segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A frase do mes: embaixadores politicos - Francisco Seixas da Costa

Percorrendo o blog do meu amigo e colega, duplamente (de blog e de carreira), Francisco Seixas da Costa, Duas ou Três Coisas..., caí num post sobre o fato de não haver, atualmente, na diplomacia portuguesa, nenhum embaixador político, ou seja, de fora da carreira, o que por acaso também era a situação do Brasil, até o início do atual governo, quando assumiu um técnico reconhecido na nossa representação junto à AIEA, em Viena.
Mas, de sua postagem retiro a seguinte frase, que creio se aplicar também ao caso do Brasil:

...se era para selecionar incompetentes, tínhamos já por lá alguns, não era necessário ir procurá-los fora...

Na mosca...
Paulo Roberto de Almeida

Uma lagrima para... Gilmar: o grande goleiro do Brasil...

Creio que nunca postei, neste blog, qualquer coisa relativa ao futebol, e a razão é simples: não torço para nenhum time, e só um pouco para a seleção, nos grandes embates internacionais. Não me perguntem qualquer coisa sobre futebol que eu não sei dizer. Por isso tomo de empréstimo ao caro colega blogueiro e diplomata português, Francisco Seixas da Costa, este post em homenagem ao Gilmar, grande goleiro de meus únicos 4 ou 5 anos de interesse pelo futebol, dos 8 aos 12 anos: só tardou duas Copas, da Suécia e do Chile, nas quais o Brasil foi campeão. Como todo brasileiro, torci pela seleção, mas logo em seguida enveredei pelas leituras políticas e lá deixei o futebol de lado.
Mas, Gilmar sempre foi minha referência de futebol, mas até, talvez, do que Pelé, muito cultuado por todos.
O goleiro é um solitário, que leva muita ingratidão da torcida, mas não deixa de ser um heroi.
Minha homenagem ao Gilmar, graças ao Embaixador Seixas da Costa...
Paulo Roberto de Almeida

Francisco Seixas da Costa

Há semanas, desapareceu Djalma Santos, um dos mais fantásticos defesas laterais direitos da história do futebol mundial. 

Ontem, saiu de cena Gilmar, o "goleiro" desse "time" histórico que, (quase) sem Pelé, ganhou a "copa" do Chile em 1962, comigo, deste lado do Atlântico, nos meus 14 anos, a "torcer" pelo "escrete canarinho", que sei de cor-e-salteado, graças a "A Bola", ao "Record" e ao "Mundo Desportivo", que então consumia avidamente (hoje, sei lá porquê!, sou incapaz de pegar num jornal desportivo). Aqui deixo esse "dream team" da minha memória: Gilmar; Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos; Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vává, Amarildo e Zagalo.


Nele, Gilmar, era um génio no "gol", dando imensa confiança à "zaga", com um excecional tempo de saída nos "escanteios" e com uma rapidez fabulosa na reposição da bola em jogo, com "tiros de meta" que atravessavam o terreno. Começou por ser um herói da "baixada santista", para se tornar num herói do Brasil. E, mais tarde, de Vila Real, como se vê... 

Brasil: o mito da politica monetaria (BC) responsavel - Alexandre Schwartsman

Alexandre Schwartsman
Blog Mão Visível, 21 de Agosto de 2013

Sempre gostei de mitos. Culpa de Monteiro Lobato, que também gostava e fez questão de educar mais de uma geração acerca deles. Mitos são importantes para a narrativa de uma nação ou grupo de pessoas em busca de uma identidade, mas, a despeito da sua importância (ou precisamente por conta dela), não é aconselhável comprá-los a valor de face.

Digo isto porque estamos em meio ao processo de criação de uma narrativa com todas as características de mito sobre a condução da política monetária no país, que também não deve ser tomada como verdade, ainda que sirva para acariciar os egos da diretoria do BC.

A narrativa pode ser resumida da seguinte forma.

Em meados de 2011 o BC percebeu, antes de todos, que o mundo passaria por forte desaceleração, com implicações negativas para a atividade doméstica, mas que – no processo – traria a inflação para baixo. Assim, para evitar o “erro de 2008”, tratou de mudar a mão da política monetária, promovendo um corte vigoroso da taxa de juros.

Ao mesmo tempo, porém, gestor responsável que é, o BC também procurou garantias que a política fiscal – ao contrário do ocorrido em 2009 e 2010 – se manteria austera, abrindo espaço para a queda sustentada da Selic. E, com base nestas garantias, reduziu a taxa de juros de 12,50% a.a. para 7,25% a.a. entre julho de 2011 e outubro de 2012. Ao final do ciclo, alertou ainda que “a estabilidade das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação à meta, ainda que de forma não linear”.

A inflação, porém, não convergiu à meta. Pelo contrário, mantém um semblante de queda apenas por conta de intervenções governamentais nos preços, que irão nos custar ainda mais caro do que hoje. A culpa, contudo, não é do BC, mas do governo, que abandonou o compromisso com a austeridade fiscal, deixando o problema nas mãos do Copom, que agora, ainda o gestor responsável, corre atrás de um prejuízo que não causou.

É uma narrativa edificante. Pena que não sobreviva aos fatos.

Sim, a política fiscal foi (e ainda é!) expansionista, mas isto era visível pelo menos desde meados de 2012. O superávit primário, livre da contabilidade criativa, já vinha em queda desde o primeiro trimestre daquele ano e o próprio cálculo do BC acerca do “resultado estrutural do governo geral” reforçava esta percepção.

Apesar disto o BC persistiu em sua política de redução de juros até outubro e manteve até janeiro deste ano a referência à “estabilidade das condições monetárias”, muito embora já em dezembro tivesse (finalmente!) notado que a política fiscal mudara de “neutra” para “expansionista”.

Posto de outra forma, a forte deterioração fiscal observada ao longo do ano passado não representou para o BC, em momento algum, obstáculo ao afrouxamento da política monetária. Invocá-la agora como motivo para a piora da inflação, ainda que seja verdade, representa uma tentativa oportunista do BC evitar reconhecer sua responsabilidade no processo.

A verdade é que o BC errou e não foi pouco. Seu diagnóstico, muitas vezes repetido, que atribuía ao ambiente externo um papel desinflacionário, revelou-se equivocado. Sua atuação no mercado cambial, cedendo às pressões do Executivo para produzir um dólar mais caro, acabou reforçando as pressões inflacionárias. Sua insistência em ignorar as expectativas crescentes de inflação exacerbou o problema, pondo em xeque a credibilidade conquistada com muito esforço em anos anteriores.


Agora o BC insiste em falar grosso, como se o tom de voz pudesse reconquistar a credibilidade perdida. Não pode. Mais do que discurso, o que se espera do BC é que mostre um lampejo de independência e tome ações concretas para trazer a inflação de volta à meta. Reconhecer seus erros ao invés de tentar salvar suas reputações pessoais, seria um primeiro, e crucial, passo neste sentido.

Estado Plurinacional da Bolivia vs Brasil, ou vs Senador Roger Pinto, ou vs outras coisas...

Notas y Comunicados de Prensa, 26/08/2013
CONFERENCIA DE PRENSA DEL CANCILLER DEL ESTADO PLURINACIONAL DAVID CHOQUEHUANCA EN RELACIÓN AL CASO ROGER PINTO
Muchas gracias, buenos días, gracias por acudir a esta conferencia.
El sábado por la tarde recibimos una comunicación de Brasil, donde nos confirman oficialmente que el senador Roger Pinto se encontraría en territorio brasileño, en ese momento indican ellos mismos que desconocían la circunstancia de la salida de la Embajada del Brasil en Bolivia.
El día domingo, 25 de agosto emiten un comunicado, mencionando que ellos desconocen los hechos de esta huída y nos indican en ese comunicado que llevarán adelante un proceso de investigación.
Bolivia hace conocer mediante un Comunicado de Prensa que el señor Pinto salió ilegalmente del país con destino al Brasil, convirtiéndose en un prófugo de la justicia boliviana, ya el señor Pinto violó la normativa nacional y las normativas internacionales.
Decimos que violó la normativa internacional, porque sale sin el salvoconducto, tenemos dos convenciones, la Convención Interamericana y la convención de ONU que fueron violadas en esta huida del señor Pinto.
Cuando decimos también que violó la normativa internacional, decimos esto porque pesa en su contra cuatro arraigos y mandamientos de aprehensión que le impedían salir del país, tal como lo establece el Código de Procedimiento Penal.
Brasil incumplió la Convención de Caracas, sobre asilo diplomático de 1954, que en su Artículo 3, establece que no es licitó dar asilo a personas que se encuentran inculpadas o procesadas ante criminales ordinarios competentes o delitos comunes o estén condenados por tales delitos. El señor Pinto tiene en su contra procesos penales, por delitos comunes de corrupción, no es un perseguido político, prueba de ello es que la justicia ordinaria dictó una sentencia condenatoria en el caso Zofra – Universidad, donde se habla de 11 millones de bolivianos de daño económico.
Estos procesos que tiene el señor Pinto fueron iniciados por el Gobierno Departamental de Pando, la Contraloría General del Estado, la Procuraduría y tiene acompañamiento del Ministerio de la Transparencia, incluso estos procesos están siendo seguidos por ciudadanos particulares, lo que demuestra que es la justicia la que actúa con total independencia a través del Ministerio Público. Ningún proceso viene del Poder Ejecutivo.
Al no contar con la emisión del salvoconducto, se violó la Convención del Asilo y el derecho internacional en cuanto al principio de soberanía de los estados, a su vez como decíamos anteriormente se vulneró la Convención Interamericana de lucha contra la corrupción, que establece que los estados parte, en este caso Brasil y Bolivia dicen que debe facilitarse por todos los medios la persecución, investigación y sanción de delitos comunes de corrupción.
Por todo ello, ante la solicitud del Gobierno de Brasil del salvoconducto, Bolivia en base a ésta normativa, a las convenciones internacionales, Bolivia negó la otorgación del salvoconducto.
Es de conocimiento de las autoridades del Brasil, que el senador Pinto es procesado por los delitos comunes de corrupción y no es un perseguido político, a raíz de la huída del senador Pinto, nosotros emitimos un Comunicado y luego vamos a entregar, estaba citada para las 11.00 la representación diplomática del Brasil, para entregar una nota diplomática, donde expresamos nuestra profunda preocupación, por la transgresión del principio de cortesía internacional y reciprocidad, por ningún motivo el señor Pinto podía abandonar el país sin el salvoconducto, está en la Convención en su Artículo 9.
También indicamos en esta nota diplomática, que se violó los mecanismos de cooperación que existen entre estados establecidos en la Convención Interamericana de la Organización de Estados Americanos y la ONU, por ello a través de esta nota diplomática, solicitamos formalmente a las autoridades del Brasil explicaciones, tienen que explicar, hay varias afirmaciones en diferentes medios de comunicación.
Nosotros necesitamos que Brasil explique oficialmente, formalmente a nuestra comunidad, a Bolivia, a la justicia, a la Comunidad Internacional que necesita conocer cómo se dieron estos hechos, ya que se violó la normativa nacional e internacional.
No puede ser que al amparo de la inmunidad diplomática se transgreda, normas nacionales e internacionales, facilitando en este caso la salida irregular del país del senador Pinto.
Puede ser un mal precedente, no sólo para la justicia boliviana, no sólo para Bolivia, sino para la Comunidad Internacional, si es que nosotros amparados en la inmunidad diplomática vamos a permitir estos actos ilegales.
Digo puede ser un mal precedente, porque amparados en la inmunidad diplomática, entonces podemos llevar droga o traficar armamentos, traficar con personas, es grave lo que pasó, eso estamos pidiendo explicaciones al Gobierno del Brasil.
Muchas gracias.
La Paz, 26 de Agosto de 2013

Brasil-Bolivia, e suas vitimas - Ricardo Noblat

Artigo estranho, provavelmente mal informado, especulativo, sem fatos, apenas suposições. Mas, à falta de esclarecimentos do poder poderoso (que não virão), navegamos com as garrafas que são jogadas ao mar...
Paulo Roberto de Almeida

COMENTÁRIO Blog Ricardo Noblat, 26/08/2013

Esquisito o episódio da chegada ao Brasil do senador boliviano refugiado há mais de 440 dias em nossa embaixada em La Paz. E agora da demissão do ministro Antônio Patriota, das Relações Exteriores.
A operação de retirada do senador da Bolívia foi arriscada se ela de fato ocorreu à revelia do governo Evo Morales.
Foram 22 horas dentro do carro principal da embaixada até a chegada em Corumbá. Fuzileiros navais garantiram a segurança do senador durante a viagem.
Em Corumbá, a segurança coube à Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça.
É possível que fuzileiros e agentes da Polícia Federal tenham sido mobilizados à revelia dos seus chefes - os ministros da Defesa e da Justiça?
É possível que a fuga do senador fosse apenas do conhecimento do encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia? O posto de embaixador está vago por lá.
E a pergunta mais importante: que ministro teria coragem de se envolver numa operação diplomaticamente tão delicada sem que a presidente Dilma fosse informada? E desse seu aval?
Dilma nunca gostou de Patriota, nunca se deu bem com ele, sempre o tratou mal, às vezes de forma humilhante.
Era preciso entregar alguma cabeça para acalmar o governo boliviano, aparentemente irritado com o que aconteceu.
Se Evo Morales só ficou sabendo da fuga do senador depois de sua entrada no Brasil, é grave. Deixa-o mal diante dos seus governados.
Se ele sabia da fuga e compactuou com ela, não poderá admitir. Pegaria mal.

A demissão de Patriota desmanchará o mal estar sincero ou simulado que separa a Bolívia do Brasil. Mas não porá um ponto final nessa história.

Brasil-Bolivia: quando a moral e' frouxa e a espinha flexivel - Augusto Nunes

Apenas uma imprecisão nesta crônica corrosiva para certos brios deslocados: o senador boliviano já não é mais asilado político, a menos que o governo brasileiro o confirme nesse estatuto, desta vez no território nacional, o que provavelmente não vai acontecer. Ele era asilado político enquanto estava na Embaixada em La Paz; agora, é apenas, segundo os bolivianos, um transfuga, um criminoso fugido, e para os companheiros, um hóspede incômodo, pois vai começar a falar coisas que vão desagradar o governo, ambos os governos companheiros.
Ele vai ser mantido num limbo político, até que a Justiça obrigue o governo (parece que vamos chegar a esse ponto) a definir um estatuto para ele. Vai passar a viver no Brasil, pelo menos temporariamente, e talvez tenha a companhia de um diplomata caído em desgraça, para desgraça do Brasil e do Itamaraty.
Gestos de altivês, de diplomacia ativa, verdadeiros, sem hipocrisia, são raros; gestos de independência verdadeira, são mais raros ainda; gestos de ousadia, no limite da rebeldia são praticamente inexistentes, infelizmente.
Vivemos tempos interessantes, tempos miseráveis, e tempos esperançosos...
Paulo Roberto de Almeida

Augusto Nunes, 26/08/2013

Se conseguisse manter na vertical a espinha dorsal, o chanceler Antonio Patriota estaria celebrando desde sábado, a exemplo dos democratas do mundo inteiro, a chegada ao Brasil de um perseguido político asilado há 15 meses numa representação do Itamaraty — e impedido de dali sair pela arrogância de um tirano de ópera-bufa. Como vive de joelhos, Patriota determinou a divulgação da seguinte nota sobre a libertação do senador boliviano Roger Pinto Molina:
O Ministério das Relações Exteriores foi informado, no dia 24 de agosto, do ingresso em território brasileiro, na mesma data, do Senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na Embaixada em La Paz. O Ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do Senador boliviano da Embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Ministro Eduardo Saboia, está sendo chamado a Brasília para esclarecimentos. O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
A nota de hoje do Ministério das Relações Exteriores reflete a crise moral por que passa a diplomacia brasileira”, retrucou o advogado Fernando Tibúrcio, que defende o parlamentar cassado e caçado por Evo Morales. “Ao invés de proteger e prestigiar um funcionário que deveria ser visto como exemplo, alguém que corajosamente tomou a única medida cabível numa situação de emergência, o Itamaraty optou por jogar Eduardo Saboia aos leões. Pior, inviabilizou a sua volta à Bolívia, por razões óbvias de segurança”.
Tibúrcio constatou que, na ânsia de bajular o lhama-de-franja, o chanceler “não foi capaz nem mesmo de lembrar que a esposa do Ministro Conselheiro Eduardo Saboia, funcionária do Consulado-Geral em Santa Cruz de la Sierra, e os filhos do casal, permanecem na Bolívia”. A nota oficial abjeta confirma que, se dependesse do ministro, a clausura de Pinto Molina se estenderia por muitos meses, ou anos. A sorte do senador é que ainda há no Itamaraty homens que honram o legado da instituição, cultivam valores morais e não desengavetam os direitos humanos apenas quando lhes convém.
“Se tudo deu certo, se uma grave questão humanitária foi resolvida,  foi graças aos funcionários da embaixada”, afirma Tibúrcio. Graças sobretudo à bravura e à altivez de Eduardo Saboia. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores e um dos participantes do resgate de Pinto Molina, a vítima de Evo Morales viajou de La Paz para o Brasil acompanhado por Eduardo Saboia e escoltado por fuzileiros navais que integram o esquema de segurança da embaixada. (Nessa espécie de missão no exterior, militares se subordinam não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação diplomática).
Na viagem de 22 horas até Corumbá, a 1.600 km de distância, os dois carros com placas consulares que transportaram o grupo passaram por cinco postos policiais antes de alcançar a fronteira da Bolívia com Mato Grosso do Sul. Já em território brasileiro,  Saboia telefonou para Ferraço. “Ele me disse que não tinha como levar o senador  até Brasília”, relata o parlamentar capixaba. “Tentei falar com o presidente Renan Calheiros e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília”.
Ferraço confirmou que Sabóia se vinha mostrando crescentemente preocupado com a situação de Pinto Molina: “Ele me disse que advertiu o Itamaraty, porque a situação logo ficaria inadministrável. Molina estava com depressão, sua saúde estava se deteriorando”. Inconformado com o teatro do absurdo, Saboia avisou que, se aparecesse alguma oportunidade, ele próprio trataria de resolver o impasse. “Não sei se o governo acreditou”, diz Ferraço.
Não acreditou, grita  a reação repulsiva dos condutores da política externa da cafajestagem. Também surpreendido com a viagem rumo à liberdade do senador que ousou enfrentá-lo, Evo Morales determinou ao Ministério das Relações Exteriores que rebaixasse Pinto Molina a “fugitivo da Justiça”. Se pudesse, o chanceler de Dilma Rousseff já teria deportado o perseguido.  Agora é tarde: por enquanto alojado na casa de Ferraço, Roger Pinto Molina é um asilado político que o governo está obrigado a proteger.

Os democratas venceram mais uma. E terminaram o fim de semana estimulados pela reafirmação de que um Eduardo Paes Saboia vale mais que milhares de antonios patriotas.

Brasil-Bolivia: "o MRE esta' de luto" - Celso Arnaldo Araujo

Não deixa de ser uma bela homenagem, a despeito de várias imprecisões factuais, este texto de um desconhecido cronista dos nossos tempos do "nunca antes".
Junto-me a ele para ratificar a ideia de que o diplomata salvou a honra da nação, que aliás está de luto, há muito tempo: a inteligência morreu, só sobraram os fraudadores da história...
Paulo Roberto de Almeida

CELSO ARNALDO ARAÚJO
Augusto Nunes, 26/08/2013

Ressalvadas as devidas proporções geopolíticas, a operação que culminou com a libertação do senador Roger Pinto Molina de seu intolerável cativeiro de 455 dias num cubículo da Embaixada do Brasil na Bolívia tem notáveis semelhanças com a história real que inspirou Argo ─ Oscar 2013 de melhor filme. Com o jovem ministro-conselheiro Eduardo Saboia no papel do agente de inteligência interpretado por Ben Affleck, que comandou o resgate de seis americanos escondidos na Embaixada canadense em Teerã, em 1979. Evo Morales como o desprezível lhama-aiatolá que assinou a sentença de morte do perseguido político. E os homúnculos que hoje comandam o Itamaraty no figurino dos beleguins iranianos feitos de pateta na fuga.

O “rigoroso inquérito” anunciado pelo atual ministro das Relações Exteriores, bravata em diplomatiquês de boteco de Brasília, contrasta com a entrevista serena, em português de gente decente, do ministro Saboia ao Fantástico ─ que, a começar pela presidente Dilma, sempre se jactando de seu inventário de lutas pelas melhores causas, deveria ser exibida repetidamente, como lição de casa, aos altos funcionários públicos que se dizem servidores da pátria e dos grandes propósitos humanos.
Eduardo Saboia arriscou sua vida numa perigosíssima jornada por terra até Corumbá; sua carreira, que provavelmente será ceifada depois do episódio; e a própria família, que ficou em La Paz, a metros do malandro que se faz de chola ─ para solucionar, radicalmente, um impasse interminável que o governo brasileiro não dava a menor mostra de querer resolver. Escoltou o senador Roger ao Brasil, para o asilo a que tem direito.
Disse o diplomata, ao chegar a Brasília:
─ Eu escolhi a porta estreita e lutei o bom combate. Eu não me omiti. Eu optei pela vida e salvei a honra do meu país, que eu defendo sempre.
Mais:
─ Eu escolhi a vida. Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidente Dilma foi perseguida.
É bastante duvidoso que Dilma avalize com esse mesmo sentido o resgate cinematográfico engendrado pelo ministro Saboia. Não é sua especialidade colocar em prática o que diz que pensa, em termos de valores humanos superiores. O mais provável é que Patriota faça sua cabeça, culminando com a punição de Saboia por alta traição.
No fim de semana, de qualquer forma, Dilma estava muito ocupada lendo a nota de pesar que o pessoal da Secretaria de Comunicação preparou para ela lamentar a morte, quase simultânea, de dois campeões de 58, De Sordi e Gylmar. Uma maria-mole para quem adivinhar a abertura da nota. Na mosca:
─ O futebol brasileiro está de luto.

O Ministério das Relações Exteriores também. Ou nós com relação a eles.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...