domingo, 13 de outubro de 2013

Recuerdos de uma Constituinte esquizofrenica (saiu uma Constituicao idem) - Percival Puggina


AOS QUE SABEM "DE OUVIR DIZER"
Percival Puggina, 13/10/2013


Vinte e cinco anos se passaram desde a promulgação da Constituição Federal. Um nada, na linha da história. Um vapt-vupt, na existência de cada um. No entanto, o leitor talvez se surpreenda ao saber que, segundo a pirâmide etária brasileira de 2010, apenas 31% dos cidadãos brasileiros de hoje tinham 18 anos ou mais naquela data. Portanto, sessenta e nove por cento sabem do processo constituinte de 1988 apenas por ouvirem dizer. E em questões de política e história recentes, saber por ouvir dizer, beber de solitária fonte, é das piores maneiras de ser informado.

            Surpreendeu-me a afirmação de Lula sobre a participação de seu partido na Constituinte. Segundo ele, se tivesse sido aprovada a constituição que o PT queria, "o país seria ingovernável, porque nós éramos duros na queda e muito exigentes". Com efeito, o PT da Constituinte detestou tanto o texto final que votou contra. Não satisfeito, anunciou que sequer iria assinar aquela coisa. Denegrindo a carta e seus autores, os petistas espalharam pelo país seu escândalo ante o "conservadorismo" do texto. Por um triz os deputados do partido não rasgaram as vestes na Praça dos Três Poderes. E só após muitos apelos de Ulysses Guimarães, consentiram em acrescentar seu precioso jamegão à Carta Magna. De nariz torcido, claro.

            Quem lê estas linhas em 2013 deve estranhar o fato de o PT haver sido derrotado pela maioria em 1988. Pois mais ainda o surpreenderá saber que para aquela importantíssima legislatura o partido de Lula conquistou apenas 16 das 487 cadeiras existentes à época na Câmara. E não elegeu um único senador. Os parlamentares do PT, PCB, PCdoB, PSB e PDT, somados aos esquerdistas do PMDB, compunham pequena minoria naquele plenário. Mas o reduzido grupo, liderado por José Genoíno e Roberto Freire, com apoio da CNBB, produzia um alarido de proporções nacionais em favor de teses comunistas na ordem econômica, socialistas na ordem social, populistas quase sempre. E demagógicas em tudo. Dá para reconhecer o estilo?

            Poucos, hoje, terão ouvido falar do "Centrão", o grupo de congressistas que se organizou para que houvesse um mimimum minimorum de racionalidade no novo texto constitucional, opondo-se às teses da esquerda radical, muito minoritária, mas muito organizada. Este último grupo dispunha, em seu favor, de notável suporte da mídia militante, que execrava o Centrão e o servia à opinião pública como Salomé, na bandeja das coisas odiosas, articuladas com as mais nefastas e malignas intenções. Abro parêntesis: é bom que se diga, a bem da verdade, que o Centrão não foi sempre majoritário e que as cisões eram frequentes no bloco diante das pressões desencadeadas de fora para dentro do plenário e das comissões. Fecho parêntesis. Assim, em 1988, a sensatez perdeu inúmeras partidas e o Brasil ganhou uma Constituição grávida de direitos, infértil de deveres. Nos anos seguintes presenciaríamos inesquecível surto inflacionário e depois, uma escalada tributária que persiste ainda hoje entre as mais altas do mundo.

            A intenção deste artigo, quando se comemoram os 25 anos da Constituição, é sublinhar o reconhecimento de Lula aos pecados de seu grupo no processo constituinte de 1988. Ao declarar que as propostas petistas tornariam o país ingovernável, ele admite ter sido bom que não hajam vingado. Mas elas não vingaram graças a resistência dos bravos que decidiram pagar o preço da impopularidade para que a Carta, enfim aprovada, fosse o menor dos males possíveis. Na contramão, 14 anos mais tarde, com as mesmas teses comunistas (na economia), socialistas (no social), populistas (em quase tudo) e demagógicas (sempre), o PT se tornou o maior partido político do país.

            Com ele, muito distante de qualquer sinal de contrição, prosperou seu exército de falsos "progressistas". São, entre outros, os fazedores de cabeça no meio escolar e universitário. E são os manipuladores da informação na mídia, das consciências em templos e da Justiça em tribunais.
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* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+

Estatua da Liberdade oferecida para venda: quem pagar mais leva...

Bem, ainda não é o caso, mas deveria ser. Não tem por que parques, museus e monumentos nacionais fecharem ao público só porque uma porcaria que não funciona, chamada governo americano, fechou por falta de dinheiro.
Tem milhões de turistas querendo ver a Estátua da Liberdade, visitar os museus, ver ursinhos em parques, olhar para aquele buraco enorme chamado Grand Canyon, etc. Eles pagando, sem subsídio, fica tudo muito bem.
Os parques da Disney não fecham, certo?
Por que esses públicos fecham?
Só porque são mantidos por funcionários públicos?
Não tem problema: basta vender para a iniciativa privada que pode recontratar os mesmos funcionários, que já conhecem tudo, e eles até podem ficar com as gorjetas de 20%, como nos restaurantes e cafés.
Leilões para tudo isso: quem pagar mais leva...
Paulo Roberto de Almeida

Estados Unidos

Estátua da Liberdade reabre ao público

Ponto turístico de Nova York estava fechado devido à paralisação do governo federal por falta de pagamento de funcionários

A Estátua da Liberdade, em Nova York
Monumento estava fechado desde 1º de outubro (Spencer Platt/Getty Images)
A Estátua da Liberdade, fechada com a paralisação do governo federal dos Estados Unidos, foi reaberta aos visitantes neste domingo após o governo do estado de Nova York concordar em dar o dinheiro para que o Serviço Nacional de Parques pague os funcionários que trabalham no monumento. A atração está entre os dez monumentos e parques nacionais que reabriram neste fim de semana depois de acordos similares serem fechados com os governos estaduais, incluindo o Parque Nacional do Grand Canyon, no Arizona.
Em Nova York, o governador Andrew Cuomo disse que o estado vai dar ao governo federal 61 600 dólares por dia, permitindo aos visitantes voltarem às barcas que fazem a travessia até a ilha onde fica a Estátua da Liberdade. Em uma coletiva de imprensa neste domingo, Cuomo chamou o acordo de "arranjo incomum", mas disse que seu custo "é pequeno em comparação ao dinheiro que estamos perdendo".
O governador afirmou que o fechamento do monumento, uma das atrações mais populares da cidade de Nova York, estava causando prejuízo financeiro aos negócios locais e ameaçava centenas de empregos na Ilha da Liberdade, onde fica a estátua, e nas barcas que levam à ilha, a partir de Manhattan. O estado concordou em financiar os próximos quatro dias de funcionamento e vai rever o acordo a cada dois dias, se a paralisação do governo federal continuar.
Ao todo, 401 atrações administradas pelo Serviço Federal de Parques em todo os Estados Unidos foram forçadas a fechar ao público em 1º de outubro, após o Congresso dos EUA e a Casa Branca não conseguirem chegar a um entendimento sobre o aumento do teto da dívida do país.

Sete pontos turísticos fechados com a paralisação

A falta de recursos para cobrir os gastos do governo dos EUA fez com que algumas atividades fossem suspensas no país, entre elas o funcionamento dos parques nacionais. Confira sete atrações que terão de ficar de fora dos planos de turistas enquanto o governo não tiver dinheiro: 

Sugestao para as obras de infraestrutura do Brasil: contratar engenheiros do Hamas

É só uma sugestão, mas como as nossas obras de infraestrutura andam sendo construídas muito lentamente, se poder aventar a hipótese de o governo, assim como ele está importando médicos cubanos, importar alguns engenheiros do Hamas, que já provaram que são muito bons em qualquer tipo de construção.
Vejam a excelência desse túnel, que permite a um homem (OK, não pode ser jogador de basquete) circular tranquilamente, por vários quilometros, sem problemas, com direito a luz, sinalização, bolachas no caminho, etc.
O Hamas poderia, por exemplo, terminar a transposição do São Francisco: aposto como levaria menos tempo e custaria bem menos. Eles poderiam também fazer as estradas que o DNIT se mostra incapaz de fazer, construir pontes, construir barragens, portos, enfim, tudo aquilo de que o Brasil precisa e que o governo não consegue fazer.
Vamos começar um movimento em favor da vinda de engenheiros do Hamas: como para o caso dos médicos cubanos, faz-se uma medida provisória e aí não precisa nem de registro no CREA para começar a trabalhar. Basta depositar os salários na conta do Hamas, Faixa de Gaza...
Paulo Roberto de Almeida 

AS FORÇAS DE DEFESA DE ISRAEL DESCOBRIRAM UM TÚNEL DE 1,7 KM LIGANDO GAZA A ISRAEL
Dentro do túnel : Cimento, cabos e embalagens de doces israelenses.
O IDF relata que o túnel descoberto na fronteira com Gaza atingiu a profundidade de 22 metros, escavado em dois anos, e nunca concluído. Construtores, planejadores - todos vão pagar o preço ", promete general israelense
Por -Yoav Zitun (YNET)
Eles cavaram por dois anos. Usando martelos, brocas e pás, colocando milhares de arcos e blocos de cimento – usando inclusive alguns produtos israelenses  - com um peso total de 500 toneladas, instalação de cabos elétricos e de telefone.
O túnel descoberto e apresentado  pela IDF , na fronteira com a Faixa de Gaza, é excepcionalmente sofisticado e longo, medindo aproximadamente 1,7 km.
"Esta é a primeira vez que identificamos a localização de um túnel e expomos as fotos", disse um funcionário do Ministerio de Defesa, neste domingo. Nos últimos dias, as forças de engenharia de grande porte, empregando tratores e caminhões, descobriram aberturas e a trajetória do túnel, e revelaram um túnel de sofisticação surpreendente.

Dentro do túnel (Foto: Herzl Yosef)

O túnel começa perto da aldeia de Absan al-Zarir, a leste de Khan Yunis. A saída - 300 metros dentro do território israelense, dá num campo de trigo cultivado.
A profundidade média do túnel é de 18 metros, e atingiu uma profundidade máxima de 22 metros abaixo do solo, no lado palestino. No interior, o túnel era alto o suficiente para permitir que um homem pudesse andar livremente.
 Os cabos que cobriam as paredes do túnel permitiam as comunicações ininterruptas com a base, bem como ampla iluminação com lâmpadas alógenas para poupança de energia.

Sacos de material de construção, algumas deles feitos no Egito, mostram que a construção não tinha acabado, e não está claro o quão longe em Israel os palestinos planejavam entrar. Os construtores estão identificados por seus nomes inscritos nas paredes internas do tunel.
Soldados encontraram vários comestíveis e embalagens dentro do túnel, que testemunham o longo tempo que os construtores, provavelmente, gastaram dentro: salsichas, embalagens de chocolate datados de junho, laticínios e bebidas, que expiraram em 22/6/2013.
O túnel não foi exposto por acidente, como nos casos anteriores, mas devido a Divisão de Gaza do IDF, e às estimativas do Comando Sul e relatórios de patrulhas terrestres.
Em janeiro de 2013, algumas semanas após o término da Operação Pilar de Defesa, um grande túnel desabou em território israelense perto da cerca da fronteira, como resultado da chuva que inundou a área. As tropas da IDF foram chamadas para a área, e descobriram que o túnel fazia parte de um vasto sistema de tocas, estimando-se, assim, que muitos outros túneis podem estende-se desde a Faixa de Gaza até o território israelense.
A Brigada de Gaza começou a traçar prováveis túneis que poderiam ter sido construídos, utilizando a inteligência e ferramentas tecnológicas israelenses. 

Cerca de duas semanas atrás, as tropas de engenharia começaram a vasculhar um campo de trigo entre Ein Hashlosha e a cerca da fronteira. Na sequência de uma operação completa exploratória, de várias centenas de metros, as tropas foram determinado um túnel debaixo do campo.
O local foi então isolado e declarado zona militar fechada. As Brigadas Golani Brigade e a Brigada Blindada garantiram o complexo, com os tratores expostos nas rotas subterrâneas. Soldados de combate, em seguida, entraram nos túneis para garantir que nenhum explosivo estivesse colocado nas tocas.
O Chefe do Comando Sul, major-general Sami Turgeman, notou que este é o terceiro túnel descoberto este ano, e advertiu: "Esta é uma grosseira violação da soberania israelense, e se o Hamas continuar com suas intenções terroristas, especialmente através da construção de túneis, eles vão pagar um pesado preço, e Gaza não será a mesma. "
De acordo com Turgeman, "Eles estão cavando muitos túneis e é uma grande indústria que inclui casas e terrenos locados, planejadores, escavadoras e engenheiros. É uma indústria do terror, e todas as partes, desde os trabalhadores, até os planejadores, vão pagar o preço."

(Foto: Herzl Yosef)

Turgeman disse, recentemente, que o Hamas tem funcionado como um fator de restrição a ataques contra Israel, desde a operação Pilar de Defesa, em novembro de 2012, e repetiu esse comentário na manhã deste domingo. O major-general observou que o grupo ainda evita ataques contra Israel, mas acrescentou algumas críticas: ". Hamas investe dezenas de milhões de dólares em túneis, em vez de investi-los na comunidade, na construção de casas e escolas, empresas e indústria"

"O Hamas continua a se fortalecer, e tem aproveitado cinicamente nossas boas intenções quando deixamos materiais de construção entrarem na Faixa de Gaza para o setor privado, para os civis".
Após a exposição do túnel, o Coordenador de Atividades do Governo nos Territórios (COGAT), Eitan Dangot, ordenou que os embarques de materiais de construção para a Faixa cessem, até novo aviso.
Turgeman observou que túneis do tipo exposto podem ser utilizados para aequestros, ataques contra as forças IDF ou contra alvos civis: "O túnel pode estar ativo o tempo todo, não apenas em tempos de guerra, pois o Hamas está sob pressão depois de perder o apoio estratégico da Irmandade Muçulmana  do Cairo ".
O general acrescentou que o egípcios estão atualmente trabalhando ", e cortando as ligações da península do Sinai com a Faixa de Gaza."
O porta-voz do braço militar do Hamas, o Izz al-Din al-Qassam, comentou sobre a descoberta do túnel, "O desejo nas mentes e nos corações dos membros da resistência é muito mais importante do que os túneis que são escavados no solo. Este desejo é capaz de produzir milhares de túneis. "
O Comitê de Resistência Popular, disse que as alegações de Israel sobre a descoberta do túnel são uma tentativa de justificar uma futura agressão militar contra a Faixa de Gaza. O grupo deixou claro que a descoberta do túnel prova que Gaza pretende continuar suas operações com o objetivo de seqüestrar soldados israelenses para serem usados ??em troca de prisioneiros palestinos.

Da serie: Eu So' Queria Entender...

Sem necessariamente conseguir...
(Nem vou pedir para quem conseguir entender, me explicar; não faz nenhuma diferença, nenhuminha...)

"Tem uma infraestrutura muito importante para o Brasil, que é também a infraestrutura relacionada ao fato de que nosso país precisa ter um padrão de banda larga compatível com a nossa, e uma infraestrutura de banda larga, tanto backbone como backroll, compatível com a necessidade, que nós teremos para entrarmos na economia do conhecimento, de termos uma infraestrutura, porque no que se refere a outra condição, que é a educação, eu acho importantíssima a decisão do Congresso Nacional do Brasil em relação aos royalties".


"A destinação dos royalties e do fundo social para a educação, esses dois elementos, um de infraestrutura e outro na área de educação constituem nosso passaporte também para o futuro. Então, é um programa ambicioso, ele tem vários desdobramentos, ele não para aí, porque ainda inclusive nós não vamos iniciar esse processo, estamos em fase de discussão, esse que estou falando da banda larga. Mas eu estou aqui completando para vocês porque eu vou falar, aí, então, fica completado para vocês."

Ok, pessoal, esquece...

Servico de biografias nao autorizadas (e sem direito a copyright ou royalties)

Minha biografia de um famoso personagem da vida pública, dos ambientes artísticos, dos meios econômicos, do meio político, do mundo do esporte, enfim, um personagem múltiplo, só não posso revelar o nome, pois os juízes proíbem biografias não autorizadas (e mesmo que fosse autorizada, eu teria de conceder royalties ao biografado, o que sequer posso garantir, pois não sei a biografia vai vender e se vai render alguns tostões...).

Nasceu em... (não posso revelar pois isso poderia revelar 30% do personagem)
Cresceu em... (idem)
Estudou no... (idem)
Bem só sobram 10%, assim que vou ter de resumir:

Tornou-se uma figura famosa no ambiente nacional, em geral, para todos os efeitos práticos e os não práticos, e depois, sem sequer avisar os seus biógrafos e admiradores, desapareceu, misteriosamente, sem deixar maiores traços na história contemporânea do Brasil...

Basta, pois isso, do contrário o serviço de caça aos biógrafos metidos cassa o meu registro de blogueiro metido a escritor, e me coloca um processo por abusar da imagem da figura pública, que nunca foi tão pública quanto agora...

Paulo Roberto de Almeida

Privataria petralha das estradas patina e cai no buraco (Veja.com)

Infraestrutura
Governo patina na hora de privatizar — mas ainda dá tempo de aprender  
Reportagem do site de VEJA aponta os principais problemas nas concessões e especialistas em infraestrutura sugerem soluções viáveis
Ana Clara Costa, Naiara Infante Bertão e Talita Fernandes

As concessões de infraestrutura do governo Dilma já começaram — ainda que titubeantes. Dois trechos rodoviários (BR-050 e BR-262) foram ofertados ao setor privado em setembro e um deles fracassou. Até o final de 2013, outros sete trechos de rodovias e dois aeroportos serão leiloados: o de Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Minas Gerais. Em algum momento, portos e ferrovias deverão compor o conjunto de privatizações, mesmo que até agora não possuam sequer um edital. O setor privado não economiza queixas em relação a todo o processo. Considera as taxas de retorno insatisfatórias e algumas exigências descabidas, como a duplicação de alguns trechos de rodovias, mesmo se não houver demanda de tráfego para tanto. O governo anunciou que subsidiará algumas obras com o intuito de torná-las mais atrativas. Mas empresários estão desconfiados por ainda não saberem os termos de tais subsídios. O contexto econômico também não ajuda. O Brasil pode ter sua nota rebaixada pelas agências de classificação de risco devido à deterioração das contas públicas.

O governo enfrenta as limitações regulatórias e armadilhas típicas de um país que tem pouca experiência em privatizar. Transformar-se em uma nação de economia liberal não é tarefa simples para os latino-americanos — historicamente adeptos de políticas estatizantes. Com o PT, tal cenário se agrava porque o partido sempre se mostrou contra privatizações enquanto esteve na oposição. Agora, deixa claro ao setor privado que as concessões só estão acontecendo porque é inviável para o Estado financiar tantas obras — uma constatação óbvia, mas louvável, considerando os entraves ideológicos. O fato é que para que as concessões tenham sucesso, é preciso que mudanças ocorram. E isso o governo já percebeu ao leiloar a BR-262, que não teve interessados. Em conversa com investidores durante um evento do banco Goldman Sachs em Nova York, em setembro, a presidente Dilma falou sobre as rodovias. "Uma (a BR-050) teve uma ótima avaliação dos investidores. A outra (BR-262), estamos revendo. Inicialmente os investidores disseram que ela era viável, mas depois começaram a temer pelo tamanho do pedágio e da região. Vamos rever se ela precisa virar PPP ou obra pública", afirmou a presidente.
A constatação do setor privado sobre o fracasso, no entanto, foi outra. "O problema da BR-262 é que as premissas (engenharia, custeio e retorno) dos estudos feitos pelo governo estavam muito diferentes daquilo que o setor privado calculou", explica o advogado Felipe Kfuri, do escritório da advocacia L. O. Baptista SVMFA, especializado em obras de infraestrutura. Segundo Kfuri, o governo superestimou a demanda e os investimentos necessários, afugentando interessados. A exigência de duplicação da rodovia sem que houvesse projeção de demanda suficiente também criou desinteresse. Além disso, há o 'risco Dnit', que significa que o setor empresarial não confia no órgão ligado ao Ministério dos Transportes como 'mão forte' das concessões rodoviárias. "É preciso fazer estudos e projetos confiáveis, com detalhes realistas sobre o fluxo de carga, alto contingente populacional da região, quais vias estarão interligadas a outros modais. Enfim, é preciso integrar o trabalho estratégico e de engenharia. Sem isso, será um fracasso", aponta outro advogado do setor, Renato Poltronieri, do Demarest Advogados.
O fracasso da concessão da BR-262 é emblemático porque reúne praticamente todos os erros apontados por especialistas ouvidos pelo site de VEJA sobre o programa de privatizações do governo Dilma. Houve falha no planejamento, insegurança jurídica (risco Dnit), taxa de retorno pouco atrativa, falta de diálogo com o setor privado. O governo, contudo, percebeu que se mantiver a mesma atitude, colherá novos fracassos. Assim, após uma reunião de emergência convocada pela presidente Dilma um dia após o leilão, novas ideias surgiram: revisar o fluxo estimado de veículos, os investimentos necessários e, consequentemente, a necessidade de duplicação de determinados trechos. Para o setor privado, o governo, de certa forma, "caiu na real". Mas perceber o erro de apenas um projeto não é suficiente para um país que ocupa o 114º lugar em qualidade de infraestrutura num ranking de 148 nações feito pelo Banco Mundial. O site de VEJA conversou com especialistas do setor de infraestrutura que apontam os principais problemas e sugerem soluções para melhorar o programa de privatizações da administração petista.
Como melhorar o programa de privatizações do PT
O problema: planejamento e execução
"O processo está todo confuso. Não há um programa de privatizações bem fundamentado em um plano logístico. E sem planejamento, não há como controlar a execução. É tudo muito casuístico e fluido, com muita gente querendo mandar. E esse processo nasceu todo errado porque prevê que o investidor carregue nas costas o setor público. Não faz sentido, por exemplo, a Infraero estar presente na privatização de aeroportos e nem o Dnit permanecer em rodovias. Se eles fizeram um bom trabalho nessas áreas, por que o governo está privatizando, então?"
Como resolver: refazer
"A minha sugestão é parar tudo e reconstruir o arcabouço que foi levado adiante no governo FHC, com conselho, planejamento, aval do TCU antes de o modelo ser anunciado. Se não houver um processo mais estruturado, vai ser um fracasso atrás do outro. E, com a falta de interesse dos investidores, talvez essas privatizações rendam mais ônus para o Tesouro do que ganhos."
 Leia também:
Com Bernardo Figueiredo longe, risco de concessões aumenta
Entenda o que são as concessões do governo Dilma

Argentina: uma nacao inteira sequestrada por um cadaver putrefato, o do peronismo...

Inacreditáveis argentinos: mesmo os mais lúcidos, e os mais bem informados, não conseguem se libertar desse fantasma que assombra o país há mais de 60 anos, e que simplesmente não quer morrer de vez.
A despeito que ele não significa mais nada, atualmente, nem do ponto de vista econômico, nem político, a referência peronista continua a pautar a mediocridade política da vida argentina, atrasando o país e arrastando-o ao passado.
O fato de que esse jornalista, que parece razoável, ter de escrever um artigo inteiro confirmando que o peronismo permanece a referência incontornável da política argentina é a confissão de que o país não tem salvação, e que os argentinos exibem uma espécie de doença mental que os impede de superar o cadáver putrefato do homem que foi e continua a ser o principal responsável pelo formidável retrocesso que a Argentina vem sofrendo nos últimos 80 anos, pelo menos...
Inacreditável...
Paulo Roberto de Almeida

Peronismo ainda é o eixo da política argentina
Movimento político criado por Juan Domingo Perón governou durante 23 dos últimos 30 anos e ainda domina a política nacional
Fabián Bosoer, especial para O Estado de S.Paulo, 13/10/2013

A Argentina é um país imprevisível. Ou muito previsível, dependendo do ajuste da distância da lente e da definição da imagem. Pode ir do neoliberalismo mais anárquico ao neopopulismo mais protecionista; das quedas mais abruptas às recuperações mais aceleradas; escandalizar o mundo e cansar os vizinhos com seus comportamentos ou proporcionar-lhes exemplos de valentia, solidariedade e talento.
Como é possível ser uma coisa e outra ao mesmo tempo, violentando o princípio aristotélico da lógica? O que a Argentina tem de singular que os outros países não têm? A resposta fácil, há mais de 60 anos, é o "peronismo", movimento político ao redor do qual gira a vida política do país desde 1945, que governou durante 23 dos últimos 30 anos, desde a recuperação da democracia, em 1983, com as mais diversas estratégias e equipes de governo. Como disse há alguns anos o ex-ministro do Interior e veterano dirigente, Carlos Corach, "o peronismo é a maneira que tem a Argentina de enfrentar os desafios de cada década".
Nos anos 40, foram Perón e Eva Perón, o "coronel dos trabalhadores" e "a defensora dos humildes". Nos anos 60 e 70, foi uma geração de classe média que ascendeu com as bandeiras da libertação nacional e sucumbiu ao fragor da luta armada e à repressão militar. Nos anos 90, um caudilho de uma província do Norte, Carlos Menem, que colocou o país na globalização neoliberal quando ela começou a se expandir. Nos anos 2000, foi um casal também originário de uma província, mas do Sul, que levantou o país quando a globalização neoliberal deixou um rastro de economias quebradas e de massas excluídas.
No entanto, se perguntarmos se a Argentina só pode ser governada pelo peronismo, a resposta será: provavelmente - se tomarmos como referência o que ocorreu no passado. Desde 1983, apenas um presidente não peronista, Raúl Alfonsín, conseguiu conduzir o país - com sobressaltos - e teve de antecipar a conclusão do seu mandato para entregar ao peronista Menem o bastão de mando e a faixa presidencial, em 1989. A outra alternativa, dez anos mais tarde, de Menem ao radical Fernando De la Rúa, resultou frustrante, pois este último teve de renunciar ao final de dois anos em meio diante de uma grave crise econômica e do marasmo político, em fins de 2001.
Desde então, o peronismo explodiu e continua em seu lugar, é o partido do governo e um sistema político em si mesmo, inclusive com sua oposição. A década de Néstor Kirchner e Cristina Fernández de Kirchner (2003-2013) representa "o peronismo do nosso tempo", como acaba de lembrar o Partido Justicialista, controlado pela Frente Para a Vitória (FPV, dos kirchneristas).
Os que querem suceder a Cristina, em 2015, são também peronistas: o governador Daniel Scioli, que é o delfim da presidente, embora com autonomia e com um ideário próprio, o prefeito Sergio Massa, surgido de suas fileiras e hoje favorito nas pesquisas, que se apresenta como "renovador"; e algum outro governador, como José Manuel De La Sota. Somente se sofrerem um desgaste na espécie de prévia aberta, talvez algum presidenciável não peronista tenha uma chance - como, por exemplo, o socialista Hermes Binner ou o conservador Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires.
No entanto, o passado não costuma ser o único critério - nem mesmo o principal - para se prever o futuro na Argentina, acostumada a surpreender em sua crônica reiteração dos ciclos. Uma resposta mais precisa à indagação inicial seria: não é só o peronismo que pode governar o país, mas, sem ele, não é possível fazê-lo.

É JORNALISTA E COLUNISTA DO 'CLARÍN'

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...