quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A frase da semana: errando sobre o futuro... e sobre o passado - João Borges

“O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado.”
 João Borges, jornalista da Globonews

O governo e a (des)economia brasileira - Carlos Alberto Sardenberg

A economista-presidente

Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República.
E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. É relativamente fácil: coloca-se a culpa no ministro da Fazenda, demite-se o titular e se convoca outro quadro, alinhado com uma diferente doutrina.
Guido Mantega, por exemplo, desde a primeira reunião ministerial do governo Dilma, em janeiro de 2011, vem prometendo crescimento do PIB superior a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. Dizia que a nova política garantiria esses extraordinários resultados. Bom, estamos fechando o terceiro ano do governo — e o melhor que ele poderá entregar será crescimento na média de 2%, com inflação de 6%.
Hora de mudar, não é mesmo?
Aí está o problema da presidente Dilma. Economista, ela tem ideias firmes, tem lado (o do nacional-desenvolvimentismo) e aplica sua doutrina.
Observem as declarações da presidente, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em março de 2011:
“Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano.... A meta (de inflação) é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo, mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.”
Quando colocada diante da tese, ortodoxa, digamos, segundo a qual não seria possível, ao mesmo tempo, crescer 5% e trazer a inflação para a meta, a presidente retrucou:
“Tem um artigo interessante escrito pelo Delfim, a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação... Vamos mostrar que não, isso não está dado e... e que depende da gente.”
De fato, a adivinhação não estava certa. A inflação de 2011 não foi levada para a meta de 4,5%. Deu 6,5%, no limite máximo da banda. E o crescimento não foi de 3%, mas de 2,7%...
Não era mesmo possível forçar a queda dos juros, para estimular o crescimento, e derrubar a inflação. Mas o governo conseguiu fazer pior: derrubou o crescimento e elevou a inflação.
Tem mais: nos foros internacionais, a presidente deu lições de recuperação econômica, criticando todos os governos que optavam pelo ajuste das contas públicas. Em especial, deu uma bronca em Angela Merkel, que impunha a ortodoxia em toda a Europa. Justificava assim sua política de forte expansão do gasto público para turbinar o crédito e o crescimento.
Também não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio.
Dizem os economistas que é preciso insistir em qualquer política econômica, dar tempo para que faça efeito. É o que Dilma fez. Mas, agora, com o país entrando no quarto ano de crescimento baixo e inflação alta, com deterioração das contas públicas e externas, a mudança se impõe.
A presidente até está tentando fazer isso. Por exemplo, os juros voltaram a subir, devem passar dos atuais 10%. E ela tem prometido aperto nas contas públicas.
Mas há dois problemas aí. Um, que o pessoal não acredita que a mudança é para valer. Faz sentido: uma política mais ortodoxa vai contra a vontade, as ideias e a determinação da presidente, que explicitou tudo de maneira muito clara. Segundo, como essa mudança de rumo é mesmo de má vontade, acaba sendo feita pela metade e mal executada.
Um corte de gastos aqui, um aumento ali. O Banco Central sobe os juros, mas o governo manda o BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil emprestarem mais dinheiro a juros baratos.
Eis o problema da economista-presidente. Se a política fosse apenas do ministro Mantega, era só demiti-lo e colocar no seu lugar alguém tipo Palocci (o Palocci ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula) ou tipo Henrique Meirelles.
Mas se a presidente Dilma fizer isso, a dúvida vai aparecer imediatamente: será que ela mudou mesmo de opinião e admite isso? Rasgou os livros?
E falta de confiança, todos sabemos, é o veneno que mata qualquer política econômica.
Previsões?
A presidente deu uma informação errada quando, na semana passada, disse que o PIB de 2012 seria corrigido de crescimento de 0,9% para 1,5%. Na terça, o IBGE de fato corrigiu, mas para 1%, quase nada.
Comenta o jornalista João Borges, da Globonews: “O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado.”
Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

Neoliberalismo: a ofensa preferida dos idiotas - João Miguel Tavares

Reproduzo integralmente um post do blog do meu amigo Orlando Tambosi.
Nao é preciso agregar nada, salvo qye já escrevi muito sobre essa idiotice acadêmica, sobretudo na minha série sobre as Falácias Acadêmicas (ver no meu site).
Paulo Roberto de Almeida 
Que diabo é esse tal de "neoliberalismo"?
Em Portugal como aqui, o termo é um jargão para condenar quem não pensa de acordo com a viseira socialista. Já publiquei aqui vários posts sobre o tema e agora acrescento o artigo do jornalista português João Miguel Tavares, do jornal O Público:

Como os caros leitores certamente já terão reparado, eu, por facilidade de linguagem, levo o tempo todo a dizer que sou de direita. No entanto, em bom rigor, não sou eu que sou de direita: Portugal é que é um barco tão adornado à esquerda que alguém ao centro passa facilmente por super-hiper-mega-über-liberal.

Em Inglaterra, eu seria provavelmente um trabalhista. Nos Estados Unidos, seria certamente um democrata. E se calhar convém relembrar aos mais distraídos que liberalismo e conservadorismo são duas grandes correntes que historicamente sempre se opuseram.

Nos saudosos tempos em que a filosofia política não exigia a flexibilidade de um ginasta olímpico, ser liberal era ser de esquerda e ser conservador era ser de direita. Paul Krugman, o economista americano que a esquerda portuguesa tanto aprecia, até escreveu um livro intitulado A Consciência de um Liberal (está publicado em português pela Presença). E aquilo a que hoje em dia se chama neoliberalismo, enfiando lá para dentro as figuras tutelares de Margaret Thatcher e de Ronald Reagan, acaba por ser uma política imposta por neoconservadores, proporcionando assim uma salgalhada terminológica da qual nem sempre é fácil sair com a coluna intacta.

Aliás, originalmente (ou seja, em finais dos anos 30 do século passado), o termo neoliberal, embora defendendo a livre iniciativa e um mercado competitivo, pressupunha a existência de um Estado forte e regulador. E o próprio Manifesto Neoliberal do jornalista americano Charles Peters, publicado em 1981 na revista Washington Monthly, era um texto moderado oriundo… da esquerda americana. Sim, da esquerda americana, aquela que se opunha às políticas do mesmo Ronald Reagan que hoje em dia é considerado um dos gurus neoliberais.

Por que é que esta mini-história do neoliberalismo interessa? Interessa para que se perceba que o termo “neoliberal”, tal como é usado actualmente, nada mais é do que uma arma de arremesso, um MacGuffin hitchcockiano que dá jeito para animar a acção, mas desprovido de qualquer conteúdo ideológico minimamente perceptível. Não só não faz sentido acusar o actual Governo de ser um fanático do Estado mínimo quando aquilo que conseguiu até hoje foi aumentar o peso do Estado nas nossas vidas através dos impostos e do descontrolo da dívida; como os arremessos de neoliberal procuram apenas empurrar para territórios extremistas pessoas que se limitam a defender a sustentabilidade das finanças públicas e um Estado mais eficiente, que ajude quem realmente precisa e deixe de ser pasto abundante para toda a espécie de lobbies e corporações.

Neste redemoinho de intermináveis paradoxos, dá-se o caso de muitos daqueles que são acusados de neoliberais estarem a querer menos Estado exactamente para afastar os privilegiados que enxameiam o regime há séculos, enquanto a esquerda revoltada com o grande capital não percebe que é precisamente a dimensão gargantuesca do Estado que alimenta – como sempre alimentou – quem melhor se move nos corredores do poder. Houvesse mais vontade de discutir estas coisas e menos vontade de baralhar, e não seria difícil evitar pontapear pessoas moderadas para um inexistente radicalismo, nem impedir que uma palavra tão progressista e de esquerda como “liberal” se transformasse num insulto no Portugal do século XXI. Endireite-se, pois, o barco, que já vai torto há demasiado tempo.

NUNCA ANTES na historia da ciencia mundial...

Nunca antes mesmo:

O ex-presidente recebeu 26º título de doutor honoris causa.

Vai entrar no Guiness...

PS.: Revisando a competição de ex-presidente para ultrapassar o número de doutorados honoris causae obtidos pelo seu antecessor, se constata que todos os doutorados HC ganhos pelo antecessor, com exceção de um único, foram dados por universidades estrangeiras. Já o ex-presidente imediato tem todos os seus, com exceção de alguns poucos (Portugal e Argentina), dados por instituições nacionais.
Será por isso que as universidades brasileiras estão tão decadentes?

Venezuela: a espiral descendente para o caos economico e a violencia politica

O ano em que Maduro viverá em perigo
Por Humberto Saccomandi
Valor Econômico, 05/12/2013

Inflação anual de 54%, desabastecimento, déficit fiscal acima de 10%, câmbio paralelo em disparada. O que está acontecendo na Venezuela é a implosão, em câmera lenta, do modelo econômico chavista. Isso será acompanhado por um colapso político do regime? É difícil prever, e parece pouco provável no curto prazo. Mas sem dúvida 2014 será um ano de tensão extrema no país. Esse cenário preocupa muito o governo e empresas no Brasil.

A tensão deve se agravar já a partir deste domingo, quando o chavismo pode perder a primeira eleição no voto popular desde que chegou ao poder, há quase 15 anos. O partido governista PSUV deve levar um maior número de prefeituras (a meta é 335). O presidente Nicolás Maduro, que venceu as eleições presidenciais de abril por pouco mais um ponto, alardeará isso como uma vitória. Mas, se ele perder na contagem total do voto popular, o efeito será de derrota.

Para evitar isso, Maduro vem fazendo uma ofensiva populista nas últimas semanas. Obteve do Legislativo poder para governar por decreto, denunciou uma guerra econômica da burguesia contra o seu governo, mandou prender empresários, enviou tropas para ocupar lojas (que foram obrigadas a vender produtos a preços reduzidos), ampliou o tabelamento de preços. Governistas e opositores concordam que essa mobilização reforçou a imagem de líder do regime, mas não está claro se isso se traduzirá em mais votos para seus candidatos a prefeito.

Ungido como seu sucessor por Chávez, pouco antes de este morrer, Maduro despertou inicialmente a expectativa de que poderia abraçar as reformas e deixar a política de confronto com a iniciativa privada. Isso durou pouco. O presidente, que diz falar com passarinho e ter visto o rosto de Chávez numa obra do metrô, logo recrudesceu.

Uma fonte do governo brasileiro, que falou sob a condição de não ser identificada, faz um juízo severo de Maduro. "Ele vem se mostrando incapaz e parece não entender a gravidade dos problemas da Venezuela", disse. "O Brasil ajuda como pode, dá crédito para a exportação, mas a situação lá é muito grave."

A situação é de descontrole da economia. A produtividade das empresas estatizadas caiu muito, diz a fonte brasileira. As reservas internacionais caíram 30% este ano e estão em só US$ 21 bilhões (contra US$ 375 bilhões do Brasil), o menor nível em nove anos. Faltam dólares; empresas locais não conseguem pagar fornecedores e estrangeiras não conseguem remeter dinheiro. O país é tido como o mais corrupto da América Latina, segundo estudo da ONG Transparência Internacional desta semana. O governo admitiu déficit público de 3,8% do PIB em 2012, mas o dado oficial é pouco confiável; o Banco Mundial deixou de usá-lo. O Bank of America estima o déficit este ano em mais de 10%.

Chavismo pode perder a sua primeira eleição no domingo
Durante anos, o chavismo gastou por conta do faturamento recorde com petróleo. Mas essa receita vem caindo (o governo não divulga estatísticas). Os EUA compram hoje menos da metade do petróleo que compravam pouco antes da posse de Chávez (veja gráfico abaixo). Isso não deixa de ser irônico, pois por muito tempo Chávez ameaçou interromper a venda de petróleo a Washington. Com isso, Caracas foi obrigada a vender mais para a China, que paga menos. Os chineses ainda anteciparam pagamentos em forma de empréstimos, e é provável que essa antecipação já tenha sido gasta pelo governo. Para completar a tempestade perfeita, a cotação do petróleo caiu bastante em relação ao seu pico e pode cair um pouco mais.

Essa perda de receita com o petróleo não foi acompanhada por corte de gastos equivalente. Há sinais de que já começou alguma contenção, como o corte na surdina da ajuda petroleira a países aliados. Mas o grosso do ajuste fiscal ainda está por ser feito, após as eleições. E deve ser acompanhado de desvalorização do bolívar, o que vai alimentar mais a inflação, pois a Venezuela importa muito do que consome.

Por isso, é importante para Maduro um bom desempenho nas eleições de domingo. Senão, ele terá de iniciar um período de cortes dolorosos de gastos numa situação de fragilidade política. Isso é uma combinação perigosa.

Esse cenário preocupa muito o governo brasileiro, que já vê a formação de grupos rivais nas Forças Armadas, antes mantidas coesas sob o comando de Chávez. Maduro não é um militar.

Essa preocupação não é só política. O Brasil tem seu terceiro maior superávit comercial com a Venezuela. Foram cerca de US$ 45 bilhões (não corrigidos) em dez anos (gráfico abaixo). Empresas brasileiras que atuam ou vendem para o país têm pagamentos a receber. E Henrique Capriles, líder da oposição, se disse contra a recente do país ao Mercosul.

E não é só o Brasil que está preocupado. O custo de seguro contra um calote da Venezuela (o CDS), uma medida do risco de se investir num país, subiu mais de 30% nos último mês, passando de 1.000 pontos-base no início de novembro para 1.300 agora.

O regime já está recorrendo a ajuda externa. A estatal PDVSA acertou empréstimo de US$ 1 bilhão com a russa Gazprom na semana passado, supostamente para ampliar a produção de petróleo. Resta saber se e quando esse dinheiro se traduzirá em crescimento da economia, que está praticamente estagnada.

Maduro deve enfrentar um plebiscito sobre seu mandato, mas só daqui a dois anos e meio. Em 2014 não há eleições, o que teoricamente daria a ele uma trégua política para avançar no ajuste da economia. Mas não se sabe o que pode acontecer se a tensão social aumentar muito.

Humberto Saccomandi é editor de Internacional. Escreve mensalmente às quintas-feiras

Fracasso da politica energetica lulista: o biodiesel antieconomico

Acompanhei as distorções das políticas econômicas lulistas desde o início. Nenhuma foi tão fragorosamente equivocada, mal concebida e mal implementada quanto a política energética, isso devido à manifesta incompetência do guia genial dos povos e da gerentona do setor. Na verdade, não foi uma, mas diversas políticas energéticas, todas igualmente destinadas ao fracasso e causando imensos prejuízos diretos e indiretos a todos, produtores, consumidores, Petrobras, meio ambiente, etc. E delas, nenhuma foi tão espetacularmente equivocada, desde o início, quanto o projeto do biodiesel, e isso porque o governo Lula, tendo à frente da iniciativa aquele que era o Richelieu do Planalto e que depois se revelou ser o chefe da quadrilha (hoje felizmente preso), misturou completamente matriz energética e problema social, impondo o tal de biodiesel de mamona, sem qualquer análise técnica de custo-benefício, base produtiva, limites tecnológicos, etc.
Como em tudo o mais, a tal de vontade política substituiu a modesta racionalidade do cálculo econômico singelo, aquela que se baseia em preços de mercado para deixar que produtores privados respondam adequadamente a certos estímulos fiscais estabelecendo sua própria planilha microeconômica para produzir o que seja factível, com os insumos corretos, visando ganhos de bem-estar para todos, não esses monstrengos estatais fabricados por burocratas incompetentes, animados por militantes ineptos.
O biodiesel sintetiza todas as estupidezes que a imensa fraude do lulismo conseguiu fazer com imensos prejuizos ao país. O etanol é também outro exemplo de fracasso, mas vou examinar em outro post, deixando bem clara a incompetência da gerentona da área.
Recupero a pequena nota abaixo do blog do meu amigo Orlando Tambosi.
Quem tiver acesso à matéria completa, favor me remeter.
Paulo Roberto de Almeida 

Biodiesel, outro fracasso do lulismo

Lula anunciou a mamona como redenção da humanidade, mas a coisa, para variar, não deu em nada. Da coluna de Felipe Patury, na revista Época:

O governo Lula inventou e apresentou o programa de biodiesel como uma panaceia. No discurso, a mamona, o dendê e assemelhados se converteriam no maná dos pequenos agricultores. Teriam mercado cativo, porque as refinarias teriam de adicionar 5% desse produto ao diesel.

Isso ajudaria o país a reduzir as Emissões de carbono, como prometido à ONU. O que aconteceu em dez anos? Vinte das 70 indústrias de biodiesel fecharam por falta de mercado. O governo tenta achar uma saída para livrar as 50 restantes da falência. Uma alternativa é aumentar a proporção de biodiesel misturada ao diesel. 

Um darwinista avant la lettre: Alfred Russell Wallace - Felipe Costa (Observatorio da Imprensa)


ALFRED RUSSEL WALLACE (1823-1913)

Um lugar na história

Por Felipe A. P. L. Costa 
Observatório da Imprensa, edição 775,  03/12/2013
O último dia 7 de novembro marcou os 100 anos de falecimento do renomado naturalista britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913). Excetuando-se, contudo, alguns estudiosos e admiradores (ver, por exemplo, os sítios [em inglês] “The Alfred Russel Wallace Page” , “The Alfred Russel Wallace Website” e “Wallace Online” ), a efeméride não parece ter sido lembrada por muita gente. No caso da imprensa brasileira, mais especificamente, o único registro que consegui localizar nas últimas semanas foi a matéria “O resgate de Alfred Wallace”, de Henrique Kugler, publicada na Ciência Hoje On-line (27/11).
O mesmo tom de “resgate”, aliás, marca outras matérias publicadas anteriormente (e.g., “À sombra de Darwin, Alfred Russel Wallace recebe o devido reconhecimento” , de Ian Sample, publicada na Folha de S.Paulo28/9/2012).
De Usk ao Pará
Alfred Russel Wallace nasceu em 8/1/1823, no vilarejo de Llanbadoc, perto da cidade de Usk, no sudeste do atual País de Gales. Filho de Thomas Vere e Mary Ann [Greenell] Wallace, ele foi o penúltimo em uma família de nove filhos: Elizabeth Martha (1808-1808), William Greenell (1809-1845), Elizabeth Greenell (1810-1832), Frances (1812-1893), Mary Anne (1814-1822), Emma (1816-1822), John (1818-1895), ARW e Herbert Edward (1829-1851). Até os seis anos de idade, morou em Kensington Cottage (ver aqui), a casa onde nasceu e em cujos arredores teve os primeiros contatos com o mundo natural.
Em 1828, a família mudou para Hertford, poucos quilômetros ao norte de Londres. Foi lá que ele começou a ter uma educação formal; aos 14 anos, porém, abandonou a escola. Em 1837, foi morar com seu irmão John, em Londres. No mesmo ano, porém, mudou-se para Neath, no País de Gales, onde passou a trabalhar com seu irmão William. Em 1844, conheceu e se tornou amigo do naturalista inglês Henry Walter Bates (1825-1892). Isso foi em Leicester, cidade natal de Bates, onde Wallace havia arranjado emprego como professor em uma escola para crianças (ver aqui).
Assim como outros naturalistas da época, Wallace e Bates jamais receberam uma educação formal em ciência. Eram, no entanto, autodidatas apaixonados e estudiosos. Tinham vários interesses em comum e, inspirados nos relatos de outros naturalistas, decidiram conhecer a América do Sul. Vieram ao Brasil. A viagem durou um mês: saíram da Inglaterra em abril de 1848, chegando a Belém (na época, Pará) no fim de maio. Eis o relato de Wallace (WALLACE 1979, p. 17; grafia original):
“Foi na manhã do dia 26 de maio de 1848 que, depois de uma rápida viagem de 29 dias, tendo partido de Liverpool, ancoramos defronte à barra meridional do Amazonas e tivemos nossa primeira visão das terras sul-americanas. À tarde, veio um piloto a bordo, e, na manhã seguinte, navegamos rio acima com o vento de feição. Por cerca de 50 milhas não se podia distinguir se aquelas águas tranquilas e descoloridas seriam do rio ou do oceano, pois não se enxergava a margem setentrional, enquanto que a meridional se achava a uma distância de 10 ou 12 milhas. Ancoramos novamente no dia 28, pela madrugada, e quando o sol nasceu num céu sem nuvens, divisamos a cidade do Pará [Belém], rodeada pela densa floresta. Destacavam-se, acima de todas, as copas das palmeiras e bananeiras. Nossos olhos alegravam-se duplamente com a bela visão dessas plantas em seu estado natural, elas que tantas vezes admiramos nas estufas de Kew e de Chatsworth. As canoas que passavam com sua variegada tripulação composta de negros e índios, os urubus que pairavam acima de nossa cabeças ou que caminhavam preguiçosamente pela praia, os bandos de andorinhas que pousavam sobre os telhados das igrejas e casas, tudo servia para ocupar nossa atenção. Por fim, vieram os funcionários da Alfândega e tivemos permissão de descer em terra.”
Biogeografia: a regionalização da vida
Eles permaneceram os primeiros meses em um lugarejo próximo a Belém; em seguida, decidiram explorar outras regiões e então se separaram. Wallace viveu na Amazônia até julho de 1852, quando então voltou para a Inglaterra; Bates permaneceu por mais sete anos, só indo embora em junho de 1859. Lamentavelmente, porém, o material colecionado e despachado por Wallace nunca chegou a Londres, pois na viagem de volta o navio pegou fogo e a carga foi perdida. Os relatos de ambos sobre suas experiências em terras brasileiras foram posteriormente publicados em português (e.g., BATES 1979, WALLACE 1979).
A viagem ao Brasil não foi a única grande experiência na vida de Wallace. Ele se converteu em um coletor profissional e, como tal, colecionar espécimes (insetos, aves, mamíferos etc.) foi, durante anos, o seu ganha-pão. Foi o que o levou a permanecer oito anos (1854-1862) no sudeste asiático (incluindo Malásia Peninsular, Cingapura, Sumatra, Java, Bornéu, Timor, Celebes, Molucas; esteve ainda em Nova Guiné e diversas ilhas menores da região australiana), de onde enviou para a Inglaterra não apenas uma impressionante coleção de espécimes (ver aqui), mas também manuscritos importantes (ver adiante).
Além de sustento financeiro, o trabalho de campo lhe propiciou uma visão ampla e detalhada a respeito da distribuição geográfica dos seres vivos. Passou a escrever sobre o assunto, a ponto de ser considerado hoje um dos fundadores da moderna biogeografia, a disciplina científica que estuda a distribuição geográfica das espécies. Em 1876 (WALLACE 1876), propôs um sistema de classificação de acordo com o qual a fauna terrestre poderia ser arranjada em seis grandes regiões (cada uma, por sua vez, subdividida em domínios), a saber: região Australiana (incluindo Austrália, Nova Guiné e ilhas próximas); Etiópica (África, exceto a borda norte); Neártica (América do Norte, incluindo boa parte do México); Neotropical (América Central e do Sul); Oriental (sul e sudeste da Ásia, incluindo Índia, Tailândia, Vietnã etc.) e Paleártica (Europa, borda mediterrânea da África e o restante da Ásia). Com alguns ajustes, o modelo que ele propôs continua sendo adotado atualmente (ver COX 2001; para comentários em português, ver COX & MOORE 2009).
O manuscrito que veio da Indonésia
A despeito da importância de suas outras obras, Wallace é mais conhecido do grande público por conta de sua “parceria” com o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Como é sabido, em meados do século 19, os dois formularam, de modo independente, uma versão própria daquela que viria a ser chamada de teoria da evolução por seleção natural – talvez a mais influente de todas as teorias científicas. Embora naquela época a ideia de evolução biológica (i.e., a noção de que as linhagens de seres vivos mudam ao longo do tempo) já não fosse mais uma novidade, as teorias científicas a respeito do assunto ainda eram incipientes.
A primeira exposição pública das ideias de Darwin e Wallace se deu por meio de uma nota, intitulada “Sobre a tendência de espécies formarem variedades; e sobre a perpetuação de variedades e espécies por meios naturais de seleção”, que foi lida em uma reunião científica ocorrida na noite de 1/7/1858, em Londres. (Para consultar a versão integral [em inglês], clique aqui, indo em seguida para o item “Special Issue 9: Survival of the Fittest”.) Nenhum dos dois estava presente e, diferentemente do que imaginam alguns, o episódio não ocorreu na The Royal Society (a mais tradicional sociedade científica britânica, fundada em 1660), mas sim naThe Linnean Society of London (uma sociedade mais modesta, fundada em 1788). Menos de 30 sócios estavam presentes. A reunião foi demorada, mas não houve qualquer alvoroço.
A leitura às pressas de uma nota conjunta funcionou como uma espécie de saída diplomática de emergência, uma solução que alguns amigos íntimos de Darwin encontraram diante de uma situação inusitada e um tanto quanto embaraçosa. Se o arranjo de última hora não funcionasse, o veterano naturalista inglês corria o sério risco de ser acusado de plágio. Para entendermos melhor a situação, precisamos recuar um pouco e examinar o que aconteceu alguns anos antes.
Na segunda metade da década de 1830, após regressar de uma viagem de quase cinco anos ao redor do mundo (1831-1836), Darwin começou a trabalhar em um manuscrito, intitulado provisoriamente Seleção natural, no qual pretendia expor em detalhes uma ampla teoria da evolução (para detalhes e comentários adicionais, ver DESMOND & MOORE 1995). Em 1858, transcorridas mais de duas décadas, ele ainda estava trabalhando no manuscrito, ora acrescentando, ora retirando material. O empreendimento parecia não ter fim. Então, em 18 de junho, em meio a graves contratempos familiares, ele recebeu uma carta de Wallace, que estava naquele momento nas ilhas Molucas (Indonésia). Os dois já haviam se correspondido antes. Dessa vez, o jovem naturalista de 35 anos pedia a Darwin, então com quase 50 anos, que lesse o manuscrito que seguia em anexo e, caso encontrasse nele alguma relevância, o encaminhasse a terceiros.
Darwin ficou impressionado com o que leu: o manuscrito de Wallace continha uma descrição bastante familiar de suas próprias ideias a respeito do processo de evolução por seleção natural. (A rigor, cada um deles chegou a uma mesma conclusão trilhando caminhos algo distintos.) Além de abalado, a coincidência o deixou profundamente preocupado – afinal, alguém que lesse o manuscrito de Wallace e, em seguida, lesse o seu livro em gestação poderia facilmente acusá-lo de plágio. Vendo o “trabalho de sua vida ruir”, ele imediatamente relatou o ocorrido a seus amigos mais íntimos, o geólogo Charles Lyell (1797-1875) e o botânico Joseph Dalton Hooker (1817-1911), na esperança de que o impasse pudesse ser equacionado.
Lyell e Hooker, que conheciam versões anteriores do manuscrito de Seleçãonatural, terminaram propondo a tal “solução” de emergência (a respeito da qual, aliás, Wallace não foi previamente consultado): promover a leitura de uma nota conjunta, contendo as linhas gerais da teoria formulada independentemente pelos dois. Além disso, alguns materiais suplementares, redigidos separadamente por cada um deles, também deveriam ser incluídos. E assim foi feito.
Darwinismo ou wallacismo?
Charles Darwin e Alfred Russel Wallace nunca chegaram a ser amigos íntimos, embora tenham mantido contato pelo resto de suas vidas. Ao longo de mais de duas décadas, eles trocaram cartas nas quais discutiam diversos assuntos, como seus diferentes pontos de vista a respeito da seleção sexual – processo algo distinto da seleção natural e cuja importância sempre foi motivo de discórdia entre os dois (para detalhes e comentários adicionais, ver CRONIN 1995).
O curso de suas vidas também tomou rumos diferentes. Darwin, que quase não saía de casa e jamais teve de enfrentar problemas financeiros, continuou escrevendo livros e artigos sobre vários assuntos até o fim da vida. Wallace ainda continuou viajando por mais algum tempo, antes de finalmente se fixar na Inglaterra; ao longo da vida, publicou centenas de artigos e vários livros. Um de seus livros, intitulado justamente Darwinismo(WALLACE 1889), ajudou a selar a vinculação que já naquela época se fazia entre o nome de Darwin (e não o seu) e a teoria da evolução que ambos formularam.
Depois da morte de Darwin, Wallace foi mais de uma vez criticado por outros darwinistas. O naturalista inglês de origem canadense George John Romanes (1848-1894), por exemplo, chegou a falar em “wallacismo”. Mas não havia nada de elogioso nisso; ao contrário: o termo estava sendo usado de modo depreciativo, para ressaltar o que, aos olhos daquele crítico, seriam divergências entre o ponto de vista de Wallace e o darwinismo original. Foi ele também quem cunhou o termo “neodarwinismo”, usado para designar de modo desdenhoso os adeptos das ideias de Wallace e August Weismann (1834-1914), naturalista e médico alemão, autor da chamada “teoria do plasma germinativo. De acordo com Romanes, que agia como se fosse herdeiro e protetor do “verdadeiro” darwinismo, ambos estariam defendendo ideias antidarwinistas. O primeiro, por causa de um suposto exagero na ênfase dada ao papel da seleção natural, uma posição combatida em vida pelo próprio Darwin. (Parte da polêmica que Darwin e Wallace mantiveram ao longo dos anos tinha a ver com a dicotomia seleção natural versus seleção sexual.) O segundo, por conta de suas atitudes críticas aos resquícios lamarckistas que ainda perduravam no darwinismo, o que também iria de encontro a posições lamarckistas defendidas por Darwin (e.g., a sua crença na transmissão de caracteres adquiridos).
O triunfo de Darwin
A publicação de artigos e matérias de divulgação a respeito de questões polêmicas de história da ciência é uma iniciativa saudável e muito bem-vinda. Cabe observar, no entanto, que a matéria da CH referida no início deste artigo reproduz alguns exageros e distorções. No terceiro parágrafo, por exemplo, encontramos o seguinte:
“A história deu os créditos apenas a Charles Darwin (1809-1882). Mas Wallace, de forma lúcida e independente, chegou às mesmas conclusões a que Darwin chegara, e na mesma época.”
Não é bem assim. A rigor, a literatura técnica (e.g., FUTUYMA 1992, FREEMAN & HERRON 2009; mas veja MOODY 1975) e mesmo a boa literatura de divulgação científica (e.g., HARDIN 1969) sempre tiveram o costume de tratar Darwin e Wallace como coautores da teoria da evolução por seleção natural.
No sexto parágrafo, lemos:
“Talvez por isso Darwin – um acadêmico tarimbado e de elevado prestígio na sociedade britânica de então – tenha levado vantagem em relação a Wallace – um sujeito meio ‘alternativo’, que, a duras penas, ganhava a vida vendendo espécimes exóticos para museus londrinos e coleções particulares.”
Um dos problemas aqui é que o termo “acadêmico” induz a erros e mal-entendidos. Afinal, dependendo do contexto, a qualificação pode se aplicar ora a um, ora a outro. É verdade, por exemplo, que Darwin frequentou a universidade, o que Wallace não fez. Poderíamos então descrever o primeiro como “um naturalista com formação acadêmica”. Em compensação, Darwin nunca lecionou, enquanto Wallace ministrou aulas ao longo de um ano. Nesse caso, poderíamos dizer que apenas este último teve um emprego “acadêmico”. Por fim, se o termo é aplicado em alusão a quem pertence a alguma sociedade científica, caberia dizer que ambos poderiam ser chamados de acadêmicos.
De resto, a matéria menciona ainda outros aspectos da vida de Wallace, incluindo suas posições políticas e filosóficas, sem perceber, no entanto, que uma parte do problema (i.e., o “esquecimento” a que ele foi condenado, resultando daí a suposta necessidade de um “resgate”) pode ter se originado justamente ali. A esse respeito, aliás, vale a pena reproduzir aqui o seguinte comentário (HARDIN 1969, p. 41-2; grafia original):
“Finalmente, o lugar de Wallace na galeria da fama, sem dúvida alguma, foi influenciado pela sua conduta em 1858. Publicou um grande número de boas obras de história natural e interessantes livros de viagens; mas, em compensação, vez por outra, defendia ardorosamente a socialização da terra, o espiritualismo e atacava violentamente a vacinação. O sucesso de um homem não se deve tanto à soma das pessoas que estão a seu favor, senão pela diferença deixada após subtrair todos aquêles que êle afrontou de uma forma ou outra. Subtraindo os nobres que antipatizavam com o socialismo de Wallace, os cientistas que zombavam do espiritualismo, os médicos que defendiam a vacinação e os religiosos conservadores chocados pela evolução – veremos que poucos restam para elogiar Wallace. Não é de se admirar que quase nos esquecemos de sua parte na tarefa.”
Outro aspecto a ser ressaltado, este mais no âmbito da sociologia da própria ciência, tem a ver com o modo como os dois naturalistas se relacionavam com outros integrantes da comunidade científica da época (para detalhes e comentários adicionais, ver WRIGHT 1996). Darwin contava com um grupo numeroso de aliados fervorosos, entre os quais figurava o próprio Wallace; este último, por sua vez, ocupava uma posição de coadjuvante mais ou menos solitário.
Embora algumas questões-chave sigam sendo pesquisadas e debatidas – e.g., a famosa carta de Wallace endereçada a Darwin teria chegada nas mãos deste em 18/6/1858, como em geral se diz, ou teria chegado alguns dias antes, como foi recentemente proposto? (ver DAVIES 2012) –, a opinião predominante hoje é a de que a primazia em torno da teoria da evolução por seleção natural caberia a Darwin. O qual, no fim das contas, nada teria feito para sabotar o papel e a importância do trabalho de Wallace (ver, por exemplo, o artigo “Darwin did not cheat Wallace out of his rightful place in history”, de John van Wyhe, publicado no The Guardian, em 12/8/2013).
Coda
Em 1866, Wallace se casou com Annie Mitten (1846-1914). Moraram em diversas cidades, incluindo Londres, Sussex e Dorset. O casal teve três filhos: Herbert Spencer (1867-1874), Violet Isabel (1869-1945) e William Greenell (1871-1951). Ele faleceu em Dorset, para onde o casal havia se mudado em 1889. Na ocasião, eles moravam em uma casa que havia sido idealizada e construída pelo próprio Wallace. Quando faleceu, aos 90 anos de idade, Alfred Russel Wallace – cuja reputação, na época, ia bem além de sua fama como um dos coautores da teoria da evolução por seleção natural – já tinha o seu lugar assegurado na história da ciência.
Referências citadas
** BATES, H. W. 1979 [1863]. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte, Itatiaia e Edusp.
** COX, C. B. 2001. The biogeographic regions reconsidered. Journal of Biogeography 28: 511-23.
** ---------- & MOORE, P. D. 2009 [2005]. Biogeografia: uma abordagem ecológica e evolucionária, 7ª edição. Rio de Janeiro, LTC.
** CRONIN, H. 1995. A formiga e o pavão: Altruísmo e seleção sexual de Darwin até hoje. Campinas, Papirus.
** DAVIES, R. 2012. How Charles Darwin received Wallace’s Ternate paper 15 days earlier than he claimed: a comment on van Wyhe and Rookmaaker (2012). Biological Journal of the Linnean Society 105: 472-7.
** DESMOND, A. & MOORE, J. 1995. Darwin: A vida de um evolucionista atormentado. São Paulo, Geração Editorial.
** FREEMAN, S. & HERRON, J. C. 2009. Análise evolutiva, 4ª edição. Porte Alegre, Artmed.
** FUTUYMA, D. 1992. Biologia evolutiva, 2ª edição. Ribeirão Preto, Sociedade Brasileira de Genética e CNPq.
** HARDIN, G. 1969. A natureza e o destino do homem. São Paulo, Nacional.
** MOODY, P. A. 1975 [1970]. Introdução à evolução, 3ª edição. Rio de Janeiro, LTC e Editora da UnB.
** WALLACE, A. R. 1876. The geographic distribution of animals. Londres, Harper.
** ----------. 1979 [1889]. Viagens pelos rios Amazonas e Negro, 2ª edição. Belo Horizonte, Itatiaia e Edusp.
** ----------. 1889. Darwinism: An exposition of the theory of natural selection, with some of its applications. Londres, Macmillan.
** WRIGHT, R. 1996. O animal moral. Rio de Janeiro, Campus.
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Felipe A. P. L. Costa é biólogo e escritor, autor, entre outros, de Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003)

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