sábado, 8 de junho de 2013

Diario da Corte (e que corte...) - revista Piaui

Rivista PIAUÍ, Junho 2013

1º de maio ─ Todo mundo de folga e eu na labuta, morrendo de sono! Acabei meu imposto de renda no último minuto. Para ficar acordada me entupi de café, depois não consegui dormir. E hoje passo o dia discursando. Tive que caprichar no laquê porque nem o cabelo conseguia ficar de pé.
Ainda não peguei direito essa coisa da tevê. Faço um esforço hercúleo para falar e sorrir ao mesmo tempo. Regravei seis vezes.
2 de maio ─ Gleisi veio me lembrar que a MP dos Portos vai perder a validade. Fiquei tão traumatizada com essas caxirolas que acabei me esquecendo.
3 de maio ─ Não queria fazer nada no fim de semana, mas vou ter que me mandar para uma tal de Expozebu. Vou dizer uma coisa: às vezes tenho saudade da clandestinidade.
4 de maio ─ Almoço com Lula e café com Aécio. Afe! Comi que nem um bezerro premiado. Quando eu fico irritada, é batata! Afogo as mágoas na  comida. Mandei fazer umas calças novas com um tecido misto de lycra e algodão. Assim dá aquela ligeira esticada quando passo um pouquinho do ponto.
Voltei para Brasília podre. Tomei um banho de banheira e fiquei jogando sudoku no iPad para distrair a cabeça.
5 de maio ─ Lula viu meu desempenho no pontapé inicial da Arena Fonte Nova e sugeriu ressuscitar as peladas na Granja do Torto. Disse que eu sei bater na bola de chapa e daria um bom volante. Sei não. Do jeito que o homem é espaçoso, vai acabar dormindo no sofá e interferindo na minha segunda-feira. E depois é volanta.
Perguntei para o Aldo Rebelo o que é “bater de chapa” e o ministro dos Esportes não sabia. Demiti-lo ia atrapalhar o cronograma da Fifa. Melhor contar até onze.
6 de maio ─ Chamei o Afif para o lado vermelho da força. Ele pediu para acumular. Se o Lula concilia esquerda com jatinho de empreiteira, por que não? Deus está morto, vale tudo.
7 de maio ─ Que pedaço é esse Roberto Azevêdo da OMC! Esses candidatos ninguém me apresenta…
8 de maio ─ Com tanto estádio para inaugurar, MP para aprovar, licitação para o Eike ganhar, me inventam de receber o presidente do Egito. Francamente. Mandei o homem visitar a múmia do Sarney. Que ele entenda como uma homenagem à civilização egípcia. Tenho mais o que fazer.
9 de maio ─ O Maduro, com aquela cara de Coca litro com bigode, me trouxe um retrato descomunal do Chávez. Diz que é presente da República Bolivariana. Isso só pode ser quadratura de Plutão com Saturno! E por que ele não deu para o Lula? Os dois me deixaram duas horas plantada enquanto conversavam sei lá o quê. Fiquei com a pulga atrás da orelha. Em lagoa que tem piranha, macaco bebe água de canudo.
10 de maio ─ Renan veio dizer que vai ser difícil aprovar a MP dos Portos. Para bom entendedor, pingo é letra. Desesperada, liguei para o Azevêdo para ver se tinha alguma vaga na OMC. Nadica de nada. Virei uma headhunter do PMDB.
12 de maio ─ Afif veio pedir para acumular uma diretoria da Ancine. Fiquei de pensar.
13 de maio ─ Maior saia justa essa MP dos Portos! Não sei se a Gleisi e a Ideli dão conta do recado. A Eleonora, para variar, veio com umas ideias malucas. Queria que eu convocasse aquelas ucranianas que protestam peladas para um manifesto no Congresso. Me garantiu que as loiras matariam do coração metade do PMDB. Fiquei tentada. Ainda bem que comentei com o Mercadante. Sereno, ele argumentou que o ato poderia ser considerado ingerência externa em assuntos brasileiros. Um Bismarck, esse Mercadante. Daí o bigode, talvez.
14 de maio ─ Vou ter que tirar o siri do bolso para aprovar essa MP. Se não der uns caraminguás para emendas, não sai a votação. Para dizer a verdade, já nem sei o que é para votar. Só sei que o Eduardo Cunha está me enchendo o pacová.
Só Lobão mesmo para lançar um raiozinho de luz nessa semana negra. Duas bilhas nos cofres do Guido com essa 11ª rodada do petróleo. O homem é a encarnação da bem-aventurança. Fica mal eu convidá-lo para uma primeira rodada de Cointreau lá em casa?
Fiquei solidária com a Angelina. Que moça corajosa!
15 de maio ─ Mamãe, titia e eu pegamos umas panelas e fomos acordar os deputados. Acorda, Maria Bonita/ Levanta pra votar a PEC/ Que o dia já vem raiando/ E a polícia já está de pé. No final, gritamos “Alvorada!” no quengo daquele bando de indolentes. Um deles, cujo nome não faço ideia, mas pela idade deve ser do DEM, quase enfartou.
16 de maio ─ Ufa! As meninas deram nó em goteira. Convidei um pessoalzinho para uma comemoração íntima em homenagem à Ideli e à Gleisi. Enchemos a cara de cerveja e nos acabamos num escondidinho de carne seca que a Edilene deixou no forno. Terminamos a noite cantando guarânia. Tenho um amigo que toca muito bem violão e conhece o repertório do Paraguai inteiro. Todo mundo relaxou.
18 de maio ─ Afif ligou perguntando se poderia acumular a Coordenadoria de Planejamento da Pesca Artesanal.
19 de maio ─ Desde a semana passada, empresário que fala mal da política econômica recebe um telefonema anônimo avisando que se o Guido cair entra o Arno Augustin. Tiro e queda. Metade do PIB já está se mobilizando para indicar o italiano para Homem do Ano.
21 de maio ─ Nossa, a novela mal começou e já me apeguei. Não aguentava mais Salve Jorge. O Fagundes está um gatão, e fazendo papel de médico, então, é covardia! O Mateus Solano de bicha má está um espetáculo! Só acho que alguém podia trocar aquela música de abertura.
22 de maio ─ Bye,bye, Hillary. Agora, só falta a Merkel, que a Forbes insiste em dizer que ainda é mais poderosa do que eu. Não há de ser nada. Mando o Guido passar um tempo em Berlim e em menos de três meses a inflação de lá fica tipo Weimar. Auf Wiedersehen, Angela. Dilminha is bad! Por ora, resta a satisfação de ver que a Cristina K. caiu dez posições e ficou atrás até da Gracinha Foster, com aquele cabelo e tudo.
23 de maio ─ O Patriota reabriu a agência de viagens dele. Aquela que manda você para onde ninguém mais quer ir. Nem vai. Pois é, eu vou. Dessa vez é a Etiópia. Acho que nem a Angelina Jolie adota filho por lá.
24 de maio ─ Até eu já estou cheia dessa novela do Neymar. Vai logo, criatura!
25 de maio ─ Se todo jornalista fosse como esse Moreno, não seria necessário exercer controle social da mídia. Entrevista linda, de página inteira, só pergunta fina, delicada. Falamos de tudo um pouco: fogão, novela, ser avó, aquela fominha que bate de madrugada. Ele foi incisivo ─ chegou a dizer que minha fama de cozinheira é ruim ─, e eu fui relevante. Elogiei o Sai de BaixoTapas e BeijosAmor à Vida, os artistas da Globo. Todo mundo saiu ganhando. O Moreno fez um bonito com os patrões, eu ganhei uns pontinhos com os Marinho e o leitor ficou sabendo da minha famosa sopa de beterraba.
27 de maio ─ Afif me passou um telegrama perguntando se podia acumular a Superintendência de Recursos Hídricos Fronteiriços.

28 de maio ─ Vou aproveitar o feriadão para terminar a segunda temporada de The Good Wife. 

Literatura brasileira nos EUA: Yale University - Prof. Paulo Moreira

Foco na periferia

À margem dos centros locais e nacionais, o mundo rural atraiu o olhar simultaneamente crítico e afetivo de William Faulkner, Juan Rulfo e Guimarães Rosa. Esse é o ponto de partida de obra lançada no Brasil pelo professor Paulo Moreira, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Por: Roberto B. de Carvalho, 
Ciência Hoje, 05/06/2013
Os escritores William Faulkner (1897-1962), Juan Rulfo (1917-1986) e João Guimarães Rosa (1908-1967) estão entre os maiores nomes da literatura dos Estados Unidos, do México e do Brasil, respectivamente. Estudioso dos contos desses autores, o professor Paulo Moreira, do Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Yale (EUA), acaba de publicar, pela editora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a obraModernismo localista das Américas.
Capa de Modernismo localista das AméricasNo livro, Moreira – que se graduou em letras na UFMG e fez mestrado e doutorado em literatura comparada na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA) – articula, em perspectiva comparativa, três pontos que, a seu ver, aproximam a obra daqueles autores: o conto, a estética narrativa moderna e o localismo (termo que prefere usar no lugar de ‘regionalismo’). “Embora se diga que a narrativa moderna é expressão primordial das metrópoles, quase toda a obra de Faulkner, Rulfo e Rosa se ocupa de áreas rurais”, diz Moreira.
Nesta entrevista ao sobreCultura +, ele trata desses eixos temáticos de seu livro, da antologia imaginária de contos dos três autores que criou para embasar suas análises e do quadro atual dos estudos de literatura brasileira nos Estados Unidos.

Ver a entrevista no link: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/sobrecultura/2013/06/foco-na-periferia

Cupula do Mercosul: as datas sao flexiveis, as posicoes menos, os desacertos infinitos...

El Mercosur posterga su cumbre en medio de pujas

Martín Dinatale


Con la excusa formal de incluir al presidente electo de Paraguay, Horacio Cartes, en la mesa de negociaciones, pero bajo un clima de fuerte tensión entre varios socios del bloque regional, el Mercosur decidió postergar para fines de agosto la cumbre de presidentes que estaba prevista para el 28 de este mes en Montevideo.

No hay fecha firme del nuevo encuentro, pero la decisión fue ratificada ayer por Uruguay, que está a cargo de la cumbre. Más allá de la intención de no dejar afuera al nuevo presidente paraguayo, que asumirá el 15 de agosto, la postergación de la cumbre refleja el clima de diferencias internas que hay hoy en el Mercosur.

En rigor, si la cumbre se hacía el 28 de este mes, Cartes no iba a concurrir porque aún no asumió. Tampoco iba a ir a Montevideo el actual presidente paraguayo, Federico Franco, que fue suspendido del Mercosur por la destitución de Fernando Lugo. Hasta las recientes elecciones que dieron por ganador a Cartes, Paraguay estaba suspendido del Mercosur. En medio de ello, el bloque aceptó la incorporación de Venezuela, que no tiene hasta ahora la aceptación del Parlamento de Asunción. El Congreso paraguayo debe tratar el 1° de julio la inclusión de Venezuela en el bloque regional, que ya aprobaron Uruguay, Brasil y la Argentina. Éste sería otro de los motivos de la postergación de la cumbre.

Pero más allá de esta situación de Paraguay, fuentes calificadas de la Cancillería y de los gobiernos de Uruguay, Paraguay y Brasil admitieron a LA NACION que la postergación de la cumbre servirá para "ganar tiempo, limar asperezas y unificar posiciones" entre varios países en conflicto.

Sin mencionarlo de manera directa o, por el contrario, aludiendo en forma precisa al tema, los diplomáticos consultados dejaron entrever que sobresale la fuerte puja entre Brasil y la Argentina. Ésta es una de las mayores trabas para avanzar en un acuerdo completo del Mercosur.

"Sin dudas postergar la cumbre del Mercosur y ganar tiempo nos servirá para apaciguar los ánimos con Brasil", admitió ayer a LA NACION un destacado diplomático de la Cancillería. Aunque ésta no fue una postura uniforme en el Palacio San Martín. Los cortocircuitos entre Buenos Aires y Brasilia se potenciaron en los últimos días tras la estatización del ramal ferroviario de carga que estaba en manos de la empresa brasileña ALL. Este nuevo cortocircuito con inversores de Brasil se suma a la salida de la minera Vale y de Petrobras.

A su vez, varios diplomáticos de Itamaraty y de Montevideo coincidieron en que la postergación de la cumbre del Mercosur fue pedida por Brasil. Al parecer, Dilma Rousseff se comprometió a darle una solución a la decisión de Paraguay de frenar el ingreso de Venezuela en el Mercosur. "Brasil tiene el compromiso asumido de destrabar el problema entre Paraguay y Venezuela", dijo un funcionario cercano al presidente uruguayo José Mujica.

Brasil quiere establecer una buena relación con Paraguay y Venezuela porque, más allá de la búsqueda de un liderazgo en la región, debe resolver con ambos países problemas limítrofes muy complejos que contemplan la lucha conjunta contra el narcotráfico y el terrorismo.


Ayer, la decisión del Mercosur de postergar la cumbre de presidentes fue eje de análisis en la despedida a la embajadora de Suecia en Buenos Aires, Charlotte Wrangberg. Allí hubo señales de preocupación de varios diplomáticos de la Unión Europea, que ven cada vez más lejana la posibilidad de cerrar un acuerdo de libre comercio con el Mercosur.

Nova declaracao dos direitos das criancas brasileiras - Dr. Milton Pires

Meu comentário inicial: não estou de acordo com todos os argumentos, posições, frases e até preconceitos do autor desta espécie de manifesto; certamente não adotaria certo tom panfletário, ou ofensivo a certas sensibilidades, como as prevenções regionais, sociais ou políticas expressas em alguns dos dispositivos abaixo transcritos. Isso precisa ficar claro.
Mas se não concordo com partes dos "artigos", por que colocar aqui?
Por considerar que muitos, senão a maioria das questões aqui abordadas expressam problemas reais, com os quais nos confrontamos todos os dias, na vida privada, nas atividades públicas, na avaliação de políticas públicas, etc.
E concordo com diversos dispositivos, e mesmo em relação àqueles com os quais não concordo, reconheço que eles colocam os problemas reais, que temos de equacionar, se é que pretendemos fazer do Brasil um país digno, não assaltado por corporações fascistas e enxames de totalitários potenciais.
Paulo Roberto de Almeida

DECLARAÇÃO  “UNIVERSAL”  DOS DIREITOS DA CRIANÇA  BRASILEIRA
Porto Alegre, 7 de junho de 2013  -  Dr.Milton Pires  

Toda criança brasileira tem Direitos:

Princípio I – a criança tem direito a saber que a “raça” humana é uma só e que não existe  distinção de cor de pele, religião ou nacionalidade que depois possa lhe dar algum direito à qualquer tipo de “cota” na Universidade Pública.

Princípio II – a criança tem direito à especial proteção para seu desenvolvimento físico, mental e social inclusive quando a ameaça é representada pelo governo criminoso do país em que  vive.

Princípio III – a criança tem direito a um nome que seja compatível com o seu gênero e tem direito a aprender a cantar o Hino Brasileiro nas escolas.

Princípio IV – a criança tem direito a ter pais com emprego com renda suficiente para lhe oferecer casa, assistência médica e educação sem necessidade alguma de Bolsa Família.

Princípio V – a criança com deficiência física ou mental tem o direito de não ter o seu sofrimento explorado por um governo corrupto com fins eleitorais.

Princípio VI – a criança tem direito a saber que um pai de verdade tem “pipi” e a mãe de verdade tem “pepeca” e deve viver numa sociedade que se importa mais com ela do que com as árvores e os animais da Floresta Amazônica.

Princípio VII – a criança tem direito a uma escola onde lhe ensinem português correto e onde seja feita a devida diferença entre Jesus Cristo e um assassino como Che Guevara. 

Princípio VIII – a criança tem sempre direito a ser socorrida em primeiro lugar, em caso de catástrofes e a NÃO ser levada para um hospital imundo do SUS onde não existe um pediatra brasileiro; mas sim um agente cubano.

Princípio IX – a criança tem direito a NÃO trabalhar e não pode gastar sua infância se prostituindo á beira de uma estrada no Nordeste ou num quarto com um turista europeu.

Princípio X – a criança tem direito a crescer dentro uma sociedade que preserve seu patrimônio cultural cristão, tem direito a não ser abortada, a não ser criada por gays ou viciados sustentados pelo governo federal, tem o direito de acreditar em Deus e acima de tudo conhecer o significado da palavra VERDADE!

Porto Alegre, 7 de junho de 2013  -  Dr.Milton Pires 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Governo cobra das privadas, mas nao das empresas publicas: eis o Brasil, minha gente...


O Globo, 6/06/2013

Vamos imaginar que uma dessas companhias de telecomunicações colocasse em seu site, num belo dia, sem prévio aviso, a seguinte informação: “o serviço de call center, incluindo atendimento telefônico ao cliente, está suspenso por tempo indeterminado; o contrato com a terceirizada prestadora desse serviço não foi renovado; estamos providenciando um outro; enquanto isso, o cliente pode se comunicar via site.”Já pensaram? Imediatamente desabariam sobre a empresa todos os Procons, Ministério Público e delegacias do consumidor, sem contar a Polícia Federal. Os ministros das Comunicações e da Justiça prometeriam punições rigorosas à empresa. A Anatel já aplicaria as primeiras multas e exigiria a reabertura imediata do call center.
Pois bem, foi mais ou menos o que fez a Secretaria da Receita Federal no último dia 31. Anunciou a suspensão do seu call center, por problemas na renovação do contrato com a terceirizada, e informou que todos os esforços estavam sendo feitos para a contratação de uma outra empresa. Enquanto isso, o contribuinte pode se virar no site da Receita, para fazer agendamentos, acertar parcelamentos ou tirar informações.
E está tudo bem. Não tem nada de mais.
As regras para atendimento telefônico ao consumidor são muito rigorosas. Você sabia, por exemplo, que o call center de empresa privada tem apenas um minuto para transferir a ligação para o setor que resolva o problema? E que o atendimento deve funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana?
Nenhum órgão público cumpre essas regras, nem mesmo os Procons. Tente, por exemplo, reclamar do atendimento em alguma unidade do SUS. Já os hospitais e planos de saúde privados têm cada vez mais obrigações e sofrem severa vigilância.
Pode-se dizer que são contratos diferentes. No caso de uma empresa de celular, o consumidor escolhe e compra o produto e o serviço, de modo que se trata de um contrato privado entre duas partes. Tanto que o cliente pode, por exemplo, cancelar tudo. Aliás, a lei é muito precisa nisso. Se o consumidor ligar para o call center e disser logo de cara que deseja cancelar o serviço, isso tem que ser feito imediatamente, sem transferência de ligação e mesmo que o cliente esteja devendo.
Já com a Receita, ninguém pode ligar lá — muito menos nestes dias — e pedir o cancelamento dos serviços do órgão. Muitos até sonham com isso. Já pensou? Você ao telefone: “É, isso mesmo, quero cancelar tudo, declaração, pagamento e fiscalização, e não me transfira a ligação, nem coloque a musiquinha!”
Pois é, mas não pode. O contrato com a Receita é, digamos, obrigatório.
Mas por isso mesmo o cliente/cidadão deveria ser mais bem atendido. Entre outras coisas, porque é ele mesmo, com seus impostos, que está pagando o serviço e os funcionários que o prestam.
Isso vale para o SUS, para os Detrans, as delegacias de polícia, as prefeituras (tente obter em um minuto a resposta para seu projeto de reforma do banheiro) e, no limite, para a Presidência da República. Todo cidadão deveria ter o direito de ligar para o Palácio do Planalto, ser atendido em menos de um minuto, ter seu pleito (ou elogio, tudo bem) anotado e respondido em tempo determinado.
Agora, o que surpreendeu mesmo nesse caso do call center da Receita foi ter ocorrido com esse órgão, conhecido e premiado por sua eficiência tecnológica. Que a Valec, a estatal encarregada da construir ferrovias, tenha ficado sem trilhos, por falhas nos contratos, a gente entende e até espera por isso. Mas logo a Receita se atrapalhar com um contrato…
Imposto sobre aluguel
Sabia o leitor que está em curso no Senado um projeto para que as prefeituras possam cobrar o Imposto sobre Serviços (ISS) sobre aluguéis residenciais e comerciais?
É isso mesmo. Num aluguel de mil reais, o inquilino pagaria mais cinquentinha, 5% de ISS.
Tem mais. Sabe baixar música via streaming? Pois é, mais 5%. Computação na nuvem, hospedagem de dados, audio, video, etc. — mais 5% para a prefeitura.
Trata-se do projeto de lei do Senado, número 386/2012. Além de mais uma garfada, se aprovado, vai gerar confusão na Justiça.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, pela Súmula Vinculante 31, declarou inconstitucional a cobrança de ISS sobre locação de bens móveis. Disse que locação não é serviço. Logo a Súmula deve se aplicar também a bens imóveis, dizem advogados.
E o que dizem senadores? Que as prefeituras, especialmente das capitais, precisam de dinheiro.
O projeto de lei tem outra curiosidade. Diz que cometerá crime o prefeito que conceder desoneração de imposto.

O "custo Argentina" se acrescenta ao "custo Brasil" - Editorial O Globo


Editorial O Globo, 6/06/2013

De “aliada estratégica”, a Argentina de Cristina Kirchner se converte em fonte imprevisível de problemas para o Brasil. Depois de tornar impossível a permanência da Vale no país, à frente de um projeto de potássio ─ apesar da opinião em contrário do companheiro Marco Aurélio Garcia, jejuno em minérios e negócios ─, a Casa Rosada acaba de estatizar ferrovias exploradas pela brasileira América Latina Logística (ALL). Mesmo que se confirme a má prestação de serviço, por certo há formas menos beligerantes de se enfrentar a questão.
O contencioso entre Buenos Aires e Brasília não para de crescer, e sempre por iniciativa do kirchnerismo. Vale e ALL são apenas os fatos mais recentes. Já existe um extenso histórico de medidas protecionistas arbitrárias, em desrespeito a normas do Mercosul, baixadas pela Casa Rosada contra os interesses brasileiros. E virão mais problemas, pois o governo de Cristina K. é acometido de um ativismo compulsivo, à medida que a crise econômica, política e institucional avança no país.
Não se sabe até quando Brasília ficará passiva, em nome de um projeto ideológico de montagem de uma barreira na América Latina contra o “imperialismo ianque”, um delírio. Afinal, Juan Domingo Perón e Getúlio Vargas tentaram, na década de 50, e já não deu certo. Com a globalização da economia mundial, aí que se tornou mesmo impossível o projeto. Mesmo porque os líderes nesta trincheira, Venezuela e a Argentina recém-convertida ao chavismo, precisam primeiro resolver os grandes problemas internos antes de atacar o “Império”: inflação, desabastecimento (falta de papel higiênico), recessão, crise cambial.
A passividade do governo Dilma pelo menos parece ter levado a indústria de São Paulo a agir, a mais prejudicada pelo protecionismo argentino e, por tabela, pela crise do Mercosul. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a Fiesp e a própria Confederação Nacional da Indústria formalizarão ao governo a preocupação com a camisa de força que passou a representar o Mercosul. Impedido de fazer acordos bilaterais com outros países e blocos, o Brasil, tolhido pela ideologia, afunda abraçado à Argentina. No período de 2008 a 2011, o Brasil deixou de exportar US$ 5,4 bilhões para Argentina, México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia. O dinheiro foi redistribuído entre China, Estados Unidos, União Europeia e México.
Isso porque o Brasil está ficando para trás no rearranjo do comércio mundial. Exemplo é a criação recente da Aliança do Pacífico (Colômbia, Chile, Peru e México), mais aberta que o Mercosul para acordos com o mundo. Se Roberto Carvalho de Azevedo conseguir, na OMC, fechar com êxito a Rodada de Doha, muito bem. Mas até lá o Brasil precisa agir, se livrar do “custo Argentina”, para deixar de perder espaço no comércio global. O que passa pela conversão do Mercosul, de uma união aduaneira, numa área de livre comércio, mais flexível. Esta mudança já está atrasada.

Brasil em estado de (des)graca (2): reversao de expectativas (The Economist)


Brazil's disappointing economy: Stuck in the mud

Failing to meet low expectations is becoming a habit for Brazil's economy. Figures published on May 29th showed that in the first quarter of this year it grew by just 0.6% (2.4% annualised), well short of the recovery analysts had expected. For the first time in years the country is running a trade deficit. Its primary fiscal surplus (ie, before interest payments) is shrinking and government debt is growing. Other emerging economies are also cutting growth forecasts, as China slows and the euro zone slumps. But Brazil's woes started earlier than most and seem to be home-grown. Inflation close to 6.5% despite low growth suggests domestic rigidities are the main problem, rather than weak foreign demand.
After becoming president in 2011, Dilma Rousseff sought to stimulate growth by hiking public spending and the minimum wage, and forcing state-run banks to lend more. The resulting inflation was tackled not by raising interest rates but by cutting sales taxes and holding down the price of items with a big impact on the inflation index, including food, petrol and bus fares. Until recently voters reacted favourably, though the economy did not. Polls in March gave Ms Rousseff a record-breaking 79% approval rating, making her the clear favourite to win next year's presidential election and allowing her to put off economic adjustments until a second term.
But stagnant growth is now hitting Brazilians in their pockets. After successive wage rises, this year's pay deals barely outpace inflation. Already indebted, households are reining in their spending. Consumer confidence is falling and more people say rising prices are their biggest economic worry.
The swift deterioration in the economic data and public sentiment seems to have forced the government's hand. Despite the weak growth figures, the Central Bank surprised markets by raising the base interest rate from 7.5% to 8%, making Brazil the only big economy currently tightening monetary policy. The bank's governor, Alexandre Tombini, said the move had Ms Rousseff's "full support". It went some way to restoring the institution's inflation-fighting credentials, badly dented by the president's determination to push down rates even as inflation rose.
The bank will have to raise rates again to bring inflation nearer its 4.5% target. On June 4th the government scrapped a tax on foreign purchases of bonds, in order to encourage currency inflows and slow the weakening of the real, which has fuelled inflation by making imports pricier. The finance ministry will be scrutinised for signs of a return to rectitude, after using creative accounting to hit its primary-surplus target last year. The departure of Nelson Barbosa, a senior official who reportedly opposed the fiscal fiddles, worries many analysts.
Most keenly awaited is evidence that the government is serious about its promise to stop trying to boost consumption and instead encourage investment, currently just 18.4% of GDP. During the first quarter investment picked up, but mostly because of a recovery in sales of heavy-goods vehicles, which were depressed last year by stricter rules on emissions.
Ms Rousseff has exhorted businesses to invest more. But the government's own actions are one reason they have failed to heed her call. Holding down petrol prices to slow the rise in inflation weakened the balance-sheet of Petrobras, the state-controlled oil giant, and played havoc with the sugarcane-ethanol industry, which competes directly with petrol at the pump. A delay in introducing new mining laws and a row about how to share oil royalties have put exploration and development on hold in both industries.
In August the government said that early in 2013 it would start to auction road and railway concessions to the private sector. But its unwillingness to allow a competitive return put investors off, and the auctions were delayed. Clumsy interventions in the electricity and banking industries completed the picture of a heavy-handed, anti-business administration.

Pork and persuasion
Engineering an investment boom will mean breaking at least some of these logjams. A successful drilling-rights auction last month and plans to sell a vast new field off the coast of Rio de Janeiro in October have raised hopes that investment in the oil industry will soon pick up. And in recent weeks the government has accepted that it must offer juicier returns to lure bidders to its road and rail concessions. A string of successful sales would go a long way to boosting business confidence and private-sector investment—and to providing the upgrades Brazil's outdated infrastructure needs if growth is to pick up.
But just as the room for economic manoeuvre is diminishing, the political landscape is becoming harder to navigate. Though the governing coalition controls 80% of Congress, its members include everyone from communists to evangelical Christians, and many unprincipled power-seekers. A former bureaucrat with no previous experience of elected office, Ms Rousseff has proved ill-suited to the shuttle diplomacy required to coax her so-called allies into backing her plans. Brusque and impatient, she rarely talks to congressmen. They regard the proxies she sends as arrogant and sometimes incompetent.
Last month a truculent Congress nearly blocked a much-needed new law that will increase competition and private investment in the country's crowded, outdated ports. Passing the bill took all-night sessions in the lower house, arm-twisting in the Senate, and the promise of a billion reais ($500m) in pork-barrel spending. The Party of the Brazilian Democratic Movement, Ms Rousseff's largest coalition partner, is now threatening to support the party of Eduardo Campos, a likely presidential challenger, in some state races next year and to field its own candidates in others. This is probably just a bargaining ploy. But it suggests that Ms Rousseff will have to pay a high price for getting her infrastructure plans off the drawing board.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...