado para anunciar novas concessões, como a participação do BNDES no financiamento de obras de infraestrutura e a abertura de uma cota para importação de camarões argentinos. A pauta deveria incluir também assuntos menos agradáveis, como as dificuldades da Vale para executar um projeto de exploração de potássio. Sem um acordo para compensar a alta de custos causada pela inflação e outros problemas de relacionamento com o setor público, a companhia poderá suspender o investimento.
Crescentemente atolado no difícil relacionamento com a Argentina, o governo brasileiro tem espaço cada vez menor para se ajustar às novas condições do mercado internacional. Formalmente, o Mercosul é uma união aduaneira, embora nem chegue a funcionar de modo satisfatório como área de livre comércio. Como sócios de uma união aduaneira, os países-membros devem respeitar a regra da tarifa externa comum. Por isso, podem negociar acordos comerciais apenas em bloco. Toda concessão tarifária a qualquer parceiro de fora depende da aprovação dos demais.
Até agora, o Mercosul negociou poucos acordos de livre comércio, sempre com parceiros em desenvolvimento e, em alguns casos, sem relevância econômica para o Brasil. Enquanto isso, acordos bilaterais e inter-regionais multiplicam-se em todo o mundo, sem a participação do Brasil. Ou seja, o Brasil está cada vez mais fora do jogo relevante para o comércio internacional. Os EUA empenham-se em concluir um acordo com parceiros do Pacífico. O entendimento inclui vários países em desenvolvimento da Ásia e da América Latina e em breve poderá incluir também Japão e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, autoridades americanas e europeias dão os primeiros passos para um acordo de comércio e investimentos entre os dois lados do Atlântico Norte. Para Jeffrey Schott, do Peterson Institute for International Economics, o Brasil errou tanto na Rodada Doha, ao se aliar à Índia e à China, como na agenda bilateral, amarrada ao Mercosul. Os fatos, até agora, confirmam esse diagnóstico.

Dualismo cambial na Argentina e na Venezuela

E sua insustentabilidade. Uma analise de economista do Citi group.

Argentina and Venezuela– The Unstable Economics of Dual Exchange Rates
Joaquin A Cottani
Citi group Research
Emerging Markets Economics Today
12 March 2013


This piece is a summary of our Argentina & Venezuela Macro View - The (Unstable) Economics of Dual Exchange Rate Regimes

Argentina and Venezuela have de-facto dual exchange rate systems featuring an official peg and a black market float. The fact that the float is "black" rather than "white" or "grey" is a mere technicality. Effectively, the black market rate reflects the scarcity value of the dollar and the premium between this rate and the official one is an implicit tax on exports and a subsidy on permitted transactions, including authorized imports.

A dual exchange rate system is the consequence of quantitative exchange controls. These controls affect "non-essential" imports, including tourism abroad, and several categories of capital outflows, including offshore investments, profit remittances, and the simple hoarding of FX by local residents seeking to hedge against inflation or devaluation. Like any flexible exchange rate, the black market one is driven by market forces.

The Venezuelan dual exchange rate system predates the Argentinean one by more than a decade, a fact that bears testimony to the longevity that this kind of arrangements can have, despite the distortions they create, if the right conditions are met. We argue that Venezuela's larger current account surplus as proportion of GDP, tighter control of exports and imports by the government, and the introduction of SITME between 2010 and 2012 explain the longevity of its multiple exchange rate system despite the significant and growing premium observed though the years between the parallel/black market and the official one. We warn that, in Argentina, this is unlikely to be the case, hence a multiple exchange rate system, even if legal, is unsustainable.

In Argentina, the dual exchange rate system is a more recent phenomenon. It exists since October 31, 2011 when, to cope with an impending currency crisis, the government imposed tight controls on the buying and selling of foreign exchange by the public. A difference between the Argentine and Venezuelan dual systems is that, in Venezuela, the official rate is an adjustable peg whereas, in Argentina, it is a sliding or crawling peg. At present, the official USD rate is 5.05 ARS in Argentina and 6.3 VEF in Venezuela while the black market rate is around 8.0 and 25.0, respectively. It is worth noting that, in February, the rate of depreciation of the ARS in the official market reached 16% YoY against a "true" inflation rate (as measured by private consultants and opposition members of Congress) of around 25%.

Expectations of devaluation are part of the explanation of a high black market premium. The other part is massive injections of liquidity to finance fiscal deficits and monetize balance of payments surpluses. In this sense, reducing the black market premium while maintaining exchange controls will require a combination of both official devaluation and monetary and fiscal contraction in both countries.

Looking at what is happening with the foreign reserves in Argentina and Venezuela, it is easy to infer that their dual systems are unsustainable without a maxi-devaluation. Unless monetary contraction happens some time soon, which is unlikely due to the fiscal dependency of monetary policy in both cases, another maxi-devaluation in Venezuela and one in Argentina (the first since 2002) are almost sure bets.

Los Amigos de la Plata del Amigo que se Fue; oh, que tristeza, perder un amigo tan bueno (y tan rico...)

What’s left of the Latin left
By John Paul Rathbone
Financial Times, March 8, 2013 7:57 pm

As Chávez’s death focuses attention on the economic failings of radicals, pragmatists are proving more successful

Three weeks before Venezuelan President Hugo Chávez died on Tuesday, Yoani Sánchez, Cuba’s best-known pro-democracy blogger, landed in Brazil on a scheduled flight. Ms Sánchez had waited five years for permission to travel abroad and Brazil was an obvious first place to visit.

Latin America’s biggest economy shares a common heritage with Cuba, with their histories of slavery and sugar. Brazil is also governed by the leftwing Workers party, elected three times in a vibrant democracy – so unlike the Castro dictatorship at home.

Yet soon after the gangly 37-year- old writer arrived, she had an unwelcome reminder of the world she had left momentarily behind. At a São Paulo bookshop, about 200 young socialist activists burst into the room proclaiming her a CIA spy. One protester chanted: “Mercenary”. It was the same kind of invective that Chávez, Cuba’s closest ally, had levelled against Caracas’s middle class, which he condemned as los escuálidos or the “squalid ones”.

Ms Sánchez brushed it off. Yet many Brazilians were mortified. Ms Sánchez tweeted: “You know the phrase I’ve most heard in São Paulo? Yoani, please excuse these extremists. They don’t represent us.”

In some ways, though, they do. Ms Sánchez’s experience exposes a feature of Latin American politics that has been highlighted again this week by Chávez’s death. Both events show there are two strands of leftism in Latin America, the Brazilian kind and the Cuban/Venezuelan kind.

Both have very different origins – and prospects. Jorge Castañeda, a Mexican intellectual, identified their characteristics in a 2006 essay in Foreign Affairs. The first strand, a pragmatic left, today includes the governments in Brazil, Peru and Uruguay. They are “modern, open-minded, reformist and internationalist”.

The second strand, which includes Cuba, Venezuela, Ecuador, Bolivia and perhaps Argentina, “is born of the great tradition of Latin American populism, is nationalistic, strident and closed-minded”. While democratically elected, their autocratic style and length of tenure can also make their successions traumatic.

Chávez wanted to reign until 2030. Evo Morales, president of Bolivia since 2006, is running for a third term. Rafael Correa, into his second term, is Ecuador’s longest-serving president in more than 30 years.

Cristina Fernández, Argentine president, is in her second term, after one by her husband, and eyeing a third. The Castro brothers have ruled since 1959.

Chávez’s death raises questions about the future of this populist strand. That it is partly because his petrodollar diplomacy financed most of them, and partly because his tweak-the-nose attitude to enemies poisoned the region’s tone frequently during the past 14 years.

“Chávez was very amiguero, very approachable. He wasn’t white, which is important. And he set a new tone in the rhetorical scale. He said what the suits never dared to say,” says James Dunkerley at Queen Mary, University of London. “Whether that tone was useful or not is ambiguous.”

It was the “pink tide” which rose in Latin America after the Asian and Russian crises of 1997 that drew the world’s attention back to the continent. The region’s democratic transition in the 1980s first favoured centrist governments and the liberal economic policies of the “Washington consensus”.

But when Russia and the Asian economies crumpled, Latin America suffered a recession so deep it was called the lost half-decade. The region, since 1990 one of the world’s fastest-growing, began to look like a disaster. Poverty rose. The political pendulum swung to the left.

Chávez’s election in 1998, supported by the middle class, marked the first change. Ricardo Lagos followed in 2000 – as the first socialist president in Chile’s ruling coalition. Then came Brazil’s Luiz Inácio Lula da Silva in 2002. Bolivia, Paraguay and El Salvador followed. By 2009, 17 of Latin America’s 20 republics had left or centre-left governments, according to Victor Bulmer-Thomas, an economic historian.

Economically, the timing was brilliant. From 2003, the region began to ride a boom in commodity prices, which strengthened government finances and allowed large increases in social spending. But there were two distinct streams within the pink tide.

The pragmatic strand was composed of technocratic social democrats who prioritised social needs while maintaining economic stability. Its ideological origins lay in the Communist International, and followed a similar path to leftists elsewhere. After the fall of the Berlin Wall in 1989, it acknowledged its failures and reconstructed itself.

President Dilma Rousseff of Brazil, for example, grew up in guerrilla movements and studied Marxist texts. But she has also privatised airports to speed preparation of the infrastructure desperately needed for the 2014 World Cup and 2016 Olympic Games.

The second strand was rooted in Latin populism, placed Cuba’s Fidel Castro and Che Guevara in a pantheon of demigods, and were often poor or spendthrift, or both. “Venezuela just took the money and blew it,” says Eric Farnsworth, vice-president of the Council of the Americas and Americas Society.

Such spending was central to Chávez’s clientelist model. Closely advised by Havana and bolstered by high oil prices, he set his sights on a pan-American “Bolivarian revolution”.

He bought Argentine debt, gave aid to Bolivia and Nicaragua, and $6bn a year of cheap oil to Cuba in return for doctors, teachers and intelligence officials. At home, he funded social projects by draining PDVSA, the state oil company and nationalising private companies, sometimes on his television show, Aló Presidente, exclaiming: “Nationalise it!”

He was not alone. Ecuador defaulted on international bonds and gave refuge to Julian Assange, the WikiLeaks founder. Argentina nationalised YPF, the Spanish-controlled oil company. Evo Morales nationalised swaths of Bolivia’s energy sector including the local operations of Petrobras, the Brazilian oil company . The productivity of these nationalised businesses has since deteriorated.

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This created a furore that echoed around the region. The noise it generated, though, was misleading because the economies of these maverick countries amount to just 17 per cent of Latin America’s US$6tn gross domestic product. It also obscured advances made by centrist democrats.

“People outside the region overestimate Chávez’s influence,” says Malcolm Deas, an Oxford-based historian of the Andes. “Mexico is not chavista, nor is Central America – Nicaragua apart. Nor are Chile, Peru or Colombia ever going to follow his example.”

Indeed Peru is a telling example of this. In 2006, Ollanta Humala, a former army officer, ran for president espousing Chávez’s approach – and lost. In 2011, he ran again while embracing the pragmatic Brazilian model – and won. The pendulum has swung again.

Today, about half of the region’s 20 republics are centrist or centre-right. Not that this has diminished the importance of social progress everywhere. Caracas rightly boasts that it has halved poverty levels in Venezuela. Yet this performance has been repeated elsewhere, in Chile and Peru for example, without ransacking the economy as Chávez did.

The Chavista model is a busted flush but no leader in the region will publicly admit it. Nonetheless, tributes have flowed in all week. Dignitaries and world leaders, from Iran’s President Mahmoud Ahmadi-Nejad to the Prince of Asturias, have flown to Caracas to pay their respects. In Havana, the Castro government declared three days of mourning.

Much of the radical left’s grief is real, but so too is the self-interest. Because Chávez’s demise confronts it with a bind. The populist left is dominated by outsize personalities. With its most extravagant character gone, others are jostling for supremacy. That is as true inside Venezuela, where chavismo is riddled with factions, as outside.

“The space and rhetoric won’t change,” says Franklin Ramírez, a sociologist at the Latin American Faculty of Social Sciences in Quito. But the “map has been changing”. The main contenders for influence are two economic blocs: Brazil and its partners in the southern Mercosur trade pact, and its regional counterweight, the free-trading Pacific economies of Mexico, Colombia, Peru and Chile.

The second and bigger problem is that the radical economic model is unsustainable. Even with the largest oil reserves in the world, Venezuela has turned to China for $40bn of loans to keep itself going.

Economic decay may not matter to true populists. After all, “as well as handouts, their beneficiaries gained hope, a feeling of being listened to”, says Mr Farnsworth. “You can’t put a dollar figure on that. It is a revolution of the mind.”

It is an open question how long that revolution of the mind will continue if Caracas or other radical governments in the region cannot deliver their promises. That will better showcase the success of the region’s pragmatic centrists. But it will also leave the populist left struggling to stand for anything other than empty pledges and stale rhetoric.

Additional reporting by Andres Schipani in Bogotá

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