segunda-feira, 1 de abril de 2013

Assedio moral de diplomatas sobre funcionarios locais...

Depoimento gravado em video pelo ex-funcionário do Escritório Financeiro do Ministério das Relações Exteriores, em Nova York, Geraldino José Ferreira de Almeida, sobre fatos ocorridos há 16 anos, testemunhando ter sido maltratado pelo então ministro João Carlos Souza Gomes, o famoso "João do Pulo", e sua esposa, bem como sobre fatos presenciados por ele em relação a outros funcionários locais, em vido postado no YouTube pela AFLEX, Associação dos Funcionários Locais do MRE no Mundo:

http://www.youtube.com/watch?v=a8ggGEiVBf4

Alguns comentários: 

  • Patricia cs
    Trabalhei tb no EFNY ... Realmente sei tudo o que passamos e toleramos pela falta de leis que nos ampararem... Conheci o sr. José citado no Video .. Uma pessoa muito boa e que é maltratado nao só por diplomatas como tb or Oficiais de chancelaria... Eles sabem que esse sr nao podem sair do EFNY pois esta amarrado no visto de trabalho ... Se sair estará ilegal depois de mais de 20 anos servindo o Escritório e sairá sem direito a nada
    · 11
  • tiagomirandan
    Olha se eu não tivesse feito estágio no Itamaraty eu poderia falar que esse cara está inventando, mentindo. Mas eu trabalhei e pude constatar que o sistema é mais ou menos isso mesmo. Graças à Deus, meus chefes e o pessoal do departamento não me tratavam mal, mas a gente lidava com cada espécie de diplomata que não está escrito. Poucos, raros, se salvam naquele lugar. Há diplomatas que se acham pertencentes a outra raça ou algo divino e que não merecem ser tratados como uma pessoa normal.


    Eu, estudante de RI fiquei bem deprimida com esse vídeo, também pensava que pra ser diplomata precisava ter educação.

Vem ai mais protecionismo...

Querem apostar?
Eu não!
Não aposto pois não estou fazendo uma pergunta para mim mesmo: eu tenho absoluta certeza...
Se trata apenas de esperar mais um pouco.
Depois não digam que não avisei...
Paulo Roberto de Almeida 

VEJA.com, 1/04/2013

A balança comercial brasileira registrou superávit de 164 milhões de dólares em março, informou nesta segunda-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O resultado veio abaixo do esperado pela mediana dos especialistas, que projetavam saldo positivo de 200 milhões de dólares. Trata-se do primeiro superávit mensal neste ano e o pior para o mês desde 2001, quando houve déficit de 274 milhões de dólares.
No mês passado, as exportações somaram 19,323 bilhões de dólares e as importações, 19,159 bilhões de dólares, ainda segundo o Ministério. O resultado ainda sofre as consequências do registro atrasado de aquisições de gasolina feitas pela Petrobras no exterior em 2012, mas que estão sendo contabilizadas somente neste ano, elevando as importações.
No mês passado, as importações de combustíveis e lubrificantes somaram 3,177 bilhões de dólares. Pela média diária, que somou 158,9 milhões de dólares, houve alta de 15,8% sobre um ano antes.
Apesar do resultado positivo de março, no acumulado dos três primeiros meses do ano, o saldo segue negativo em 5,150 bilhões de dólares, resultado das vendas externas de 50,839 bilhões de dólares e compras de 55,989 bilhões de dólares. No mesmo período do ano passado, o saldo estava positivo em 2,419 bilhões de dólares. Em fevereiro, o saldo negativo de 1,276 bilhão de dólares foi o maior da série histórica do MDIC para o mês.
Na última semana do mês passado (dias 25 a 28), o saldo comercial ficou positivo em 165 milhões de dólares, com exportações de 4,552 bilhões de dólares e importações de 4,387 bilhões de dólares.

O rato que ruge e o elefante indeciso: receita para o desastre na peninsula coreana (e alhures...)

A China detém a chave para a resolução do problema coreano. Mais do que isso, ela detém o torniquete, que pode simplesmente esganar e asfixiar o rato que ruge, ou seja, o regime stalino-gulaguiano-esclerórico-surrealista da RPDC, vulgo Coreia do Norte. Até agora, ela preferiu não fazer nada, na suposição de que com isso detinha, ou compensava, parte de presença americana na Coreia do Sul, um cálculo arrevesado, que só geopolíticos atrasados poderiam fazer. Ela vai pagar um alto preço por isso.
Foi ela que também sustentou o regime autocrático da Birmânia durante tanto tempo, e agora se permite oferecer abertura porque ela também precisa disso para seus planos de chegar aos "mares do Sul", sem precisar atravessar o Vietnã e o estreito dos piratas, ops, das Molucas, ou dos malucos, segundo um antigo romancista.
Se e quando a China quiser, a Coreia do Norte acaba, vagarosamente, ou num estrépido capaz de provocar arrepios. Vamos ver...
Paulo Roberto de Almeida

China reavalia política em relação à Coreia do Norte

China – DW – 31/03/13.
0,,16702520_303,00A estratégia chinesa para norte-coreanos é tema de debate: tradicionalistas defendem curso atual, estrategistas querem medidas mais severas e aproximação dos EUA. Pequim teme instabilidade crescente em suas fronteiras.
“O terceiro teste nuclear da Coreia do Norte é uma boa oportunidade para a China reconsiderar a aliança de muitos anos com a dinastia Kim”, exigiu o jornalista chinês Deng Yuwen em artigo no Financial Times. Deng é vice-editor-chefe da revista Study Times, publicada pela Escola do Partido Comunista em Pequim. O apelo do jornalista: “A China deve abrir mão da Coreia do Norte”.
Vozes como a de Deng são um fardo para a amizade de dezenas de anos entre os vizinhos comunistas. Desde o final do ano passado, as relações bilaterais atingiram um novo nadir. E em fevereiro a Coreia do Norte voltou a provocar com a realização de um teste nuclear. Dois meses antes, o foguete norte-coreano Unha-3 lançou um satélite em órbita terrestre. Única parceira do país, a China está obviamente irritada: o imprevisível vizinho abusa de sua paciência.
Na última assembleia geral do Congresso Nacional do Povo, o parlamento chinês, alguns delegados realizaram um debate de fundo sobre a política em relação à Coreia do Norte. A vice-diretora do Escritório Central de Assuntos Estrangeiros, Qiu Yuanping, relata que os debates giraram em torno da questão se a China continuará a “apoiar” ou “deixará de lado” o país vizinho. Essa abordagem aberta é algo incomum, pois as lideranças de Pequim são geralmente bastante reservadas com tais observações.
Entre tradicionalistas e estrategistas
Dentro do circuito político chinês não há consenso sobre como lidar com o país vizinho. Desde o segundo teste nuclear norte-coreano, em 2009, duas correntes de opinião se definiram. Os chamados “tradicionalistas” se atêm à imagem propagada pelo fundador do atual Estado chinês, Mao Tsé-tung: a China e a Coreia do Norte estão “tão intimamente ligadas como os lábios e os dentes”. Para eles, abandonar o Estado-irmão comunista está fora de cogitação, e vêm os EUA como maior desafio aos interesses chineses na Ásia Oriental.
Pequim vê como ameaça à segurança nacional a forte presença militar estadunidense na região pacífico-asiática – considerada pelo presidente Barack Obama como um novo foco estratégico. A Coreia do Norte é para a China uma importante zona-tampão face à Coreia do Sul e ao Japão, ambos parceiros dos Estados Unidos.
Até agora, a política da China para a Coreia do Norte foi basicamente definida pelo Exército Popular de Libertação. Dados os laços de longa data com a Coreia do Norte e a grande desconfiança em relação ao poder militar dos EUA, as lideranças militares chinesas mantêm seu curso conservador.
De acordo com Jia Qingguo, professor de Ciências Políticas na Universidade de Pequim, tal estratégia é obsoleta. A China deveria tomar a Coreia do Norte como ponto de partida para uma cooperação mais estreita com os Estados Unidos, declarou ao New York Times. Jia pertence ao grupo dos chamados “estrategistas”, que pedem medidas mais rigorosas em relação à Coreia do Norte, ao mesmo tempo que defendem uma maior cooperação com os EUA.
Mesmo Zhang Liangui, da Universidade Central do Partido em Pequim, pede medidas mais duras contra o país vizinho. É ingênua a crença de que Pyongyang pode ser persuadida a renunciar às armas nucleares por meio de uma política de apaziguamento, afirmou o perito em segurança ao jornal estatal Global Times.
Nenhuma mudança radical de direção
“O apoio a sanções mais duras contra a Coreia do Norte não deve ser interpretado como uma alteração fundamental da posição chinesa”, enfatizou Yang Jiechi, até recentemente ministro do Exterior chinês, e agora responsável pela política externa no Conselho de Estado. Suas palavras mostram que, por enquanto, não deverá haver uma mudança de curso.
Especialistas acreditam que a China pode temer que, com o colapso da Coreia do Norte e uma possível reunificação dos dois Estados coreanos, as tropas norte-americanas cheguem até as fronteiras do território chinês. Paul Haenle, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, e também diretor do Centro Carnegie-Tsinghua da Universidade Tsinghua, em Pequim, é da opinião de que as contínuas provocações de Pyongyang podem levar, a longo prazo, a uma corrida armamentista. “Porque assim como os EUA, também o Japão e a Coreia do Sul irão reconsiderar suas estratégias de segurança”, e isso contradiz diametralmente os interesses chineses, disse em entrevista à DW.
Enquanto os Estados ocidentais tentam dissuadir a Coreia do Norte de prosseguir com seu programa nuclear, para o governo chinês a preservação da estabilidade está em primeiro plano, observa Stephanie Kleine-Ahlbrandt, do International Crisis Group da Deutsche Welle. “Pequim teme um confronto militar direto entre Pyongyang e Washington.”
Recentemente, o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, anunciou que Washington iria ampliar sua defesa antimíssil, devido às ameaças de ataques da Coreia do Norte. Uma guerra ou um colapso da ditadura Kim iria provocar uma onda de refugiados em direção ao norte da China. Sob a liderança do novo chefe de Estado chinês, Xi Jinping, não deverá haver, todavia, mudanças radicais, afirmou Kleine-Ahlbrandt. “Mas Pequim irá adotar uma linha mais dura em relação a Pyongyang.”
DW.DE

Ultimas noticias: Ministro da Fazenda renuncia...

Recebido de Brasília, há poucos minutos:


Ministro da Fazenda
Gabinete
1o. de Abril de 2013

Excelentíssima Senhora Presidenta da
República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff
Palácio do Planalto
Brasília, DF
Brasil

Senhora Presidenta,
De conformidade com entendimentos já antecipados a Vossa Excelência, e por razões de ordem eminentemente pessoal, venho apresentar, por meio desta carta, minha renúncia, em caráter irrevogável, ao cargo de Ministro de Estado da Fazenda, em que tão honrosamente fui confirmado, quando de sua posse, em 1o. de janeiro de 2011. Eu lhe sou pessoalmente grato por esse gesto de apreço e de reconhecimento por nossos trabalhos conjuntos, em prol do governo e do partido, nas últimas décadas.
Existem diversas razões para que minha colaboração com o governo de Vossa Excelência se encerre nesta conjuntura, mas creio que as seguintes constituem fatores importantes:
1.     A economia brasileira atravessa um período de redefinição de prioridades, a partir de um novo aprofundamento da crise na Europa e também de novas iniciativas de política econômica em nossos parceiros dos BRICS, em especial a China.
2.     A situação internacional, que tem reflexos na economia brasileira, exigirá novas medidas, da parte do governo, em defesa da atividade doméstica, e creio que Vossa Excelência se sentirá mais livre com a designação de um ministro que possa conceber e aplicar novos mecanismos de estímulo a setores que enfrentam dificuldades temporárias.
3.     A despeito dos esforços da área econômica do governo, sob a forma de redução de impostos e de novas concessões de créditos através dos bancos oficiais, a economia brasileira não tem reagido com o vigor necessário para enfrentar a conjuntura de crise.
4.     A situação do balanço de pagamentos começa a exibir sinais de preocupação, com a diminuição dos saldos comerciais e o aumento dos déficits em serviços, o que pode, eventualmente, agravar a lacuna nas transações correntes, gerando novos motivos de stress na frente cambial, o que também exigirá novas medidas nessa área.
5.     As pressões inflacionárias tem sido persistentes, a despeito dos esforços do governo no sentido de controlar os preços, o que aliás redundou em problemas de caixa para a Petrobras (e possivelmente para as companhias de eletricidade, a partir da redução de tarifas determinada por Vossa Excelência), o que também será necessário equacionar.

À margem desses fatores objetivos que se prendem à conjuntura – mas que podem exigir respostas estruturais, que exigirão políticas de longo prazo, para as quais admito que um novo responsável pela área econômica possa ser necessário com vistas a dar novo impulso à economia – minha saída tem a ver, como adiantado, com contingências eminentemente pessoais, sobre as quais Vossa Excelência está perfeitamente bem informada.

Muito respeitosamente,

Guido Mantega
Ministro de Estado da Fazenda

Brasil-Argentina: uma relacao sado-masoquista?

A frase é do leitor deste blog Gilrikardo, que também tem um blog, devotado a sua paixão apaixonada, que também é a minha: educação, simplesmente, o que anda difícil no Brasil e na Argentina.
Vamos ver o que já de sádico, e o que há de masoquista nesta relação, com a ajuda da matéria abaixo.
 Paulo Roberto de Almeida

INVESTIGAÇÃO - 28/03/2013 23h05 - Revista Época

O feirão da Petrobras

Documentos da estatal revelam os bastidores da venda de patrimônio no exterior – como a sociedade secreta na Argentina com um amigo da presidente Cristina Kirchner

DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS, LEANDRO LOYOLA, MARCELO ROCHA E FLÁVIA TAVARES
 
 
Na quarta-feira, dia 27 de março, o executivo Carlos Fabián, do grupo argentino Indalo, esteve no 22o andar da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para fechar o negócio de sua vida. É lá que funciona a Gerência de Novos Negócios da Petrobras, a unidade que promove o maior feirão da história da estatal – e talvez do país. Sem dinheiro em caixa, a Petrobras resolveu vender grande parte de seu patrimônio no exterior, que inclui de tudo: refinarias, poços de petróleo, equipamentos, participações em empresas, postos de combustível. Com o feirão, chamado no jargão da empresa de “plano de desinvestimentos”, a Petrobras espera arrecadar cerca de US$ 10 bilhões. De tão estratégica, a Gerência de Novos Negócios reporta-se diretamente à presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Ela acompanha detidamente cada oferta do feirão. Nenhuma causou tanta polêmica dentro da Petrobras quanto a que o executivo Fabián viria a fechar em sua visita sigilosa ao Rio: a venda de metade do que a estatal tem na Petrobras Argentina, a Pesa. ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, ao acordo confidencial fechado entre as duas partes, há um mês. Nele, prevê-se que a Indalo pagará US$ 900 milhões por 50% das ações que a Petrobras detém na Pesa. Apesar do nome, a Petrobras não é a única dona da Pesa: 33% das ações dela são públicas, negociadas nas Bolsas de Buenos Aires e de Nova York. A Indalo se tornará dona de 33% da Pesa, será sócia da Petrobras no negócio e, segundo o acordo, ainda comprará, por US$ 238 milhões, todas as refinarias, distribuidoras e unidades de petroquímica operadas pela estatal brasileira – em resumo, tudo o que a Petrobras tem de mais valioso na Argentina.
EMPRESÁRIO “K” Cristóbal López (sorrindo, à esq.), num cassino com os Kirchners (Cristina de vermelho, Néstor de gravata lilás). Amizade com o poder (Foto: Juan Cruz Sanz )
O negócio provocou rebuliço dentro da Petrobras por três motivos: o valor e o momento da venda, a identidade do novo sócio e, sobretudo, o tortuoso modo como ele entrou na jogada. Não se trata de uma preocupação irrelevante – a Petrobras investiu muito na Argentina nos últimos dez anos. Metade do petróleo produzido pela Petrobras no exterior vem de lá. Em 2002, a estatal brasileira gastou US$ 1,1 bilhão e assumiu uma dívida estimada em US$ 2 bilhões, para comprar 58% da Perez Companc, então a maior empresa privada de petróleo da Argentina, que já tinha ações negociadas na Bolsa. Após sucessivos investimentos, a Perez Companc passou a se chamar Pesa, e a Petrobras tornou-se dona de 67% da empresa. Nos anos seguintes, a Petrobras continuou investindo maciçamente na Pesa: ao menos US$ 2,1 bilhões até 2009. Valeu a pena. A Pesa atua na exploração, no refino, na distribuição de petróleo e gás e também na área petroquímica. Tem refinarias, gasodutos, centenas de postos de combustível. Em maio de 2011, a Argentina anunciou ter descoberto a terceira maior reserva mundial de xisto – fonte de energia em forma de óleo e gás –, estimada em 23 bilhões de barris, equivalentes à metade do petróleo do pré-sal brasileiro. A Pesa tem 17% das áreas na Argentina onde se identificou esse produto. No ano passado, por fim, a Pesa adquiriu uma petroleira argentina, a Entre Lomos, que proporcionou um aumento em sua produção.

Apesar dos investimentos da Petrobras, quando a economia da Argentina entrou em declínio, há cerca de dois anos, as ações da Pesa desvalorizaram. As desastrosas políticas intervencionistas da presidente Cristina Kirchner contribuíram para a perda de valor da Pesa. De 2011 para cá, as ações da empresa caíram mais de 60%. É por isso que técnicos da Petrobras envolvidos na operação questionam se agora é o melhor momento para fazer negócio – por mais que a Petrobras precise de dinheiro. Seria mais inteligente, dizem os técnicos, esperar que a Pesa recupere valor no mercado. Reservadamente, por medo de sofrer represálias, eles também afirmam que os bens da Petrobras na Argentina – as distribuidoras, refinarias e unidades de petroquímica que constituem a parte física do negócio – valem, ao menos, US$ 400 milhões. Um valor bem maior, portanto, que os US$ 238 milhões acordados com a Indalo. “Se o governo não intervier tanto, a Pesa pode valer muito mais”, diz um dos técnicos. A Petrobras, até dezembro do ano passado, tinha um discurso semelhante. Na última carta aos acionistas, a Pesa diz: “Estamos otimistas em relação ao futuro da Petrobras Argentina. E agora renovamos o compromisso de consolidar uma companhia lucrativa, competitiva e sustentável, comprometida com os interesses do país (Argentina)...”. Em outro trecho da carta, informa-se que os resultados do ano passado foram “encorajadores” e permitiram, como nos cinco anos anteriores, a distribuição de dividendos milionários aos acionistas.
a mensagem 775 petrobraS (Foto: reprodução Revista Época)
Mesmo que os valores do negócio pudessem ser considerados vantajosos para a Petrobras, nada provocou tanto desconforto dentro da estatal como o sócio escolhido. O executivo Fabián trabalha para o bilionário argentino Cristóbal López, dono do grupo Indalo. Ele é conhecido como “czar do jogo”, em virtude de seu vasto domínio no mundo dos cassinos (na Argentina, o jogo é legal). López é amigo e apoiador da presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Como o “czar do jogo” da Argentina virou sócio da Petrobras? No dia 5 de novembro do ano passado, López enviou uma carta, em espanhol, à presidente da Petrobras, Graça Foster. Na carta, a que ÉPOCA teve acesso, López revela ser um homem bem informado. Não se sabe como, mas ele descobrira que a Petrobras estava negociando a venda da Pesa com três de seus concorrentes. O assunto da carta, embora em economês, deixava claras as intenções do empresário López: “Ref. Pesa Proposta de aquisição e integração de ativos”. López, portanto, queria comprar um pedaço da Pesa. Na carta, ele manifestou a “firme intenção de chegar a um entendimento entre Pesa e Oíl Combustibles S.A.”, a empresa de petróleo de López, para que a operação viesse a ser fechada. No documento, López propôs comprar 25% das ações que a Petrobras detinha na Pesa. Queria também a opção de, se a parceria desse certo, comprar mais 23,52% das ações – uma proposta mais modesta do que o acordo que ele conseguiu depois.

A resposta da Petrobras também veio por escrito, semanas depois. No dia 21 de novembro, Ubiratan Clair, executivo de confiança de Graça Foster, que toca o feirão da Petrobras e negociava a venda da Pesa aos concorrentes do “czar do jogo”, escreveu a López: “Nos sentimos honrados pelo interesse manifestado na compra de 25% (da Pesa). No entanto, devemos indicar que as ações da Pesa não fazem parte de nossa carteira de desinvestimentos, razão pela qual não podemos iniciar qualquer negociação relativa às mesmas”. Diante do que aconteceu em seguida, a carta do assessor de Graça Foster causa espanto. Não só ele escondeu que a Pesa estava, sim, à venda – como, semanas depois, fechou acordo com o próprio López. No dia 18 de dezembro, menos de um mês após a inequívoca negativa, o mesmo assessor de Graça Foster firmou um “convênio de confidencialidade” com López para lhe vender a Pesa.

O que houve nesse espaço de um mês? Por que a Petrobras mudou de ideia e resolveu fechar negócio com López? A estatal não explica. Assessores envolvidos na operação dizem apenas que “veio a ordem” de fechar com o amigo de Cristina Kirchner. Procurada por ÉPOCA em três oportunidades, a assessoria da Petrobras limitou-se a responder que “não vai emitir comentários sobre assuntos relacionados com o seu Programa de Desinvestimento”. Graça Foster e o executivo Ubiratan não responderam às ligações. A assessoria de López confirmou apenas que o grupo Indalo fez uma proposta pela Pesa.

López é o que a imprensa argentina chama de “empresário K”, como são conhecidos os empresários que têm proximidade com o governo Kirchner. Ele tem empresas de transporte, construção civil, petróleo, alimentação, concessionárias e meios de comunicação. É famoso por suas redes de cassino e caça-níquel. É sócio em pelo menos 14 cassinos, incluindo o Hipódromo de Palermo, para o qual ganhou de Néstor Kirchner, nos últimos dias como presidente da Argentina, uma extensão da concessão para os caça-níqueis – o prazo foi estendido de 2017 a 2032.
ERRO Refinaria de Pasadena. Os técnicos da Petrobras aconselharam a fazer acordo. Foram ignorados (Foto: Dave Fehling/Stateimpact Texas)
A relação entre López e Néstor Kirchner, o marido de Cristina, que governou o país antes dela e morreu em 2010, começou em 1998. Néstor, quando governador de Santa Cruz, ajudou uma empresa de López a fechar negócios com petroleiras. Desde então, López nunca escondeu de ninguém: sentia que tinha uma “dívida eterna” com Néstor. Para pagar a “dívida eterna”, convidava Néstor, que sempre gostou de uma mesa de jogo, a se divertir num dos cassinos dele em Comodoro Rivadavia. A amizade era recíproca. Em 2006, López recebeu de Néstor concessão para explorar sete reservas de petróleo em Santa Cruz. Cristina, a sucessora, também o ajudou. Fez-lhe um favorzinho depois que ele gastou US$ 40 milhões na compra da concessão do canal de TV C5N, a fim de torná-lo governista. Para que fechasse o negócio, Cristina abriu exceções na lei de audiovisual, que proíbe negociar concessões.

Depois que a Petrobras fechou o acordo de confidencialidade com López, o negócio andou rápido. Ele apresentou uma proposta em 7 de janeiro, aumentou o valor numa segunda proposta, um mês depois – e fechou a compra das ações por US$ 900 milhões em 22 de fevereiro. Com o acordo, López e a Petrobras discutem agora os detalhes do contrato a ser assinado. Se tudo correr como previsto, resta apenas a aprovação do Conselho de Administração da Petrobras, que se reunirá no final de abril. A Pesa, porém, enfrentará resistências na Argentina se assinar o contrato. O atual governador de Santa Cruz, Daniel Peralta, um desafeto de López, ameaçou tirar dele as concessões das sete reservas de petróleo que López tem na região. Peralta diz que ele não fez os investimentos previstos. Diz, ainda, que a situação em Santa Cruz pode “inviabilizar” o negócio com a Petrobras – mas não diz como.

O maior problema do negócio da Petrobras com o “czar do jogo”, e com todas as operações do feirão, é a falta de transparência. Como demonstra o caso da Argentina, não há critérios claros para a escolha das empresas que farão negócio com a Petrobras. Esse modelo sigiloso e sem controle resultou em calamidades, como a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em 2004, a Astra Trading pagou US$ 42 milhões pela refinaria. Meses depois, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por metade do negócio. Tempos depois, um desentendimento entre as sócias levou a questão à Justiça. A Petrobras perdeu e foi condenada a comprar não só a parte da sócia, como a pagar multa, juros e indenização. Em junho, a Petrobras anunciou que pagaria mais US$ 820 milhões.

ÉPOCA teve acesso a um documento interno da Petrobras, elaborado em 2009. Um trecho afirma que a então diretoria, comandada pelo petista José Sergio Gabrielli, decidiu manter o processo devido à “prepotência” com que a Astra se colocava no caso. Logo depois, o documento lista razões para fazer um acordo. Uma delas é que um representante da Astra procurara a Petrobras em busca de entendimento. A razão mais forte era clara: “Caso no litígio a Petrobras perca, o custo total irá para cima de US$ 1 bilhão (...). Vale lembrar que a Petrobras já perdeu na arbitragem, e a possibilidade de perder na corte é preocupante”. A opção do acordo era a menos pior. A Petrobras gastaria, no máximo, US$ 639 milhões. O documento afirma que a (então) “ministra (de Minas e Energia) Dilma Rousseff deverá ser procurada para ser informada de que a Astra está procurando entendimentos, inicialmente por canais informais”. O texto diz que Dilma Rousseff deveria comunicar isso na reunião do Conselho da Petrobras, marcada para 17 de julho de 2009. O Conselho daria então um prazo para um acordo com a Astra. O pior cenário sobreveio. A Petrobras não fez nenhum acordo com a Astra, perdeu na Justiça e gastou mais de US$ 1 bilhão (boa parte dele dinheiro público) – 24 vezes o que a Astra pagou pela refinaria. O Tribunal de Contas da União investiga como a Petrobras pôde fazer um negócio tão ruim – pelo menos para seu caixa e para os cofres públicos.
TESOURO AFRICANO Plataforma de petróleo na Nigéria. A Petrobras investiu US$ 4 bilhões na África, entre 2003 e 2010, e pretende se desfazer de várias operações no continente (Foto: Dave Fehling/Stateimpact Texas)
A ausência de critério, segundo executivos da Petrobras, aparece também na parte mais valiosa do feirão: as operações da estatal na África. Cálculos do mercado e da Petrobras estimam o patrimônio no continente num patamar entre US$ 5 bilhões e US$ 8 bilhões. A Petrobras produz e explora petróleo em Angola, Benin, Gabão, Líbia, Namíbia, Nigéria e Tanzânia. De 2003 a 2010, investiu cerca de US$ 4 bilhões na África. ÉPOCA teve acesso a documentos internos da Petrobras que apresentam um diagnóstico sobre os negócios na África que devem ser vendidos, incluindo mapas com a localização dos poços e informações sobre seu potencial produtivo. O material mostra muitas possibilidades de lucro. A maior fatia de investimento está na Nigéria, responsável por 23% da produção atual de toda a área internacional da companhia – uma média equivalente a 55 mil barris de óleo por dia. São três poços na Nigéria: Agbami, Akpo e Engina. Os documentos da Petrobras mostram que os três poços têm “reservas provadas” de 150 milhões de barris de petróleo.

Para quem a Petrobras planeja vender tamanho tesouro? A estatal, de novo, não explica os critérios. Até agora, a única negociação avançada é com o grupo BTG, do banqueiro André Esteves. Por meio do investidor Hamylton Padilha, uma das mais poderosas influências na Petrobras, Esteves, segundo executivos da estatal envolvidos com a transação, negocia a compra de parte das operações na Nigéria. Questionado por ÉPOCA, Padilha afirmou ter se reunido com representantes do banco para avaliar investimentos na Petrobras. “Conversei com o pessoal (BTG) sobre esse assunto (venda de ativos da Petrobras). A Petrobras convidou diversas empresas estrangeiras para poder fazer ofertas no Golfo do México, África e até na América Latina. Sei que na área de petróleo eles (BTG) estão olhando. Têm participação em duas empresas ligadas ao setor: Bravante e Sete Brasil”, disse. “Não trabalho para o BTG. Sou investidor. Investi algum dinheiro na Sete Brasil (ligada à construção de plataformas de petróleo).” Indagado sobre quem é a pessoa mais indicada para falar, pelo BTG, sobre investimentos na Petrobras, sobretudo na África, Padilha disse: “A pessoa que trata desse assunto diretamente é o André Esteves”. O BTG disse que não se manifestaria.

Um capitalista estrangeiro indignado com o Brasil...

Não com o Brasil, exatamente, mas contra as pessoas que formulam as políticas no Brasil.
Pode até ser considerado um imperialista especulador pelos companheiros, mas ele deve ter motivos para estar furioso...
Como já disse uma economista quase marxista, pior do que ser explorado pelo capitalismo, é não ser explorado pelos capitalistas...
Paulo Roberto de Almeida

A bronca de Jim Rogers

Na ultima quinta-feira, dia 28 de março, o investidor americano Jim Rogers deu uma entrevista à agência de notícias Broadcast na qual ele soltou o verbo sobre a dificuldade de investir no Brasil.
Segue abaixo o que foi publicado na entrevista do investidor à jornalista Luciana Antonello Xavier. Talvez seja exagero, mas mostra o mal humor do mercado financeiro internacional com o Brasil no momento.
Broadcast – Que saída o Brasil tem para conseguir um bom desempenho econômico? O que nossa presidente pode fazer? 
Rogers – Bem, ela poderia parar de impedir capital novo de entrar no País. Aquela senhora que governa o País está promovendo guerra cambial, tornando impossível investir no Brasil, tornando ilegal para os estrangeiros investirem no País. Ela coloca obstáculos para chineses e coreanos, aqueles que são grandes ‘clientes’ do Brasil. Ela tem que tornar o País mais acessível! Ela tem que parar com o controle da moeda. Ela não está ajudando o Brasil, está prejudicando. Deveria haver uma abertura maior do País, uma abertura maior para o capital. Desse modo, o Brasil poderia ser um dos grandes países do mundo. Mas esta senhora é uma das muitas pessoas que têm impedido que o Brasil seja uma das principais economias do mundo.
Broadcast – O senhor não tem dinheiro no Brasil? 
Rogers – Não, não tenho dinheiro no Brasil. Eu tive, mas não tenho agora. Já houve tempos de se investir no Brasil. Mas quando você tem alguém que é contra expertise, contra capital, que ataca seus parceiros, alguém com esse tipo de atitude, então não dá para investir no Brasil. Mas se isso mudar, voltarei a colocar meu dinheiro lá.

O assedio em ritmo diplomatico...


Até maio, Itamaraty define se investiga cônsul emSydney por assédio moral
 Juliana Colares
 Correio Braziliense, 30/03/2013

Em duas denúncias encaminhadas ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), o cônsul é acusado de intimidar, humilhar e agredir subordinados verbalmente
Em fevereiro, servidores protestaram em frente ao Palácio do Itamaraty sobre casos de assédio moral
A Comissão de Ética Pública do Itamaraty decidirá até o fim de abril se abre processo de apuração ética (PAE) contra o cônsul-geral do Brasil em Sydney, Américo Dyott Fontenelle, para investigar suposta prática de assédio moral. A decisão será embasada no relatório do embaixador do Brasil no Kuwait, Roberto Abdalla, enviado à Austrália em fevereiro para diagnosticar a situação. Sigiloso, o documento entregue à comissão no último dia 19 foi elaborado após a coleta de depoimentos de servidores e contratados locais do consulado do Brasil na cidade australiana. Em duas denúncias encaminhadas ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), o cônsul é acusado de intimidar, humilhar e agredir subordinados verbalmente. O “caso Fontenelle” foi o estopim para o primeiro protesto contra assédio moral do Itamaraty, em fevereiro, e ajudou a tornar públicas denúncias informais de assédio moral, vindas de diferentes embaixadas do Brasil no exterior, que nunca haviam extrapolado os muros da instituição.
As denúncias chegaram ao Congresso. Os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) vão se reunir com sindicatos e associações que representam servidores do MRE para, em seguida, tratar da situação com o Itamaraty. Segundo Paim, uma audiência pública será convocada caso não sejam tomadas medidas por parte do MRE para minimizar o problema.

Antes de chegar a Sydney, o cônsul Américo Fontenelle já havia sido investigado por assédio moral em 2007, quando atuava em Toronto, no Canadá, mas a sindicância acabou arquivada pela “extrema dificuldade de se obter provas materiais”, apesar dos “elementos testemunhais relevantes”. Segundo juristas ouvidos pelo Correio, a principal prova desse tipo de denúncia é justamente a testemunhal. “Pode haver documentos, como cartas, ameaças por escrito ou documentos que mostrem que a vítima é chamada por um apelido jocoso pelo assediador, por exemplo. Mas, normalmente, a prova é testemunhal”, afirmou o advogado trabalhista Wadih Damous, lembrando que a doutrina do direito ainda não se deteve sobre a questão do assédio moral e que essa questão vem sendo construída pelos tribunais.

Em toda a história do Itamaraty, nunca houve punição por assédio moral. Segundo levantamento feito pelo ministério, 41 procedimentos disciplinares foram analisados pela Corregedoria do MRE nos últimos 10 anos, nenhum sobre assédio moral. Não aparece na conta do MRE a sindicância contra o cônsul Américo Fontenelle à época da atuação em Toronto. Um terço dos investigados pelo Itamaraty acabou punido, segundo Adriano Silva Pucci, suplente da Comissão de Ética, indicado pelo MRE para responder oficialmente pela instituição. Apenas um dos investigados, um diplomata, recebeu a penalidade máxima: o desligamento. A descrença dos funcionários de Sydney na condução da investigação feita pelo MRE fez Abdalla ser chamado de “embaixador abafa” nos corredores do consulado do Brasil naquela cidade. Na última quinta, oito funcionários do posto australiano elaboraram um abaixo-assinado para pedir a abertura de processo administrativo disciplinar contra Fontenelle e o cônsul-geral adjunto, César Cidade.

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